[ABE-L] Uma sociedade em crescente nível de corrupção e decrescente de satisfação

Vermelho vermelho2 em gmail.com
Qui Dez 1 17:21:46 -03 2016


Carlinhos,

Não concordo totalmente com o Euclides, porque acho, ainda, que pelo menos
alguns poucos podem continuar honestos com o poder na mão, mas quando o
cara é do mal, roubar 10, 100, 1000 ou milhões é apenas uma questão de
oportunidade. Infelizmente.
Mas como sou otimista incorrigível, acredito que a humanidade caminha para
o bem. Embora numa velocidade muito aquém da desejada.
Abraço.

Vermelho
F.: (21) 2501 2332 - casa
           2142 0473 - IBGE

Em 1 de dezembro de 2016 17:03, Carlos Alberto de Bragança Pereira <
cpereira em ime.usp.br> escreveu:

>
> UMA SOCIEDADE EM CRESCENTE NÍVEL DE CORRUPÇÃO E DECRESCENTE NÍVEL DE
> SATISFAÇÃO
>
> Completei esse ano 70 anos.  Assim, tive a “oportunidade” de presenciar
> muitos tristes fatos políticos. É bom a gente lembrar esses fatos para não
> ser mais uma vez surpreendido.
>
> 1955 foi o ano do suicídio de Getúlio que trouxe um caos na disputa pelo
> poder do próximo mandato presidencial.  Felizmente, por obra de um general,
> a democracia venceu e foi possível Juscelino assumir a presidência. Veio
> então a campanha do “petróleo é nosso” que derrubou a vontade de Bob
> Field.    Jussa proporcionou a época de maior desenvolvimento econômico
> Brasileiro.  Mas também, foi um período de muita inflação. Naquele momento,
> um mal desconhecido da sociedade brasileira. Muitos perderam com a falta de
> correção monetária. A Petrobras passou a ser orgulho de nossa sociedade,
> uma das melhores empresas do terceiro mundo.
>
> A Petrobrás passou a ser o orgulho de nosso povo.  O pós Juscelino foi a
> vitória de Jânio para a presidência: numa auto-tentativa de golpe se
> demitiu.  Jango então conseguiu assumir a presidência, pois era o vice de
> Jânio. Justo como ocorreu recentemente com Temer, Jango também assumiu após
> um caos provocado pela presidência.  Para assumir Jango aceitou o regime
> parlamentarista. Assim como Jango, Temer fez parte de mandato caótico
> anterior.  Direita e esquerda tiveram papéis trocados nesses dois episódios
> das vice-presidências.
>
> Os militares então tiraram Jango do poder em um golpe militar muito bem
> articulado, com a promessa de Castelo Branco fazer uma eleição dois anos
> depois do golpe.  Nesse ínterim, Carvalho Pinto em São Paulo criou a FAPESP
> com uma legislação própria e avançada para nossos tempos.  Colocou na
> constituição paulista regras administrativas descentes: A FAPESP não pode
> gastar mais do que 5% de seu orçamento com a burocracia.  Os políticos
> quiseram modificar as regras constitucionais da FAPESP para tirar desta
> instituição recursos para empresas privadas.  Mas as regras foram bem
> protegidas e não houve possibilidade, graças ao Mario Covas, deste tipo de
> tentativa de tirar recursos da academia.  Com algumas situações positivas,
> neste imenso emaranhado, ainda não havíamos perdido a esperança de uma
> sociedade Brasileira melhor.
>
> Voltando a política, tivemos os militares no poder por muitos anos.  É bem
> verdade que justo esses ditadores permitiram o desenvolvimento da ciência
> no Brasil com recursos para EMBRAPA, CNPq e CAPES, permitindo a formação de
> um número considerável de pessoas que foram para programas de doutorado no
> exterior em instituições de muito valor científico.  A sociedade brasileira
> com muita luta e após a derrocada do desenvolvimentismo dos militares,
> conseguiu mudar a história, embora com uma eleição indireta para a
> presidência.
>
> Com a derrocada da ditadura tivemos um dos maiores revezes de nossa vida.
> Tancredo, a esperança maior de nossa sociedade, faleceu antes de assumir a
> presidência depois da eleição indireta.  Seu vice, um grande amigo de Lula
> nos dias de hoje, assumiu a presidência: José Sarney estava na política
> desde o início da década de 60 e era um dos grandes quadros da UDN e em
> seguida da ARENA: enfim um direitista participante ativo dos governos
> militares.  Novamente um ocaso de caos; uma inflação altíssima e fora de
> controle.  Mesmo com alguns planos monetários não conseguiu controlar o mal
> maior que era a inflação muito alta.
>
> O pós Sarney imediato foi a eleição de Collor (amigo de Lula nos dias de
> hoje): outro que se mostrou corrupto e logo depois foi impedido de
> completar seu mandato. O congelamento da poupança das pessoas foi um grande
> equívoco econômico.  Collor só teve sucesso na eleição porque Lula teve um
> pouco mais de votos do que meu candidato eterno, Leonel Brizola.
> Certamente em um segundo turno com Collor, Brizola teria sido eleito. Para
> mim, Brizola foi o único político brasileiro, líder, sem amarras de
> compromissos espúrios.
>
> Itamar completou, com muita propriedade, o período de mandato presidencial
> no lugar de Collor.  FHC eleito fez um ótimo governo no seu primeiro
> período na presidência.  Na época fui informado por uma “vidente” amiga que
> o Brasil nunca iria para frente com um nome de moeda que representava
> morte: Cruzeiro e cruzado em menção ao símbolo da cruz. Veio então o Real
> que mudou muito o Brasil para melhor.  Entretanto, assim como Lula, FHC
> teve um segundo mandato lamentável, provocando a eleição de Lula para
> presidente, estava eu caindo na REAL. "Acredito em Plutão: cada um deve
> estar em seu lugar cósmico estabelecido".  A melhor participação do governo
> FHC foi na verdade a criação da lei de responsabilidade fiscal.
>
> Veio então Lula, a esperança por uma sociedade melhor, em uma eleição bem
> disputada.  Fez um ótimo governo no seu primeiro mandato melhorando muito a
> nossa sociedade com a inclusão dos mais pobres na “vida” dos brasileiros.
> Seguiu-se então o Mensalão no meio do segundo mandato de Lula.  Mesmo
> assim, com um mandato lamentável, conseguiu que sua candidata vencesse a
> eleição, para manter o mesmo tipo de governo, ou negócio.  Foi um caos de
> gestão desde o primeiro período presidencial de Dilma.  Com a proibição dos
> bingos e de maquinas caça-níquéis, o Mensalão murchou! Para sua
> substituição iniciaram a destruição dos valores da Petrobras: O Petrolão.
> Também pudera, o PT se juntou a pior raça de políticos brasileiros. Dentro
> da ruindade, escolheram o pior. Os políticos ruins no atual governo são os
> mesmos do período negro da presidência. Do REAL promissor veio a atual
> REALIDADE da sociedade brasileira.  Minha amiga vidente estava mesmo
> equivocada: o mal de nossos males não era o nome de nossa moeda, mas a
> filosofia de nossa sociedade. A maioria da sociedade pensa mesmo em tirar o
> máximo de proveito, em benefício próprio, de qualquer situação.  Como dizia
> meu saudoso amigo Euclydes; “Carlucho você só conhece um homem depois que
> deu poder para ele”. Uma pessoa é honesta até o dia que deixa de ser!  Se
> morrer antes é um missing data: Riscos competitivos.
>
> A consequência de nossa história política é o que vemos hoje no congresso
> nacional e na política em geral. Um parlamento corrupto e covarde que se
> aproveitou de uma comoção nacional para na calada da madrugada derrubar as
> normas contra a corrupção que a sociedade exigia.  Eu ainda acreditava na
> grandeza de algumas pessoas do PT, mesmo não concordando com posições que
> veem assumindo. No entanto 2 senadores votaram a favor da proposta de
> Renan: urgência na aprovação do que foi enviado pelos deputados.  Pensava
> eu que Humberto Costa e Lindbergh Farias fossem apenas radicais, agora sei
> que fazem parte da cambada dos bandidos.  Meus amigos do grupo de renovação
> estão todos envergonhados com o que esses bandidos fizeram e continuam
> fazendo.
>
> Com tudo isso eu penso em meus filhos e meu neto: qual futuro os espera?
> MEUS GAROTOS devem ter um futuro longo não como eu que, felizmente, espero
> um futuro curto.  O grau de satisfação de nossa sociedade parece uma série
> temporal com grande decaimento e com picos de melhora, pequenos, ao longo
> do temo. Poucos são esses pontos de melhora!
> --
> Carlos Alberto de Bragança Pereira
> http://www.ime.usp.br/~cpereira
> http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
> Stat Department - Professor & Head
> University of São Paulo
>
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