<div dir="ltr"><div class="gmail_default" style="font-family:comic sans ms,sans-serif;font-size:small">O IBGE tem um aplicativo para celular com muitas informações básicas, bastante interessante.</div><div class="gmail_default" style="font-family:comic sans ms,sans-serif;font-size:small">Basta baixar na Play Store. O nome é bem original: IBGE.</div></div><div class="gmail_extra"><br clear="all"><div><div class="gmail_signature" data-smartmail="gmail_signature"><div dir="ltr"><span></span><span></span>Vermelho<br>F.: (21) 2501 2332 - casa<br> 2142 0473 - IBGE</div></div></div>
<br><div class="gmail_quote">Em 27 de dezembro de 2017 08:34, Maria Eulalia Vares <span dir="ltr"><<a href="mailto:eulalia@im.ufrj.br" target="_blank">eulalia@im.ufrj.br</a>></span> escreveu:<br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
<div bgcolor="#ffffff">
<font size="2">
<br>Parabéns a Hedibert e Tatiana pelo artigo! Agradeço também a Denise pelos dados.
<br>Eles estavam aí disponíveis, mas a gente nem sempre sabe one buscar e às vezes fica
<br>tendo que argumentar sem a clareza que estes dados conferem.
<br>
<br>Feliz 2018 para todos.
<br>
<br>Eulalia
<br>
<br><b>---------- Original Message
-----------</b>
<br>
From: Denise Britz do Nascimento Silva <<a href="mailto:denisebritz@gmail.com" target="_blank">denisebritz@gmail.com</a>>
<br>
To: Alexandre Patriota <<a href="mailto:patriota.alexandre@gmail.com" target="_blank">patriota.alexandre@gmail.com</a>>
<br>
Cc: abe-Lista <<a href="mailto:abe-l@ime.usp.br" target="_blank">abe-l@ime.usp.br</a>>
<br>
Sent: Fri, 22 Dec 2017 16:23:29 -0200
<br>
Subject: Re: [ABE-L] Usos e abusos dos números
<br>
<br>> Alexandre e Hedibert
<br>>
<br>> é verdade que podemos diminuir a
desigualdade sem reduzir a pobreza, ou podemos manter a desigualdade mesmo
ficando todos em pior situação econômica.
<br>>
<br>> Para contribuir no
debate, peço que vejam o gráfico 4.8 da publicação Síntese de Indicadores
Sociais do IBGE 2016 - que compara o acesso dos estudantes mais pobres ao ensino
público superior ( que reproduzo abaixo).
<br>>
<br>> <a href="https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.pdf" target="_blank">https://biblioteca.ibge.gov.<wbr>br/visualizacao/livros/<wbr>liv98965.pdf</a>
<br>>
<br>> O gráfico indica que, ao considerar a distribuição do rendimento
domiciliar per capita de estudantes da rede pública de ensino superior, a
parcela proveniente das famílias mais pobres aumentou ao longo de 10 anos,
fornecendo evidência de que a população de estudantes do ensino público
superior é composta proporcionalmente de mais jovens de famílias com menos
recursos financeiros (que estão conseguindo alcançar o ensino superior público)
.
<br>>
<br>> Ao mesmo tempo, o gráfico 6.3 indica uma leve tendência da
renda domiciliar per capita mediana (todos os valores corrigidos pela inflação
para base 2015). Deve-se também reconhecer a queda de 2014 para 2015.
Adicionalmente, o gráfico 6.4 indica que a parcela da população com rendimento
domiciliar per capita mais baixo diminui, se deslocando para estratos de
rendimento superiores adjacentes (mas também houve leve queda nos estrato
superior).
<br>>
<br>> Acredito que, unindo as evidências, ainda é
possível concluir que, de 2005 a 2015, as famílias brasileiras não ficaram mais
pobres, houve aumento real de rendimento. Acho então que as famílias dos
estudantes não ficaram mais pobres, entretanto mais estudantes de famílias
pobres alcançaram o ensino superior, indicando mudança de composição da
população de estudantes do ensino superior público.
<br>>
<br>> Lembro que
os dados referem-se à década 2005-2015.
<br>>
<br>> Abraços e seguem os
gráficos.
<br>> Denise
<br>>
<br>>
<br>> Em 22 de dezembro de 2017
14:05, Alexandre Galvão Patriota <span dir="ltr"><<a href="mailto:patriota.alexandre@gmail.com" target="_blank">patriota.alexandre@gmail.com</a>></span> escreveu:
<br>>
<blockquote class="gmail_quote" style="margin:0px 0px 0px 0.8ex;border-left:1px solid rgb(204,204,204);padding-left:1ex">
<br>>
<br>> Parabéns ao Hedibert e a Tatiana pelo
artigo.
<br>>
<br>> Sobre o último parágrafo:
<br>>
<br>> ``Se o
objetivo é corrigir as desigualdades do ensino superior público,
já
temos uma política de sucesso: as cotas. De 2010 a 2014, o percentual
de estudantes com renda familiar de até 3 salários mínimos aumentou
27%,
ao passo que a faixa acima de 7 salários diminuiu 37%. A política de
cotas ainda está em fase de implementação e seus efeitos plenos só
poderão ser medidos em 2018. Tudo leva a crer que o melhor caminho é
expandir e aprimorar essa política que, em virtude do comprovado
aumento
salarial dos formados, provoca uma efetiva e duradoura redução das
desigualdades.´´
<br>>
<br>> Corrijam-me se eu estiver errado, mas: se o
percentual de estudantes com renda familiar entre [0,3] aumentou 27% e o
percentual de estudantes com renda familiar entre [7,inf) diminuiu 37%, então
podemos afirmar que em um certo sentido as famílias dos estudantes estão
<b>mais</b> pobres. Não quero entrar nos detalhes filosóficos das teorias
econômicas, mas me parece claro que diminuir a desigualdade financeira não é o
mesmo que diminuir a pobreza.
<br>>
<br>> <span>2017-12-22 9:22
GMT-02:00 Hedibert Lopes <span dir="ltr"><<a href="mailto:hedibert@gmail.com" target="_blank">hedibert@gmail.com</a>></span>:
<br>> </span><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0px 0px 0px 0.8ex;border-left:1px solid rgb(204,204,204);padding-left:1ex">
<br>>
<br>> Usos e abusos dos números
<br>> Por
Hedibert Lopes e Tatiana Roque
<br>>
<br>> <span style="font-size:12pt"><a href="http://www.valor.com.br/opiniao/5235489/usos-e-abusos-dos-numeros" target="_blank">http://www.valor.com.br/opinia<wbr>o/5235489/usos-e-abusos-dos-nu<wbr>meros</a></span>
<br>>
<br>> A regressividade dos gastos com ensino superior público é apontada
frequentemente como justificativa para a cobrança de mensalidades. O relatório
recente do Banco Mundial afirma, por exemplo, que 65% dos estudantes das
universidades federais estão entre os 40% mais ricos. Quem são esses "mais
ricos"?
<br>>
<br>> Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios de 2015 mostram que nesse grupo de 40% "mais ricos" estão
pessoas com renda per capita média de R$ 960,00. O Banco Mundial não define a
partir de que renda se pode designar um grupo como o dos mais ricos, nem
justifica o foco nos 40%. Poderíamos selecionar os 30% mais ricos, que ganham
acima de R$ 1.200,00; ou os 20%, que ganham acima de R$ 1.700,00. A renda média
desses grupos difere pouco. De fato, a distância só aumenta quando selecionamos
os 10% mais ricos.
<br>>
<br>> Suponhamos que fossem cobradas mensalidades
dos estudantes que realmente têm condições de pagar, escalonadas de acordo com a
renda. Usando os dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (Andifes), verificamos que 81% dos estudantes vêm de
famílias com renda bruta familiar inferior a R$ 6.500,00, logo não poderiam
pagar. Na faixa de renda familiar bruta entre R$ 6.500,00 e R$ 9.300,00 estão 9%
dos estudantes (de um total de aproximadamente 1 milhão, somando-se todas as
universidades federais do país). Superestimando a capacidade de desembolso em
15%, essas famílias pagariam uma mensalidade de R$ 1.200,00, perfazendo R$ 1,3
bilhão no total. Já a faixa com renda familiar bruta acima de R$ 9.300,00
compreende 10% dos estudantes, mas é preciso analisar detalhadamente a
distribuição de renda nessa faixa.
<br>>
<br>> O estudo da desigualdade
feito pela Oxfam mostra que, no topo da população, reproduz-se a aberrante
desigualdade brasileira: as famílias 10% mais ricas têm rendimentos médios de R$
18.000,00, sendo o rendimento médio das famílias 1% mais ricas de R$ 160 mil.
Logo, mantendo nossa estimativa do valor da mensalidade em 15% da renda
familiar, obtemos que 9% dos estudantes pagariam R$ 2.700. Já os 1% mais ricos
pagariam R$ 4 mil - o valor da mensalidade nas melhores universidades privadas.
Somando-se, ao fim, todas as mensalidades possíveis, chegamos a um total de R$
4,7 bilhões, ou seja, em torno de 11% do orçamento anual das universidades
federais (de R$ 41 bilhões). Devemos lembrar, contudo, que é necessário subtrair
desse percentual o custo de se verificar quem pode ou não pagar (uma operação
complexa), além do custo de administrar a cobrança. Na verdade, implementar
medidas para melhorar a administração da universidade - o que não contradiz seu
caráter público - poderia ser bem mais efetivo.
<br>>
<br>> Resumindo,
cobrar mensalidades ajudaria pouco a enxugar o orçamento público e o Banco
Mundial parece ter forçado os números para nos convencer do contrário. O cerne
da disputa está nas faixas intermediárias, que nem podem realmente pagar nem
entram na categoria de pobres (para fazer jus a bolsas). A solução ventilada
para esse grupo de renda média é o crédito, que já mostrou efeitos perversos nos
EUA e na Inglaterra, levando a um grave endividamento de estudantes -
comprometendo o futuro de jovens que sequer ingressaram no mercado de
trabalho.
<br>>
<br>> Do ponto de vista matemático, o problema é que a
curva de distribuição de renda no Brasil é extremamente assimétrica (quase
linear até o decil mais alto), em nada semelhante a uma curva normal.
<br>>
<br>> Dito de modo menos técnico, as faixas de renda intermediárias dos
brasileiros são muito similares - e excessivamente baixas. Isso torna pouco
rigorosa a separação entre "mais ricos" e "mais pobres", sob
o risco de distinguir quem ganha R$ 960 por mês de quem ganha R$ 800. Só um
critério qualitativo pode estabelecer a partir de que renda alguém pode ser
considerado "não pobre".
<br>>
<br>> É positiva a tendência de
analisar políticas públicas usando estatísticas. Deve-se tomar cuidado, todavia,
com a dissociação entre informações quantitativas e qualitativas. A postura
científica aconselha o uso de estatísticas para confirmar ou refutar perguntas
em aberto. Mas as definições dos termos do problema, com impactos sociais
significativos, precisam levar em conta o ideal de sociedade que se quer
construir.
<br>>
<br>> Se o objetivo é corrigir as desigualdades do ensino
superior público, já temos uma política de sucesso: as cotas. De 2010 a 2014, o
percentual de estudantes com renda familiar de até 3 salários mínimos aumentou
27%, ao passo que a faixa acima de 7 salários diminuiu 37%. A política de cotas
ainda está em fase de implementação e seus efeitos plenos só poderão ser medidos
em 2018. Tudo leva a crer que o melhor caminho é expandir e aprimorar essa
política que, em virtude do comprovado aumento salarial dos formados, provoca
uma efetiva e duradoura redução das desigualdades.
<br>>
<br>> Hedibert
Lopes é professor titular de Estatística e Econometria do Insper e foi Professor
da Booth School of Business da Universidade de Chicago
<br>>
<br>> Tatiana
Roque é professora do Instituto de Matemática da UFRJ e foi presidente da
Associação dos Docentes da UFRJ (ADUFRJ)
<br>>
<br>> <span>______________________________<wbr>_________________
<br>>
abe mailing list
<br>>
<a href="mailto:abe@lists.ime.usp.br" target="_blank">abe@lists.ime.usp.br</a>
<br>>
<a href="https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe" rel="noreferrer" target="_blank">https://lists.ime.usp.br/listi<wbr>nfo/abe</a>
<br>>
<br>>
</span></blockquote><span class="m_-6945167845917044503HOEnZb"><font color="#888888">
<br>>
<br clear="all">
<br>> --
<br>>
<br>> Prof. Dr. Alexandre G.
Patriota,
<br>> Department of Statistics,
<br>> Institute of Mathematics and
Statistics,
<br>> University of São Paulo, Brazil.
<br>>
</font></span>
<br>> ______________________________<wbr>_________________
<br>>
abe mailing list
<br>>
<a href="mailto:abe@lists.ime.usp.br" target="_blank">abe@lists.ime.usp.br</a>
<br>>
<a href="https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe" rel="noreferrer" target="_blank">https://lists.ime.usp.br/listi<wbr>nfo/abe</a>
<br>>
<br>>
</blockquote>
<br><b>------- End of Original Message
-------</b>
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abe mailing list<br>
<a href="mailto:abe@lists.ime.usp.br">abe@lists.ime.usp.br</a><br>
<a href="https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe" rel="noreferrer" target="_blank">https://lists.ime.usp.br/<wbr>listinfo/abe</a><br>
<br></blockquote></div><br></div>