<div dir="ltr"><p class="MsoNormal"><b><span lang="EN-US">27/Jan/2015 - Pagou, publicou</span></b></p>

<p class="MsoNormal"><span lang="EN-US"><a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/205381-pagou-publicou.shtml">http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/205381-pagou-publicou.shtml</a></span></p>

<p class="MsoNormal"><b>Revistas científicas
aceitam trabalhos falsos para divulgação, viram piada na internet e acendem
debate sobre critérios de edição de pesquisas</b></p>

<p class="MsoNormal">Fernanda Perrin</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">Pesquisadores sob pressão viraram alvo de publicações
científicas consideradas predatórias. Esses periódicos são questionáveis por
ter, como critério de seleção dos trabalhos, o pagamento de uma taxa pelos
autores dos artigos.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">"Essas revistas atraem quem precisa publicar no
exterior e em grande quantidade, como consequência de regras inflexíveis que
alguns países usam para avaliar o desempenho acadêmico", diz Yi Shin Tang,
pesquisador da USP na área de direito e professor-adjunto na Universidade de
Copenhagen.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">Ele exemplifica com o caso da agência de fomento à pesquisa
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) -
responsável, no Brasil, por avaliar cursos de pós. Quanto melhor a
classificação de um programa, mais recursos recebe e mais bolsas pode oferecer
a pós-graduandos.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">O critério de maior peso na avaliação da CAPES é o número de
artigos publicados pelos professores em revistas -não qualquer uma. O órgão faz
um ranking de periódicos, o QUALIS, que varia de A1 (melhor) a C (pior).</p>

<p class="MsoNormal">Alguns acadêmicos criticam esse método, e também o número
expressivo de periódicos internacionais entre os de melhor classificação.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">Jorge Almeida Guimarães, presidente da CAPES, rebate dizendo
que o QUALIS é feito por nomes reconhecidos.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">"O Brasil tem 350 mil professores universitários, e
publica 35 mil artigos em revistas indexadas, incluindo as brasileiras. Dá uma
média de 0,1 por ano por professor. Do que reclamam?", questiona.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">Para Guimarães, a indexação e a classificação do QUALIS
evitam o surgimento no país de periódicos predatórios, uma tendência mundial.</p>

<p class="MsoNormal">Com ele concorda Felipe Loureiro, professor do Instituto de
Relações Internacionais da USP: "No Brasil, com as regras da CAPES, não
faz sentido publicar em um 'journal' sem visibilidade e que não esteja no
QUALIS. Duvido que alguém credenciado a um programa de mínima excelência pague
para publicar em periódicos do tipo".</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">Mas há casos de brasileiros com trabalhos em revistas de
reputação duvidosa.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">O professor da Unifacs (Universidade Salvador) Paulo Caetano
da Silva publicou artigo no "IJACT" (International Journal of
Advanced Computer Technology) em parceria com um aluno.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">O periódico virou piada na internet após ter aceito para
publicação um artigo intitulado "Get Me Off Your Fucking Mailing
List" ("Me Tire da Sua Maldita Lista de Contatos", em tradução
livre). O conteúdo do trabalho é só essa frase repetida ao longo de dez
páginas.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">Assinado por David Mazières, da Universidade Stanford, e
Eddie Kohler, de Harvard, o "artigo", originalmente, foi feito em
resposta a convites indesejados que os professores recebiam para dar
conferências.</p>

<p class="MsoNormal">O texto circulou com grande sucesso no meio acadêmico e
chegou ao cientista australiano Peter Vamplew, que, cansado de receber em seu
email chamadas para publicação em revistas de pouca credibilidade, o enviou
como uma brincadeira ao "IJACT".</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">Para sua surpresa, o periódico avaliou o artigo como
"excelente" e cobrou US$ 150 (R$ 400) de Vamplew para publicação.
Procurado, o "IJACT" disse que seu e-mail havia sido invadido por um
hacker à época.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">O professor brasileiro diz desconhecer se houve pagamento ao
"IJACT" na veiculação de seu artigo. Para ele, publicar ali foi
relevante por oferecer um retorno da comunidade acadêmica sobre um trabalho em
fase inicial, que não seria aceito por um periódico do ranking da CAPES.</p><p class="MsoNormal"><br></p>

<p class="MsoNormal">A publicação também valeria no processo interno de avaliação
da Unifacs.</p></div>