[ABE-L] Polêmica sobre pesquisa estatística da FEE

Richard Santos jamesrichardsantos em gmail.com
Qua Maio 13 19:08:01 -03 2015


Sim, parabéns ao manifesto. Até olhei os dados da Pnad 2013 (com descritiva
multivariada e bivariada, e regressões), nossa, a renda dos homens é mais
alta do que a das mulheres independente de qualquer coisa (seja urbano ou
rural, qualquer raça/cor, UF, Rm e não-RM, tipo de ocupação, anos de
estudo, etc). Impressionante.
Att.
Richard

Em 13 de maio de 2015 18:36, Jose Carvalho <carvalho em statistika.com.br>
escreveu:

> -----BEGIN PGP SIGNED MESSAGE-----
> Hash: SHA256
>
> Essa discussão começou sobre o seríssimo assunto de censura a um
> artigo científico. Certo, errado, mais ou menos rigoroso, seja o que
> for, sabemos que, ao atentar contra um modismo (desigualdade de
> gêneros no mercado de trabalho), causou reações contra os autores e
> suas instituições de trabalho. A reação, como se deu, é
> antidemocrática e foge, ela sim, ao procedimento digno de
> intelectuais, cujas ideias se confrontam-se, limitando-se as pessoas
> ao debate. O manifesto que se seguiu é mais do que justificado. Não
> fosse eu tão insignificante, tê-lo-ia assinado.
>
> E a discussão descambou para comparação de softwares, por um único
> mail do Júlio Stern, que, apaixonado e provocativo como sempre, fez a
> elegia do R. Mudou a discussão. E seguiu-se um monte de mails, sobre
> um assunto sério.
>
> Em parêntensis: gosto de latim, que estudei no ginasial e mais um
> pouco depois, mas não posso ler sem dicionário. Pensei quando vi a
> enorme citação em latim que, diabos, teria de tratar de entender
> latim. Mas fui ver uns alfarrabios e encontrei a citação em um artigo
> de Wolfgang Lenzen: Leibniz Logic, um capítulo do livro The Rise of
> Modern Logic (editado por Dov Gabbay e John Woods; Elsevier, 2004)
> onde a citação e tradução ao inglês estão na página 1. Ufa, não
> preciso mais ler o Leibniz no original.
>
> O que tenho a dizer é simples: o trabalho com SAS e SPSS, para quem
> lida com muitas análises, de grandes e pequenos problemas, que tem de
> ser feitos com rapidez, nada tem a ver com o trabalho que eu fazia,
> enquanto estava na Unicamp. Eu ajudava médicos, engenheiros e
> pesquisadores de outras áreas, da Unicamp e de muitos outros centros.
> Quase sempre os problemas envolviam uma só tabela de dados, quando
> muito um banco de dados pequeno. Em geral, os dados eram mal formados
> (como até hoje, também na indústria), mas eram quase sempre pequenos.
> E as análises poderiam ser elaboradas, poderiam demorar,se eu
> precisasse. Naqueles tempos, Minitab, BMDP serviam bem. Claro, desde
> sempre usei o SAS, o que me deu um enorme conforto e me fez crescer
> muito. É assim: para trabalhar para valer, em geral usamos o SAS. É
> mais rápido, a preparação de dados é muito mais rápida. Uso o R
> também, claro. Agora mesmo, um cliente me obriga a usar GAMLSS, onde
> eu proponho usar regressão quantílica. Sou obrigado a fazer ambos.
> Embora seja "produção", o trabalho envolve cientistas e podemos
> discutir métodos e gastar tempo com isso (mas não muito). Pois bem, os
> cálculos do GAMLSS eu os fiz com R. Naturalmente, as tabelas de dados
> foram preparadas com o SAS. O banco de dados original veio em SAS. Tem
> dezenas de tabelas, está devidamente normalizado. Mas a tabela que eu
> queria, simples, com alguns x's e y's teve de ser preparada. Com a
> tabela desnormalizada, retangular, invocar uma rotina é muito fácil.
>
> Tenho de afirmar que sempre gostei de computação, o que é ocioso dizer
> aos que me conhecem. Sou portanto alfabetizado em Fortran, C (e mais
> umas velharias que não ouso lembrar, inclusive Assembler do /360); mas
> vale incluir Perl, Python e... R.
>
> Sobre software livre: sou o maior fã! Brasileiro que sou, trato de
> evitar Micro$oft, Apple e cia até onde possível. Toco uma firmazinha
> de consultoria, em que há dois servidores, vários desktops e um outro
> número de notebooks. Todos - todos! - rodam Linux. No momento, é o
> Fedora 21. Usamos o LibreOffice quase exclusivamente. (Há alguns
> brincando com Calligra, do KDE). Todos os softwares são LIVRES. Exceto
> o SAS, que roda alegremente em Linux. E isso é assim há quase 15 anos.
> Brasileiro, comecei com Conectiva (de Curitiba); acompanhando a
> Conectiva, fui para o Mandrake, depois Mandriva. Finalmente, este
> acabou (virou Mageia e Rosa).
>
> Muitos meus amigos, amigos que respeito e quero muito, altamente
> competentes em computação, pugnam pelo R e o usam sob... Windows (nem
> todos, felizmente). Alguns alegam que é difícil fugir do Windows no
> notebook (como se este fosse diferente de um desktop). Vários fazem
> seus relatórios em MS Office. Nossas sociedade profissionais exigem
> que artigos submetidos a suas publicações ou congressos sejam
> apresentadas em MS Office. Ora, não posso resistir a considerar isso
> hipocrisia. Acho que no passado, a turma não usava o SAS, por que era
> caro. Hoje, ele é praticamente de graça para o ensino. Existe uma VM
> (Linux) que pode ser rodada sob VMWare ou VirtualBox (até sob Windows
> como hospedeira), que é gratuita. Basta baixar de
> http://www.sas.com/en_us/software/university-edition.html. Está
> disponível a professores e  alunos.
>
> Se somar tudo que economizei em divisas, por usar Linux e todo o
> software livre, paguei de longe o custo do SAS. Se somar o tempo e a
> qualidade do trabalho que meus colegas tem feito ao longo de anos,
> então a conta cresce desmesuradamente.
>
> Finalmente: acho R e as bibliotecas matemáticas e estatísticas do
> Python, muito bacanas. O pessoal que trabalha comigo deve ser
> proficiente em pelo menos um destes. (A gente nuncasabe o futuro -
> inclusive deles, que podem ter de ir trabalhar em outro lugar - ainda
> mais com o estado de coisas deste país).
>
> PS meu super notebook tem 32GB, um processador de 8 cores super
> rápido, dois discos, 1 SSD de 512 GB e um outro comum de 1TB, tela de
> alta resolução (o driver nõa da NVidia :-)), etc, etc. O sistema
> operacional é FEDORA 21 (será 22 logo). Escrevo-lhes usando o
> Thunderbird como cliente de mail. Quer mais FOSS que isso?
> PPS pago a Free Software Foundation com o mesmo prazer que pago a ABE.
>
> Abraços a todos, em especial ao Júlio Stern, cujas mensagens sempre me
> dão prazer de ler. E apoiemos o manifesto, causa original deste "thread"
> .
>
>
>
> On 05/13/2015 03:39 PM, Julio Stern wrote:
> > ``...quando orientur controversiae, non magis disputatione opus
> > erit inter duos philosophos, quam inter duos computistas. Sufficiet
> > enim calamos in manus sumere sedereque ad abacos, et sibi mutuo
> > (accito si placet amico) dicere: calculemus.''
>
> - --
> Jose Carvalho, PhD
> Statistika
> +55-19-3236-7537 (office)
> +55-19-98139-9927 (cel)
> -----BEGIN PGP SIGNATURE-----
> Version: GnuPG v2
>
> iQEcBAEBCAAGBQJVU8PIAAoJEHvxLnCikUOTBAIH/08UXagZ3H9x5rjBPR5ynQw7
> hCUrYHC/zZQvZSz68A4j5EwYckOBt6qNcleEFJCR8atmdrfcYJChcjsbbpj5aURM
> D5VRad0pqOsszFpWnZgdGV9OFF/4leJXAHq0UgV0JJkvAOVs6SlOpwlDzQ6rhiqx
> mFK/C6+WkvwATea8TudN0vgEOVRq938a8VKLelrGJSnstJie1plKFURVkMzKiPw8
> 1P1bo045h2wWiazCbLiU5hp5BzlVXUkVdTj4TbinsDmAyXQggNuyUjcaZX6zgIN8
> eFHG9OiX19/44qMWYP0UQZ1SDzZ6CrEZjqVT+GBnYiscGzJNFuOwCSjMRcnzaxA=
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