[ABE-L] Polêmica sobre pesquisa estatística da FEE

Richard Santos jamesrichardsantos em gmail.com
Qua Maio 13 19:53:47 -03 2015


Prezados,
Tem também uma pesquisa que participei do IPEA que mostra a diferença
salarial entre setor público e privado.
A diferença salarial é sim maior no gênero, depois vem localidade
urbano/rural, seguido dos anos de estudo. Só depois vem raça/cor. E, por
último, vem tipo de cargo. Isto pela PNAD 2013, considerando o perfil
multivariado e o efeito da amostragem complexa.
Att.
Richard

Em 13 de maio de 2015 19:30, Pedro Luis do Nascimento Silva <
pedronsilva em gmail.com> escreveu:

> Colegas,
>
> o tema da existência ou não de discriminação salarial no Brasil é objeto
> de vasta literatura em várias áreas do conhecimento, e claro, grande parte
> desta literatura vai depender do uso de dados de pesquisas como a PNAD,
> entre outras.
>
> A PNAD, embora fonte rica de informações sobre o mercado de trabalho,
> limita bastante  as possibilidades analíticas pois não coleta informações
> sobre vários atributos relacionados com o 'capital social' dos
> trabalhadores.
>
> Uma análise feita com dados de uma pesquisa conduzida  pelo IBGE no fim
> dos anos 90, a Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV), pela Simone de Castro
> Rodrigues (em dissertação de mestrado da ENCE) mostrou que o diferencial
> salarial líquido entre homens e mulheres ocupados no Sudeste e Nordeste do
> Brasil era de 32,8% (isto é, o diferencial salarial não explicado pelas
> características dos trabalhadores, das empresas, e outras consideradas num
> modelo ajustado aos dados). Ao mesmo tempo, o diferencial salarial líquido
> entre brancos e não brancos era menor, da ordem de 11,6%.
>
> Grande parte da literatura fala em discriminação racial no mercado de
> trabalho. A contribuição da Simone à época foi mostrar que a discriminação
> racial era substancialmente menor que a de gênero.
>
> O texto completo da dissertação citada acima está em
> http://www.ence.ibge.gov.br/images/ence/doc/mestrado/dissertacoes/2003/simone_de_castro_rodrigues.pdf
>
> Para os interessados apenas nos resultados, basta ler o capítulo de
> conclusões.
>
> Para os interessados nos métodos, há alguns aspectos interessantes da
> análise, onde a Simone mostrou que não deviam ser ignorados na análise os
> aspectos da amostragem complexa usada na pesquisa.
>
> Declaro aqui minha solidariedade com os autores do estudo da FEE.
>
> Saudações, Pedro.
>
> Em 13 de maio de 2015 19:08, Richard Santos <jamesrichardsantos em gmail.com>
> escreveu:
>
>> Sim, parabéns ao manifesto. Até olhei os dados da Pnad 2013 (com
>> descritiva multivariada e bivariada, e regressões), nossa, a renda dos
>> homens é mais alta do que a das mulheres independente de qualquer coisa
>> (seja urbano ou rural, qualquer raça/cor, UF, Rm e não-RM, tipo de
>> ocupação, anos de estudo, etc). Impressionante.
>> Att.
>> Richard
>>
>> Em 13 de maio de 2015 18:36, Jose Carvalho <carvalho em statistika.com.br>
>> escreveu:
>>
>>> -----BEGIN PGP SIGNED MESSAGE-----
>>> Hash: SHA256
>>>
>>> Essa discussão começou sobre o seríssimo assunto de censura a um
>>> artigo científico. Certo, errado, mais ou menos rigoroso, seja o que
>>> for, sabemos que, ao atentar contra um modismo (desigualdade de
>>> gêneros no mercado de trabalho), causou reações contra os autores e
>>> suas instituições de trabalho. A reação, como se deu, é
>>> antidemocrática e foge, ela sim, ao procedimento digno de
>>> intelectuais, cujas ideias se confrontam-se, limitando-se as pessoas
>>> ao debate. O manifesto que se seguiu é mais do que justificado. Não
>>> fosse eu tão insignificante, tê-lo-ia assinado.
>>>
>>> E a discussão descambou para comparação de softwares, por um único
>>> mail do Júlio Stern, que, apaixonado e provocativo como sempre, fez a
>>> elegia do R. Mudou a discussão. E seguiu-se um monte de mails, sobre
>>> um assunto sério.
>>>
>>> Em parêntensis: gosto de latim, que estudei no ginasial e mais um
>>> pouco depois, mas não posso ler sem dicionário. Pensei quando vi a
>>> enorme citação em latim que, diabos, teria de tratar de entender
>>> latim. Mas fui ver uns alfarrabios e encontrei a citação em um artigo
>>> de Wolfgang Lenzen: Leibniz Logic, um capítulo do livro The Rise of
>>> Modern Logic (editado por Dov Gabbay e John Woods; Elsevier, 2004)
>>> onde a citação e tradução ao inglês estão na página 1. Ufa, não
>>> preciso mais ler o Leibniz no original.
>>>
>>> O que tenho a dizer é simples: o trabalho com SAS e SPSS, para quem
>>> lida com muitas análises, de grandes e pequenos problemas, que tem de
>>> ser feitos com rapidez, nada tem a ver com o trabalho que eu fazia,
>>> enquanto estava na Unicamp. Eu ajudava médicos, engenheiros e
>>> pesquisadores de outras áreas, da Unicamp e de muitos outros centros.
>>> Quase sempre os problemas envolviam uma só tabela de dados, quando
>>> muito um banco de dados pequeno. Em geral, os dados eram mal formados
>>> (como até hoje, também na indústria), mas eram quase sempre pequenos.
>>> E as análises poderiam ser elaboradas, poderiam demorar,se eu
>>> precisasse. Naqueles tempos, Minitab, BMDP serviam bem. Claro, desde
>>> sempre usei o SAS, o que me deu um enorme conforto e me fez crescer
>>> muito. É assim: para trabalhar para valer, em geral usamos o SAS. É
>>> mais rápido, a preparação de dados é muito mais rápida. Uso o R
>>> também, claro. Agora mesmo, um cliente me obriga a usar GAMLSS, onde
>>> eu proponho usar regressão quantílica. Sou obrigado a fazer ambos.
>>> Embora seja "produção", o trabalho envolve cientistas e podemos
>>> discutir métodos e gastar tempo com isso (mas não muito). Pois bem, os
>>> cálculos do GAMLSS eu os fiz com R. Naturalmente, as tabelas de dados
>>> foram preparadas com o SAS. O banco de dados original veio em SAS. Tem
>>> dezenas de tabelas, está devidamente normalizado. Mas a tabela que eu
>>> queria, simples, com alguns x's e y's teve de ser preparada. Com a
>>> tabela desnormalizada, retangular, invocar uma rotina é muito fácil.
>>>
>>> Tenho de afirmar que sempre gostei de computação, o que é ocioso dizer
>>> aos que me conhecem. Sou portanto alfabetizado em Fortran, C (e mais
>>> umas velharias que não ouso lembrar, inclusive Assembler do /360); mas
>>> vale incluir Perl, Python e... R.
>>>
>>> Sobre software livre: sou o maior fã! Brasileiro que sou, trato de
>>> evitar Micro$oft, Apple e cia até onde possível. Toco uma firmazinha
>>> de consultoria, em que há dois servidores, vários desktops e um outro
>>> número de notebooks. Todos - todos! - rodam Linux. No momento, é o
>>> Fedora 21. Usamos o LibreOffice quase exclusivamente. (Há alguns
>>> brincando com Calligra, do KDE). Todos os softwares são LIVRES. Exceto
>>> o SAS, que roda alegremente em Linux. E isso é assim há quase 15 anos.
>>> Brasileiro, comecei com Conectiva (de Curitiba); acompanhando a
>>> Conectiva, fui para o Mandrake, depois Mandriva. Finalmente, este
>>> acabou (virou Mageia e Rosa).
>>>
>>> Muitos meus amigos, amigos que respeito e quero muito, altamente
>>> competentes em computação, pugnam pelo R e o usam sob... Windows (nem
>>> todos, felizmente). Alguns alegam que é difícil fugir do Windows no
>>> notebook (como se este fosse diferente de um desktop). Vários fazem
>>> seus relatórios em MS Office. Nossas sociedade profissionais exigem
>>> que artigos submetidos a suas publicações ou congressos sejam
>>> apresentadas em MS Office. Ora, não posso resistir a considerar isso
>>> hipocrisia. Acho que no passado, a turma não usava o SAS, por que era
>>> caro. Hoje, ele é praticamente de graça para o ensino. Existe uma VM
>>> (Linux) que pode ser rodada sob VMWare ou VirtualBox (até sob Windows
>>> como hospedeira), que é gratuita. Basta baixar de
>>> http://www.sas.com/en_us/software/university-edition.html. Está
>>> disponível a professores e  alunos.
>>>
>>> Se somar tudo que economizei em divisas, por usar Linux e todo o
>>> software livre, paguei de longe o custo do SAS. Se somar o tempo e a
>>> qualidade do trabalho que meus colegas tem feito ao longo de anos,
>>> então a conta cresce desmesuradamente.
>>>
>>> Finalmente: acho R e as bibliotecas matemáticas e estatísticas do
>>> Python, muito bacanas. O pessoal que trabalha comigo deve ser
>>> proficiente em pelo menos um destes. (A gente nuncasabe o futuro -
>>> inclusive deles, que podem ter de ir trabalhar em outro lugar - ainda
>>> mais com o estado de coisas deste país).
>>>
>>> PS meu super notebook tem 32GB, um processador de 8 cores super
>>> rápido, dois discos, 1 SSD de 512 GB e um outro comum de 1TB, tela de
>>> alta resolução (o driver nõa da NVidia :-)), etc, etc. O sistema
>>> operacional é FEDORA 21 (será 22 logo). Escrevo-lhes usando o
>>> Thunderbird como cliente de mail. Quer mais FOSS que isso?
>>> PPS pago a Free Software Foundation com o mesmo prazer que pago a ABE.
>>>
>>> Abraços a todos, em especial ao Júlio Stern, cujas mensagens sempre me
>>> dão prazer de ler. E apoiemos o manifesto, causa original deste "thread"
>>> .
>>>
>>>
>>>
>>> On 05/13/2015 03:39 PM, Julio Stern wrote:
>>> > ``...quando orientur controversiae, non magis disputatione opus
>>> > erit inter duos philosophos, quam inter duos computistas. Sufficiet
>>> > enim calamos in manus sumere sedereque ad abacos, et sibi mutuo
>>> > (accito si placet amico) dicere: calculemus.''
>>>
>>> - --
>>> Jose Carvalho, PhD
>>> Statistika
>>> +55-19-3236-7537 (office)
>>> +55-19-98139-9927 (cel)
>>> -----BEGIN PGP SIGNATURE-----
>>> Version: GnuPG v2
>>>
>>> iQEcBAEBCAAGBQJVU8PIAAoJEHvxLnCikUOTBAIH/08UXagZ3H9x5rjBPR5ynQw7
>>> hCUrYHC/zZQvZSz68A4j5EwYckOBt6qNcleEFJCR8atmdrfcYJChcjsbbpj5aURM
>>> D5VRad0pqOsszFpWnZgdGV9OFF/4leJXAHq0UgV0JJkvAOVs6SlOpwlDzQ6rhiqx
>>> mFK/C6+WkvwATea8TudN0vgEOVRq938a8VKLelrGJSnstJie1plKFURVkMzKiPw8
>>> 1P1bo045h2wWiazCbLiU5hp5BzlVXUkVdTj4TbinsDmAyXQggNuyUjcaZX6zgIN8
>>> eFHG9OiX19/44qMWYP0UQZ1SDzZ6CrEZjqVT+GBnYiscGzJNFuOwCSjMRcnzaxA=
>>> =dGiq
>>> -----END PGP SIGNATURE-----
>>>
>>> _______________________________________________
>>> abe mailing list
>>> abe em lists.ime.usp.br
>>> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>>>
>>
>>
>> _______________________________________________
>> abe mailing list
>> abe em lists.ime.usp.br
>> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>>
>>
>
>
> --
> Pedro Luis do Nascimento Silva
> *ISI President-Elect 2013-2015*
> IBGE - Escola Nacional de Ciências Estatísticas
> Phone: +55 21 21424957
>
> _______________________________________________
> abe mailing list
> abe em lists.ime.usp.br
> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>
>
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <https://lists.ime.usp.br/archives/abe/attachments/20150513/d777d0ce/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão abe