<div dir="ltr">Uma parte do que o Gauss falou penso está relacionado com o objetivo das universidades, que é o de melhorar o seu ranking, e os indicadores do ranking são percentual de docentes com doutorado, número de publicações, etc, indicadores mais de quantidade do que de qualidade. Ou seja, o interesse é mais em ter mais verbas para sim, e não educar ou gerar conhecimento. Mas, o ranking é uma coisa implementada pelo governo. Então, boa parte do erro não vem do governo?<div>Muitos acadêmicos estão mais preocupados em publicar em maior número, independente da qualidade, só para ficar entre os que mais publicam para ganhar a verba. Tudo que vira comercial acaba (o futebol brasileiro, a educação, a saúde, etc).</div><div>Assim, imagino como os estatísticos pesquisadores (mais teóricos, mas não só teóricos, claro, mas que tem o papel mais de criar métodos, de testar e comparar métodos já existentes - sinto falta disso, às vezes -, etc) passam, só imagino porque sou estatístico aplicado (menos crio ou testo teorias, mas que preocupa mais em aplicar os métodos existentes já nos problemas práticos e em bases grandes). Acho que toda área tem essa separação, de pesquisador e prático, não é? E ambos são essenciais, ninguém consegue ser os dois com a mesma profundidade (em matemática, física, estatística, engenharia). Para o estatístico aplicado, e não o pesquisador, há outros problemas, do mercado, e de novo do governo, mas são problemas diferentes.</div><div>Abçs.</div><div>Richard</div></div><div class="gmail_extra"><br><div class="gmail_quote">Em 12 de janeiro de 2015 12:39, Fabio Machado <span dir="ltr"><<a href="mailto:faprama@gmail.com" target="_blank">faprama@gmail.com</a>></span> escreveu:<br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">Um ponto adicional é o acesso prematuro de jovens professores<br>
às demandas burocráticas, administrativas e políticas de seus<br>
departamentos e institutos. Isto somado a também prematura estabilidade<br>
é uma combinação explosiva.<br>
<br>
Ouço histórias de jovens colegas que perdem preciosas horas em comissões<br>
e cargos sendo isto entendido como um acesso ao círculo de decisões quando<br>
na verdade são armadilhas que atrasam e na maioria das vezes inviabilizam<br>
o desenvolvimento de suas carreiras acadêmicas.<br>
<br>
Saudações<br>
<br>
<br>
<br>
<br>
<br>
<br>
2015-01-12 11:46 GMT-02:00 Gauss Cordeiro <<a href="mailto:gauss@de.ufpe.br">gauss@de.ufpe.br</a>>:<br>
<div class="HOEnZb"><div class="h5">> Caríssimos.<br>
><br>
><br>
><br>
> Meus últimos comentários sobre o tema discutido que constam<br>
><br>
> de um texto que publiquei (em co-autoria com o Prof. Renato Cintra, UFPE)<br>
><br>
> no Jornal do Commercio de Recife há  uns 2 anos.<br>
><br>
><br>
><br>
> Infelizmente, ao longo dos últimos anos, uma série<br>
><br>
> de eventos se combinam para desmantelar qualquer<br>
><br>
> ambiente acadêmico que pretenda esboçar excelência.<br>
><br>
><br>
><br>
> Nominalmente, temos abaixo 10 pontos de uma lista<br>
><br>
> que poderia conter pelo menos 50 itens.<br>
><br>
><br>
><br>
> 1. excesso de burocracia que engessa as universidades;<br>
><br>
><br>
><br>
> 2. introdução de legislações, pareceres e recomendações jurídicas<br>
><br>
> que corroem o mérito e as tradições universitárias (por exemplo, na<br>
><br>
> UFPE, não se pode solicitar uma simples carta de recomendação<br>
><br>
> no processo de seleção de alunos da pós-graduação);<br>
><br>
><br>
><br>
> 3. indefesa dos valores acadêmicos baseado em mérito e<br>
><br>
> desmotivação dos professores mais destacados;<br>
><br>
><br>
><br>
> 4. dificuldades do nosso sistema na contratação de professores estrangeiros;<br>
><br>
><br>
><br>
> 5. infra-estrutura extremamente precária;<br>
><br>
><br>
><br>
> 6. nivelamento por baixo e imposição de sistema de quotas para alunos<br>
> iméritos;<br>
><br>
><br>
><br>
> 7. vestibular com fraquíssimo crivo de seleção. Um exemplo: a trigonometria<br>
><br>
> do ENEM se resume ao triângulo retângulo.<br>
><br>
><br>
><br>
> 8. excessiva preocupações com evasão ou reprovação,<br>
><br>
> mas pouca preocupação em melhorar o ensino;<br>
><br>
><br>
><br>
> 9. priorização em criar novos cursos e diplomar alunos<br>
><br>
> em grande quantidade sem necessariamente zelo pela qualidade;<br>
><br>
><br>
><br>
> 10. baixa qualidade do ensino médio que reflete<br>
><br>
> em uma baixa qualidade do ensino superior.<br>
><br>
><br>
><br>
> Efetivamente, vem-se introduzindo dispositivos anti-meritocráticos e<br>
><br>
> assistencialistas que exaltam a mediocridade.<br>
><br>
><br>
><br>
> O estímulo ao esforço e/ou a busca pela excelência está sendo relativizado.<br>
><br>
><br>
><br>
> Sds,<br>
><br>
><br>
> Gauss Cordeiro<br>
><br>
><br>
> Em 11 de janeiro de 2015 09:15, Gauss Cordeiro <<a href="mailto:gauss@de.ufpe.br">gauss@de.ufpe.br</a>> escreveu:<br>
><br>
>> Caro Jaime,<br>
>><br>
>> Bom dia!<br>
>><br>
>> Permita-me uma pequena sugestão em alterar o seu último parágrafo:<br>
>><br>
>> "está destruindo"  deve ser substituído por "destruiu" a carreira docente<br>
>> das IFES.<br>
>><br>
>> Esse fato já ocorreu (portanto é passado) para encerrar a última greve.<br>
>><br>
>> Nos últimos 3 meses fui convocado para 8 bancas de progressão<br>
>> de professor associado 4 para titular nas duas federais do meu<br>
>> Estado e, em 5 delas, não aceitei  pois os candidatos dos<br>
>> departamentos não tinham (para mim) perfil de professor titular.<br>
>> Todos são agora titulares!<br>
>><br>
>> Estou numa idade que não almejo mais alterar o rumo da<br>
>> irresponsabilidade acadêmica.<br>
>><br>
>> Sds,<br>
>><br>
>> Gauss<br>
>><br>
>><br>
>> Em 10 de janeiro de 2015 23:41, Jaime Rivera <<a href="mailto:rivera@im.ufrj.br">rivera@im.ufrj.br</a>> escreveu:<br>
>><br>
>>> Caros Colegas,<br>
>>><br>
>>> A análise feita pelo Prof. Rogerio Leite não é completa pois existem<br>
>>> algumas<br>
>>> particularidades com Chile que devem ser consideradas antes de fazer a<br>
>>> análise<br>
>>> dos gastos.<br>
>>><br>
>>> 1) As universidades chilenas não são gratuitas. Existem as estatais e<br>
>>> privadas<br>
>>> mais a diferença dos preços cobrados não varia muito.<br>
>>><br>
>>> 2) Não existe estabilidade laboral. O professor que é mal avaliado o não<br>
>>> atinge os objetivos mínimos pode ser demitido.<br>
>>><br>
>>> 3) Professores chilenos que saem para fazer um doutorado no exterior com<br>
>>> Bolsa<br>
>>> chilena, se não conseguem o doutorado, tem que devolver ao estado todo o<br>
>>> dinheiro que recebeu como bolsa.<br>
>>><br>
>>> Isso aqui no Brasil sería impensável. Mais aí temos uma grande diferença<br>
>>> que<br>
>>> de por si implica numa economia gigantesca de recursos públicos.<br>
>>><br>
>>> No Brasil o quadro docente é muito inestável. O perfil de professor<br>
>>> titular<br>
>>> muda de universidade em universidade, existem ainda professores titulares<br>
>>> com<br>
>>> apenas com mestrado ou graduação.<br>
>>><br>
>>> Outra ponto importante é que não existe cobrança nas bolsas de Doutorado<br>
>>> nem<br>
>>> Pós Doutorado. Isto é candidato a doutor pode ser reprovado e mesmo assim<br>
>>> não<br>
>>> tem que devolver nada ao estado. No caso de Pós Doutorado é pior ainda.<br>
>>> Isto a<br>
>>> maneira de anedota, porem real: Uma vez eu perguntei a um beneficiário de<br>
>>> Bolsa de Pos Doc do CNPq  que passou um ano em USA, se ele tinha<br>
>>> publicado<br>
>>> bem. Ele respondeu: "Jaime lá em USA é outro ritmo, meu orientador me<br>
>>> mandou<br>
>>> fazer cursos de graduação e quase reprovei"<br>
>>><br>
>>> Mais ainda,  o Programa ciências sem fronteira  leva alunos de graduação<br>
>>> para<br>
>>> centros de excelência. Muitos deles despois  de alguns anos recebendo<br>
>>> bolsa<br>
>>> voltaram porque não sabiam o idioma local.  Todo esse dinheiro ficou em<br>
>>> nada.<br>
>>> Some  esses valores todos e veja quanto dá!<br>
>>> Não é pouco não!<br>
>>><br>
>>> Para ser breve, este governo, esta destruindo a carreira docente. Na nova<br>
>>> lei<br>
>>> do magistério assinada pelo Dr. Aloizio Mercadante (Tese de Economia: As<br>
>>> bases<br>
>>> do Novo Desenvolvimentismo no Brasil: análise do governo Lula<br>
>>> (2003-2010),<br>
>>> 17/12/2010) assinou a lei 12.863 onde todo professor deve iniciar a<br>
>>> carreira<br>
>>> universitária como auxiliar, não importando sua qualificação. Poder ser<br>
>>> doutor, pós doutor, ter ganhado o Premio Novel o a medalha Field. Começa<br>
>>> o<br>
>>> magistério como auxiliar. Isso é mandar a meritocracia para aquele lugar.<br>
>>> Fora os pontos acima estou de acordo com a opinião do Prof. Leite.<br>
>>><br>
>>> Um abraço<br>
>>> Jaime.<br>
>>><br>
>>><br>
>>><br>
>>> --<br>
>>> Jaime E. Munoz Rivera<br>
>>><br>
>>><br>
>>> ---------- Original Message -----------<br>
>>> From: "Hedibert Freitas Lopes" <<a href="mailto:hedibert@im.ufrj.br">hedibert@im.ufrj.br</a>><br>
>>> To: Gauss Cordeiro <<a href="mailto:gauss@de.ufpe.br">gauss@de.ufpe.br</a>>,Dani Gamerman <<a href="mailto:dani@im.ufrj.br">dani@im.ufrj.br</a>><br>
>>> Cc: <a href="mailto:im@im.ufrj.br">im@im.ufrj.br</a>,Lista da ABE <<a href="mailto:abe-l@ime.usp.br">abe-l@ime.usp.br</a>><br>
>>> Sent: Fri, 9 Jan 2015 18:22:02 -0300<br>
>>> Subject: Re: [ABE-L] e começa 2015...<br>
>>><br>
>>> > Aproveitando a deixa do Gauss, vou repetir aqui tambem minha<br>
>>> > colocacao do facebook sobre esse artigo:<br>
>>> ><br>
>>> > Brasil: 670 artigos & 30 bilhões<br>
>>> > Chile: 717 artigos & 2 bilhões<br>
>>> > Brasil nos top jornals: 1%<br>
>>> > Brasil nas revistas indexadas: 2.5%<br>
>>> ><br>
>>> > Distributivismo demagogo, regime de trabalho obsoleto e burocracia:<br>
>>> > lixo acadêmico em abundância.  Retornei ao Brasil a pouco mais de um<br>
>>> > ano e navegando nos currículos Lattes de vários estatísticos,<br>
>>> >  economistas e biólogos (áreas que me interessam) o que me assusta é<br>
>>> > que não somente professores/pesquisadores mais velhos/estabelecidos,<br>
>>> > mas também os mais jovem produzem essa montanha crescente de<br>
>>> > excremento acadêmico. A mediocridade paira no ar."<br>
>>> ><br>
>>> > Complemento aqui mais especificamente para a estatistica brasileira:<br>
>>> ><br>
>>> > Alguns dos professores/pesquisadores de 65 anos ou mais (e alguns<br>
>>> > mais novos) que fazem parte do pequeno grupo de admiro no Brasil ja'<br>
>>> > fizeram muito para nossa estatistica cientifica e estruturalmente e<br>
>>> > seria, na minha opiniao, injusto julga-los sem fazer um desconto<br>
>>> > temporal.  Agora, convenhamos, vejo varios professores associados na<br>
>>> > nossa area<br>
>>> > (a um passo do "paraiso") com curriculos mediocres e que produzem<br>
>>> > esse lixo academico a que a Nature se refere.  No's<br>
>>> > professores/pesquisadores entre 40 e 60 anos (\pm 5 anos) devemos<br>
>>> > dar o exemplo para o pessoal que esta' ai comecando e isso nao esta'<br>
>>> > acontecendo.  Temos que fazer logo, o mais rapido possivel, a<br>
>>> > mudanca de uma quantidade alta de artigos irrelevantes para um<br>
>>> > numero baixo de trabalhos relevantes.  This is my 2 cents.<br>
>>> ><br>
>>> > Abs,<br>
>>> > Hedibert<br>
>>> ------- End of Original Message -------<br>
>>><br>
>><br>
><br>
><br>
</div></div><span class="im HOEnZb">> _______________________________________________<br>
> abe mailing list<br>
> <a href="mailto:abe@lists.ime.usp.br">abe@lists.ime.usp.br</a><br>
> <a href="https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe" target="_blank">https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe</a><br>
><br>
<br>
<br>
<br>
</span><span class="HOEnZb"><font color="#888888">--<br>
Fábio Prates Machado - Professor<br>
Instituto de Matemática e Estatística<br>
Universidade de São Paulo, Brasil.<br>
</font></span><div class="HOEnZb"><div class="h5"><br>
_______________________________________________<br>
abe mailing list<br>
<a href="mailto:abe@lists.ime.usp.br">abe@lists.ime.usp.br</a><br>
<a href="https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe" target="_blank">https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe</a><br>
</div></div></blockquote></div><br></div>