[ABE-L] Deu na Folha de São Paulo

Fabio Machado faprama em gmail.com
Qui Jun 18 10:28:28 -03 2015


Caros

Concordo totalmente com o Julio. Observo tambem que esta
falta de importância vale para toda a educação, não somente para a
universidade.

Todo papai e mamãe
que sonha ver sua filha (ou filho) experimentar passos do balet ou
ver o seu filho (ou filha) ter uma carreira de esportista, sabe que ha uma
idade máxima para iniciar. Ninguem imagina que uma garota de 15 anos, por
exemplo, possa ter um futuro profissional como bailarina se não começou a
praticar muito antes disso. Algum pai quer colocar o seu filho na escolinha
de futebol do Ibis? A torcida do Corinthias aceitaria a ideia de cotas para
grupos "minoritários" no time titular? Certamente a imprensa iria cair matando
sobre uma proposta como esta. Lula ficaria indignado.

Quanto se trata de educar, uma série de "cuidados" bizarros
precisam ser tomados. Ha uma enorme preocupação em não iniciar cedo demais.
Muitas aulas de matemática (ou portugues, literatura..) pra quê? Ha
alguns anos uma
jornalista da FSP escreveu um texto questinando o ensino de logaritmo no ensino
médio. Outra escreveu criticando o ensino de quimica. Toda sorte de
experimentalismo
ganha espaço na imprensa.

Chuck Newman, do Courant, me disse uma vez que nenhum produto ou
serviço pode ser
entregue a um consumidor sem estar 100% de acordo com o que foi
prometido. Exceto a
educação. Faltou falar sobre a segunda metado do livro de matemática
do 8o ano no 8o ano?
Ok. O consumidor não vai reclamar no Procon.

E o conteudismo? Uma ameaça ao pensamento crítico. Bacana são as
atividades ludicas.
Falam em ensino de música obrigatório mas certamente imaginam que
depois de 10 anos
tudo que o estudante vai saber é bater num tambor de índio e assoprar
"que ro ver o a mor nas cer..."
na flauta doce. Avaliações? Continuas para construir o conhecimento.
Professor não pode ser
avaliado, obviamente. Sabemos a brincadeira que
é o ensino de linguas no pais. Mesmo em boa parte das escolas privadas.

Editando o texto do Julio, agora sobre critérios alheios a missão da educação:

Porque, no fundo, a missao de educar NAO eh la muito importante.
Assim, da para fazer toda sorte de compromissos.

Saudações

2015-06-18 8:14 GMT-03:00 Julio Stern <jmstern em hotmail.com>:
> Caro Gauss:
>
> Como assim?
> A USP atari menos alunos estrageiros  porque eh gratuita?
>
> Acho este argumento dicifil de aceitar.
> Mesmo porque o orcamento da USP eh muito bom.
> O dinheiro eh muitas vezes mal gasto,
> mas isto eh outra conversa...
>
> Eh verdade que muitas da melhores universidades dos USA
> sao pagas, mas alunos de pos (ao menos de ciencias basicas)
> costumam ter bolsa integral (tuition +TA ou RA).
>
> Nao tenho nada contra tornar os cursos universitarios no
> Brasil pagos, mas que as decisoes de quem e o quanto paga
> sejam sempre tomadas por criterios de Merito Academico!
>
> Todo mundo acha muito natural que a escolinha do
> Corinthians escolha como seus alunos (todos bolsistas)
> os meninos com mais talento para o futebol.
> Todos concordam porque sabem que esta eh a forma
> de formar grandes jogadores, e ter um grande time,
> e ganhar os campeonatos, o que eh muito Importante!
>
> Todavia, na hora de pensar a universidade, as pessoas
> comecam a inventar um monte de criterios alheios aa
> missao da universidade...  Por que?   Porque, no fundo,
> a missao da universidade NAO eh la muito importante.
> Assim, da para fazer toda sorte de compromissos.
>
> Para mim, a missao da universidade eh prioritaria.
> Mais importante ate que a da escolinha do Corinthians!
> Ergo: Dentro da universidade, creio que os criterios
> devam ser sempre puramente academicos.
> Nada mais.
>
> Abraco a todos,
> ---Julio Stern
>
>
>
> Abraco,
> ---Julio Stern
>
>
> ________________________________
> Date: Thu, 18 Jun 2015 07:34:35 -0300
> From: gauss em de.ufpe.br
> To: cribari em de.ufpe.br
> CC: abe-l em ime.usp.br
> Subject: Re: [ABE-L] Deu na Folha de São Paulo
>
>
> Caro Francisco,
>
> A iniciativa da USP deve ser aplaudida. O texto é muito bom e concordo com
> todos
> os pontos mas como tudo na vida tem um "porém".
>
> O percentual de estrangeiros na graduação da USP é realmente pequeno, mas
> esse percentual não pode ser comparado com Harvard ou qualquer universidade
> americana, pois a USP é uma instituição gratuita enquanto as americanas
> são pagas.
>
> Por essa razão (há bem mais de 30 anos) sou favorável a universidade pública
> paga
> no Brasil para aqueles que "realmente podem pagar". Alunos das engenharias,
> medicina, direito e outros cursos mais elitizados são em geral de famílias
> mais
> abastadas. A gratuidade poderia ser equacionada por meio do IR da família.
>
>
> Abs,
>
> Gauss
>
> Em 18 de junho de 2015 07:17, Francisco Cribari <cribari em de.ufpe.br>
> escreveu:
>
> Folha de São Paulo, 18 de junho de 2015 - EDITORIAL
>
> University of São Paulo
>
> A USP deu um pequeno passo que poderá revelar-se precedente de consequências
> gigantescas para o relativo isolamento do meio universitário brasileiro:
> autorizou suas primeiras disciplinas de graduação em língua estrangeira. A
> licença vale só para matérias optativas, mas já é um começo.
>
> Não que a principal instituição superior do país não mantivesse contatos e
> vínculos com o exterior. Ela nasceu como universidade, em 1934, com a
> contribuição inestimável de uma missão francesa composta de jovens
> intelectuais que ganhariam projeção mundial, como o antropólogo Claude
> Lévi-Strauss (1908-2009) e o historiador Fernand Braudel (1902-1985).
>
> Não foram poucos, desde então, os catedráticos estrangeiros que ajudaram a
> formar brasileiros. Tampouco era incomum, até o final do século 20, que
> pesquisadores nacionais cursassem a pós-graduação em países avançados (hoje
> em dia é mais usual obter mestrado e doutorado no Brasil).
>
> O caminho inverso, no entanto, costuma ser pouco trilhado. A USP atrai
> escassos estudantes além-fronteiras, em especial para os cursos de
> graduação: apenas 1.440, segundo registro de janeiro, aí incluídos todos os
> que afluíram a ela por meio de convênios.
>
> Há na instituição paulista 55.451 alunos, de modo que a parcela de
> estrangeiros na graduação corresponde a meros 2,6%. Em universidades
> verdadeiramente internacionalizadas, como a americana Harvard, essa
> proporção chega a 11%.
>
> Até a recente autorização, uma matéria só poderia ser oferecida na USP em
> inglês, por exemplo, se apresentada também, simultânea e inviavelmente, em
> português.
>
> Agora, alunos brasileiros e estrangeiros passam a ter a opção de cursar ao
> menos algumas disciplinas em outra língua. Para os nacionais, surge a
> oportunidade de familiarizar-se com o vocabulário técnico e conceitual de
> sua área de especialidade em outro idioma.
>
> Para atrair estudantes do exterior, contudo, ainda é pouco. A USP deveria
> considerar o exemplo da Fundação Getulio Vargas (FGV), que anunciou um curso
> de administração todo ele dado em inglês.
>
> Esse passo mais ousado serviria ainda para fazer a USP ganhar pontos em
> rankings internacionais que valorizam tais iniciativas.
>
> O principal benefício, porém, viria da volta dos formandos para os países de
> origem. Os vínculos aqui criados favoreceriam a inserção da USP em redes
> mundiais de pesquisa e o enraizamento de sua boa reputação em solo
> estrangeiro.
>
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-- 
Fábio Prates Machado - Professor
Instituto de Matemática e Estatística
Universidade de São Paulo, Brasil.




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