[ABE-L] RES: Reflexões sobre censura

Luiz Sergio Vaz luizvaz em sarah.br
Seg Out 13 10:39:22 -03 2014


Prof. Carlos Alberto, muito obrigado pelo seu e-mail  libertador!

Todo assunto é bom de se discutir, desde que não sejamos tomados pela síndrome de Procrusto (ou Procusto para alguns). Conheci o termo “Procrustean bed” no livro do Geert sobre dados longitudinais (aproveito para incentivá-los a fazer o workshop de dados longitudinais com ele em Novembro/Piracicaba. O workshop é organizado pela Profa. Clarice). Na mitologia grega, o gigante Procrusto convidava as pessoas para passarem a noite, porém, ele insistia que os visitantes coubessem, com perfeição, na cama. Se eram muito baixos, ele os esticava. Se eram altos, cortava suas pernas e braços.

O que isso tem a ver com a nossa conversa? Grande parte dos atritos acontecem quando tentamos enquadrar as pessoas, impor nossa vontade aos outros. Daí o procrustianismo ou síndrome de Procrusto. Ninguém muda até que deseje fazê-lo e, se continuarmos insistindo, estamos destinados a fracassar em nossos esforços, não importando o quanto sejam nobres nossas intenções.

Abraço
Luiz

De: abe [mailto:abe-bounces em lists.ime.usp.br] Em nome de Nathália Demétrio
Enviada em: sábado, 11 de outubro de 2014 06:21
Para: Carlos Alberto de Bragança Pereira
Cc: abe-l
Assunto: Re: [ABE-L] Reflexões sobre censura

Obrigada Carlinhos! Como sempre... ;)

Sobre a escolha para o 2º turno, os avanços em termos sociais me parecem claros e importantes (MUITO importantes), mas tenho muito receio no que tange a politica econômica: segurar dolar a força (vendendo o dolar da reserva nacional), inflação ser mantida no teto da meta "à força" - ex. petrobrás comprar mais caro do que vende, ou a chamada contabilidade criativa, pra diminuir o deficit nos demonstrativos contáveis - ex. atrasar pgts municipais para ter dinheiro em conta, venda de plataforma da PetroBrás para filial estrangeira apenas para ter R$ de entrada. Enfim, é possível manter os avanços sociais seguindo este caminho econômico? Não sei, não tenho conhecimentos para julgar, mas me parece algo sensível a longo prazo (e já temos 12 anos).
A alternância de poder pode ser uma alternativa para esse aspecto, não acredito que programas sociais sejam extintos caso o Aécio seja eleito, mas é pouco provável que hajam novos. Minha opinião atual é: entra alguém para arrumar as contas, e depois voltamos o foco para os avanços sociais. Além de que uma revisão dos programas poderia contornar muitas das falhas estruturais e/ou pontuais hoje existentes.
Caso alguém tenho algo a comentar sobre estas questões, eu ficaria contente em ouvir.




2014-10-10 23:20 GMT-03:00 Carlos Alberto de Bragança Pereira <cpereira em ime.usp.br<mailto:cpereira em ime.usp.br>>:

Prezados Redistas

Gostaria de externar minha tristeza em ver colegas brilhantes dizer que a nossa rede não é lugar para discutir política.  Reclamamos dos governantes que querem censurar os jornais e a mídia e por outro lado nós mesmos queremos fazer uma autocensura na rede.  Quem se considera competente para dizer o que devemos (ou não devemos) colocar na rede está muito equivocado.  Equivocado por não entender que muito de ensinamento foi colocado nestas discussões. Aprendi muito com as colocações do Zé em mostrar os erros em querer-se provocar divisões étnicas, raciais e mesmo regionais para provocar uma divisão de nossa sociedade.  Por outro lado Piedson nos mostrou razões muito pertinentes nas escolhas feitas no dia da eleição.  Coisas importantes que nós muitas vezes não percebemos.

Companheiros, temos uma eleição daqui a duas semanas e que vão nos mostrar um caminho que vamos ter no futuro.  Nada mais importante do que isto.  Muito mais importante que anúncios de palestras onde muitas vezes são assistidas por 3 ou 4 pessoas. Embora interessantes, assisti-las estão fora de nossas possibilidades em razão de distância etc. Vou então dizer que não devemos ter isso na rede?  Seria uma falta de visão terrível, pois muitas vezes ali aprendemos o que nossos colegas estão desenvolvendo em suas pesquisas.

Com a possibilidade de conhecer nossos colegas que com suas opiniões nos mostram outros modos de ver nosso mundo, podemos muito bem refletir melhor sobre nossas escolhas.  Certa vez fui ao interior da Bahia e conversando com o pessoal das ruas verifiquei que muitos municípios começaram a ter atividade econômica, coisa que nunca existiu no passado.  Assim passamos a entender o porquê do voto que se colocou nas urnas.  Vejo que há também sabedoria do povo nestes rincões longínquos.  Tenho muito orgulho de meu voto no primeiro turno, pois tive a oportunidade de passar uma noite discutindo com um querido amigo do PCdoB, Kháled – votei nele para estadual –.  Não ganhou assim como a maioria de meus candidatos.  Votei no PV para presidente, admiro muito aquele candidato que tive oportunidade de colaborar no governo municipal da Erundina. Votei no PCdoB para senador, no PV para governador, no PSB (Erundina) para federal.  Não voto no PT, pois nunca me restabeleci do dano que causaram a Erundina a qual sempre me orgulhou depois de eu ter sido cabo eleitora dela quando venceu Serra para o município de São Paulo.

Como tenho admiração pelo FHC pela sua intelectualidade e inteligência estou pensando em votar no Aécio ou anular meu voto.  Mas quando estou na rede leio tudo sobre o que aqui é colocado: Aprendo todos os dias com a opinião de meus colegas: incluo aqui também a forma com que queridos amigos querem exercer a censura às nossas opiniões na rede.
Por favor, colegas e amigos da rede, são apenas duas semanas e preciso de ajuda para fazer uma boa escolha para o dia do turno final.  Vamos discutir e mostrar que não temos medo de mostrar nossas preferências e as nossas razões pelas nossas escolhas.

É mesmo importante nossas discussões, pois o fato de terem aberto muitas universidades em lugares longínquos me parece um desperdício de recursos.  Se nós em grandes centros não conseguimos candidatos para nossas vagas de professores imaginem a qualidade de conhecimento dos jovens que são contratados nessas novas universidades.  É claro que irão dizer que eu, o Zé e outros colegas fomos contratados quando ainda éramos leigos mas a política no passado era a de ter professores de grande valor que vinham do exterior para nos preparar.  Depois de cursarmos suas disciplinas nos obrigavam a partir para o exterior para um programa de doutorado.  Hoje, no entanto, colocaram uma regra em que os jovens contratados só podem sair depois de um grande período de residência no local.  Justamente depois de o jovem montar sua vida no local ele pode sair e ai fica impedido pelas obrigações familiares.  Tudo errado, na minha humilde opinião!  Será que isso não é importante para uma discussão ampla?

Redistas: Abaixo a censura!!!!!!!!!!!!

Complemento essa minha reflexão dizendo que a partir de nossos comentários sobre os problemas com as pesquisas eleitorais pude ter um longo papo com dois de nossos colegas.  Deram-me oportunidade de discutir minhas opiniões sobre métodos de seleção.  Tive que refletir muito para responder aos questionamentos.

Saudações mediadoras de rede.
Carlinhos

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Carlos Alberto de Bragança Pereira
http://www.ime.usp.br/~cpereira
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Stat Department - Professor & Head
University of São Paulo


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Atc,
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