[ABE-L] decepções, muitas decepções...
poliveir em ime.usp.br
poliveir em ime.usp.br
Qua Jul 29 10:08:21 -03 2015
Prezados colegas
Segue cópia da mensagem que enviei para Alícia, represente do Brasil
no Grupo de Washington sobre populações no item pessoas com deficiência
Saudações,
Paulo Tadeu Oliveira
Prezada Alícia
Resolvi escrever esta mensagem devido a impossibilidade de falar com
vocês logo após o evento. Os temas discutidos são realmente
pertinentes e de interesse, principalmente no que diz respeito e de
suma importância de que os dados dos diferentes países devem permitir
que sejam comparáveis. Agora, por outro lado, sou obrigado deixar
registrado a minha decepção, pois deu para observar que as pessoas com
deficiência não são ouvidas, ou se por acaso são ouvidas são
representadas por organizações que ficam encasteladas em seus
gabinetes, ou seja, permanecem o lema de trabalhar sobre pessoas com
deficiências sem as pessoas com deficiência e isso me deixou muito
triste e decepcionado e lembro que a única coisa que você soube falar
é que fiz o trabalho sozinho e não seguir nenhuma diretriz foi pelo
fato de não me oferecerem outras opções e considerando apenas diretriz
de governos e mais nada.
Neste ponto tenho a relatar o seguinte, a única coisa que tive foi o
auxílio da minha ex orientadora do doutorado na proposição do tema e
mais nada.
Tento enviar mensagens para grupos de pesquisas e pessoas ligadas a
área não me dão se quer resposta, se estou fazendo o que estou fazendo
é que desde o início as pessoas não demonstram interesse, nem mesmo
para fazer críticas e as únicas pessoas que apoiam são representantes
de pequenos grupos ligados a pessoas com deficiência.
Para terminar não sei se vocês perceberam que sou deficiente visual e
que utilizo uma telelupa de longo alcance, pois sou deficiente visual
e só enxergo 10% e me deu a impressão de que sou a única ou das muito
poucas pessoas com deficiência que consegue se apresentar em um
congresso como este, e, por mais insignificante que eu seja, foi
lutando contra tudo e contra todos para chegar até aqui e muitas vezes
tendo que trabalhar sozinho e sem ninguém que possa acompanhar e
cheguei a fazer pós doutorado com financiamento da FAPESP trabalhando
em outras áreas da estatística aplicada, ou seja, nas minhas
condições, segundo dados do próprio IBGE, estaria entre os menos 0,001
das pessoas nessas condições e que chegaram a essa formação.
Desejo trabalhar, desejo estudar mais, mas é como se aparecessem
barreiras intransponíveis, e outra coisa que pareceu também foi o
seguinte, no ISI por exemplo, participei dos outros dois, e este aqui,
em termos de organização está sendo o mais decepcionante e Rio de
J\aneiro não me pareceu uma cidade acolhedora.
Para chegar até aqui, lutei contra tudo e contra todos, inclusive com
muitas discriminações do tipo trabalhar com estatística não é trabalho
para pessoa com deficiência, inclusive me alijando de concursos por
motivos dos mais absurdos possíveis, sem contar que muita coisa que
sei hoje, aprendi estudando sozinho, pois muitos professores não
desejam me ver sob a alegação de que estou no lugar errado.
Deixo claro a você que esta mensagem será enviada para tomada de
conhecimento aos grupos que participo.
Saudações,
Paulo Tadeu Oliveira
Mais detalhes sobre a lista de discussão abe