[ABE-L] Formação de Bacharéis em Estatística - Brasil x EUA
Elias T Krainski
eliaskrainski em yahoo.com.br
Seg Ago 27 15:31:11 -03 2018
Caros,
Fator interessante na tabela em
(http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/rces002_07.pdf) é que a
formação do Estatístico prevê 3000 horas aula. Para Fisica, Matemática,
Química são 2400 horas aula e nas Engenharias são 3600 horas aula.
Numa discussão sobre isso durante uma mesa redonda da RBRAS comentou-se
de que há espaço para muita coisa em 3000 horas. Não é difícil ter
optativas direcionadas a data science, como já temos alguma coisa aqui
na UFPR.
Elias
On 25/08/2018 19:48, Doris Fontes wrote:
> Oi, Basílio,
>
> Sim, concordo que no Brasil a profissão de engenheiro é mais
> valorizada, tem mais glamour, mais apelo mercadológico. MAS, não sei
> se "ser engenheiro" é solução para tudo. Na área de Data Science já é
> comum as empresas NÃO quererem contratar engenheiros, preferindo,
> nesta ordem: estatísticos, matemáticos, físicos e, caso necessário,
> engenheiros.
>
> Sim, a regulamentação da profissão é um problema no caso de virar
> "engenheiro estatístico". Seria uma grande briga e seria injusta: um
> conselho pequeno como o nosso VS um enorme como o CREA. Eu prefiro
> defender a nossa profissão por enquanto.
>
> Abraços,
> Doris
>
> Em sáb, 25 de ago de 2018 às 19:04, Basilio de Bragança Pereira
> <basilio em hucff.ufrj.br <mailto:basilio em hucff.ufrj.br>> escreveu:
>
> Cara Doris
> Em época de globalização posso até comcordo com voce .
> Em termos de Brazil voce não acha que o titulo de engenheiro é
> mais valorizado?
> Entretanto como seria o registro profissional ? No Conre ou no
> Crea? Infelizmente temos este esta restriçao de registro
> profissional!!!!!
>
> Em 25 de agosto de 2018 18:46, Doris Fontes <dsfontes em gmail.com
> <mailto:dsfontes em gmail.com>> escreveu:
>
> Olá, prof. Basílio,
>
> Eu *não* concordo com a ideia de transformar o Bacharelado em
> Estatística em Engenharia Estatística. Apenas mencionei que é
> um cenário que se cogita no meio acadêmico. Se assim for o
> desejo de muitos departamentos, comentei que deverá haver uma
> reestruturação grande.
>
> Abraços,
> Doris
>
>
>
>
> Em sáb, 25 de ago de 2018 às 16:38, Basilio de Braganca
> Pereira <basilio em hucff.ufrj.br <mailto:basilio em hucff.ufrj.br>>
> escreveu:
>
> Doris
> Não concordo com sua visão da formação do engenheiro.
> Lembre da formação em física que falta nos bacharelados em
> estatística.
> Além disso a formação matemática e semelhante e às vezes
> melhor que no BSc de estatística.
> Basilio
> Enviado do meu iPhone
>
> Em 25 de ago de 2018, à(s) 14:57, Doris Fontes
> <dsfontes em gmail.com <mailto:dsfontes em gmail.com>> escreveu:
>
>> Oi, Elias,
>>
>> Concordo que o fenômeno "data science" é um importante
>> gancho para atrair alunos. Mas não dá apenas para atrair
>> para o bacharelado em estatística sem fazer um forte
>> conexão com o "data science" propriamente dito. Já ouvi
>> discussões sobre transformar o Bacharelado em Estatística
>> em Engenharia Estatística, para tornar o curso mais
>> atraente. Pode até ficar mais atraente, mas o corpo
>> docente, assim como conteúdo programático, têm que mudar
>> bastante, tornarem-se mais pragmático, ser um curso mais
>> empresarial e, no fundo, mais superficial na matemática e
>> na estatística. Se esse for o objetivo...
>>
>> Atrair mais gente para a estatística é uma missão
>> complexa, mas não acho que seja impossível.
>>
>> Doris
>>
>>
>> Em seg, 20 de ago de 2018 às 14:06, Elias T Krainski por
>> (abe) <abe em lists.ime.usp.br
>> <mailto:abe em lists.ime.usp.br>> escreveu:
>>
>> Caros,
>>
>> Acho que muito do que ocorreu nos EUA (incremento
>> exponencial no número de formados em Estatística e
>> linear no interesse por estatística) é reflexo da
>> popularização recente do termo "data science".
>>
>> No início da palestra do Michael Jordam ele falou
>> algo assim: "Se você é da estatística o futuro é a
>> computação, se você é da computação o futuro é a
>> estatística".
>>
>> Dos fatos mostrados pela Doris temos que os egressos
>> dos cursos de bacharelado em estatística no Brasil
>> não serão suficientes para atender a demanda.
>>
>> Uma possível saída são cursos de especialização em
>> ciência de dados. Temos (pelo menos) 4 desse tipo
>> aqui em Curitiba. A nossa (http://dsbd.leg.ufpr.br/)
>> teve aproximadamente o dobro de inscritos em relação
>> às vagas no final do ano passado. Para uma próxima
>> turma há um pré-cadastro que conta com mais de 7
>> vezes o número de vagas a serem oferecidas.
>>
>> Att.
>>
>> Elias
>>
>> On 17/08/2018 23:51, Doris Fontes wrote:
>>> Colegas, boa noite,
>>>
>>> Achei esse artigo interessante da ASA:
>>> http://magazine.amstat.org/blog/2018/08/01/2017-degree-report/
>>>
>>> Enquanto aqui, desde 2004 (quando eu comecei a
>>> acompanhar o Censo do INEP), temos a seguinte
>>> situação, resumidamente:
>>>
>>> Nº de programas de Graduação em Estatística aqui e
>>> nos EUA, além do programa de mestrado em
>>> estatística. Notem que o número de bacharelados em
>>> estatística aqui no Brasil cresce a partir de 2007,
>>> acredito eu, por causa do REUNI.
>>>
>>> image.png
>>>
>>> Sem contar que lá existem muitos programas de
>>> graduação e pós somente em BIOESTATÍSTICA, enquanto
>>> que aqui só temos UM programa de mestrado (UEM) e
>>> nenhum bacharelado.
>>>
>>> Em termos de egressos, temos a seguinte situação
>>> (até o último censo divulgado do INEP):
>>>
>>> image.png
>>>
>>> Um fato relevante nos EUA é a explosão de
>>> interessados no programa de AP STATISTICS: saltou de
>>> menos de 8 mil em 1997 para pouco mais de 205 mil
>>> participantes em 2016.
>>>
>>> (The AP Statistics course is equivalent to a
>>> one-semester, introductory, non-calculus-based
>>> college course in statistics. The course introduces
>>> students to the major concepts and tools for
>>> collecting, analyzing, and drawing conclusions from
>>> data. There are four themes in the AP Statistics
>>> course: exploring data, sampling and
>>> experimentation, anticipating patterns, and
>>> statistical inference. Students use technology,
>>> investigations, problem solving, and writing as they
>>> build conceptual understanding.
>>> https://apcentral.collegeboard.org/courses/ap-statistics/course)
>>>
>>> image.png
>>>
>>>
>>>
>>> Comparando egressos vs vagas oferecidas pelas
>>> universidades brasileiras, temos:
>>>
>>> image.png
>>>
>>>
>>>
>>> Formandos por tipo de universidade:
>>>
>>> image.png
>>>
>>>
>>> O número de vagas oferecidas também cresceu a partir
>>> de 2007 (REUNI), mas o número de egressos não
>>> aumentou. Está estagnado ou, pior, menor que em
>>> 2004. Poderíamos dizer que, a grosso modo, a taxa de
>>> evasão da estatística beira os 75%.
>>>
>>> No Brasil já começa a aparecer programas de
>>> graduação e pós em Ciência de Dados, como no Centro
>>> Universitário Metodista Izabela Hendrix, em Belo
>>> Horizonte (MG). Não sei qual a qualidade desses
>>> programas. Alguns cursos de pós chegam a abordar
>>> apenas introdução à estatística.
>>>
>>> As vagas para profissionais de Analytics/Big
>>> Data/Data Science cresce muito no mundo todo. Se
>>> você entrar hoje no site do indeed.com
>>> <http://indeed.com> e fizer uma busca por
>>> "analytics", vai encontrar algo como 140 mil vagas.
>>> Lógico que tem muita coisa misturada, mas mostra o
>>> potencial de mercado para quem sabe analisar dados.
>>> No blog do CONRE-3 de Oportunidades de Trabalho para
>>> Estatísticos
>>> (https://www.facebook.com/groups/statjobs/), hoje
>>> com pouco mais de 11 mil membros, temos divulgado
>>> mais de 2 mil vagas de trabalho por ano -- e são
>>> vagas parciais, pois muitas empresas publicam apenas
>>> na Catho, ou sequer divulgam (preenchimento através
>>> de indicações somente). Se formamos menos de 400 num
>>> ano, está claro que não temos capacidade para prover
>>> profissionais para o mercado interno. Pior ainda,
>>> alguns bons estatísticos saem do país.
>>>
>>> Talvez possamos pensar juntos sobre formas de
>>> melhorar esse índice de evasão, num programa
>>> conjunto, mais agressivo, de divulgação da nossa
>>> área junto aos alunos do ensino médio. O CONRE-3 tem
>>> recursos bem pequenos (muito em função do
>>> desinteresse dos estatísticos pelo seu conselho
>>> profissional -- às vezes até boicote de formandos e
>>> professores), mas, dentro do possível, temos tentado
>>> implementar muitos programas de valorização,
>>> divulgação e fortalecimento da nossa profissão:
>>> eventos ligados ao mercado de trabalho, TENDA
>>> ESTATÍSTICA (através de esforço conjunto com a ABE e
>>> SBPC) para estudantes de todas as idades, palestras
>>> em escolas ou envio de material de divulgação da
>>> estatística aos alunos de EM; ajuda aos deptos de
>>> estatística com palestras e materiais de apoio;
>>> ajuda a eventos variados (como o SINAPE,
>>> RBras/SEAGRO, Semests, feira de profissões, etc).
>>> Somos auditados anualmente pelo TCU e não temos
>>> muita flexibilidade para o uso de nossa verba,
>>> então, trabalhamos dentro das nossas possibilidades.
>>>
>>> O problema de evasão é grave, triste e precisa ser
>>> estudado e combatido. Alegar simplesmente que os
>>> alunos que entram são fracos não é razoável. A falta
>>> de prestígio da nossa área pode atrair um monte de
>>> alunos interessados apenas na baixa concorrência nos
>>> vestibulares. Isso não é bom.
>>>
>>> Na última reunião que o Julio Trecenti (presidente
>>> do CONRE-3) e eu (como vice-presidente) tivemos no
>>> conselho federal, no RJ, discutimos a "morte" da
>>> nossa carreira no mercado de trabalho para o
>>> cientista de dados. Já há deptos de computação
>>> interessados em oferecer Bacharelado em Ciência de
>>> Dados, assim como há engenharias interessados em
>>> "Engenharia Estatística".
>>>
>>> Enfim, pensei em compartilhar um pouco das minhas
>>> preocupações.
>>>
>>> Bom final de semana e abraços a todos,
>>> Doris
>>>
>>>
>>>
>>>
>>>
>>> _______________________________________________
>>> abe mailing list
>>> abe em lists.ime.usp.br <mailto:abe em lists.ime.usp.br>
>>> https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe
>>
>> _______________________________________________
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>> abe em lists.ime.usp.br <mailto:abe em lists.ime.usp.br>
>> https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe
>>
>> _______________________________________________
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>> https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe
>
>
>
>
> --
> *Basilio de Bragança Pereira,M.Sc. and D.L. (COPPE) D.I.C. and
> Ph.D. (Imperial College).
> *Professor Emérito da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
> *Coordenador Substituto do Programa de Pós Graduação de
> Cardiologia, ICES-Instituto do Coração Edson Saad e FM-Faculdade
> de Medicina, UFRJ.
> *Pesquisador Colaborador do LNCC - Laboratório Nacional de
> Computação Ciêntifica .
>
> Tel: 55 21 3938-6225 (ICES) ,55 24 2233-6106 (LNCC) 55 21
> 3938-7045 (COPPE).
> <http://www.poscardio.ufrj.br/index.php/pt-BR/>
> http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783624H9
> http://www.poscardio.ufrj.br/index.php/pt-BR/
>
> *Mail Address:
> Programa de Engenharia de Produção - COPPE/UFRJ
> Caixa Postal 68507
> CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ ,Brazil
>
> The best thing about being a statistician is that you get to play
> in everyone´s backyard (John Tukey)
> O artista vê a verdade no belo, o cientista vê o belo na verdade.
>
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