[ABE-L] Formação de Bacharéis em Estatística - Brasil x EUA

Elias T Krainski eliaskrainski em yahoo.com.br
Seg Ago 20 14:05:24 -03 2018


Caros,

Acho que muito do que ocorreu nos EUA (incremento exponencial no número 
de formados em Estatística e linear no interesse por estatística) é 
reflexo da popularização recente do termo "data science".

No início da palestra do Michael Jordam ele falou algo assim: "Se você é 
da estatística o futuro é a computação, se você é da computação o futuro 
é a estatística".

Dos fatos mostrados pela Doris temos que os egressos dos cursos de 
bacharelado em estatística no Brasil não serão suficientes para atender 
a demanda.

Uma possível saída são cursos de especialização em ciência de dados. 
Temos (pelo menos) 4 desse tipo aqui em Curitiba. A nossa 
(http://dsbd.leg.ufpr.br/) teve aproximadamente o dobro de inscritos em 
relação às vagas no final do ano passado. Para uma próxima turma há um 
pré-cadastro que conta com mais de 7 vezes o número de vagas a serem 
oferecidas.

Att.

Elias

On 17/08/2018 23:51, Doris Fontes wrote:
> Colegas, boa noite,
>
> Achei esse artigo interessante da ASA: 
> http://magazine.amstat.org/blog/2018/08/01/2017-degree-report/
>
> Enquanto aqui, desde 2004 (quando eu comecei a acompanhar o Censo do 
> INEP), temos a seguinte situação, resumidamente:
>
> Nº de programas de Graduação em Estatística aqui e nos EUA, além do 
> programa de mestrado em estatística. Notem que o número de 
> bacharelados em estatística aqui no Brasil cresce a partir de 2007, 
> acredito eu, por causa do REUNI.
>
> image.png
>
> Sem contar que lá existem muitos programas de graduação e pós somente 
> em BIOESTATÍSTICA, enquanto que aqui só temos UM programa de mestrado 
> (UEM) e nenhum bacharelado.
>
> Em termos de egressos, temos a seguinte situação (até o último censo 
> divulgado do INEP):
>
> image.png
>
> Um fato relevante nos EUA é a explosão de interessados no programa de 
> AP STATISTICS: saltou de menos de 8 mil em 1997 para pouco mais de 205 
> mil participantes em 2016.
>
> (The AP Statistics course is equivalent to a one-semester, 
> introductory, non-calculus-based college course in statistics. The 
> course introduces students to the major concepts and tools for 
> collecting, analyzing, and drawing conclusions from data. There are 
> four themes in the AP Statistics course: exploring data, sampling and 
> experimentation, anticipating patterns, and statistical inference. 
> Students use technology, investigations, problem solving, and writing 
> as they build conceptual understanding. 
> https://apcentral.collegeboard.org/courses/ap-statistics/course)
>
> image.png
>
>
>
> Comparando egressos vs vagas oferecidas pelas universidades 
> brasileiras, temos:
>
> image.png
>
>
>
> Formandos por tipo de universidade:
>
> image.png
>
>
> O número de vagas oferecidas também cresceu a partir de 2007 (REUNI), 
> mas o número de egressos não aumentou. Está estagnado ou, pior, menor 
> que em 2004. Poderíamos dizer que, a grosso modo, a taxa de evasão da 
> estatística beira os 75%.
>
> No Brasil já começa a aparecer programas de graduação e pós em Ciência 
> de Dados, como no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, em 
> Belo Horizonte (MG). Não sei qual a qualidade desses programas. Alguns 
> cursos de pós chegam a abordar apenas introdução à estatística.
>
> As vagas para profissionais de Analytics/Big Data/Data Science cresce 
> muito no mundo  todo. Se você entrar hoje no site do indeed.com 
> <http://indeed.com> e fizer uma busca por "analytics", vai encontrar 
> algo como 140 mil vagas. Lógico que tem muita coisa misturada, mas 
> mostra o potencial de mercado para quem sabe analisar dados. No blog 
> do CONRE-3 de Oportunidades de Trabalho para Estatísticos 
> (https://www.facebook.com/groups/statjobs/), hoje com pouco mais de 11 
> mil membros, temos divulgado mais de 2 mil vagas de trabalho por ano 
> -- e são vagas parciais, pois muitas empresas publicam apenas na 
> Catho, ou sequer divulgam (preenchimento através de indicações 
> somente). Se formamos menos de 400 num ano, está claro que não temos 
> capacidade para prover profissionais para o mercado interno. Pior 
> ainda, alguns bons estatísticos saem do país.
>
> Talvez possamos pensar juntos sobre formas de melhorar esse índice de 
> evasão, num programa conjunto, mais agressivo, de divulgação da nossa 
> área junto aos alunos do ensino médio. O CONRE-3 tem recursos bem 
> pequenos (muito em função do desinteresse dos estatísticos pelo seu 
> conselho profissional -- às vezes até boicote de formandos e 
> professores), mas, dentro do possível, temos tentado implementar 
> muitos programas de valorização, divulgação e fortalecimento da nossa 
> profissão: eventos ligados ao mercado de trabalho, TENDA ESTATÍSTICA 
> (através de esforço conjunto com a ABE e SBPC) para estudantes de 
> todas as idades, palestras em escolas ou envio de material de 
> divulgação da estatística aos alunos de EM; ajuda aos deptos de 
> estatística com palestras e materiais de apoio; ajuda a eventos 
> variados (como o SINAPE, RBras/SEAGRO, Semests, feira de profissões, 
> etc). Somos auditados anualmente pelo TCU e não temos muita 
> flexibilidade para o uso de nossa verba, então, trabalhamos dentro das 
> nossas possibilidades.
>
> O problema de evasão é grave, triste e precisa ser estudado e 
> combatido. Alegar simplesmente que os alunos que entram são fracos não 
> é razoável. A falta de prestígio da nossa área pode atrair um monte de 
> alunos interessados apenas na baixa concorrência nos vestibulares. 
> Isso não é bom.
>
> Na última reunião que o Julio Trecenti (presidente do CONRE-3) e eu 
> (como vice-presidente) tivemos no conselho federal, no RJ, discutimos 
> a "morte" da nossa carreira no mercado de trabalho para o cientista de 
> dados. Já há deptos de computação interessados em oferecer Bacharelado 
> em Ciência de Dados, assim como há engenharias interessados em 
> "Engenharia Estatística".
>
> Enfim, pensei em compartilhar um pouco das minhas preocupações.
>
> Bom final de semana e abraços a todos,
> Doris
>
>
>
>
>
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