[ABE-L] Desculpem

Neale El-Dash neale.eldash em gmail.com
Qua Out 8 15:31:14 -03 2014


No site do TSE (
http://pesqele.tse.jus.br/pesqele/publico/pesquisa/Pesquisa/consultaPublica.action),
os institutos tem que divulgar a metodologia utilizada. Claro que o texto
que esta la' e' um tanto generico, mas ja' e' informativo. La tambem tem o
questionario, material de campo, cotas,etc....

Abraco

Em 8 de outubro de 2014 15:21, Neale El-Dash <neale.eldash em gmail.com>
escreveu:

> Obrigado Raphael.
>
> Somente um ponto sobre o fator de ajuste (de aprox., sqrt(1.3)). Eu nao
> sei qual foram as margens de erro divulgadas pelos institutos para cada
> pesquisa, entao eu mesmo tenho que calcular a partir do tamanho da
> amostra.  Essa e' a minha forma de tentar descontaros efeitos de
> conglomeracao e de estratificacao.
>
> Outra coisa: eu nao olhei pesquisas de boca de urna, pois a metodologia e'
> totalmente diferente.
>
> Abraco
>
> Em 8 de outubro de 2014 14:34, Raphael Nishimura <
> raphael_nishimura em yahoo.com.br> escreveu:
>
> Bastante interessante, Neale. Aliás, parabéns pela iniciativa tanto com o
>> Pollingdata quanto essas análises que você fez. Realmente, precisamos fazer
>> mais do que você propôs e fez, ao invés de ficar simplesmente
>> conjecturando.
>>
>> Eu achei particularmente interessante o comentário que você fez com
>> respeito ao fator de ajuste (de aprox., sqrt(1.3)) que você normalmente
>> utiliza para levar em consideração um possível efeito de conglomeração no
>> erro amostral. Eu acho que seria interessante entender melhor esse
>> problema. Nesse sentido, comecei a trabalhar recentemente com dados das
>> eleições presidenciais de 2010 disponibilizados pelo TSE e encontrei um
>> coeficiente de correlação intraclasse de até 0.086 para a proporções de
>> voto para presidência, o que não é tão forte, mas também não é desprezível.
>>
>> No entato, me parece que a maioria dos instituitos, senão todos, não
>> utilizam um ajuste semelhante e, dessa forma, as suposições e modelos que
>> eles utilizam para os cálculos de tais erros podem ser inadequadas dado a
>> forma como a amostra foi coletada. Acho que essa é uma das críticas que
>> podem ser feitas aos institutos e que pode ser facilmente melhorado. Como
>> outros aqui na rede ABE já sugeriram anteriormente, seria interessante
>> utilizar ajustes como esse ou modelos que procurem incorporar melhor o
>> processo de seleção da amostra, mesmo nas amostras em que a seleção se
>> baseia em métodos probabilisticos até o setor censitário, mas que a seleção
>> dos domicilios e inidividuos é feita com base em cotas com algum tipo de
>> seleção sistemática, como você já mencionou aqui anteriormente e em sua
>> tese.
>>
>> Além disso, acho que é necessário mais transparência por parte dos
>> institutos sobre a metodologia das pesquisas, principalmente com relação a:
>> 1) plano amostral; 2) métodos que se utilizam (e se são utilizados) para
>> minimizar outros erros não-amostrais, como não-resposta, cobertura e
>> mensuração; e 3) métodos de estimação envolvidos, principalmente quais são
>> os modelos, suposições ou expressões utilizados para o cálculo das margens
>> de erro. Pois, concordo com alguns dessa lista: apesar das amostras
>> utilizadas nessas pesquisas não serem probabilisticas, é possível
>> utilizar-se modelos para tais cálculos. Mesmo com amostras probabilisticas,
>> ao fim, sempre são necessários tais modelos para lidar com erros
>> não-amostrais. A questão é: as suposições utilizadas por tais modelos são
>> adequadas? E quais as consequências caso tais suposições não sejam válidas?
>> É principalmente esse tipo de transparência que eu gostaria de ver por
>> parte dos institutos.
>>
>> Um abraço,
>> Raphael
>>    Em Quarta-feira, 8 de Outubro de 2014 12:02, Neale El-Dash <
>> neale.eldash em gmail.com> escreveu:
>>
>>
>> Todo mundo esta' afirmando que as pesquisas erraram, mas senti falta de
>> algum analise mais aprofundada do tema. Pra ajudar a todos que tem
>> interesse, disponibilizei no link abaixo uma base de dados com as pesquisas
>> publicadas na data mais proxima ao dia da eleicao, para todas as eleicoes
>> de Governador  (excecao de RR) e tambem de presidente. Tambem no mesmo
>> arquivo estao os resultados da apuracao pelo TSE. Dessa forma cada um pode
>> analisar o resultados e tirar suas proprias conclusoes. Como me dei ao
>> trabalho de criar essa base, agradeceria se dessem o devido credito ao
>> Pollingdata.com.br <http://pollingdata.com.br/> ao utiliza-la.
>>
>> Link Dados:
>> https://drive.google.com/file/d/0B_2va6jxqC4JM1FJRHhzREdGMmM/view?usp=sharing
>>
>> A minha analise da performance das pesquisas eleitorais segue abaixo
>> junto com alguns comentarios relevantes (longos). Acho que a pergunta que
>> devemos nos fazer nao e' "Se as pesquisas erraram". Pra essa pergunta, a
>> resposta sera sempre a mesma: SIM.  Independente se o erro esta dentro da
>> margem de erro ou nao, elas vao sempre errar (estritamente falando).  A
>> pergunta que importa, portanto, e' "Porque elas erraram"? Sera'  que o erro
>> cometido por elas pode ser inteiramente justificado apenas por questoes
>> metodologicas?
>>
>> 1- Existem varios criterios diferentes para avaliar o erro cometido por
>> uma pesquisa. Criterios baseados na binomial, na multinomial, de dados
>> composicionais, dependentes do numero de candidatos, etc. No artido [ref1]
>> o autor apresenta varios criterios. Na minha tese de doutorado faco um
>> resumo de diversos criterios. Aqui vou utilizar o criterio que acredito ser
>> o mais simples e facil de interpretar: Absolute Average Difference (AAD).
>> Simplesmente a media do erros observados absolutos cometidos por cada
>> pesquisa. Como qualquer criterio, ele pode ser criticado. Por isso inclui a
>> base de dados nesse email, quem nao gostar da minha analise, que faca a sua.
>>
>> [ref1] - W. J. Mitofsky. Review: Was 1996 a worse year for polls than
>> 1948? The Public Opinion Quarterly,62(2):230{249, 1998.
>> Link para tese -
>> https://drive.google.com/file/d/0B_2va6jxqC4JcmJBcW9RMlpVRFE/view?usp=sharing
>>
>>
>> 2 - Essas pesquisas sao feitas no mundo real. Pesquisas feitas no mundo
>> real estao sujeitas a varios outros tipos de erro, alem do erro amostral.
>> Esses outro tipos de erro sao ainda mais complexos de se julgar do que o
>> erro amostral, pois nem e' possivel ter uma ideia de quao grandes eles
>> podem ser numa situacao ideal. No artigo citando na [Ref2], o autor discute
>> a importancia de varias outras fontes de erro. Aqui estou mais preocupado
>> com os erros que ocorrem no momento da coleta dos dados.
>>
>> [ref 2] J. Desart and T. Holbrook. Campaigns, polls, and the states:
>> Assessing the accuracy of statewide presidential trial-heat polls.
>> Political Research Quarterly, 56(4):431{439, 2003
>>
>> Nao inclui' todas as variaveis listadas nesse artigo na base de dados,
>> mas inclui' "Numero de dias antes da eleicao" e tambem "Percentual de votos
>> nao-validos". Na minha analise vou apenas falar dessas variaveis e tambem
>> do tamanho da amostra. A importancia do percentual de votos nao-validos e'
>> evidente - eles incluem pessoas que dizem Nao Sabe/Nao respondeu/Indecisos
>> (NS/NR/I). E essa possibilidade de resposta nao existe na eleicao.
>> Pesquisas que tem um percentual maior de NS/NR/I tendem a errar mais.
>> Porque?  Porque os eleitores estao indecisos, nao sabem em quem votar. E
>> olhar apenas os votos validos nao e' uma boa solucao, pois faz a suposicao
>> "fortissima" de que esses votos serao alocados de forma proporcional ao
>> voto valido. Usualmente, a verdade nao poderia ser mais distante disso. Por
>> exemplo, basta olhar como os eleitores que respondem NS/NR/I no primeiro
>> turno votam no segundo turno.  A correlacao entre a AAD e o %  de "votos
>> nao-validos"  e' de 0,33. Alem disso, os tres estados com maiores erros
>> observados (AAD) sao os que tem o maior %  de "votos nao-validos"  (PE, MG
>> e BA)
>>
>> 3- Olhar apenas a ultima pesquisa de um ciclo eleitoral, ignora
>> totalmente a questao da dinamica eleitoral, do momentum dos candidatos. Em
>> algum momento do passado, lembro de alguem escrever pra essa lista dizendo
>> que a sua maior preocupacao com relacao as pesquisas eleitorais e' que elas
>> (podem) alteraram a intencao de voto dos eleitores. Eu acho que se esse
>> argumento ja foi usado contra, tambem tem que ser usado a favor. Supondo
>> que essa relacao ocorre, estamos considerando que  as pesquisas eleitorais
>> alteram a intencao de voto, a qual por sua vez tambem altera os resultados
>> das pesquisas. No livro "The logic of Survey Analysis" o autor descreve
>> esse tipo de relacao como "Relacao reciproca". Uma causa a outra, e
>> vice-versa. Sob essa suposicao, e' totalmente plausivel que se as pesquisas
>> apontam que um candidato esta crescendo, ele comece a crescer ainda mais
>> rapido. Na vespera da eleicao, mais pesquisas sao divulgadas, e esse efeito
>> e' catalizado ainda mais. Sob essa perspectiva, as pesquisas aceleram a o
>> crescimento/queda de alguns candidatos nas vesperas da eleicao. Outro fator
>> em acao no final da eleicao e' o envolvimento dos eleitores, que parece
>> ocorrer apenas nas vesperas com uma grande parcela do eleitorado em
>> potencial.
>>
>> Independente de serem esses os motivos ou nao, em algumas das pesquisas
>> mais criticadas por erro, e' evidente que a dinamica da intencao de voto
>> esta se alterando. Especificamente as eleicoes para presidente e para
>> Governador nos estados de RS, PE, RJ e BA. Nessas eleicoes nao ha como
>> afirmar categoricamente que as pesquisas erraram por causa da metodologia.
>> As pesquisas retratam o passado. Olhem as graficos no link abaixo, onde
>> mostro a serie completa desses estados. E' obvio que a dinamica eleitoral
>> e' em grande parte responsavel pelos erros observados. Ainda mais se
>> considerarmos que as proprias pesquisas podem impulsionar esses movimentos
>> como argumentei no paragrafo anterior. Nesses casos, se o objetivo e' fazer
>> uma analise imparcial da performance das pesquisas, claramente nao e'
>> possivel atribuir todo o erro observado a metodologia das pesquisas.
>>
>> Link para os graficos:
>> https://drive.google.com/file/d/0B_2va6jxqC4JRmNmalZuV2Nsdnc/view?usp=sharing
>>
>> Em estados onde nao foram feitas pesquisas na vespera da eleicao, e'
>> impossivel dizer se a dinamica eleitoral se alterou ou nao. Por isso uso
>> tambem como indicador o numero de dias antes da eleicao que a pesquisa foi
>> publicada. Quanto mais dias antes, mais facil de da pesquisa errar.
>>
>> Abaixo inclui' uma tabela com o resumo de todos os resultados. Os
>> resultados estao ordenados da eleicao com a maior diferenca entre erro
>> amostral e erro observado, para a menor diferenca. A ultima coluna tem as
>> observacoes sobre cada eleicao, ressaltando pontos que acho importantes que
>> nao estao relacionados com a metodologida dos institutos. Eu geralmente
>> utilizo um fator de ajuste, aprox. sqrt(1.3), para calcular o erro amostral
>> em funcao do tamanho da amostra, pois sei que utilizam amostragem por
>> conglomerados e nao amostragem aleatoria simples. Mas nao fiz isso aqui pra
>> ninguem dizer que estou tentando favorecer aos institutos.
>>
>> Meu ponto e':  O mundo nao e' preto e branco. O que importa nao e' se as
>> pesquisas erraram, mas se elas erraram por causa da metodologia que elas
>> utilizam.  Esse e' o X da questao. Nao acredito que a resposta seja tao
>> obvia quanto todo mundo parece estar afirmando. Pra quem quer equalizar
>> erro observado com erro amostral, pode parecer que sim. Mas o mundo real e'
>> bem mais complexo que isso. Nao acho justo jogar a responsabilidade de
>> absolutamente todos os erros na metodologia dos institutos de pesquisa. Com
>> certeza a metodologia pode ser melhorada, ate porque imagino que para fazer
>> uma pesquisa em 2 dias (com uma pressao enorme), nao e' possivel manter
>> todos os controles de qualidade usualmente utilizados. Mas uma parcela
>> (grande?) dos erros, de fato, nao e' culpa da metodologia utilizada.
>>
>> Neale
>>
>>
>> Estado% de Votos nao-validosDias antes da eleicaoTamanho da amostraerro
>> amostral (sob AAS)Erro Medio Observado     (AAD) Diferenca Observacao
>> Pernambuco22%120022,2%6,9%4,7%Dinamica mudouMinas Gerais24%120022,2%6,9%
>> 4,6%% alto de Nao validosBahia22%120022,2%6,0%3,8%Dinamica mudouAmazonas
>> 9%315122,6%5,3%2,7%3 dias ou mais antesBrasil12%130101,8%3,9%2,1%Dinamica
>> mudouSanta Catarina16%216102,5%4,3%1,8% Tocantins14%18123,5%5,3%1,8% Rio
>> Grande do Sul14%118862,3%3,9%1,6%Dinamica mudouPiauí5%38123,5%4,9%1,4% Mato
>> Grosso do Sul15%1010083,1%4,3%1,1%3 dias ou mais antesRio de Janeiro13%1
>> 19492,3%3,0%0,7%Dinamica mudouParaná13%115122,6%3,2%0,6% São Paulo21%1
>> 20022,2%2,5%0,3%% alto de Nao validosMaranhão17%312042,9%3,2%0,4%3 dias
>> ou mais antesRondônia10%38123,5%3,7%0,2%3 dias ou mais antesGoiás14%5812
>> 3,5%3,6%0,1%3 dias ou mais antesAcre6%38123,5%3,1%-0,4% Amapá5%28123,5%
>> 3,0%-0,5% Pará11%18123,5%3,0%-0,5% Alagoas15%38123,5%3,0%-0,5% Distrito
>> Federal12%116462,5%1,8%-0,7% Ceará17%116102,5%1,8%-0,7% Espírito Santo19%
>> 28123,5%2,6%-0,9% Rio Grande do Norte21%28123,5%2,2%-1,3% Mato Grosso13%3
>> 8123,5%1,4%-2,1% Sergipe16%18123,5%1,0%-2,5% Paraíba11%18123,5%0,5%-3,0%
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>> Em 7 de outubro de 2014 08:52, Jose Carvalho <carvalho em statistika.com.br>
>> escreveu:
>>
>> Colegas, bom dia!
>>
>> De fato. A margem de erro dessas pesquisa é desconhecida. Não se
>> justifica o cálculo feito pelos "institutos", que carece de base.
>>
>> E mais um problema, do qual ninguém fala: trata-se de uma resposta
>> multinomial. Em geral, são vários candidatos, mais de dois. E a margem
>> de erro é dada para cada um e todos, uma só. Pelas marginais
>> certamente, sem levar em conta as estimativas dos demais. Não é uma
>> graça?
>>
>> Mas é assim em toda parte, no que toca a abusos de estatística. Tenho
>> relatórios de pesquisas com consumidores, feitas por "institutos"
>> internacionais, em que vários produtos são testados. Às respostas
>> multinomiais são atribuídos números e esses escores são tratados como
>> numéricos. As comparações de produtos são feitas dois a dois, por
>> testes t. E nem sequer correções dos níveis de significância são
>> calculados para esses numerosos testes. Quer dizer - está tudo errado.
>> Ali onde um teste global apropriado seria baseado em simples tabela de
>> contingência, isso não é feito. Diga-se de passagem: embora cada
>> "célula" (como são chamados os grupos de tratamento pelos neófitos que
>> redescobriram a estatística, sem dar crédito aos antecessores) tenha
>> 100 ou mais testadores, o fato é que se encontra um menor número de
>> comparações significantes. Assim, muitos testes t baseados em falsa
>> resposta numérica "dá maior poder". Essa frase me foi dita, como
>> justificativa. Dói no ouvido.
>>
>> Posso mencionar também, nesta mesma área, testes de equivalência, ou
>> de não inferioridade, que são testados como testes de simples
>> diferença, pois "o tamanho do experimento aumenta"...
>>
>> Mas os relatórios são lindos ("flashy") e apresentados a clientes que
>> não tem a menor ideia de estatística. Alguns desses clientes são
>> oriundos dessa área nos "institutos" e outros irão trabalhar ali. E
>> não são estatísticos. Ninguém percebe coisa alguma.
>>
>> Temos problemas sérios. Em geral, não se percebem erros. Quem vai
>> verificar e o que verificar? São raros os casos em que trabalhos de
>> pesquisa podem ser verificados. Um tipo de trabalho assim é o quick
>> count feito pela OEA, baseado em contagem paralela de resultados de
>> urnas eleitorais, feito por amostragem. Carlinhos, Julinho e eu
>> fizemos esse trabalho em alguns países. Aliás, não usamos nada
>> Bayesiano. Bem que o Carlinhos fez algo Bayesiano, uma vez, mas o
>> trabalho que fizemos e cujos resultados apresentamos foi baseado em
>> amostragem aleatória estratificada. E deu certo em todas as vezes.
>> Depois de nós, o trabalho seguiu em muitas eleições, tocado pelo
>> Antônio Amarante, feito do jeito que nós fizéramos antes. Sem erro!
>> Claro, tínhamos cadastros das urnas e  exércitos de apuradores. Não é
>> difícil. E funciona. Com verossimilhança flat e tudo, né Carlinhos?
>> Enfim, isso é verificar o resultado da amostragem... onde mais é possível?
>>
>> E já que mencionei meu amigo Carlinhos: chefe, amostragem por quota
>> nada tem de Bayesiano. Você forçou um elemento na discussão, que vai
>> levar a gente para fora do foco.
>>
>> Voltando ao problema da má prática - que outro nome dar? - este é um
>> problema insolúvel. O que podemos é tentar fazer direito de nossa
>> parte. Nem isso é possível, muitas vezes. Em uma certa firma, o
>> gerente, que se pode dizer meu amigo, foi confrontado com esses
>> problemas. Ele se convenceu de que havia erro em não se usar as
>> respostas como discretas (usava os escores fajutos). Ao fim, ele me
>> perguntou se o tamanho de amostra poderia ser o mesmo que era usado
>> para encontrar-se diferenças de... médias. Eu disse que não. Então ele
>> me disse: "Olha, todo mundo faz assim. Eu tenho um orçamento limitado.
>> Nossa assessora também é professora, embora não de estatística e usa
>> os escores numéricos e testes t. Eu continuarei a fazer como se faz,
>> como ela faz." Quero dizer - nem dá para fazermos direito.
>>
>> PS Sobre o uso de médias para comparar-se distribuições com suporte
>> sobre um número finito de pontos (que chic!  estou só falando de
>> poucas categorias, como os inteiros de 1 a 5)
>>
>> Vejam só. Se a resposta for a contagem de ovos defeituosos em uma
>> caixa, tem sentido calcular-se a média. Pois em N caixas, a proporção
>> de defeituosos será Np. Até aqui, tudo bem. A contagem é um número.
>>
>> Mas certas respostas não se somam. Por exemplo, a agradabilidade de um
>> produto. Se você gosta muito e eu não, nossa média é?... Neste caso,
>> como sempre, interessa saber as proporções de cada classe, p1,...,p5.
>> E a "média" nada significa, no sentido de que não determina, nem de
>> leve, a distribuição {pi}. É fácil ver (pelo menos para nós, desta lista)
>>
>> Com a média fixada em M, temos duas equações lineares:
>>
>> p1+p2+p3+p4+p5 = 1
>> 1 p1+2 p2 +3 p3 + 4 p4 + 5p5 = M
>>
>> (Claro, todos os 0<=pi <=1)
>>
>> Pois bem - haverá um número infinito de soluções para os p (na
>> verdade, em um espaço restrito de R3. Distribuições BEM diferentes
>> terão a mesma média. Então, que sentido há em comparar essas
>> médias???? Essa é uma simples decorrência da bobagem de atribuir
>> propriedades numéricas onde elas inexistem. (A turma não conhece a
>> desigualdade triangular - daí não trepida em "criar" números).
>>
>> Tenho anotado comigo um elenco de erros assim. E guardo documentos
>> exemplares. Um dia, se a rotina me der tempo, escreverei seriamente
>> sobre esses casos. Preservando a identidade de pessoas e firmas. Não
>> por medo, mas por respeito e consideração às pessoas. Como a comédia
>> nasce do drama, poderemos rir... quando deveríamos chorar.
>>
>> Abs
>>
>> Zé C.
>>
>> (estatístico "randomizeiro")
>>
>>
>>
>> On 10/06/2014 07:09 PM, Marcelo L. Arruda wrote:
>> > Por partes:
>> >
>> > 1 - Aparentemente, o maior problema da forma como as pesquisas são
>> > DIVULGADAS é a tal da "margem de erro". Um aspecto que me chamou
>> > muito a atenção, por exemplo, foi o JN de sábado ter divulgado,
>> > para cada pesquisa (Ibope e Datafolha), porcentagens de intenção de
>> > voto sobre o universo total e sobre os votos válidos, e nos dois
>> > casos a margem de erro era a mesma ("2 pontos percentuais para cima
>> > ou para baixo").
>> >
>> > Ora, suponham, para facilidade de raciocínio, que os votos válidos
>> > sejam 50% do total. Então, a porcentagem de intenções de voto para
>> > o candidato fulano no universo dos votos válidos (chamemos p-linha)
>> > é o DOBRO da porcentagem de intenções de voto no universo
>> > total.(chamemos p). Ora, se p-linha é igual a 2p, então qualquer
>> > estimação intervalar sobre p-linha deverá ter o dobro da amplitude
>> > (ou seja, "da margem de erro") da mesma estimação feita para p,
>> > correto?
>> >
>> > Sendo assim, se para a transposição de votos no universo total
>> > para votos no universo dos válidos os institutos já cometem esse
>> > tipo de barbeiragem, vai saber o que mais é feito lá dentro da
>> > caixa preta?
>> >
>> > E tem ainda o "paradoxo dos nanicos": se para TODOS os candidatos
>> > a margem de erro era de 2 pontos para mais ou para menos, então o
>> > Eymael poderia ter até -2% do total de votos? Ou, pegando o
>> > inverso, um candidato que tivesse 99% das intenções de voto poderia
>> > ter até 101% do total dos votos?
>> >
>> > Não sei se é possível, sem acesso às caixas pretas dos institutos,
>> > calcular as estimativas intervalares corretas para as intenções de
>> > voto em cada candidato. Mas ouso teorizar que essas estimativas
>> > estariam mais próximas das porcentagens efetivamente observadas do
>> > que as "margens de erro" efetivamente divulgadas pelos institutos.
>> >
>> >
>> > 2 - Não sei há quanto tempo existem as pesquisas de intenção de
>> > voto no Brasil. A mais antiga de que eu me lembro data de 1985, na
>> > famosa eleição em que Jânio Quadros superou FHC na reta final da
>> > campanha para prefeito de São Paulo. Pode ter havido pesquisas
>> > anteriores, mas é fato que faz pelo menos 29 anos que isso existe.
>> >
>> > Pois bem: em 29 anos, as distribuições de sexo, faixa etária,
>> > escolaridade, renda etc. por região/estado/cidade/zona/bairro etc.
>> > inevitavelmente muda. E falando particularmente das mudanças por
>> > que o Brasil passou nesses 29 anos, todos os universos
>> > (especialmente nos maiores centros urbanos) ficaram muito mais
>> > heterogêneos do que eram décadas atrás. Aí vem a dúvida, então: os
>> > institutos utilizam os mesmos planos e estratégias amostrais que
>> > usavam 29 anos atrás ou esses planos e estratégias foram sendo
>> > atualizados ao longo do tempo? E mais: como essa atualização é
>> > operada? Se os institutos usam as suas próprias pesquisas como
>> > instrumento de atualização de mapeamento (da distribuição de
>> > sexo/faixa etária/renda/whatever por região), isso não pode
>> > provocar um vício recursivamente retro-alimentado?
>> >
>> >
>> > 3 - Para concluir, uma curiosidade, caso o Neale possa responder:
>> > os cálculos do Pollingdata se baseiam exclusivamente na última
>> > pesquisa realizada ou levam em conta o histórico de pesquisas e
>> > conseqüentemente uma eventual tendência de crescimento de X ou
>> > decrescimento de Y?
>> >
>> > Marcelo
>> >
>> > ----- Original Message ----- From: "Jose Carvalho"
>> > <carvalho em statistika.com.br> To: <abe-l em ime.usp.br> Sent: Monday,
>> > October 06, 2014 5:08 PM Subject: [ABE-L] Desculpem
>> >
>> >
>> >> Não vi o email do George. Chovi no molhado. Desculpe-me George,
>> >> desculpem-me todos. A resposta do George, cobre o que acabo de
>> >> enviar.
>> >>
>> >> :-(
>> >>
>> >>
>> >> _______________________________________________ abe mailing list
>> >> abe em lists.ime.usp.br
>> >> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>> >>
>> >
>> >
>> > _______________________________________________ abe mailing list
>> > abe em lists.ime.usp.br https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>>
>> --
>> Jose Carvalho, PhD
>> Statistika
>> +55-19-3236-7537 (office)
>> +55-19-98139-9927 (cel)
>>
>> _______________________________________________
>> abe mailing list
>> abe em lists.ime.usp.br
>> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>>
>>
>>
>>
>> --
>>
>> There are two routes to success in soccer. One is being good. The other
>> is being lucky. You need both to win a championship. But you only need one
>> to win a game. (The numbers game)
>>
>> -----------------------------------------------
>> Neale Ahmed El-Dash
>> Doutor em Estatística
>> Celular: +55 19 998893939
>> Email: neale.eldash em gmail.com
>>
>> _______________________________________________
>> abe mailing list
>> abe em lists.ime.usp.br
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>>
>>
>>
>
>
> --
>
> There are two routes to success in soccer. One is being good. The other is
> being lucky. You need both to win a championship. But you only need one to
> win a game. (The numbers game)
>
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-- 

There are two routes to success in soccer. One is being good. The other is
being lucky. You need both to win a championship. But you only need one to
win a game. (The numbers game)

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Neale Ahmed El-Dash
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