<div dir="ltr">Tinha publicado este texto em meu blog:<div><br>O editorial do Estadão de hoje evidencia um boicote que vem acontecendo debaixo do nosso nariz, sem que tomemos conhecimento.<br><br>Grande parte dos dados que são utilizados na formulação e no acompanhamento de políticas públicas vem de pesquisas realizadas pelo IBGE. Na 2ª feira, este orgão informou que sofreu mais um corte em seu orçamento, o que vai afetar diretamente a contagem da população de 2016e o censo agropecuário de 2015.<br>
<br>Não quero entrar no mérito da política, onde pode ser conveniente para uns ou outros atrasar a divulgação ou ofuscar os dados que revelam a atual condição de um país. Mas, na chamada Era da Informação, onde as decisões são cada vez menos baseadas em "achismos", e sim direcionadas por análises científicas de dados, faz sentido esses cortes orçamentários?<br>
<br>Acho que cada vez mais, iniciativas independentes e colaborativas para o levantamento e análise de dados públicos ganham importância, pois não sendo adequado que essa tarefa intimamente relacionada com a avaliação do governo fique sobre a tutela do mesmo, precisamos ter para onde recorrer quando dados atuais e coerentes sobre nosso país sejam demandados com o intuito de tomar decisões consistentes.</div>
<div><br></div></div><div class="gmail_extra"><br><br><div class="gmail_quote">Em 4 de setembro de 2014 13:54, sandra Brignol <span dir="ltr"><<a href="mailto:sandrabrignol@hotmail.com" target="_blank">sandrabrignol@hotmail.com</a>></span> escreveu:<br>
<blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">


<div><div dir="ltr">Nossa... a ABE pode fazer denúncia junto ao Ministério Público?<div>Sandra<br><br><div><hr>Date: Thu, 4 Sep 2014 09:28:43 -0300<br>From: <a href="mailto:cribari@de.ufpe.br" target="_blank">cribari@de.ufpe.br</a><br>
To: <a href="mailto:abe-l@ime.usp.br" target="_blank">abe-l@ime.usp.br</a><br>Subject: [ABE-L] IBGE<div><div class="h5"><br><br><div dir="ltr">O ESTADO DE SÃO PAULO, 4 de setembro de 2014 - Editorial <div><br></div><div><div>
IBGE à míngua</div><div><br></div><div>O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é a principal instituição de pesquisa do País, responsável pela coleta dos dados que ajudam na formulação de políticas públicas, de estratégias da iniciativa privada e do planejamento orçamentário dos cidadãos. Por essa razão, é inadmissível a decisão do governo federal de privar o IBGE das verbas necessárias a seu pleno funcionamento. O corte para o ano que vem chegará a 73% do orçamento da entidade.</div>

<div>Já não é de hoje que esse instituto, cuja independência é essencial para sua credibilidade, tem sofrido toda sorte de constrangimentos por parte do governo petista - sempre preocupado em dissimular ou desmoralizar estatísticas que possam desmentir o edulcorado discurso oficial.</div>

<div>Um exemplo desse esforço para minar o IBGE ocorreu em abril, quando a direção do instituto anunciou a inopinada suspensão da divulgação dos resultados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que mostra a situação do mercado de trabalho no País. A publicação dos números deveria ocorrer no mês seguinte, maio, mas foi adiada para janeiro de 2015 - portanto, depois das eleições presidenciais.</div>

<div>Alegava a diretoria do IBGE que havia a necessidade de eliminar dúvidas sobre alguns dados, por exigências legais. Essa desculpa foi considerada inaceitável pelo corpo técnico da Diretoria de Pesquisa do IBGE - cuja responsável, Marcia Quintslr, demitiu-se, recebendo a solidariedade de gerentes e coordenadores da área.</div>

<div>A polêmica se explica quando se observa que a Pnad Contínua havia apontado um desemprego médio de 7,1% em 2013 - bem acima do índice medido pela Pesquisa Mensal de Emprego, que tem ficado em torno de 5% e é o número usado na propaganda da presidente Dilma Rousseff em sua campanha à reeleição.</div>

<div>A ingerência política é apenas parte de um processo de enfraquecimento do IBGE - deixando o instituto à mercê dos interesses do governo. Os seguidos cortes orçamentários já resultaram em diminuição de escopo e mesmo de cancelamento de diversas pesquisas do instituto.</div>

<div>No começo deste ano, o governo já havia reduzido de R$ 214 milhões para R$ 193 milhões as verbas do IBGE para pesquisas. Agora, o Ministério do Planejamento decidiu que o orçamento do instituto para 2015, fixado em R$ 766 milhões, será de apenas R$ 204 milhões. Com isso, serão adiados o Censo Agropecuário e a Contagem da População, que custariam R$ 562 milhões e seriam feitos nos dois próximos anos. Os prejuízos causados por essa decisão são imensos.</div>

<div>O Censo Agropecuário pesquisa todas as propriedades rurais do País e levanta a situação tanto de seus proprietários como dos empregados, além da produção. Trata-se, portanto, de um instrumento essencial para o planejamento do agronegócio e para o levantamento das necessidades do setor, que tem liderado a economia do País nos últimos anos.</div>

<div>Já a Contagem da População, além de estimar o total de habitantes, mensura movimentos migratórios e pesquisa os detalhes necessários para balizar o cálculo da distribuição dos fundos de participação de Estados e municípios em tributos federais. A possibilidade de distorção nos cálculos graças ao contingenciamento é evidente.</div>

<div>A asfixia financeira do IBGE compromete profundamente a qualidade de seu trabalho. Graças à crise, o quadro de funcionários do instituto é hoje composto por mais de 40% de contratados por tempo determinado, que ganham salários muito inferiores aos dos servidores efetivos. Essa situação levou os funcionários do instituto a uma greve que durou mais de dois meses. Com a paralisação, o levantamento dos dados para a Pesquisa Mensal de Emprego ocorreu de forma apenas parcial, resultando em indicadores de consistência duvidosa.</div>

<div>O enfraquecimento do IBGE interessa a autoridades que se empenham em negar a realidade. Portanto, é imperativo impedir que esse importante órgão do Estado se transforme em mera linha auxiliar de um partido ou de um governo.</div>

<div><br></div><div><br></div>-- <br><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:arial;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;letter-spacing:normal;line-height:normal;text-align:-webkit-auto;text-indent:0px;text-transform:none;white-space:normal;word-spacing:0px;font-size:small;display:inline!important">Francisco Cribari-Neto, email:<span> </span></span><a href="mailto:cribari@de.ufpe.br" style="font-family:arial;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;letter-spacing:normal;line-height:normal;text-align:-webkit-auto;text-indent:0px;text-transform:none;white-space:normal;word-spacing:0px;font-size:small" target="_blank">cribari@de.ufpe.br</a><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:arial;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;letter-spacing:normal;line-height:normal;text-align:-webkit-auto;text-indent:0px;text-transform:none;white-space:normal;word-spacing:0px;font-size:small;display:inline!important"><span> </span>- "All theory, my friend, is grey, but green is life's glad golden tree." --Goethe (Faust)</span>
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