[ABE-L] Velho pensante

Vermelho vermelho2 em gmail.com
Seg Jan 15 14:02:53 -03 2018


Muito bom!!
Como sempre os dominantes vão procurar botar algumas pedras no caminho, mas
com criatividade esses problemas serão resolvidos.

Em seg, 15 de jan de 2018 13:00, Filipe Zabala <filipezabala em gmail.com>
escreveu:

> https://www.thevenusproject.com/ sugere uma abordagem na linha do
> professor Goldenberg.
>
> Abraço,
> Zabala
>
> Em 15 de janeiro de 2018 10:28, Carlos Alberto de Bragança Pereira <
> cpereira em ime.usp.br> escreveu:
>
>> Caros redistas amigos e colegas:
>> A gente vai ganhando mais anos de vida acompanhado de problemas gerais,
>> principalmente os causados pela dor.  Dorzinha que parece, às vezes,
>> tortura chinesa, pois nunca acaba e você continua vivo e vez por outra
>> pensante.
>> Mas eis o que eu queria dizer:
>> José Goldemberg faz esse ano 90 anos e com o seu brilhante artigo de hoje
>> no estadão parece ser uma mente saudável.  Parece que sua mente vai
>> perdendo o desgaste do tempo e ganhando a juventude de outrora.
>> Faz tempo que a gente não lê um artigo da segunda página do estadão que
>> não seja falando das desgraças de nosso país, quando não atacando algum
>> político desatento da atividade de puxar saco da mídia.
>> Copio aqui pra todos
>> Veja também na página
>> http://gilvanmelo.blogspot.com.br/2018/01/jose-goldemberg-uma-nova-renascenca.html
>>
>> Goldemberg foi nosso reitor, esse período de reitoria é considerado por
>> alguns de nós um divisor de águas na ciência da USP: Antes e depois do
>> José.  Foi ministro (da educação do Collor) e secretário de estado
>> (educação e meio ambiente) em duas administrações.  Por onde passava
>> deixava saudades, diriam alguns de seus assessores dessas ocasiões.  Ele
>> parece um bom juiz, não atrapalha o jogo!
>>
>>
>>
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> * José Goldemberg: Uma
>> nova Renascença?
>>
>> - O Estado de S.Paulo
>>
>> Seus resultados parecem atraentes, mas ela vai aumentar a concentração de
>> renda e o desemprego
>>
>> Existe uma corrente de economistas que acredita que o “século de ouro”
>> das inovações tecnológicas, que teve início com a Revolução Industrial na
>> Inglaterra, no século 19, já se esgotou.
>>
>> Essa revolução começou com a invenção das máquinas a vapor, que
>> inicialmente modernizaram a indústria da tecelagem e eliminaram a
>> fabricação artesanal de tecidos, e seguiu com o desenvolvimento das
>> locomotivas e do transporte ferroviário, que cruzaram todos os continentes.
>> Mais tarde, a descoberta do processo de produção de eletricidade permitiu a
>> iluminação das cidades e, posteriormente, as telecomunicações mudaram
>> radicalmente a face da Terra. No século 20 verificou-se uma enorme expansão
>> das cidades, onde vive hoje cerca da metade da população mundial.
>>
>> O império inglês baseou-se nessas tecnologias, que deram ao país uma
>> prosperidade sem precedentes na História. A Inglaterra produzia os produtos
>> que eram exportados para as colônias, criando empregos bem remunerados para
>> a sua população. Só para dar um exemplo, no fim do século 19 a Inglaterra,
>> com apenas 3% da população mundial, produzia (e exportava) aproximadamente
>> metade do ferro e aço usado no mundo.
>>
>> É por essa razão que a Revolução Industrial é considerada por muitos como
>> uma “segunda Renascença”. A primeira Renascença, como se sabe, começou no
>> fim da Idade Média, por volta de 1400. A invenção da imprensa, por
>> Gutemberg, que aumentou o número de pessoas alfabetizadas, destruiu o
>> monopólio de conhecimento e poder da Igreja Católica. Repetir os dias de
>> glória das antigas civilizações grega e romana passou a ser a aspiração das
>> pessoas. O “renascimento” nas letras e artes foi particularmente forte em
>> Florença, na Itália, onde a pintura e a arquitetura floresceram sob o
>> patrocínio da aristocracia. Com isso os próprios costumes passaram por um
>> período de liberalização extrema.
>>
>> A reação a esse “renascimento” não demorou. Em menos de um século, por
>> volta de 1480, surgiu uma onda violenta contra esse período de liberdade
>> com o movimento obscurantista de Savanarola, um sacerdote dominicano que
>> defendia o retorno à velha ordem, promovendo até a destruição de obras de
>> arte de grandes renascentistas como Dante, Boccaccio e Boticcelli, entre
>> outros.
>>
>> A reação de Savanarola à “renascença” do século 15 tem sido comparada à
>> retórica e às políticas do presidente Donald Trump, dos EUA, que está
>> levando seu país a abandonar causas de interesse de toda a população
>> mundial, como o comércio internacional, o combate ao aquecimento global e
>> outros, usando o argumento de que prejudicam parte da população americana
>> que o elegeu.
>>
>> Exemplo disso é o sólido apoio que Trump tem entre os operários que
>> trabalham na mineração de carvão, fonte principal das emissões de gases
>> responsáveis pelo aquecimento da Terra. O uso de carvão está em declínio no
>> mundo todo por motivos econômicos e tecnológicos e vai ser substituído por
>> combustíveis mais “limpos”, como gás natural e fontes de energia
>> renováveis. Isso não interessa aos mineiros que extraem o carvão – que
>> representam o passado –, como Savanarola não desejava a perda de poder da
>> Igreja.
>>
>> As políticas preconizadas pelo presidente Trump baseiam-se também no fato
>> de que os salários de grande parte da classe média dos EUA, da Inglaterra e
>> outros países altamente industrializados estagnaram a partir de 1980, o
>> que, segundo alguns economistas, decorre da redução do ritmo da inovação
>> tecnológica. Essa situação cria muito descontentamento nesses países e
>> alimenta correntes políticas extremistas ou nacionalistas para proteger os
>> que deixaram de se beneficiar com os resultados das descobertas do “século
>> de ouro”.
>>
>> Sucede que estamos agora diante de uma nova Renascença com o
>> desenvolvimento da informática, da automação e da inteligência artificial,
>> que já é realidade e está mudando a nossa vida diária.
>>
>> Somente para dar um exemplo, transações bancárias são feitas agora por
>> cartões, computadores e celulares, tal como o check-in nos aeroportos,
>> compras pela internet; e o atendimento médico utiliza mais e mais exames
>> sofisticados. Parte da produção industrial já é feita por robôs, uma vez
>> que as atividades repetitivas podem ser programadas em computadores. E essa
>> tendência certamente vai se acentuar.
>>
>> É provável que automóveis sem motorista se tornem populares em algumas
>> décadas, e até com a possibilidade de eliminarem acidentes, já que a
>> maioria deles é causada por erro humano.
>>
>> Muitos dos resultados desta “nova renascença” parecem atraentes, mas não
>> há dúvida de que vão criar dois problemas novos, cuja gravidade é ainda
>> difícil de avaliar: concentração de renda e desemprego.
>>
>> A concentração de renda já está ocorrendo, por exemplo, com os novos
>> gigantes do Vale do Silício, cuja riqueza supera a de setores tradicionais,
>> como o automobilístico. Esse não é um problema que a tecnologia possa
>> resolver. Nas mãos de 1% da população mundial estão cerca de 50% da riqueza
>> do planeta. Governos podem agir para diminuir o problema por meio da
>> taxação das grandes fortunas e da adoção de políticas distributivas.
>>
>> O problema do desemprego é mais sério. Estimativas feitas por
>> pesquisadores da Universidade de Oxford sugerem que centenas de milhões de
>> pessoas não teriam emprego no futuro por falta de conhecimentos e da
>> educação necessária para obtê-los, dadas as falhas do sistema educacional
>> atual.
>>
>> Será necessário, então, expandir as atividades nas áreas em que máquinas
>> não poderão substituir o ser humano, como educação, lazer, turismo,
>> literatura, artes e atividades correlatas, e, sobretudo, aumentar o número
>> de “pessoas para cuidar de pessoas”.
>>
>> Talvez esse venha a ser um mundo melhor que o atual.
>>
>> -------------------------
>> * Professor emérito e ex-reitor da Universidade de São Paulo
>>
>> --
>> Carlos Alberto de Bragança Pereira
>> http://www.ime.usp.br/~cpereira
>> http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
>> Stat Department - Professor & Head
>> University of São Paulo
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