[ABE-L] exposição do meu caso a imprensa
poliveir em ime.usp.br
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Qua Fev 25 09:21:28 -03 2015
Prezados colegas
Não vejo mais perspectivas de futuro, e, chegou a tal ponto que na
universidade fala que eu devo ir para a pesquisa, e, algumas empresas
mais acessíveis também, mas só que essa posição no Brasil não existe.
O que fazer? Não sei mais...
Saudações,
Paulo Tadeu Oliveirqa
Caros editores
Sou Paulo Tadeu Oliveira, 53 anos, pessoa com deficiência visual do
tipo baixo visão proveniente de toxoplasmose congênita desde o
nascimento. Possuo bacharelado em Estatística (1990-1997), mestrado em
Estatística (1998-2001) e doutorado em Estatística (2002-2008),
obtidos no Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de
São Paulo, com pós-doutorado no uso da Estatística em Aplicações de
Tecnologia Nuclear, pelo IPEN-CNEN/SP (2008-2011).
Para um melhor conhecimento da minha situação, atualmente executo por
minha conta, sem remuneração, a investigação das diferentes
deficiências em função de conjuntos de variáveis, como as relacionadas
a educação, trabalho e condições de moradia, entre outras. Comecei a
trabalhar nesse tema a partir de julho de 2012. Os resultados têm sido
por mim apresentados em congressos internacionais: 59WSC, realizado em
Hong Kong (China), em 2013; XXVII IBC, realizado em Florence (Itália),
em 2014; e ICOTS,realizado em Flagstaff (EUA), em 2014. E Também em
congressos nacionais: XIII EMR, realizado em Maresias (SP); I SIED
realizado em São Paulo (SP); 58 RBRAS/15 SEAGRO, realizado em Campina
Grande (PB); e IV ESAMP, realizado em Brasília (DF) – todos esses em
2013. No ano de 2014 participei do 59 RBRAS,realizado em Ouro Preto, e
XX SINAPE, realizado em Natal (RN). Minha participação em congressos
internacionais tem sido possível graças ao financiamento de ongs
ligadas ao terceiro setor, IBC e CAPES. Nos congressos internacionais
tenho participado com financiamento através da FAPESP.
Em 2015 tenho um trabalho aceito para o congresso XIV EMR, a ser
realizado em Campinas (SP), em que participarei com financiamento
FAPESP.
Como resultado desse trabalho sobre as diferentes deficiências, tenho
três publicações, uma internacional e duas nacionais, conforme pode
ser observado no link do meu currículo Lattes que pode ser acessado em
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4708818U5,
onde constam também todas as outras publicações que possuo.
Mesmo com as qualificações apresentadas acima, venho por meio desta
relatar problemas que andam ocorrendo quando tento ser contratado para
trabalho na área de Estatística, a saber:
i) Empresas: o meu currículo vitae é considerado com experiências
muito específica, idade elevada (acima de 50 anos) e sem qualquer
experiência na área privada ou corporativa. Nos poucos casos em que
fui entrevistado, me aconselharam procurar um trabalho como pesquisador.
ii) Concursos: considerando os grandes concursos como IBGE, Fiscal do
Ministério da Fazenda, entre outros, ocorrem vários problemas, a
começar pelas interpretações da lei de cotas para pessoas com
deficiência. Isto prejudica, e muito, os deficientes que alcançaram um
nível maior de instrução. Essas interpretações oferecem condições para
que as autarquias públicas organizadoras desses certames tenham
autonomia para decidir se determinado cargo pode ou não ser preenchido
por pessoa com deficiência, a exemplo do que ocorre na Petrobrás, em
que um deficiente com bacharelado em Estatística não é aceito. E se
puder ser aceito, como no IBGE,o gasto com autenticação de documento
por documento, de todo o currículo, acaba resultando em uma fortuna
para fazer a inscrição, tornando praticamente impossível a
participação no concurso, como tem sido o meu caso. E assim, por diante.
Outro problema diz respeito a concursos para docentes em
universidades, em que a grande maioria das bancas alegam que, no meu
caso, eu deveria ser pesquisador, cargo esse que não existe no Brasil.
iii) Negócio próprio: para mim também parece inviável, por estar
afastado da área corporativa por mais de 17 anos.
iv) pós-doutoramento (posdoc): no meu modo de ver seria o ideal, muito
embora existam pessoas (alguns professores) que são contra, por
considerarem que posdoc não é emprego. Dizem que eu deveria procurar
uma empresa, o que no meu caso tornou-se impossível, pois o meu
perfil, por mais que trabalhe nele não o torna receptivo a qualquer
empresa existente no mercado.
Resumindo, existe um pequeno grupo de pessoas (alguns professores e
executivos de empresas) que acreditam que eu deveria continuar
procurando empresa, mas isto é impossível porque perfil como o meu não
é interessante às empresas. Por outro lado, bancas de concurso para
docente, empresas em que fui entrevistado e alguns professores acham
que eu deveria procurar um cargo de pesquisador. Embora esta, no meu
modo de ver, seja a melhor solução, esse cargo não existe no Brasil.
O que relatei acima é um testemunho da impossibilidade de trabalho e
subsistência da pessoa deficiente que consegue maior qualificação,
visto que não existe vaga como pesquisador no Brasil e que pelas
empresas sou automaticamente recusado.
Saudações,
Paulo Tadeu Meira e Silva de Oliveira
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