<div dir="ltr"><div dir="ltr">Olá a todos. O que me leva a escrever essa mensagem foi o segundo parágrafo da mensagem do Prof. Carlos Alberto, que muito me entristece, e gostaria de compartilhar com vocês minha visão sobre o tema.</div><div dir="ltr"><br></div><div dir="ltr">Mesmo estando em um departamento de Estatística (a saber, da UFRJ, da qual foi recém contratado), completei meu Doutorado no início de 2017 em Engenharia Elétrica, tendo trabalhado com métodos Bayesianos em restauração de áudio. Portanto, é natural que as minhas publicações relativas ao meu Doutorado sejam feitas em revistas de Engenharia, em particular, da série IEEE e especialmente na revista <a href="http://ieeexplore.ieee.org/xpl/RecentIssue.jsp?punumber=6570655" target="_blank">IEEE/ACM Transactions Audio, Speech and Language Processing</a>. Porém, tal revista sequer é mencionada no Qualis para Matemática/Probabilidade e Estatística, sendo que contém diversos trabalhos que aplicam técnicas não-triviais de Estatística a problemas reais (por exemplo, <a href="http://ieeexplore.ieee.org/document/7331633/" target="_blank">esse</a> e <a href="http://ieeexplore.ieee.org/document/7410006/" target="_blank">esse</a>, após uma rápida busca no periódico, para não citar uma lista imensa), enquanto que no Qualis de Matemática/Probabilidade e Estatística consta a revista, por exemplo, ACTA ORTOPÉDICA BRASILEIRA (B4), que tem muito menos interseção com a nossa área do que o periódico que citei, por exemplo.<div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Outro exemplo é o fato da revista <a href="http://ieeexplore.ieee.org/xpl/RecentIssue.jsp?punumber=18" target="_blank">IEEE Transactions on Information Theory</a>, que recebe um injusto A2, porém contendo periodicamente publicações relevantes em Estatística por pessoas de renome (alguns exemplos, <a href="http://ieeexplore.ieee.org/document/1580791/" target="_blank">aqui</a> e <a href="http://ieeexplore.ieee.org/document/1614066/" target="_blank">aqui</a>), sem falar de outras publicações de altíssimo nível matemático, recorrentes em todos os seus volumes. Me parece um contrassenso dar A2 para uma revista que tem publicações de pessoas desse porte (valendo ressaltar que o Terence Tao <a href="http://www.claymath.org/library/annual_report/ar2006/06report_tao.pdf" target="_blank">ganhou</a> em 2006 a tão famigerada Medalha Fields).</div><div dir="auto"><br></div><div>Isso não fica só na Estatística: no Qualis também sequer consta o <a href="http://intlpress.com/site/pub/pages/journals/items/jsg/_home/_main/">Journal of Symplectic Geometry</a>, periódico extremamente importante para quem trabalha nessa área, árdua e tecnicamente muito sofisticada. Vale ressaltar também que lá constam publicações de brasileiros, em particular o Prof. Humerto Hryniewicz aqui da UFRJ, <a href="https://www.sbm.org.br/noticias/umberto-hryniewicz-e-premiado-no-congresso-das-americas">premiado</a> no Congresso das Américas.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Meu objetivo aqui não é, nem de perto, difamar um periódico em prol de outro, mas só citar alguns exemplos, claramente enviesado para a minha formação mas que certamente poderiam ter outros vieses, de um certo grau de "injustiça" cometido pela avaliação dos periódicos através do Qualis. Portanto, a frase citada pelo Prof. Carlos Alberto, a saber, <i>“multidisciplinaridade é o futuro da ciência”</i>, parece ser extremamente utópica, pois qualquer tentativa de multidisciplinaridade efetiva é rejeitada (ou pelo menos dificultada) pelos métodos de avaliação correntes, em particular para jovens pesquisadores, que têm poucas publicações e necessitam delas para prosseguir na sua carreira.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Pergunto-me então: o que fazer para mudar isso? Como que nós, docentes que na sua maioria não fazem parte do comitê de avaliação da Capes, podemos agir para que isso seja alterado? Acredito que esses métodos de avaliação devam ser completamente revistos, em prol do progresso da Ciência no Brasil, que já passa por maus momentos, e em prol de uma real interdisciplinaridade entre os diversos ramos do conhecimento.</div><div dir="auto"><br></div><div>Finalizo ressaltando que o lema da <a href="http://www.coppe.ufrj.br/">COPPE</a>, centro de pesquisas em Engenharia da UFRJ, <i>é "50 anos antecipando o futuro"</i>, e meus dois centavos é que esses métodos de avaliação vigentes vão completamente contra esse lema.</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Abraços,</div><div dir="auto"><br></div><div dir="auto">Hugo T. de Carvalho </div></div></div><div class="gmail_extra"><br><div class="gmail_quote">2017-10-16 2:33 GMT-02:00 Carlos Alberto de Bragança Pereira <span dir="ltr"><<a href="mailto:cpereira@ime.usp.br" target="_blank">cpereira@ime.usp.br</a>></span>:<br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex"><br>
Lilian pela manhã me perguntou se eu havia recebido alguma mensagem sobre o dia de hoje (ontem pelo horário de agora), dia do professor.  O não de minha resposta foi um pouco triste.  No entanto a noite, tendo ficado muito feliz, recebi mensagens de colegas e ex-alunos.  A gente fica emocionada com o que recebe nessas ocasiões.  Ser lembrado depois de aposentado é sempre uma grande alegria.  Algumas mensagens foram muito boas para meu EGO.  Aliás  o afago ao EGO é atualmente o único ganho que um professor ou cientista tem nesse nosso pais.  Nós professores universitários temos como ganho real apenas a liberdade de trabalho e as vezes o reconhecimento por nosso trabalho.  Liberdade essa que vem sendo diminuída pelas regras malucas que nos estão impondo  os nossos colegas  de comitês de CAPES/CNPq.<br>
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O discurso de que “multidisciplinaridade é o futuro da ciência” não entra na cabeça de colegas que dão muito mais valor ao trabalho restrito às pequenas áreas e ou disciplinas.  ENTROPY, IEE ou PlosOne receberem baixo QUALIS é realmente inaceitável.  Revistas de baixo Fator de Impacto recebem alto QUALIS enquanto algumas de BOM impacto como essas três citadas recebem Baixo QUALIS.  Isso é inaceitável considerando que são nossos próprios colegas que definem as regras.  O objetivo de um jovem pesquisador deveria ser produzir boa pesquisa e não o de publicar em revistas de alto QUALIS.  Publicar um artigo deveria ser consequência de um bom trabalho de pesquisa e não deveria ser o objetivo principal de um cientista.  “O objetivo deveria ser sim a produção de um bom trabalho de pesquisa: Publicação deveria ser apenas a consequência.” De que adianta uma publicação que quase ninguém lê mesmo publicada em revistas de alto QUALIS?  Prefiro valorizar uma publicação com muitas citações mesmo aparecendo em revista de baixo QUALIS.  Por exemplo, nosso artigo estatístico mais citado (incluindo no JASA) foi publicado no volume 1 da ENTROPY em 1999.  Hoje essa revista tem um bom fator de impacto considerando que é uma revista da área de exatas.  Contudo, tem um baixo QUALIS – QUALIS inferior a revistas com fator de impacto menor do que 1 –.<br>
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Voltando ao dia do professor, o meu amigo e colega Kolev me enviou o seguinte: “Quem compartilha o que sabe muda a história de quem aprende. FELIZ DIA DO PROFESSOR”. Vejam que não foi usado a palavra ensinar. Penso que o sentido que se dá palavra ensinar é equivocado.  Ao compartilhar nosso conhecimento não garantimos que um aluno aprende.  O aluno aprender é sim uma possibilidade e não uma garantia.  Se o aluno não aprende então não foi ensinado.  Essa é uma perspectiva muito pessoal, pois sempre me preocupo se o aluno realmente aprendeu.<br>
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Termino essa longa conversa dizendo que fiquei muito honrado em ter sido a pessoa que fechou a reunião XV MGEST que homenageou os colegas DANI e ENRICO.  Homenagem muito merecida aos 60 anos desses colegas.  Minha palestra como sempre foi sobre trivialidades em contraste com os trabalhos mais profundos desses colegas.  Creio que o convite para falar nesta reunião foi pela minha profunda admiração pelo trabalho desses dois professores.  No inicio de minha fala lembrei que eles já tiveram a metade de minha idade e que hoje já não é assim Isto é, a série das razões de nossas idades vai convergir para um se fossemos imortais.  No entanto, se a razão fosse calculada com um índice de competência certamente seria inferior à unidade.  Talvez a imortalidade faria a razão convergir para zero.<br>
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Também no inicio de minha fala comentei sobre o patrimônio que um setentão carrega; Dores, Surdez, Próteses, mas primcipalmente e com muito valor as lembranças e as saudades.  Ao comentarmos sobre nosso passado, lembramos, eu e Dani, que fiz parte da banca de mestrado dele.  Imediatamente nos transferimos para aquele tempo como se fosse ontem.  Lembramos do Professor Bustos e de minhas onversas com ele e o Dani quando este estava escrevendo a dissertação.  Saudade de quando tinhamos vontade de construir um futuro produtivo.  Certo autor disse que nossas lembranças muitas vezes são de fatos que gostaríamos de ter vivido não apenas os que realmente foram vividos.  Temos a capacidade de eliminar de nossas mentes as dificuldades que na verdade poderíamos ter vivido.  Lembremos que ao ter uma dor de dente sofremos muito, no entanto assim que retiramos a dor com um tratamento, aquela dor fica esquecida pois não conseguimos lembrar exatamente como era.  Não conseguimos mostrar aos amigos como a dor era sofrida.  Assim são todas as nossa lembranças e saudades.<br>
Vida longa meus caros ENRICO e DANI.<span class="HOEnZb"><font color="#888888"><br>
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Carlos Alberto de Bragança Pereira<br>
<a href="http://www.ime.usp.br/~cpereira" rel="noreferrer" target="_blank">http://www.ime.usp.br/~cpereir<wbr>a</a><br>
<a href="http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR" rel="noreferrer" target="_blank">http://scholar.google.com.br/c<wbr>itations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=<wbr>pt-BR</a><br>
Stat Department - Professor & Head<br>
University of São Paulo<br>
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abe mailing list<br>
<a href="mailto:abe@lists.ime.usp.br" target="_blank">abe@lists.ime.usp.br</a><br>
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</font></span></blockquote></div><br></div>