[ABE-L] Editorial do Estadão

Doris Fontes dsfontes em gmail.com
Dom Set 27 08:54:45 -03 2015


Pergunto: só o governo federal tem culpa no fracasso do CsF, ou as próprias
IES têm também (grande) parcela da culpa? Se houve estudante ruim ganhando
bolsa, alguém aprovou este estudante. Não é possível pedir para o governo
criar um fiscal para cada coordenador local do CsF...  No meu ver, o
programa era, sim, MERITOCRÁTICO.

Concordo que havia muitas falhas, mas os usuários ruins e coordenadores das
IES ajudaram, com sua falta de comprometimento, eliminar um programa que
poderia ser bom.

Bom domingo a todos,
Doris



Homologação de Inscrições
*Procedimentos*

O processo de *homologação* realizado pelos *Coordenadores Institucionais
do Programa Ciência sem Fronteiras* visa, principalmente, *selecionar os
melhores estudantes* inscritos nas Chamadas Públicas para concessão de
bolsas de Graduação Sanduíche no Exterior. Os candidatos deverão estar
regularmente matriculados em cursos de graduação ligados às Áreas
Prioritárias, cumprir com os requisitos das Chamadas, ter excelente
desempenho acadêmico e proficiência no idioma do país de destino, quando
exigido.

*Atenção:* Cada Instituição de Ensino Superior deverá indicar o seu
representante do Ciência sem Fronteiras institucional. As mantenedoras
dessas instituições deverão orientar para que que os respectivos Reitores,
ou possuidores de cargo equivalente, indiquem o seu representante para cada
IES.



*(...)Instruções importantes:*

Faz-se necessário mencionar os requisitos que os candidatos,
obrigatoriamente, deverão preencher para assim terem suas candidaturas
devidamente homologadas.

   - Estar regularmente matriculado em curso de nível superior nas áreas e
   nos temas indicados na chamada pública;
   - Percentual do curso concluído, tendo integralizado no mínimo 20% e, no
   máximo, 90% do currículo previsto para seu curso, no momento do início
   previsto da viagem de estudos;
   - Para os alunos de cursos de saúde, verificar a restrição total ou
   parcial (ciclo clínico) para cada uma das chamadas;
   - *Apresentar perfil de aluno de excelência, baseado no bom desempenho
   acadêmico segundo critérios da própria IES; -- Isso não é meritocracia?*
   - Se aplicável, confirmação de prêmio acadêmico e de mérito;
   - Se aplicável, confirmação de participação em programa de iniciação
   científica ou docência.

A elegibilidade do curso de graduação, o nível de proficiência EXIGIDO e a
nota do ENEM são verificados pela Equipe do Programa Ciência sem Fronteiras
quando da pré-seleção dos candidatos, não devendo assim ser motivo de NÃO
HOMOLOGAÇÃO de candidatos.



Em 27 de setembro de 2015 08:02, Julio Stern <jmstern em hotmail.com> escreveu:

> O Ciencia Sem Fronteiras implementou uma politica explicitamente
> Anti-Meritocratica.
> O programa consumiu RS 6.5 Bilhoes, esvasiou programas bem estabelecidos,
> gerou frustracoes enviando alunos mal preparados mundo afora,
> denegriu a boa reputacao dos estudantes de pos-graduacao Brasileiros no
> exterior,
> e deixou um rombo orcamentario que teremos que agora pagar em meio a uma
> crise
> economica que eh resultado de politicas economicas concebidas com igual
> zelo
> anti-meritocratico e anti-produtivista, embaladas com a pior demagogia
> populista.
> Como nacao, reelegemos a Dilma:
> Nao temos como reclamar.
> Ta ruim.
> ---Julio Stern
>
>
>
> ------------------------------
> Date: Fri, 25 Sep 2015 09:42:37 -0300
> From: cribari em de.ufpe.br
> To: abe-l em ime.usp.br; mjmslemos em gmail.com; csampaiodesousa em gmail.com;
> simas.ufpe.br em gmail.com
> Subject: [ABE-L] Editorial do Estadão
>
>
> O Estado de São Paulo, 25 de setembro de 2015 - EDITORIAL
>
>
> *O fim do Ciência sem Fronteiras *
>
> Lançado há quatro anos como uma das principais iniciativas do primeiro
> governo da presidente Dilma Rousseff no campo da educação e usado como
> bandeira eleitoral na campanha pela reeleição, o programa Ciência sem
> Fronteiras está chegando a um final melancólico.
>
> Embora afirmem que ele não será encerrado, as autoridades educacionais
> admitiram publicamente que a oferta de novas vagas está suspensa por falta
> de verbas. As bolsas dos alunos que estão no exterior continuarão sendo
> pagas, mas as dos estudantes que haviam sido selecionados serão canceladas.
> A suspensão foi anunciada por um assessor do Ministério da Educação durante
> sabatina no Comitê para os Direitos da Criança da Organização das Nações
> Unidas.
>
> Concebido mais como instrumento de marketing do que como uma política
> destinada a acelerar a internacionalização do ensino superior, o Ciência
> sem Fronteiras apresentou problemas desde que foi lançado. Em vez de
> selecionar alunos de áreas técnicas em que o Brasil carece de
> especialistas, especialmente no campo das ciências exatas e biomédicas, o
> programa financiou indiscriminadamente estudantes de quase todas as áreas
> do conhecimento – inclusive publicidade e comunicações.
>
> Por falta de critérios, de objetivos e de metas, o programa também
> concedeu indiscriminadamente bolsas de graduação, de mestrado, de
> doutorado, de especialização e de pós-doutorado, sem prever mecanismos de
> avaliação de desempenho dos bolsistas. Houve até quem ganhou bolsa para
> passar um ano nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá sem ter sido
> submetido a um teste de fluência em língua inglesa. Por não conhecer o
> idioma, vários bolsistas não conseguiram acompanhar as aulas e retornaram
> ao Brasil sem aperfeiçoar sua formação intelectual.
>
> Ao ser lançado, em 2011, o Ciência sem Fronteiras previa a concessão de
> 101 mil bolsas de estudo no exterior, das quais 75 mil seriam financiadas
> pela União e 26 mil custeadas pela iniciativa privada. Quando tomaram
> consciência de que o programa não tinha prioridades bem definidas, bancos e
> empresas tentaram estabelecer critérios objetivos para a seleção dos
> estudantes cujos estudos financiariam. Mas, alegando que elas estavam
> usando o programa para financiar mão de obra de que necessitam, as
> autoridades educacionais rejeitaram esses critérios e impuseram outros. As
> empresas cancelaram o patrocínio.
>
> A inépcia administrativa também se converteu numa das marcas do Ciência
> sem Fronteiras. Muitos bolsistas viajaram para o exterior só com a passagem
> de ida e tiveram dificuldades para se instalar nas cidades que escolheram.
> Por causa dos atrasos no depósito das bolsas, estudantes ficaram sem
> recursos para pagar aluguel, alimentação, transporte e plano de saúde.
> Universidades estrangeiras reclamaram dos atrasos do repasse das verbas
> para gastos com matrículas, mensalidades e atividades acadêmicas – a ponto
> de faculdades canadenses de engenharia se recusarem a acolher bolsistas
> brasileiros. Por excesso de burocracia e de um extenso rol de requisitos
> estapafúrdios – como a exigência de que as escolas estrangeiras tivessem a
> mesma carga horária, o mesmo programa das mesmas disciplinas e dos mesmos
> currículos das escolas brasileiras, além de traduções juramentadas de
> documentos expedidos por consulados –, os estudantes brasileiros
> enfrentaram dificuldades para revalidar diplomas emitidos no exterior.
>
> A criação de um programa destinado a reduzir a distância entre as
> universidades brasileiras e as mais prestigiosas universidades estrangeiras
> foi recebida como uma boa ideia pela comunidade acadêmica. Mas, da forma
> desastrosa com que foi implementado e com resultados pífios que produziu,
> ele representou um desperdício bilionário de recursos escassos. Só em seus
> primeiros quatro anos, ele consumiu R$ 6,4 bilhões – cerca de 20% do que o
> governo quer arrecadar anualmente com o restabelecimento da CPMF. O anúncio
> da suspensão das bolsas do Ciência sem Fronteiras é, na verdade, um
> epitáfio.
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