[ABE-L] RES: reflexões da convalescência

Luiz Sergio Vaz luizvaz em sarah.br
Qui Ago 20 11:56:19 -03 2015


Caro Professor,
Eu não queria saber o número, mas como chegar até ele. Minha curiosidade era saber se haveria um método confiável, consagrado para essa estimativa. Eu fiquei pensando como a PM, organizadores e a imprensa tinham condições de fazer tais estimativas . Só se for no chute ou métodos menos adequados. Coloquei-me na posição de um estatístico e percebi que o problema era deveras complexo. O artigo da Profª Denise realmente é uma luz para o entendimento.



-----Mensagem original-----
De: abe [mailto:abe-bounces em lists.ime.usp.br] Em nome de Carlos Alberto de Bragança Pereira
Enviada em: quinta-feira, 20 de agosto de 2015 06:52
Para: abe-l em ime.usp.br; g-mae em ime.usp.br
Assunto: [ABE-L] reflexões da convalescência


Reflexões de Convalescência

Com o tempo a manutenção periódica da nossa máquina se torna necessária.  Somos aquela máquina em que “new is better than old even under maintenanance.”Estou em convalescência e, mesmo sabendo que estou muito melhor depois da cirurgia do ombro, tenho restrições de movimento.  Mesmo com menos dores e me sentindo muito melhor, a imobilização não me permite grandes travessuras.  Assim, não me resta mais do que pensar como complicar a vida dos amigos da rede. O Questionar é Provocar!  Fui então me perguntar quem como esttístico pode ter necessidade de saber quantos estiviveram na rua no último domingo.  Nunca poderíamos observar o número de eleitores contra ou a favor estariam na rua.  Para os contra o número da rua foi muito e para os a favor foi pouco.  Mas claro, ninguem tem ideia do que é muito nem tão pouco.  INUTILIDADES de marketing!
Do ponto de vista estatístico alguem pergunta sobre estimativa confiável e claro qualificações tb inúteis são sempre usadas como propaganda tb.  Essas qualificaçoes muito usadas por políticos – golpe, chapa branca, colarinho branco etc – nos iludem sobre a qualidade de algo de interesse.  O que é ser confiável aqui? É a estimativa do Fisher, por exemplo de teoria da autoridade?  Para nós racionais isso não funciona.  Para tudo temos que ter o conceito preciso das afirmações.  Estimar o que? O invisível de iteresse no nosso caso é a abundância, momentânia ou global.  Se a estimativa é o total de participantes teriamos de pensar na abundância de uma população sofrendo nascimento e morte em um curto período digamos de 6 horas.  Bem difícil de termos uma estimativa “inteligente” – aquela que me faz convencer os usuários de ser uma boa estimativa -.  Não podemos mesmo ter algo muito preciso devido as circunsatâncias do problema.  Se formos pensar na abundância das 3 horas da tarde ai a coisa fica mais fácil mas ainda mutio dfícil.  Fotos em diversos pontos poderiam ajudar.  Notem que a comparação com um padrão ouro para checar o método não é possivel pois o padrão ouro não existe! E dai? Suponham que fomos perfeitos na metodologia estatística, para que servem os números?

Voltando um pouco para o nosso mundo acadêmico, lembre que nosso papel como professor tem aspectos muito interssantes.  Para meus alunos sempre lembro que a função de professor apenas não nos permite mudar de classe.  Entretanto nosso ganho real é o orgulho de ser útil pelo menos para nossos alunos e aquele carinho no nosso ego ao ter alguem que perceba nossas qualidades.  Confúcio pedia para não nos chatearmos com alguém que não percebe (ou finge que não percebe) nossas qualidades.  Então lembrei como fico feliz quando alguem que admiro pensa como eu.  Já mensionei aqui na rede o fato de alguns de meus argumentos sobre velhice ou sobre o nosso convívio fazer parte das escritas do Damatta (no caso da velhice) ou do Jabour (no caso do orgulho do avô e no meu caso do meu pai).  Agora vem o Monteiro Lobato!
Costuno pedir a meus alunos que parem de ler quando estão resolvendo problemas ou da tese/dissertação ou de consultorias do CEA.  A criatividade, na minhã opinião, desaparece ao ficarmos procurando a solução de outros.  Certa vez com o Basu no ISI da Argentina descobri que o teorema mais importante de minha tese jä tinha aparecido nas escritas do Hald publicada no congresso famoso de Berkeley.  Fui  
triste falar com o velho Basu que me disse que devia pensar assim:   
inteligente esse Hald não? Ele pensa extamente como eu!.  Percebi então que a máxima “nada se cria tudo se copia” pode ser algo que faz parte de nossas vidas.  O “cópia” aqui pode ser tanto inconsciente como pode ser por desconhecimento da escrita dos outros.
Vejam então o que diz o nosso MONTEIRO LOBATO:
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"Originalidade marcada, só nos homens da roça que não leem jornais.  
Ideias próprias, pontos de vista únicos, personalíssimos, e a sublime coragem do pitoresco mental.

Nas cidades grandes o jornal ingerido pela manhã desoriginaliza, bota-nos a todos bitolados pela mesma regra de pensar.

A opinião pública só existe nos lugarejos. Nas capitais desaparece substituída pela opinião que se publica."

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Incentivo os amigos a lerem o digestivo cultural uma página excelente que de vez em quando chega no meu mail.  Este dizeres eu tirei da coluna de Paulo Santoro.
Há coisas muito legais que merecem ser apreciadas por todos nós.
Grande abraço aos amigos de quem não tenho tido noticias.
Meu amigo Carvalho anda sumido e gostaria de saber por onde anda.
Carlinhos

-- 
Carlos Alberto de Bragança Pereira
http://www.ime.usp.br/~cpereira
http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
Stat Department - Professor & Head
University of São Paulo


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