[ABE-L] Deu na Folha de São Paulo

Francisco Cribari cribari em de.ufpe.br
Qui Jun 18 07:17:27 -03 2015


Folha de São Paulo, 18 de junho de 2015 - *EDITORIAL*

University of São Paulo

A USP deu um pequeno passo que poderá revelar-se precedente de
consequências gigantescas para o relativo isolamento do meio universitário
brasileiro: autorizou suas primeiras disciplinas de graduação em língua
estrangeira. A licença vale só para matérias optativas, mas já é um começo.

Não que a principal instituição superior do país não mantivesse contatos e
vínculos com o exterior. Ela nasceu como universidade, em 1934, com a
contribuição inestimável de uma missão francesa composta de jovens
intelectuais que ganhariam projeção mundial, como o antropólogo Claude
Lévi-Strauss (1908-2009) e o historiador Fernand Braudel (1902-1985).

Não foram poucos, desde então, os catedráticos estrangeiros que ajudaram a
formar brasileiros. Tampouco era incomum, até o final do século 20, que
pesquisadores nacionais cursassem a pós-graduação em países avançados (hoje
em dia é mais usual obter mestrado e doutorado no Brasil).

O caminho inverso, no entanto, costuma ser pouco trilhado. A USP atrai
escassos estudantes além-fronteiras, em especial para os cursos de
graduação: apenas 1.440, segundo registro de janeiro, aí incluídos todos os
que afluíram a ela por meio de convênios.

Há na instituição paulista 55.451 alunos, de modo que a parcela de
estrangeiros na graduação corresponde a meros 2,6%. Em universidades
verdadeiramente internacionalizadas, como a americana Harvard, essa
proporção chega a 11%.

Até a recente autorização, uma matéria só poderia ser oferecida na USP em
inglês, por exemplo, se apresentada também, simultânea e inviavelmente, em
português.

Agora, alunos brasileiros e estrangeiros passam a ter a opção de cursar ao
menos algumas disciplinas em outra língua. Para os nacionais, surge a
oportunidade de familiarizar-se com o vocabulário técnico e conceitual de
sua área de especialidade em outro idioma.

Para atrair estudantes do exterior, contudo, ainda é pouco. A USP deveria
considerar o exemplo da Fundação Getulio Vargas (FGV), que anunciou um
curso de administração todo ele dado em inglês.

Esse passo mais ousado serviria ainda para fazer a USP ganhar pontos em
rankings internacionais que valorizam tais iniciativas.

O principal benefício, porém, viria da volta dos formandos para os países
de origem. Os vínculos aqui criados favoreceriam a inserção da USP em redes
mundiais de pesquisa e o enraizamento de sua boa reputação em solo
estrangeiro.
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