[ABE-L] Projeto FAPESP para 60a. RBras e 16o. SEAGRO

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Qua Fev 25 09:18:04 -03 2015


Prezados colegas

Conforme já disse em outra oportunidade, disse que estava disposto a  
contar para a imprensa a minha situação, pois diria que o momento  
chegou, e, infelizmente, não vejo mais outras alternativas a fazer.

O texto segue logo abaixo e tudo isso porque o cenário que estou  
esposto é o seguinte:
A universidade fala que devo ir para a pesquisa e as empresas mais  
acessíveis também, e, esse cargo no rasil não existe, e, enquanto isso  
fico parado e sem qualquer perspectiva.

Saudações,

               Paulo Tadeu Oliveira


Caros editores
Sou Paulo Tadeu Oliveira, 53 anos, pessoa com deficiência visual do  
tipo baixo visão proveniente de toxoplasmose congênita desde o  
nascimento. Possuo bacharelado em Estatística (1990-1997), mestrado em  
Estatística (1998-2001) e doutorado em Estatística (2002-2008),  
obtidos no Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de  
São Paulo, com pós-doutorado no uso da Estatística em Aplicações de  
Tecnologia Nuclear, pelo IPEN-CNEN/SP (2008-2011).
Para um melhor conhecimento da minha situação, atualmente executo por  
minha conta, sem remuneração, a investigação das diferentes  
deficiências em função de conjuntos de variáveis, como as relacionadas  
a educação, trabalho e condições de moradia, entre outras. Comecei a  
trabalhar nesse tema a partir de julho de 2012. Os resultados têm sido  
por mim apresentados em congressos internacionais: 59WSC, realizado em  
Hong Kong (China), em 2013; XXVII IBC, realizado em Florence (Itália),  
em 2014; e ICOTS,realizado em Flagstaff (EUA), em 2014. E Também em  
congressos nacionais: XIII EMR, realizado em Maresias (SP); I SIED  
realizado em São Paulo (SP); 58 RBRAS/15 SEAGRO, realizado em Campina  
Grande (PB); e IV ESAMP, realizado em Brasília (DF) – todos esses em  
2013. No ano de 2014 participei do 59 RBRAS,realizado em Ouro Preto, e  
XX SINAPE, realizado em Natal (RN). Minha participação em congressos  
internacionais tem sido possível graças ao financiamento de ongs  
ligadas ao terceiro setor, IBC e CAPES. Nos congressos internacionais  
tenho participado com financiamento através da FAPESP.
Em 2015 tenho um trabalho aceito para o congresso XIV EMR, a ser  
realizado em Campinas (SP), em que participarei com financiamento  
FAPESP.
Como resultado desse trabalho sobre as diferentes deficiências, tenho  
três publicações, uma internacional e duas nacionais, conforme pode  
ser observado no link do meu currículo Lattes que pode ser acessado em  
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4708818U5,  
onde constam também todas as outras publicações que possuo.
  Mesmo com as qualificações apresentadas acima, venho por meio desta  
relatar problemas que andam ocorrendo quando tento ser contratado para  
trabalho na área de Estatística, a saber:
i) Empresas: o meu currículo vitae é considerado com experiências  
muito específica, idade elevada (acima de 50 anos) e sem qualquer  
experiência na área privada ou corporativa. Nos poucos casos em que  
fui entrevistado, me aconselharam procurar um trabalho como pesquisador.
ii) Concursos: considerando os grandes concursos como IBGE, Fiscal do  
Ministério da Fazenda, entre outros, ocorrem vários problemas, a  
começar pelas interpretações da lei de cotas para pessoas com  
deficiência. Isto prejudica, e muito, os deficientes que alcançaram um  
nível maior de instrução. Essas interpretações oferecem condições para  
que as autarquias públicas organizadoras desses certames tenham  
autonomia para decidir se determinado cargo pode ou não ser preenchido  
por pessoa com deficiência, a exemplo do que ocorre na Petrobrás, em  
que um deficiente com bacharelado em Estatística não é aceito. E se  
puder ser aceito, como no IBGE,o gasto com autenticação de documento  
por documento, de todo o currículo, acaba resultando em uma fortuna  
para fazer a inscrição, tornando praticamente impossível a  
participação no concurso, como tem sido o meu caso. E assim, por diante.
Outro problema diz respeito a concursos para docentes em  
universidades, em que a grande maioria das bancas alegam que, no meu  
caso, eu deveria ser pesquisador, cargo esse que não existe no Brasil.
iii) Negócio próprio: para mim também parece inviável, por estar  
afastado da área corporativa por mais de 17 anos.
iv) pós-doutoramento (posdoc): no meu modo de ver seria o ideal, muito  
embora existam pessoas (alguns professores) que são contra, por  
considerarem que posdoc não é emprego. Dizem que eu deveria procurar  
uma empresa, o que no meu caso tornou-se impossível, pois o meu  
perfil, por mais que trabalhe nele não o torna receptivo a qualquer  
empresa existente no mercado.
Resumindo, existe um pequeno grupo de pessoas (alguns professores e  
executivos de empresas) que acreditam que eu deveria continuar  
procurando empresa, mas isto é impossível porque perfil como o meu não  
é interessante às empresas. Por outro lado, bancas de concurso para  
docente, empresas em que fui entrevistado e alguns professores acham  
que eu deveria procurar um cargo de pesquisador. Embora esta, no meu  
modo de ver, seja a melhor solução,  esse cargo não existe no Brasil.
O que relatei acima é um testemunho da impossibilidade de trabalho e  
subsistência da pessoa deficiente que consegue maior qualificação,  
visto que não existe vaga como pesquisador no Brasil e que pelas  
empresas sou automaticamente recusado.
Saudações,
              Paulo Tadeu Meira e Silva de Oliveira





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