<html><head><meta http-equiv="content-type" content="text/html; charset=utf-8"></head><body dir="auto"><div><br><br>Enviado do meu iPhone</div><div><br>Início da mensagem encaminhada<br><br></div><blockquote type="cite"><div><b>Assunto:</b> <b>para refletir - erros honestos - nada é só bom e nada é só ruim</b><br><br></div></blockquote><blockquote type="cite"><div><div dir="ltr"><div>Esse texto é  muito bom para pensar direito na nossa visão do mundo atual</div><div><div class="">
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<h1 itemprop="headline">Erros honestos</h1>
<h2 itemprop="description">A dúvida, a hesitação saudável de quem se sabe diante de fenômenos complexos, parece não encontrar mais o necessário espaço</h2>
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<p id="autor">por <span class="" itemprop="author"><a href="https://uerjleco.academia.edu/AntonioEngelke">https://uerjleco.academia.edu/AntonioEngelke</a></span></p>
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<span class="">08/01/2016 0:00</span>
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<div id="pub-retangulo-1" class="">
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<p style="">Um dos aspectos mais marcantes dos atuais debates na esfera 
pública brasileira é a incrível frequência com que os diagnósticos 
acerca dos nossos dilemas políticos e econômicos apresentam-se como 
verdades autoevidentes. Não há opiniões sugerindo hipóteses, mas vozes 
absolutamente convictas de estarem pontificando sobre fatos tão óbvios 
que apenas os acometidos por incurável cegueira ideológica se recusam a 
enxergar. É sintomático que nosso vocabulário político seja cada vez 
mais atravessado por estereótipos cuja função não é oferecer categorias 
que nos ajudem a observar a realidade com mais clareza, mas sim desferir
 golpes retóricos no intuito de negar inteligibilidade à posição 
adversária. À direita e à esquerda, o mesmo narcisismo cognitivo, apenas
 com sinal invertido: os pressupostos de um são as conclusões 
escandalosas do outro, e vice-versa. A dúvida, a hesitação saudável de 
quem se sabe diante de fenômenos complexos, parece não encontrar mais o 
necessário espaço. </p>
<p style="">Nada mais ideologicamente ilusório do que a suposta 
obviedade. Os escândalos de corrupção do PT conformariam um fenômeno 
qualitativamente novo na nossa história política, ou não passam da 
atualização em escala aumentada de práticas já bastante arraigadas? Qual
 fator teria mais peso na explicação da crise brasileira, o derretimento
 global dos preços das <em>commodities</em> ou as más escolhas políticas
 do governo Dilma? Qual o melhor caminho para superar a crise, estimular
 a demanda agregada ou seguir a receita da austeridade? O pedido de 
impeachment que ora tramita seria justo e merecido, mais um golpe 
antidemocrático, ou tentativa desesperada do sistema político de mitigar
 a Lava-Jato? </p>
<p style="">Tais indagações admitem diversas respostas, com bons 
argumentos a embasá-las, seja de que lado for. Mas nenhuma dessas 
respostas é evidente por si mesma. Não é trivial, por exemplo, pensar a 
relação entre a conjuntura política desde os anos Lula e as raízes 
estruturais ibéricas de nossa indistinção entre público e privado. Do 
mesmo modo, nada há de autoevidente na investigação do complexo de 
variáveis macroeconômicas que interagem num ambiente globalizado. São 
questões cuja amplitude deveria nos obrigar a desconfiar de explicações 
avançadas, por meio de certezas que se pretendem inquestionáveis e 
slogans simplistas.</p>
<p>O recrudescimento da polarização política implicou não apenas o 
empobrecimento geral do debate, mas também a erosão de um solo mínimo 
comum de compreensão dos termos que o compõem. Cavado o abismo, restam o
 desprezo e as agressões mútuas. Implícita em ambas as perspectivas, a 
convicção de que as informações relevantes estão à disposição de todos, 
os fatos são bem conhecidos e irrefutáveis, e que somente uma perversão 
moral explicaria a falha em reconhecê-los. Como argumentou certa vez o 
filósofo Richard Rorty, a moralização do debate político assinala o 
esgarçamento da própria política, na medida em que não deixa espaço para
 a possibilidade de erros honestos. Se meu adversário se nega a ver a 
verdade que a mim é revelada de forma inequívoca, então ele não é apenas
 alguém que defende uma opinião legítima, ainda que diferente da minha: é
 um canalha que deve ser eliminado em prol do bom funcionamento do 
sistema. Não ocorre ao sujeito moral da política que as informações 
disponíveis sejam partes de um quebra-cabeça cuja imagem completa não 
pode ser deduzida, somente inventada, e que os assim chamados fatos 
sociais frequentemente admitem interpretações variadas, cada qual com a 
sua validade interna. </p>
<p>Colocado em termos exclusivamente morais, o debate político tende a 
transcorrer por sobre um maniqueísmo cujas partes em disputa, 
dogmaticamente orgulhosas de seu próprio fechamento, lançam-se em 
pretensas cruzadas de purificação. Não é exatamente boa notícia para a 
democracia.</p>
<p><em>Antonio Engelke é sociólogo</em></p></div></div></div><div style="overflow:hidden;color:rgb(0,0,0);background-color:rgb(255,255,255);text-align:left;text-decoration:none;border:medium none"><br>Leia mais sobre esse assunto em  <a style="color:rgb(0,51,153)" href="http://oglobo.globo.com/opiniao/erros-honestos-18431557#ixzz3wsJul0ap">http://oglobo.globo.com/opiniao/erros-honestos-18431557#ixzz3wsJul0ap</a>
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