[ABE-L] stop teaching frequentism

Alexandre Galvão Patriota patriota.alexandre em gmail.com
Qui Abr 16 21:41:36 -03 2015


Prezado Basilio,

Se não tem filosofia, não tem reflexão.  O estatístico supõe várias coisas
sobre o mundo sensível para criar modelos, testes, procedimentos de
estimação, etc. O usuário tem que estar ciente de certas suposições para
entender as limitações das decisões feitas utilizando estes procedimentos,
se não estiver vai fazer besteiras porque irá tratar o procedimento como se
fosse uma caixa preta. Vale lembrar que estamos falando de ciência e não de
dirigir um carro (sempre tem aquele que diz que para dirigir um carro não é
necessário saber toda sua mecânica), portanto além do aparato técnico
também é necessário compreender as limitações e domínios de aplicação dos
procedimentos. Sem isso é fazer ciência às cegas, não acha? isso seria o
tal pragmatismo? as pessoas sempre precisam de um esquema mental para
justificar uma simplificação, mas até que ponto a tal da simplificação é
válida? até o ponto do entendimento? mas se o entendimento está submetido à
linguagem, como definir se você entendeu definitivamente o procedimento?
impossível... seu entendimento vai ser podado pela simplificação imposta na
partida e isso geralmente impede muitos de compreender o assunto por outra
perspectiva porque usam a tal da linguagem simplificada...

Sobre o que o Jim Berger disse "valor p é mais uma estatística
descritiva".  Qualquer procedimento inferencial faz suposições sobre a
realidade e dentro dessas suposições faz-se descrições da realidade
suposta. Existe algum método inferencial que é mais do que um  procedimento
descritivo nestes termos? O Bayesiano poderia fazer inferências
essencialmente não-descritivas? o modelo estatístico Bayesiano é
matematicamente mais abrangente que o modelo estatístico clássico?

Abraços,
Alexandre.


2015-04-16 20:10 GMT-03:00 Basilio de Bragança Pereira <
basilio em hucff.ufrj.br>:

> Marcelo
> Você é estatístico e deve ter pós graduação na área.
> A ideia é considerar  como Jim Berger valor p é mais uma estatística
> descritiva.
> O problema se encontra em outras áreas onde valor-p , 0.05% etc  são leis
> absolutas. Dai o artigo do Ioannides (2005 Why most published research
> finds are false).
> Na área de medicamentos e ensaios clínicos com resultados falsos o
> problema é extremamente relevante.
> Não é questão de querer discutir ou não, é a realidade. Não tem filosofia
> a questão é pragmática.
> Para usar o enfoque Bayesiano voce tem que entender o problema científico
> e não usar uma regra ( 0.05) sim ou não sem pensar no problema e no tamanho
> da amostra.
> Basilio
>
> Em 16 de abril de 2015 19:41, Marcelo Rubens dos Santos do Amaral <
> mrubens em ime.uerj.br> escreveu:
>
>> Em 16/04/2015 19:02, "Marcelo Rubens dos Santos do Amaral" <
>> mrubens em ime.uerj.br> escreveu:
>>
>>> Identifico algumas hipóteses para estas posições que preferem
>>> comodamente tentar eliminar as alternativas ou o contraditório do que
>>> refletir sobre eles:
>>>
>>> 1) Entende do assunto mas discorda dele e acha que a alternativa ou o
>>> contraditório são piores;
>>>
>>> 2) Acha que entende, mas pelo entendimento equivocado que tem
>>> considera-o errado;
>>>
>>> 3) Não entende e nem quer entender porque já fez uma escolha prévia.
>>>
>>> Eu nunca utilizaria um teste de hipótese clássico para concluir pela
>>> aceitação de qualquer destas alternativas, porque este tipo de conclusão
>>> não teria uma medida de probabilidade associada neste tipo de abordagem, e
>>> isto seria um tipo de conclusão equivocada a partir de um teste clássico, a
>>> qual alguns livros inclusive ensinam erradamente. Se os professores e
>>> livros ensinassem, como seria o correto, a interpretar testes clássicos com
>>> frases do tipo "não há evidências empíricas para se rejeitar a hipótese
>>> nula ao nível de significância especificado" quando um p-valor é maior que
>>> o nível de significância, acho que este tipo de confusão,  que é comum de
>>> fato, poderia diminuir.
>>>
>>> Pela leitura rápida que fiz do artigo me parece que o autor encontra-se
>>> em uma destas alternativas ou ainda entende do assunto mas faz uso de uma
>>> interpretação e análise corriqueiramente errada com a intenção de defender
>>> a eliminação do contraditório.
>>>
>>> Em geral desconfio de posições fundamentalistas. Considero que tem
>>> espaço para análises frequentistas e bayesianas nas aplicações reais. Em
>>> que pese haver situações em que algumas alternativas são mais indicadas que
>>> outras em situações reais, sou contra pretender escolher uma em detrimento
>>> de outra como regra geral.
>>>
>>> Abçs,  Marcelo Rubens
>>>
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> Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> *Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
> *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
>
> *Tel: 55 21 3938-7045/7047/2618
> www.po.ufrj.br/basilio/
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