[ABE-L] paridade dos órgãos colegiados

Gauss Cordeiro gauss em de.ufpe.br
Sex Nov 13 14:50:36 -03 2015


Caro Gabriel,

Nos colegiados dos cursos de graduação e pós (de maior interesse aos pontos
que você colocou)
já existe a representação dos alunos, que é muito importante como você
citou.

Ademais, a Lei (vigente) de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelece
a participação
dos três segmentos, com pelo menos 70% de representação docente em qualquer
órgão colegiado.

O que não podemos aceitar é a paridade em decisões de gestão, pois
engessariam as universidades
públicas.

Fiquei estupefato ao saber hoje que alunos participam das escolhas das
bancas de professor
titular da USP. Entendo como inusitado esse fato. O que o Basílio disse é
deveras correto:
experiência se adquire e não se aprende.

Gauss



Em 13 de novembro de 2015 13:39, Gabriel Afonso Marchesi Lopes <
marchesilopes em hotmail.com> escreveu:

> Prezados,
>
> Durante minha graduação em Estatística na UFRGS, atuei como Representante
> Discente em diversas instâncias do Instituto de Matemática (atual Instituto
> de Matemática e Estatística) da UFRGS.
>
> Fui, por dois mandatos, Representante Discente no Colegiado do
> Departamento de Estatística da UFRGS e, por um mandato, Representante
> Discente na Comissão de Graduação em Estatística, no Núcleo de Avaliação do
> Instituto de Matemática e no órgão máximo do IM/UFRGS, o Conselho da
> Unidade. Além disso, também fui vogal na Comissão Eleitoral para eleição do
> Vice-Diretor do IM/UFRGS.
>
> Sou contra a paridade, em parte pela inexperiência dos alunos em
> comparação aos professores e em parte pelo próprio descaso dos estudantes
> com o mandato que lhe é outorgado, pois percebi nestes anos, não apenas no
> IM, mas também em outras unidades da UFRGS, que vários representantes
> discentes simplesmente não comparecem às reuniões, pois possuem interesses
> diversos daqueles colocados em pauta, sejam apenas os créditos
> complementares, o currículo acadêmico-profissional ou qualquer outro motivo
> estranho aos escopo da representação.
>
> Por outro lado, tenho a firme convicção de que a representação não pode
> ser nula, devendo haver ao menos uma cadeira discente nos órgãos
> colegiados. Digo isto, pois também percebi que muitas vezes os professores
> simplesmente se “adonam” (no sentido de se sentir donos) da Universidade.
> Por exemplo, no caso onde existem inúmeras críticas ao docente, mas ele
> continua na mesma disciplina, seja por uma questão corporativista, no caso
> em que se mantém na disciplina por permissividade de seus colegas nos
> órgãos colegiados, seja por simplesmente as reclamações não chegarem às
> instâncias justamente pela falta de representação dos alunos. Outra
> situação é quando não existe um local adequado para que os alunos sejam
> atendidos pelos monitores acadêmico e é aprovado um novo prédio para a
> unidade, porém ao invés de reservarem uma sala para as monitorias, os
> representantes dos professores simplesmente ficam com todos os gabinetes.
> Ainda, existem outras questões que são muito presentes no cotidiano dos
> alunos e por vezes bem distantes dos professores, como problemas com falta
> de segurança nos pontos de ônibus (a maioria dos professores tem carros) ou
> problemas de atendimento e qualidade dos restaurantes universitários (a
> maioria dos professores almoçam em outros locais, como restaurantes mais
> caros).
>
> Logo, a prática me mostrou que um colegiado apenas com professores é tão
> danoso quanto um colegiado paritário. Os professores tendem a ficar alheios
> às demandas dos alunos e se fechar apenas nas próprias necessidades, por
> vezes por simples desconhecimentos de problemas dos alunos que por “n”
> motivos não chegam até eles, por vezes, devemos reconhecer, por puro
> egoísmo, afinal não é o fato de ser professor universitário que implica no
> fato do indivíduo ser necessariamente um perfeito altruísta.
>
> Enfim, reforço minha posição contra a paridade, mas também alerto para os
> danos que podem ser causados por um colegiado composto por apenas uma
> categoria. Não saberia dizer nenhuma fórmula mágica para a divisão das
> cadeiras, mas acredito que a divisão adotada pela UFRGS é satisfatória,
> sendo esta: 70% docentes, 15% Técnicos, 15% discentes.
>
> Abraços,
> --
> *Gabriel Afonso Marchesi Lopes*
> *Atuário MTb/MIBA nº 2.068 *
> *Estatístico CONRE/4ª Região nº 9.765*
> *Pós-graduado em Perícia e Auditoria - NECON/UFRGS*
> *Telefone: (0xx51) 9727.2524*
>
> ------------------------------
> From: basilio em hucff.ufrj.br
> Date: Fri, 13 Nov 2015 11:27:00 -0200
> To: vermelho2 em gmail.com
> CC: abe-l em ime.usp.br; gprof em de.ufpe.br
> Subject: Re: [ABE-L] paridade dos órgãos colegiados
>
>
> Só que quando perceberem já não serão alunos.
> Experiência não se aprende se adquire .
> Não é possível inexperientes deem palpite no que não entendem, logo nao
> pode haver paridade
>
> Enviado do meu iPhone
>
> Em 13/11/2015, às 10:14, Vermelho <vermelho2 em gmail.com> escreveu:
>
> Gauss,
>
> Você só esqueceu de dizer que os maiores prejudicados disso tudo são os
> alunos.
> Quando eles perceberem isso, talvez as coisas mudem.
>
> Vermelho
> F.: (21) 2501 2332 - casa
>            2142 0473 - IBGE
>
> Em 13 de novembro de 2015 09:38, Gauss Cordeiro <gauss em de.ufpe.br>
> escreveu:
>
> A foto em anexo é a área central do Imperial College (IC), Londres, onde
> estudei entre 1979 e 1982. Os alunos do IC se dedicam integralmente aos
> estudos. Política partidária lá inexiste. Os alunos não participam dos
> colegiados dos departamentos, a não ser no conselho universitário sendo
> numa proporção bem reduzida.
>
>
> Em todos os departamentos dessa instituição existe uma estrutura formal de
> hierarquia e eles são comandados pelos professores mais experientes. No QS
> World University Rankings 2015/16, o IC é a 8a melhor instituição do
> planeta. Nele, existe um bureau comandado por alunos apenas para conseguir
> descontos em viagens nos trens, guest houses, hotéis, etc.
>
>
> Em pleno Século XXI, alguns professores das federais têm defendido uma
> ideia esdrúxula de regimento em que os conselhos representativos de gestão
> sejam paritários, ou seja, professores, servidores e alunos, na mesma
> proporção, decidindo sobre mecanismos de gestão e questões  cruciais da
> vida acadêmica da instituição. A variável "mérito" deixa de fazer parte dos
> objetivos da vida acadêmica.
>
>
> Se uma IFES adotar um regimento desses será destruída literalmente em
> pouco tempo. Considere, como um exemplo, uma excelente universidade
> pública, entre as melhores da América Latina, e bem jovem (menos de 50
> anos). O Conselho Universitário da UNICAMP é constituído da seguinte forma:
> reitor, coordenador geral da universidade, pró-reitores, diretores de
> Institutos e Faculdades, vinte professores e nove alunos representantes dos
> docentes e discentes, sete servidores não docentes, superintendente do
> Hospital de Clínicas, dois membros das demais carreiras docentes e cinco
> representantes da comunidade externa. Assim, a grande maioria dos membros
> do órgão deliberativo supremo da UNICAMP é formada por docentes.
>
>
> A roda já foi inventada, não vamos tentar transformá-la em quadrada. A
> quadratura do círculo é impossível!
>
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