[ABE-L] Polêmica sobre pesquisa estatística da FEE

Denise Britz do Nascimento Silva denisebritz em gmail.com
Dom Maio 17 21:11:03 -03 2015


Caros
escrevo alguns dias após o assunto da análise dos dados da pesquisa da FEE
(e da PNAD2013)  já ter "saído de cartaz" na nossa lista de discussão.
Mas.. não resisti..já que o assunto é importante e interessante. Não sabia
do ocorrido e achei bom que a informação sobre a polêmica tenha sido
trazida para nossa lista de discussão.

Desejo apenas somar algumas informações e comentários.  Assim como alguns
colegas escreveram, acho que o mais importante na discussão é a correta
análise dos dados e não o software que foi utilizado.

Completando a mensagem do Pedro....

Após a publicação da dissertação da Simone Rodrigues em 2003, que estimou o
diferencial de salários entre gêneros com base nos dados da PNAD
ressaltando a importância de levar em consideração o desenho amostral da
pesquisa, outro aluno do mestrado da ENCE  (Alexandre Pinto) desenvolveu
uma dissertação também sobre o tema de desigualdade salárial.

A novidade aqui foi a incorporação do plano amostral da pesquisa ao
 estimar os coeficientes de discriminação (entre sexo e raça) desta vez
utilizando, além da decomposição de Oaxaca e da equação de salários de
Mincer, os modelos de Heckman para dar conta do viés de seleção (
seletividade) da informação de salários.

A dissertação, defendida em 2005,  está disponível na página da ENCE

http://www.ence.ibge.gov.br/images/ence/doc/mestrado/dissertacoes/2005/alexandre_pinto_de_carvalho_TC.pdf

Trabalhos sobre a dissertação foram divulgados através de relatório técnico
da EPGE - FGV - Ensaios Econômicos -  no. 638 - Dezembro de 2006 e no
Encontro da ABEP em 2006 (ambos em anexo).

Sendo assim...escrevo para registrar que é muito bom ver a utilização de
estatísticas públicas para análise das questões sociais contemporâneas do
país. Já nos trabalhos publicados em 2003 e 2005/2006, as análises
indicavam que o diferencial existia ( em favor do sexo masculino) mas que o
seu impacto (ou força) deveria ser analisado controlando-se por fatores
sócio-demográficos e educacionais dos indivíduos. Assim..  o diferencial na
chamada análise não-controlada por este fatores sempre apresenta efeitos
maiores.

Meus comentários sobre a questão tratada na mensagem original sobre o
assunto são:


   -  o cuidado que devemos ter ao analisar dados provenientes de pesquisas
   amostrais (utilizar métodos de estimação que incorporem não apenas o peso,
   mas também o desenho amostral da pesquisa);


   - o repúdio a qualquer ato que desqualifique um trabalho técnico ou
   científico caso o resultado não agrade ao leitor.


Abraços e segue um resumo do trabalho do Alexandre Pinto (2005,2006).
Denise
========================================================
Diferenciais de Salários por Raça e Gênero: Aplicação dos procedimentos de
Oaxaca e Heckman em Pesquisas Amostrais Complexas
" A estimação da equação de salários tem sido amplamente utilizada em
estudos relativos à discriminação no mercado de trabalho brasileiro segundo
cor e sexo. Os resultados revelam os efeitos dos determinantes do salário
segundo características individuais e do posto de trabalho. O propósito
destes trabalhos é avaliar a situação em que indivíduos com atributos
produtivos semelhantes, exceto pela cor ou sexo, têm salários tão
diferenciados. .......
...........................
 No entanto, alguns dos estudos que utilizam dados provenientes de
pesquisas amostrais complexas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), não incorporam o plano amostral em suas análises.
.................................
.................................
 O objetivo principal desta dissertação é decompor o diferencial da média
do logaritmo do salário/hora com ênfase na cor e sexo dos trabalhadores
brasileiros (homens de cor branca, mulheres de cor branca, homens de cor
preta ou parda e mulheres de cor preta ou parda). A metodologia, baseada no
modelo de capital humano, consiste em estimar a equação de salários
(Mincer, 1974) com a correção do viés de seleção das informações dos
salários através do procedimento de Heckman (1979).

O procedimento da decomposição do diferencial de salários é baseado no
trabalho de Oaxaca (1973) composto por dois efeitos: características
produtivas individuais e da discriminação. A análise empírica tem como foco
o uso adequado de procedimentos de modelagem estatística em pesquisas por
amostragem complexa, conforme os trabalhos de Skinner e Smith (1989) e
Pessoa e Silva (1998). "


Em 13 de maio de 2015 10:00, Gabriel Afonso Marchesi Lopes <
marchesilopes em hotmail.com> escreveu:

> Prezados,
>
> Não sei se vocês estão a par da polêmica envolvendo a pesquisa da FEE
> (Fundação de Economia e Estatística do RS) denominada “Relatório sobre o
> mercado de trabalho do Rio Grande do Sul — 2001-13”.
>
> O relatório foi elaborado pelos pesquisadores Guilherme Stein e Vanessa
> Neumann Sulzbach (Economistas) e pela Pesquisadora Mariana Bartels
> (Estatística).
>
> A polêmica gira em torno do fato de que a pesquisa concluiu que as
> mulheres brasileiras ganham 20% menos que os homens, mas só 7% não podem
> ser explicados pela diferença de produtividade. Esta conclusão, por
> contrariar algumas teses ideológicas, fez com que surgissem uma série de
> ofensas contra os pesquisadores, além de pedidos de demissão de Diretores
> da FEE.
>
> Em razão desta série de críticas de cunho ideológico, 135 economistas, a
> maioria mestres e doutores, muitos de renome nacional e internacional, como
> Gustavo Franco e Gustavo Loyola, ex-Presidentes do Banco Central, emitiram
> um manifesto em defesa dos pesquisadores e considerando a metodologia
> estatística e econômica utilizada por eles como adequada.
>
> Para quem se interessar sobre o assunto, segue o “Manifesto de apoio aos
> pesquisadores da FEE, à própria instituição e a seu presidente” assinado
> pelos economistas: https://sites.google.com/site/manifestoeconomistasrs/
>
> E aqui segue o link da pesquisa:
> http://www.fee.rs.gov.br/wp-content/uploads/2015/04/20150504relatorio-sobre-o-mercado-de-trabalho-do-rio-grande-do-sul-2001-13.pdf
>
> Abraços,
>
> --
> Gabriel Afonso Marchesi Lopes
> Atuário MTb/MIBA nº 2.068
> Estatístico CONRE/4ª Região nº 9.765
> Pós-graduado em Perícia e Auditoria - NECON/UFRGS
> Telefone: (0xx51) 9727.2524
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