[ABE-L] Polêmica sobre pesquisa estatística da FEE

Julio Stern jmstern em hotmail.com
Seg Maio 18 15:14:57 -03 2015


  Caros Redistas:   Quando fui Presidente da IBrA, o Capitulo Brasileiro da ISBA -  The International Society for Bayesian Analysis, durante o EBEB 2012, fizemos um abaixo assinado em solidariedade aos Estatisticos do INDEC - El Instituto Nacional de Estadistica y Censos de la Republica Argentina.    Este documento, que foi posteriormente encaminhado ao Consulado da Argentina,  encontra-se no link:    http://www.ime.usp.br/~jstern/miscellanea/argentina/Manifesto_EBEB2012_Argentina.pdf  
   
Naquela epoca, o governo da Presidente Cristina Kirchner estava pressionando os pesquisadores do INDEC com extrema violencia, tentando forca-los a "produzir" indices de inflacao e desemprego mais a gosto do governo.    No caso em tela (FEE) acho que nao chegamos a tanto (estou enganado?) Seja la como for,  sempre vale a pena se manifestar a favor da boa ciencia, e da discussao baseada em argumentos embasados em modelos estatisticos coherentes, com dados coletados com metodologia adequada, estando tudo isto bem documentado e disponivel de forma publica e transparente.   Abraco a todos, ---Julio Stern 
From: dsfontes em gmail.com
Date: Mon, 18 May 2015 14:37:00 -0300
To: denisebritz em gmail.com
CC: abe-l em ime.usp.br
Subject: Re: [ABE-L]	Polêmica sobre pesquisa estatística da FEE

Artigo publicado no CORREIO DO POVO (RS) em 18/05/2015, cujo autor, criticando a pesquisa, diz que a economia e a estatística são ciências gastronômicas e de alfaiataria: tem para todos os gostos e medidas.

http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=7182


Doris


Em 17 de maio de 2015 21:11, Denise Britz do Nascimento Silva <denisebritz em gmail.com> escreveu:
Carosescrevo alguns dias após o assunto da análise dos dados da pesquisa da FEE (e da PNAD2013)  já ter "saído de cartaz" na nossa lista de discussão. Mas.. não resisti..já que o assunto é importante e interessante. Não sabia do ocorrido e achei bom que a informação sobre a polêmica tenha sido trazida para nossa lista de discussão.
Desejo apenas somar algumas informações e comentários.  Assim como alguns colegas escreveram, acho que o mais importante na discussão é a correta análise dos dados e não o software que foi utilizado.
Completando a mensagem do Pedro....
Após a publicação da dissertação da Simone Rodrigues em 2003, que estimou o diferencial de salários entre gêneros com base nos dados da PNAD ressaltando a importância de levar em consideração o desenho amostral da pesquisa, outro aluno do mestrado da ENCE  (Alexandre Pinto) desenvolveu uma dissertação também sobre o tema de desigualdade salárial.
A novidade aqui foi a incorporação do plano amostral da pesquisa ao  estimar os coeficientes de discriminação (entre sexo e raça) desta vez utilizando, além da decomposição de Oaxaca e da equação de salários de Mincer, os modelos de Heckman para dar conta do viés de seleção ( seletividade) da informação de salários.
A dissertação, defendida em 2005,  está disponível na página da ENCE
http://www.ence.ibge.gov.br/images/ence/doc/mestrado/dissertacoes/2005/alexandre_pinto_de_carvalho_TC.pdf

Trabalhos sobre a dissertação foram divulgados através de relatório técnico da EPGE - FGV - Ensaios Econômicos -  no. 638 - Dezembro de 2006 e no Encontro da ABEP em 2006 (ambos em anexo).
Sendo assim...escrevo para registrar que é muito bom ver a utilização de estatísticas públicas para análise das questões sociais contemporâneas do país. Já nos trabalhos publicados em 2003 e 2005/2006, as análises indicavam que o diferencial existia ( em favor do sexo masculino) mas que o seu impacto (ou força) deveria ser analisado controlando-se por fatores sócio-demográficos e educacionais dos indivíduos. Assim..  o diferencial na chamada análise não-controlada por este fatores sempre apresenta efeitos maiores.
Meus comentários sobre a questão tratada na mensagem original sobre o assunto são:
 o cuidado que devemos ter ao analisar dados provenientes de pesquisas amostrais (utilizar métodos de estimação que incorporem não apenas o peso, mas também o desenho amostral da pesquisa);o repúdio a qualquer ato que desqualifique um trabalho técnico ou científico caso o resultado não agrade ao leitor.
Abraços e segue um resumo do trabalho do Alexandre Pinto (2005,2006).Denise========================================================Diferenciais de Salários por Raça e Gênero: Aplicação dos procedimentos de Oaxaca e Heckman em Pesquisas Amostrais Complexas" A estimação da equação de salários tem sido amplamente utilizada em estudos relativos à discriminação no mercado de trabalho brasileiro segundo cor e sexo. Os resultados revelam os efeitos dos determinantes do salário segundo características individuais e do posto de trabalho. O propósito destes trabalhos é avaliar a situação em que indivíduos com atributos produtivos semelhantes, exceto pela cor ou sexo, têm salários tão diferenciados. ....... 
........................... No entanto, alguns dos estudos que utilizam dados provenientes de pesquisas amostrais complexas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não incorporam o plano amostral em suas análises.  .................................................................. O objetivo principal desta dissertação é decompor o diferencial da média do logaritmo do salário/hora com ênfase na cor e sexo dos trabalhadores brasileiros (homens de cor branca, mulheres de cor branca, homens de cor preta ou parda e mulheres de cor preta ou parda). A metodologia, baseada no modelo de capital humano, consiste em estimar a equação de salários (Mincer, 1974) com a correção do viés de seleção das informações dos salários através do procedimento de Heckman (1979). 
O procedimento da decomposição do diferencial de salários é baseado no trabalho de Oaxaca (1973) composto por dois efeitos: características produtivas individuais e da discriminação. A análise empírica tem como foco o uso adequado de procedimentos de modelagem estatística em pesquisas por amostragem complexa, conforme os trabalhos de Skinner e Smith (1989) e Pessoa e Silva (1998). "

Em 13 de maio de 2015 10:00, Gabriel Afonso Marchesi Lopes <marchesilopes em hotmail.com> escreveu:



Prezados,
Não sei se vocês estão a par da polêmica envolvendo a pesquisa da FEE (Fundação de Economia e Estatística do RS) denominada “Relatório sobre o mercado de trabalho do Rio Grande do Sul — 2001-13”.
O relatório foi elaborado pelos pesquisadores Guilherme Stein e Vanessa Neumann Sulzbach (Economistas) e pela Pesquisadora Mariana Bartels (Estatística).
A polêmica gira em torno do fato de que a pesquisa concluiu que as mulheres brasileiras ganham 20% menos que os homens, mas só 7% não podem ser explicados pela diferença de produtividade. Esta conclusão, por contrariar algumas teses ideológicas, fez com que surgissem uma série de ofensas contra os pesquisadores, além de pedidos de demissão de Diretores da FEE.
Em razão desta série de críticas de cunho ideológico, 135 economistas, a maioria mestres e doutores, muitos de renome nacional e internacional, como Gustavo Franco e Gustavo Loyola, ex-Presidentes do Banco Central, emitiram um manifesto em defesa dos pesquisadores e considerando a metodologia estatística e econômica utilizada por eles como adequada.
Para quem se interessar sobre o assunto, segue o “Manifesto de apoio aos pesquisadores da FEE, à própria instituição e a seu presidente” assinado pelos economistas: https://sites.google.com/site/manifestoeconomistasrs/
E aqui segue o link da pesquisa: http://www.fee.rs.gov.br/wp-content/uploads/2015/04/20150504relatorio-sobre-o-mercado-de-trabalho-do-rio-grande-do-sul-2001-13.pdf
Abraços,
-- Gabriel Afonso Marchesi LopesAtuário MTb/MIBA nº 2.068 Estatístico CONRE/4ª Região nº 9.765Pós-graduado em Perícia e Auditoria - NECON/UFRGSTelefone: (0xx51) 9727.2524

 		 	   		  

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