[ABE-L] problema sobre concursos públicos
poliveir em ime.usp.br
poliveir em ime.usp.br
Ter Jul 21 14:10:49 -03 2015
Prezados colegas
Segue uma série de discussão que faço em outra lista sobre deficiência
e que diz respeito a questão de discriminação em concursos público e
mais especificamente de professores, e, uma observação, Francisco Lima
é completamente cego.
Saudações,
Paulo Tadeu Oliveira
VCB Quando os números estatísticos aparecem perfeitos.
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Francisco Lima <limafj.br em gmail.com>
Jul 19 (2 days ago)
to visibilidade_c.
Colegas,
Nem sempre a gente acha coisa de qualidade na internet, eu sei.
Todavia, o texto que abaixo transcrevo integralmente, após minha
assinatura, parece estar bem no escopo de nossas conversações.
Trata-se de uma matéria no site
http://www.sdh.gov.br/noticias/2014/novembro/cresce-em-8-3-o-numero-de-pessoas-com-deficiencia-com-contrato-formal-de-trabalho, em que o Secretário fala, fala e, ao falar,
lemos:
“Além disso, pessoas com deficiência passaram a ter prioridade nas
matrículas dos cursos técnicos gratuitos do Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), no âmbito do Plano
Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem Limite.”
Ora, aqui é dito que ““Além disso, pessoas com deficiência passaram a
ter prioridade nas matrículas dos cursos técnicos...” e, na LBI, a
Presidenta nega a cota aos estudantes com deficiência.
Será verdade? A quem ela ouve?
Bem, era sobre educação que eu estudava, mas não existe educação, sem
que se tenha ações educativas reais, não falaciosas, mas
verdadeiramente reais.
Os números apresentados pela e na Estatística podem ser lidos em mais
de uma forma: nem sempre os que dizem com eles, falam a verdade.
Filosoficamente,
Francisco Lima
Cresce em 8,3% o número de pessoas com deficiência com contrato formal
de trabalho
12/11/2014
Entre 2012 e 2013, foram criados 27,5 mil empregos formais ocupados
por pessoas com deficiência, um aumento de 8,33%. A informação da
Relação Anual de Informações Sociais – RAIS 2013, foi apresentada por
representantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) durante a 94ª
reunião ordinária do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência – Conade, na última sexta-feira (11), na sede da
Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).
A coordenadora-geral de Estatísticas do Trabalho, Maria das Graças
Parente Pinto e a coordenadora de Registros Administrativos, Antônia
de Maria Firmino Souza, ambas do MTE, apresentaram um recorte
atualizado da empregabilidade das pessoas com deficiência no Brasil de
acordo com a RAIS 2013, divulgada no último mês de agosto.
Atualmente são 357,8 mil pessoas com deficiência com vínculos
empregatícios, o correspondente a 0,73% dos empregos no Brasil,
sinalizando uma estabilidade com crescimento (0,70% em 2012). Os
homens ainda predominam com 232 mil vagas (64,8%) diante das 125,8 mil
vagas ocupadas por mulheres (35,1%), que cresceram em 0,2% sua
participação no mercado.
Políticas afirmativas -Para o secretário nacional de Promoção dos
Direitos da Pessoa com Deficiência, Antonio José Ferreira, da SDH/PR,
a estabilidade dos vínculos com crescimento pode ser atribuída às
políticas afirmativas e aos esforços do governo federal para promover
a mudança do olhar dos empregadores sobre o potencial dos
trabalhadores deste segmento.
“Não é a toa que organizamos o Dia D da empregabilidade das pessoas
com deficiência, quando cruzamos os dados das empresas multadas por
não cumprirem a lei de cotas, para ofertar com apoio do Sine, as vagas
disponíveis para pessoas com deficiência que possuem a qualificação,
além do esforço da Secretaria Nacional de Inspeção do Trabalho (MTE),
que desde 2005 fiscaliza rigorosamente o cumprimento da lei 8213/91”,
disse o secretário.
Durante o ano de 2014, aconteceram edições do Dia D da empregabilidade
em cerca de 150 cidades brasileiras, que encaminharam mais de três mil
pessoas para entrevistas de emprego em áreas como recursos humanos,
comércio, indústria e farmácia, com vagas disponíveis em empresas que
precisam contratar profissionais para ficar em conformidade com a Lei
de Cotas (Lei nº 8.213/91).
Além disso, pessoas com deficiência passaram a ter prioridade nas
matrículas dos cursos técnicos gratuitos do Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), no âmbito do Plano
Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem Limite.
Quebrando o Preconceito - “O maior problema das pessoas com
deficiência é o olhar que a sociedade tem sobre elas”, ressalta o
secretário Antônio José. A declaração encontra respaldo no resultado
da pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH),
Isocial e Catho, divulgado nesta segunda-feira (10).
Segundo o estudo, 81% dos recrutadores contratam pessoas com
deficiência apenas para cumprir a lei; por acreditar no potencial,
somente 4%, e contratam independente da exigência da cota 12%. Um
reflexo preocupante do preconceito aparece em 65% dos gestores que
afirmaram ter resistência de contratar pessoas com deficiência e que
93% demonstram resistência para entrevistar estes profissionais. A
pesquisa ouviu 2.949 profissionais do setor.
Lei de cotas - A Lei 8213/91 determina que empresas com cem
funcionários ou mais devem incluir de 2% a 5% dos seus cargos para
pessoas com deficiência; até 200 funcionários, 2%; de 201 a 500
funcionários, 3%; de 501 a 1000 funcionários, 4%; e de 1001 em diante,
5%.
Assessoria de Comunicação Social
www.sdh.gov.br
Visibilidade Cegos Brasil
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Paulo Tadeu Oliveira <patmso em gmail.com>
Jul 20 (1 day ago)
to Visibilidade
Prezado Francisco
Voce acabou de mencionar aqui, o argumento positivo da lei de cotas,
ou seja, pelos dados da RAIS de alguns anos, a quantidade de vagas
preenchidas vem crescendo por volta dessa média (aprox. 8%), o mais
interessante é que o próprio governo não utiliza. A pergunta é, qual
seria o motivo, por incrível que pareça, o motivo muito provavelmente
está, na mensagem do secretáro do CONADE que a VCB disponibilizou, ou
seja, que existem mais de 10 milhões de pcd´s com no mínimo segundo
grau completo e a procura de emprego, sendo que as vagas
disponibilizadas está crescendo por volta de 3%, pois a força de
trabalho, segundo o ministério de trabalho até aqui cresceu por volta
dessa taxa, ou seja, nota-se que o crescimento em porcentagem de pcd´s
contratados segundo a cota é maior. Agora sobre isso devemos ver o
seguinte:
Será que as vagas de emprego com carteira assinada continuará aumentando?
O número de vagas para pcd´s criadas continuará aumentando?
Supondo que seja verdade, quantos anos precisaria para atingir essas cotas?
Quanto representa essas quantidades, em termos da massa de
trabalhadores pcd´s procurando trabalho?
Qual o perfil dessas vagas? Qual o perfil ou perfis dos trabalhadores
que procuram trabalho?
Será que os pcd´s que estão procurando emprego são tão sem
qualificação para não conseguir vagas de acordo com sua formação?
Qual o perfil das vagas oferecidas pelas empresas e setor público?
Deixo para o Francisco e demais colegas pensarem sobre isso,
Agora, estou saindo para o evento e até mais tarde.
Saudações,
Paulo Tadeu, direto de Presidente Prudente-SP
Francisco Lima <limafj.br em gmail.com>
Jul 20 (1 day ago)
to visibilidade_c.
Acho que o título da mensagem dá uma boa dica, não é?
Argumento de falta de mão-de-obra qualificada é balela, isso já tem
sido mostrado há tempo.
Perfil profissiográfico não tem que ver com deficiência em si.
Já há muito os que estudam a empregabilidade e os empregados com
deficiência têm combatido a ideia de que há funções para esta ou
aquela taxonomia de deficiência, embora alguns teimam em querer isso
para a adequação, como dizem, da lei de cotas.
Olhar para os números permite fazer o que vemos feito nesta matéria:
números são interpretados em conformidade com as premissas do
analista, não são verdadeiros ou mentirosos em si.
Existem questões educacionais que têm limitado as pessoas com
deficiência, as cegas, por exemplo, em seguir certas áreas acadêmicas,
no Brasil. A área de estatística é uma das que pedagogos, psicólogos e
outros consideram imprópria para as pessoas cegas, assim como todas as
que fazem uso de gráficos, mapas e outras configurações bidimensionais.
Óbvio que aqueles profissionais estão errados: temos biólogos,
químicos, geômetras, estatísticos, físicos etc. valorosos e todos
fazem uso dessas figuras, gráficos e demais informações imagéticas,
muito embora sejam cegos, inclusive congênitos. Há pessoas cegas
adventícias que acham que pessoas cegas congênitas não fazem uso ótimo
de padrões imagéticos, o que significa que estão errados, é claro.
Prova disso é que há até indivíduo cegos congênitos que ensinam
videntes a ver/observar as imagens que estes não veem, embora as
enxerguem.
Abraços,
Francisco Lima
De: visibilidade_cegos_brasil em googlegroups.com
[mailto:visibilidade_cegos_brasil em googlegroups.com] Em nome de Paulo
Tadeu Oliveira
Enviada em: segunda-feira, 20 de julho de 2015 08:09
Para: Visibilidade Cegos Brasil
Assunto: Re: VCB Quando os números estatísticos aparecem perfeitos.
Paulo Tadeu Oliveira <patmso em gmail.com>
8:31 PM (17 hours ago)
to Visibilidade
Prezado Francisco
Você acabou de falar um importante motivo que faz soar negativo em
bancas examinadoras de universidade, independente de ter ou não outros
candidatos, trabalho muito com área aplicada e acabo sendo mal vista
por isso, não conseguindo ser se quer aprovado (sem conseguir nota
maior ou igual a sete), eles não falam , mas o preconceito é tanto,
que é como se já iniciasse perdendo ao in iciar o concurso
independente da minha preparação.
Outro motivo que els alegam, (já ouvir isso em off) é que pessoa com
deficiência visual não consegue se vestir ou arrumar direito, mas fala
isso como forma de preconceito, por que pergunta o que seria preciso
simplesmente recusam a falar, chegou ao ponto de um membro de banca de
concurso, deixando claro que é sobre o mesmo concurso, em um dado
momento que o meu problema foi na preparação da aula didática, mas
depois, passado meses, ele resolve falar que o meu problema é que não
consigo me vestir. Neste ponto, deixo a pergunta no ar. Qual seria o
verdadeiro motivo?
Quanto as perguntas que fiz na mensagem anterior foi mais para fazer
uma forma de roteiro sobre diversas coisas que encontrei.
Saudações,
Paulo Tadeu Oliveira
2015-07-20 13:02 GMT-03:00 Francisco Lima <limafj.br em gmail.com>:
Acho que o título da mensagem dá uma boa dica, não é?
Argumento de falta de mão-de-obra qualificada é balela, isso já tem
sido mostrado há tempo.
Perfil profissiográfico não tem que ver com deficiência em si.
Já há muito os que estudam a empregabilidade e os empregados com
deficiência têm combatido a ideia de que há funções para esta ou
aquela taxonomia de deficiência, embora alguns teimam em querer isso
para a adequação, como dizem, da lei de cotas.
Olhar para os números permite fazer o que vemos feito nesta matéria:
números são interpretados em conformidade com as premissas do
analista, não são verdadeiros ou mentirosos em si.
Existem questões educacionais que têm limitado as pessoas com
deficiência, as cegas, por exemplo, em seguir certas áreas acadêmicas,
no Brasil. A área de estatística é uma das que pedagogos, psicólogos e
outros consideram imprópria para as pessoas cegas, assim como todas as
que fazem uso de gráficos, mapas e outras configurações bidimensionais.
Óbvio que aqueles profissionais estão errados: temos biólogos,
químicos, geômetras, estatísticos, físicos etc. valorosos e todos
fazem uso dessas figuras, gráficos e demais informações imagéticas,
muito embora sejam cegos, inclusive congênitos. Há pessoas cegas
adventícias que acham que pessoas cegas congênitas não fazem uso ótimo
de padrões imagéticos, o que significa que estão errados, é claro.
Prova disso é que há até indivíduo cegos congênitos que ensinam
videntes a ver/observar as imagens que estes não veem, embora as
enxerguem.
Abraços,
Francisco Lima
De: visibilidade_cegos_brasil em googlegroups.com
[mailto:visibilidade_cegos_brasil em googlegroups.com] Em nome de Paulo
Tadeu Oliveira
Francisco Lima <limafj.br em gmail.com>
11:50 PM (14 hours ago)
to visibilidade_c.
Caro Paulo,
Voltamos ao câncer da raiz de nossa sociedade: as barreiras atitudinais.
Não foi atoa que mudamos o foco de nossa incapacidade para a
sociedade, tirando de nossa deficiência o pejo de uma incapacidade
que nossa deficiência não nos impõe.
Em um dado concurso, em que prestei sozinho, tirei em segundo lugar,
risos. Tirei 6.9, em uma só prova feita, a oral.
Minha esposa, também professora universitária, assistiu e ficou
possessa, dizendo que fora por discriminação que eles não me aprovaram.
Deixei passar, mesmo porque eu não teria naquele momento como provar isso.
Ocorre que alguns dias depois, encontramos um amigo dela, professor na
Universidade para a qual eu prestava concurso e dele ouvi:
“Que pena, Francisco, que sua inscrição foi indeferida, né?
Não havia sido e eu fiquei sabendo que quando ele passou pelo campus,
havia uma reunião, na qual verificavam um modo de me desclassificar.
Não conseguiram na inscrição, mas o fizeram no certame.
Bem, eu houvera ido pessoalmente fazer minha inscrição, então, desde
sempre sabiam que eu era cego.
Quando prestei o concurso aqui em Recife, nada disse que pudessem
pensar que eu era cego. Foi bem interessante ver o espanto deles
quando apareci na hora da prova, bengala em punho. Risos.
E, por aí vão nossas histórias de discriminação.
Agora, qual a probabilidade de um estatístico ser avaliado pelo gosto
das roupas que veste?
Meu caro, quando ouço coisas desse tipo, não sei se fico com dó desses
filhos da “p ãe” ou rio.
Abraços,
Francisco Lima
De: visibilidade_cegos_brasil em googlegroups.com
[mailto:visibilidade_cegos_brasil em googlegroups.com] Em nome de Paulo
Tadeu Oliveira
Enviada em: segunda-feira, 20 de julho de 2015 20:32
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