[ABE-L] zero+90%+greve

Gauss Cordeiro gauss em de.ufpe.br
Seg Jun 15 13:49:24 -03 2015


Caros,


Quando comecei minha carreira de professor universitário na COPPE/UFRJ, em
1o de junho de 1976,

era inimaginável um docente ser professor titular de uma IFES sem um número
razoável de publicações.


De uns anos para cá, professores conseguem chegar ao cargo de professor
titular nas federais sem quaisquer

artigos publicados em periódicos, ou seja, ZERO.  Alguns baremas concentram
peso de 10% para a produção

científica.


Eu exijo que meus alunos de doutorado submetam pelo menos três artigos que
considero

publicáveis muito antes da titulação e a maioria deles termina o curso com
mais de dois papers

efetivamente publicados em periódicos internacionais.


Para quem acha que já viu tudo na academia brasileira, mais uma dessa
semana: o Prof. Adonais Santana,

professor associado de Matemática na UFPR, está passando por um processo
administrativo, pois a UFPR

assinou um termo com o governo federal que implica na meta de aprovar 90%
dos alunos. Ele passou

a aprovar a totalidade dos alunos que assinavam a presença nas provas como
forma de protesto.

Esse fato inusitado pode ser acompanhado em:


http://adonaisantanna.blogspot.com.br/2013/01/o-retorno-de-doutor-fantastico.html


Finalmente, gostaria de reiterar que o Governo Federal está desrespeitando
por completo os

servidores das IFES. Eles estão com salários altamente defasados em relação
aos seus pares

de outros órgãos federais e não há sinalização alguma para acabar com uma
greve que considero

mais do que justa.


Esse País nunca será uma "Pátria Educadora", enquanto os recursos da
educação estiverem

sendo desviados para a classe política e outros fins. Chega de bravatas! Se
quiserem cortar gastos deveriam eliminar

a metade de ministérios e os cargos comissionados deles e acabar com as
regalias inerentes ao legislativo e judiciário.


Quando foi para fazer a Copa de Mundo, isentou um órgão corrupto como a
FIFA em quase um bilhão e 300 milhões

de reais e ademais, por pura politicagem, patrocinou essa famigerada Copa
em 12 cidades quando poderia ter sido

realizada em oito (segundo sugestão inicial da própria FIFA). Um dos vários
legados deixados: algumas arenas

inúteis estão aí para os governos estaduais arcarem com nossos impostos.


Com efeito, um professor da rede pública de Pernambuco ganha, em média, R$
12 por aula dada.

Entretanto, o Estado de Pernambuco gasta R$ 55 milhões por ano com a
ARENA-PE, cuja capacidade é de

60 mil pessoas, e a média de público inferior a 20% desta capacidade.


Cordiais Saudações,


Gauss
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