[ABE-L] Eleições (humor)

Filipe Zabala filipezabala em gmail.com
Ter Out 7 11:47:47 -03 2014


Essa foi boa.

Zabala

Em 7 de outubro de 2014 11:29, Luiz Sergio Vaz <luizvaz em sarah.br> escreveu:

> Hoje é dia 07/10, mas pela margem de erro do ibope de 2 pp, Feliz Natal !
>
> -----Mensagem original-----
> De: abe [mailto:abe-bounces em lists.ime.usp.br] Em nome de Elias T. Krainski
> Enviada em: terça-feira, 7 de outubro de 2014 10:42
> Para: abe em lists.ime.usp.br
> Assunto: Re: [ABE-L] pesquisas eleitorais: Qual o problema?
>
> Prezado professor Carlos,
>
> Infelizmente eu não entendi alguns detalhes, por exemplo, da
> "verossimilhança FLAT". Mas isso é discussão não para esta lista...
> Gostaria de colocar três pontos. 1) usar informações disponíveis para
> simular pesquisas no computador. 2) necessidade de considerar todas as
> variáveis dos indivíduos. 3) viabilidade de um plano amostral econômico.
>
> 1) usar informações disponíveis para simular pesquisas no computador.
> Quanto à fazer pesquisa de campo usando métodos estatísticos, além de
> dinheiro, precisaria um grupo interessado. Uma alternativa é que talvez
> possamos simular essas coisas no computador. O IBGE divulgou a lista de
> endereços nos quais realizou o censo 2010. São 78 milhões de endereços.
> Uma amostra completamente aleatória é inviável na prática, mas é viável em
> computador. Que tal pensar um plano prático, considerando toda a informação
> disponível, isto é, lista de endereços, informações de cada setor
> censitário e dados dos orgãos eleitorais. Que tal propor um plano amostral
> com base nessas informações considerando localização, condição sócio
> economico demográfica, teoria de amostragem, minimização de custo, entre
> outras...
>
> 2) necessidade de considerar todas as variáveis dos indivíduos. Mas pensar
> em tudo isso é necessário? Na minha humilde opinão acho que não.
> Exemplo: Um professor deseja estimar a proporção de alunos que assistiram
> ao último debate dos candidatos a presidente. Há 24 mulheres e 36 homens na
> turma. O professor resolveu selecionar 4 mulheres e 6 homens, sem
> considerar a faixa etária (que varia muito nessa turma). O procedimento de
> seleção foi: Na ele lança um dado. O número que sair e'
> acrescido dos números 0, 6, 12, 18 para mulheres e 0, 6, ..., 30 para
> homens. Ele considerará a posição dos alunos sentados na sala, numerando as
> mulheres de 1 a 24 e os homens de 1 a 36; e entrevistará o aluno
> correspondente à numeração definida pelo lançamento do dado. O ponto
> principal é que o efeito de faixa etária é "integrado" pela randomização. O
> efeito de sexo também poderia ser, recorrendo-se à amostragem aleatória
> simples considerando a população como um único grupo. Ou seja, a palavra
> chave é randomização.
>
> 3) viabilidade de um plano amostral economico. O fato de não ser possível
> amostragem aleatória simples pode fazer parecer difícil fazer um plano
> amostral econômico. Mas realmente não é tão difícil assim!
> Concordo que seja trabalhoso, como é mais trabalhoso estratificar os
> alunos por gênero. Há planos amostrais complexos em dois ou três estágios
> que podem ser factíveis. Exemplo: Seleciona-se m municípios.
> Seleciona-se s_j setores em cada município. Seleciona-se os domicílios
> d_ji. Considerando 2010, temos o numero de domicílios em cada setor. Com
> auxílio da lista de endereços, a seleção é toda automática. Para a
> aplicação na rua basta usar os mapas de cada setor censitário
> (disponíveis). Basta o entrevistador de campo olhar esses mapas sobrepostos
> ao google mapas.
>
> Comentário:
> Pelo que se vê, os institutos eleitorais usam probabilidade "alta" de
> seleção de municípios e "baixa" de pessoas nos municípios. Por exemplo,
> 5 mil entrevistados em 500 municípios. Os planos de amostragem complexa me
> parecem sugerir coisa diferente...
>
> Abs,
> Elias.
>
> On 07/10/14 03:48, Carlos Alberto de Bragança Pereira wrote:
> >
> > Prezados companheiros de rede:
> >
> > Peço inicialmente desculpas por esta minha mensagem. Principalmente
> > pelo tamanho.
> >
> > Eu vejo o problema de uma forma muito diferente dos colegas.  É claro
> > que todos que vão ao mercado das pesquisas querem fazer o melhor mesmo
> > que estejam equivocados na melhor forma de coletar uma amostra.  Assim
> > vou considerar alguns pontos que acho relevantes, pois vejo que os
> > colegas, sem terem ido a luta das pesquisas ficam argumentando sobre
> > erros de coleta.  Só podemos contestar resultados no momento que
> > dermos nossas caras para bater e realisarmos uma pesquisa por nossa
> > própria conta e obtermos melhores resultados do que os institutos de
> > pesquisa.  Se não temos recursos para fazer isso, podemos submeter um
> > projeto aos nossos institutos de apoio, como CNPq, CAPES, FAPESP etc.
> > Façamos isso como fizemos tempos atrás na eleição do Covas em segundo
> > turno aqui em São Paulo.  Fomos financiados pela FAPESP. Posso dizer
> > aos colegas que tivemos sim muito sucesso, entretanto como nossas
> > previsões ficavam muito fora do que se publicava só pudemos falar de
> > nosso trabalho após a eleição, quando já não havia interesse e ninguém
> > iria acreditar nos nossos acertos.  Não era eu, nem o Sérgio, quem
> > dirigia o processo administrativo da pesquisa.  Claro que posso um dia
> > contar a vocês o que fizemos se minha memória ainda estiver em
> > condições.  Mas devo dizer que a chance de errarmos era também muito
> > grande.
> >
> > O risco de um erro de previsão em uma eleição com 150 milhões de
> > eleitores prováveis (111 milhões votaram efetivamente) será tão grande
> > quão pequeno for o tamanho da amostra.  O Instituto Data Folha só
> > conseguiu fazer uma amostragem com 20 mil eleitores na pesquisa de
> > boca de urna porque nas outras foram no máximo de 9 mil perto das
> > eleições e menos de 5 mil nas anteriores.  Não há dinheiro que aguente
> > uma amostra considerando os 5 mil municípios brasileiros. Perdoem-me
> > os “teóricos”, mas uma boa amostra teria de considerar vários aspectos
> > como rural e urbano, estados, municípios, condição sócio econômica,
> > qualidade de vida etc. Se colocarem a necessidade de medir
> > variabilidade em cada ponto, só ai daria uma amostra impossível para
> > nós.  O ruim das cotas é que se faz otimização marginal, pois não
> > iriam conseguir uma amostra contemplando a otimização global com todas
> > as interações possíveis.
> >
> > Falemos agora sobre a amostra completamente aleatória (levando-se em
> > conta agrupamentos etc.).  Vamos pensar em uma grande urna com bolas
> > coloridas, a população de interesse. Construir uma amostra é dividir
> > essa grande urna em duas urnas, a amostra e a não amostra.  Olhamos a
> > amostra e queremos predizer o que está na não amostra.  Usar a
> > probabilidade de seleção como a distribuição de seleção para fazer a
> > predição estatística é um erro do ponto de vista da teoria de
> > verossimilhança.  Pode-se mudar toda a composição da não amostra que a
> > distribuição de seleção é a mesma.  Isto é verossimilhança FLAT!  Quer
> > dizer que a verossimilhança é não informativa com relação a composição
> > do parâmetro de interesse; a composição da não amostra.  É evidente
> > que se a amostra for bem grande a chance de obtermos na amostra uma
> > composição semelhante a não amostra aumenta, mas não é garantido meus
> > caros amigos.
> >
> > A solução adequada em minha opinião seria lembrarmos-nos do teorema da
> > permutabilidade de DeFinetti e ai sim pensarmos em nossas informações
> > subjetivas obtidas das eleições anteriores e do conhecimento que
> > teríamos sobre as características das subpopulações dentro dos
> > subgrupos obtidos da otimização global. Não vou me alongar, pois os
> > detalhes são muitos para discutirmos num ambiente como o da rede.
> >
> > Termino com uma provocação grande aos meus queridos amigos
> > randomizeiros.  Se a mostra obtida de alguma forma é um possível
> > resultado de seleção, qual o problema de usar a estatística comum para
> > fazer as predições?  Chacoalhar a urna e obter o mesmo resultado salva
> > a amostragem?  Então não falo em cotas no relatório, pois ninguém
> > consegue provar que não randomizei.
> >
> > Tenho dito!!!!!!!!
> >
> > Saudações indutivas e subjetivistas
> >
> > Carlinhos
> >
> >
> >
>
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