[ABE-L] QUALIS

Gauss Cordeiro gauss em de.ufpe.br
Qui Jul 12 15:38:12 -03 2018


Caríssimos,

Os exemplos do Francisco mostram claramente que o nosso Qualis - além
de injusto - é ruim.

Eu teria pelo menos mais de vinte comparações, inclusive alguns
encaminhados ao Prof. Lorenzo
uma semana antes da última avaliação da CAPES. Entretanto, não irei
mais relatar o óbvio.

Cordiais Saudações,

Gauss

Em 12 de julho de 2018 12:09, Francisco Cribari <cribari em de.ufpe.br> escreveu:
> Caros:
>
> Entendo que o ideal seria buscarmos alguns pontos básicos de concordância. O
> documento da CAPES que detalha a classificação QUALIS em nossa área se
> encontra em
>
> http://capes.gov.br/images/documentos/Qualis_periodicos_2016/Qualis_Periodicos_Area_01__2016_08_08_MATEM%C3%81TICA.pdf
>
> A primeira coisa que chama a atenção é a aguda disparidade de critérios
> usados (i) pela Matemática, (ii) pela Matemática Aplicada e (iii) pela
> Probabilidade/Estatística. Dado que o QUALIS final é único para as três
> áreas, chegamos à primeira pergunta:
>
> (PERGUNTA 1) Alguma divergência de critérios é inevitável, mas será que
> divergência tão acentuada de critérios é desejável?
>
> Sobre tal pergunta, notemos que o conceito de uma dada revista pode ser
> muito diferente dependendo de se sua avaliação é feita no escopo da
> Matemática Aplicada ou no escopo da Probabilidade e Estatística. Suponhamos,
> por exemplo, que o pesquisador X publique na revista Y, que ainda não está
> classificada. Se o pesquisador X fizer parte de um programa de pós-graduação
> em Matemática ou Matemática Aplicada, a classificação da revista Y pode ser
> uma; se tal pesquisador fizer parte de uma pós-graduação em Estatística, por
> outro lado, a classificação da revista Y pode ser outra.
>
> As classificações das revistas em nossa área (Probabilidade e Estatística)
> são muito determinadas por seus tempos medianos de citação ("cited
> half-life", HL). Eu inclusive mostrei a dominância desse critério ao
> representante de área anterior da CAPES, prof. Lorenzo Díaz, numa reunião
> que tive com ele e com mais alguns membros convidados de nossa comunidade no
> IME/USP em maio de 2016. Tal critério, contudo, parece ser mais pertinente
> para contribuições feitas nas áreas de Probabilidade e Estatística
> Matemática, onde se espera haver perenidade de resultados. Não está claro
> por que tal critério é relevante para contribuições feitas nos domínios da
> Estatística Computacional e da Estatística Aplicada. Chegamos, assim, à
> segunda pergunta:
>
> (Pergunta 2) Faz sentido as classificações de nossas revistas serem tão
> influenciada pelo critério HL?
>
> Adicionalmente, não está claro como é feita a separação de revistas "core" e
> "não-core". Mais uma pergunta:
>
> (Pergunta 3) Faz sentido colocar revistas como o International Journal of
> Forecasting e o Journal of Forecasting, que são revistas de séries
> temporais, como "não core"?
>
> Não está claro também se há alguma regra que determine que boas revistas de
> outras áreas não podem integrar o estrato A do nosso QUALIS. Parece
> inclusive haver divergência sobre como tratar boas revistas de outras áreas
> entre a Probabilidade/Estatística e a Matemática Aplicada.
>
> (Pergunta(s) 4) Revistas de elite de outras áreas podem integrar o estrato A
> do nosso QUALIS de acordo com os critérios da Probabilidade/Estatística? Há
> conformidade com o que é feito na Matemática Aplicada nesse quesito?
>
> Retorno agora a um ponto que levantei em minha mensagem inicial: as
> classificações de muitas revistas da Estatística parecem estar em
> desvantagem relativa, com todos os ajustes e mutatis mutandis pertinentes,
> relativamente ao que vemos na Matemática, na Matemática Aplicada e até mesmo
> na Probabilidade. Peguemos, a título de exemplificação, duas revistas, a
> saber: Journal of Statistical Physics (uma revista em probabilistas
> publicam) e Journal of Econometrics (uma revista de Econometria, portanto
> ligada à área de Estatística). Vejamos dois indicadores relvantes dessas
> revistas, fator de impacto (FI) e article influence (AI):
>
> Journal of Statistical Physics: FI=1.78 e AI=0.85
> Journal of Econometrics: FI=1.80 e AI=2.83
>
> Poder-se-ia argumentar que o SJR é um indicador mais relevante, como feito
> por outros membros de nossa lista. Vejamos então:
>
> Journal of Statistical Physics: SJR=0.930
> Journal of Econometrics: SJR=5.191
>
> Ou seja, as duas revistas têm FI semelhantes, o AI do JE é mais de três
> vezes superior ao do JSP e o SJR do JE é mais de cinco vezes e meia maior do
> que o do JSP.
>
> Quais são as classificações QUALIS dessas revistas na nossa área? O Journal
> of Statistical Physics tem classificação A2 enquanto o Journal of
> Econometrics tem classificação B2. (Sim, B2!). Aliás, como notei, o Journal
> of Statistical Physics está classificado em 7 áreas do QUALIS e a única que
> o coloca no estrato A é a nossa. Convém também notar que o JSP tem
> classificação B2 na Física ao passo que o Journal of Econometrics tem
> classificação A1 na Economia.
>
> Peguemos agora uma revista da Matemática para dar seguimento ao exemplo:
> Ergodic Theory & Dynamical Systems. Temos os seguintes indicadores: FI=0.84,
> AI=1.03 e SJR=1.193. Sua classificação QUALIS: A1. Os indicadores da revista
> são bem inferiores aos de várias (repito: várias) revistas da Estatística
> que estão classificadas como B1 e até mesmo B2.
>
> O exemplo acima se mantém com outras revistas além do Journal of
> Econometrics. Ou seja, não se trata de um exemplo baseado num outlier.
>
> (Pergunta 5) Disparidades como as apresentadas acima, que com maior
> frequência ocorrem em desfavor da Estatística, são justificáveis?
>
> Concluo reforçando que, em minha opinião, deveríamos nos unir em torno de um
> ponto único: as correções de distorções que existem no seio do QUALIS que
> agrega revistas da (i) Matemática, (ii) Matemática Aplicada e (iii)
> Probabilidade/Estatística. Vencida essa etapa, poderíamos discutir agendas
> mais amplas.
>
> Saudações a todos.
>
> FC
>
> cc: Prof. Luis Renato G. Fontes, membro do CA-MA do CNPq (área:
> Probabilidade e Estatística)
>     Profa. Nancy Lopes Garcia, membro do CA-MA do CNPq (área: Probabilidade
> e Estatística)
>
>
> --
> Francisco Cribari-Neto, email: cribari em de.ufpe.br - "All theory, my friend,
> is gray, but green is life's glad golden tree." --Goethe (Faust)
>
> _______________________________________________
> abe mailing list
> abe em lists.ime.usp.br
> https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe
>



Mais detalhes sobre a lista de discussão abe