[ABE-L] Formação de Bacharéis em Estatística - Brasil x EUA

Doris Fontes dsfontes em gmail.com
Seg Ago 27 16:20:23 -03 2018


Olá, Elias,

A recomendação de 3000 horas para Bacharelado em Estatística, se eu não me
engano, já é mais ou menos seguida na maioria das universidades seguindo,
inclusive, as diretrizes curriculares de 2008 (
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2008/rces008_08.pdf). No entanto,
acredito que haja, sim, espaço para optativas direcionadas a data science
-- para tanto, bastaria haver professores que tenham interesse e sejam
capazes de oferecer essas disciplinas.

Doris



Em seg, 27 de ago de 2018 às 15:31, Elias T Krainski por (abe) <
abe em lists.ime.usp.br> escreveu:

> Caros,
>
> Fator interessante na tabela em (
> http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/rces002_07.pdf) é que a
> formação do Estatístico prevê 3000 horas aula. Para Fisica, Matemática,
> Química são 2400 horas aula e nas Engenharias são 3600 horas aula.
>
> Numa discussão sobre isso durante uma mesa redonda da RBRAS comentou-se de
> que há espaço para muita coisa em 3000 horas. Não é difícil ter optativas
> direcionadas a data science, como já temos alguma coisa aqui na UFPR.
>
> Elias
>
> On 25/08/2018 19:48, Doris Fontes wrote:
>
> Oi, Basílio,
>
> Sim, concordo que no Brasil a profissão de engenheiro é mais valorizada,
> tem mais glamour, mais apelo mercadológico. MAS, não sei se "ser
> engenheiro" é solução para tudo. Na área de Data Science já é comum as
> empresas NÃO quererem contratar engenheiros, preferindo, nesta ordem:
> estatísticos, matemáticos, físicos e, caso necessário, engenheiros.
>
> Sim, a regulamentação da profissão é um problema no caso de virar
> "engenheiro estatístico". Seria uma grande briga e seria injusta: um
> conselho pequeno como o nosso VS um enorme como o CREA. Eu prefiro defender
> a nossa profissão por enquanto.
>
> Abraços,
> Doris
>
>
> Em sáb, 25 de ago de 2018 às 19:04, Basilio de Bragança Pereira <
> basilio em hucff.ufrj.br> escreveu:
>
>> Cara Doris
>> Em época de globalização posso até comcordo com voce .
>> Em termos de Brazil voce não acha que o titulo de engenheiro é mais
>> valorizado?
>> Entretanto como seria o registro profissional ? No Conre ou no Crea?
>> Infelizmente temos este esta restriçao de registro profissional!!!!!
>>
>> Em 25 de agosto de 2018 18:46, Doris Fontes <dsfontes em gmail.com>
>> escreveu:
>>
>>> Olá, prof. Basílio,
>>>
>>> Eu *não* concordo com a ideia de transformar o Bacharelado em
>>> Estatística em Engenharia Estatística. Apenas mencionei que é um cenário
>>> que se cogita no meio acadêmico. Se assim for o desejo de muitos
>>> departamentos, comentei que deverá haver uma reestruturação grande.
>>>
>>> Abraços,
>>> Doris
>>>
>>>
>>>
>>>
>>> Em sáb, 25 de ago de 2018 às 16:38, Basilio de Braganca Pereira <
>>> basilio em hucff.ufrj.br> escreveu:
>>>
>>>> Doris
>>>> Não concordo com sua visão da formação do engenheiro.
>>>> Lembre da formação em física que falta nos bacharelados em estatística.
>>>> Além disso a formação matemática e semelhante e às vezes melhor que no
>>>> BSc de estatística.
>>>> Basilio
>>>> Enviado do meu iPhone
>>>>
>>>> Em 25 de ago de 2018, à(s) 14:57, Doris Fontes <dsfontes em gmail.com>
>>>> escreveu:
>>>>
>>>> Oi, Elias,
>>>>
>>>> Concordo que o fenômeno "data science" é um importante gancho para
>>>> atrair alunos. Mas não dá apenas para atrair para o bacharelado em
>>>> estatística sem fazer um forte conexão com o "data science" propriamente
>>>> dito. Já ouvi discussões sobre transformar o Bacharelado em Estatística em
>>>> Engenharia Estatística, para tornar o curso mais atraente. Pode até ficar
>>>> mais atraente, mas o corpo docente, assim como conteúdo programático, têm
>>>> que mudar bastante, tornarem-se mais pragmático, ser um curso mais
>>>> empresarial e, no fundo, mais superficial na matemática e na estatística.
>>>> Se esse for o objetivo...
>>>>
>>>> Atrair mais gente para a estatística é uma missão complexa, mas não
>>>> acho que seja impossível.
>>>>
>>>> Doris
>>>>
>>>>
>>>> Em seg, 20 de ago de 2018 às 14:06, Elias T Krainski por (abe) <
>>>> abe em lists.ime.usp.br> escreveu:
>>>>
>>>>> Caros,
>>>>>
>>>>> Acho que muito do que ocorreu nos EUA (incremento exponencial no
>>>>> número de formados em Estatística e linear no interesse por estatística) é
>>>>> reflexo da popularização recente do termo "data science".
>>>>>
>>>>> No início da palestra do Michael Jordam ele falou algo assim: "Se você
>>>>> é da estatística o futuro é a computação, se você é da computação o futuro
>>>>> é a estatística".
>>>>>
>>>>> Dos fatos mostrados pela Doris temos que os egressos dos cursos de
>>>>> bacharelado em estatística no Brasil não serão suficientes para atender a
>>>>> demanda.
>>>>>
>>>>> Uma possível saída são cursos de especialização em ciência de dados.
>>>>> Temos (pelo menos) 4 desse tipo aqui em Curitiba. A nossa (
>>>>> http://dsbd.leg.ufpr.br/) teve aproximadamente o dobro de inscritos
>>>>> em relação às vagas no final do ano passado. Para uma próxima turma há um
>>>>> pré-cadastro que conta com mais de 7 vezes o número de vagas a serem
>>>>> oferecidas.
>>>>>
>>>>> Att.
>>>>>
>>>>> Elias
>>>>> On 17/08/2018 23:51, Doris Fontes wrote:
>>>>>
>>>>> Colegas, boa noite,
>>>>>
>>>>> Achei esse artigo interessante da ASA:
>>>>> http://magazine.amstat.org/blog/2018/08/01/2017-degree-report/
>>>>>
>>>>> Enquanto aqui, desde 2004 (quando eu comecei a acompanhar o Censo do
>>>>> INEP), temos a seguinte situação, resumidamente:
>>>>>
>>>>> Nº de programas de Graduação em Estatística aqui e nos EUA, além do
>>>>> programa de mestrado em estatística. Notem que o número de bacharelados em
>>>>> estatística aqui no Brasil cresce a partir de 2007, acredito eu, por causa
>>>>> do REUNI.
>>>>>
>>>>> [image: image.png]
>>>>>
>>>>> Sem contar que lá existem muitos programas de graduação e pós somente
>>>>> em BIOESTATÍSTICA, enquanto que aqui só temos UM programa de mestrado (UEM)
>>>>> e nenhum bacharelado.
>>>>>
>>>>> Em termos de egressos, temos a seguinte situação (até o último censo
>>>>> divulgado do INEP):
>>>>>
>>>>> [image: image.png]
>>>>>
>>>>> Um fato relevante nos EUA é a explosão de interessados no programa de
>>>>> AP STATISTICS: saltou de menos de 8 mil em 1997 para pouco mais de 205 mil
>>>>> participantes em 2016.
>>>>>
>>>>> (The AP Statistics course is equivalent to a one-semester,
>>>>> introductory, non-calculus-based college course in statistics. The course
>>>>> introduces students to the major concepts and tools for collecting,
>>>>> analyzing, and drawing conclusions from data. There are four themes in the
>>>>> AP Statistics course: exploring data, sampling and experimentation,
>>>>> anticipating patterns, and statistical inference. Students use technology,
>>>>> investigations, problem solving, and writing as they build conceptual
>>>>> understanding.
>>>>> https://apcentral.collegeboard.org/courses/ap-statistics/course)
>>>>>
>>>>> [image: image.png]
>>>>>
>>>>>
>>>>>
>>>>> Comparando egressos vs vagas oferecidas pelas universidades
>>>>> brasileiras, temos:
>>>>>
>>>>> [image: image.png]
>>>>>
>>>>>
>>>>>
>>>>> Formandos por tipo de universidade:
>>>>>
>>>>> [image: image.png]
>>>>>
>>>>>
>>>>> O número de vagas oferecidas também cresceu a partir de 2007 (REUNI),
>>>>> mas o número de egressos não aumentou. Está estagnado ou, pior, menor que
>>>>> em 2004. Poderíamos dizer que, a grosso modo, a taxa de evasão da
>>>>> estatística beira os 75%.
>>>>>
>>>>> No Brasil já começa a aparecer programas de graduação e pós em Ciência
>>>>> de Dados, como no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, em Belo
>>>>> Horizonte (MG). Não sei qual a qualidade desses programas. Alguns cursos de
>>>>> pós chegam a abordar apenas introdução à estatística.
>>>>>
>>>>> As vagas para profissionais de Analytics/Big Data/Data Science cresce
>>>>> muito no mundo  todo. Se você entrar hoje no site do indeed.com e
>>>>> fizer uma busca por "analytics", vai encontrar algo como 140 mil vagas.
>>>>> Lógico que tem muita coisa misturada, mas mostra o potencial de mercado
>>>>> para quem sabe analisar dados. No blog do CONRE-3 de Oportunidades de
>>>>> Trabalho para Estatísticos (https://www.facebook.com/groups/statjobs/),
>>>>> hoje com pouco mais de 11 mil membros, temos divulgado mais de 2 mil vagas
>>>>> de trabalho por ano -- e são vagas parciais, pois muitas empresas publicam
>>>>> apenas na Catho, ou sequer divulgam (preenchimento através de indicações
>>>>> somente). Se formamos menos de 400 num ano, está claro que não temos
>>>>> capacidade para prover profissionais para o mercado interno. Pior ainda,
>>>>> alguns bons estatísticos saem do país.
>>>>>
>>>>> Talvez possamos pensar juntos sobre formas de melhorar esse índice de
>>>>> evasão, num programa conjunto, mais agressivo, de divulgação da nossa área
>>>>> junto aos alunos do ensino médio. O CONRE-3 tem recursos bem pequenos
>>>>> (muito em função do desinteresse dos estatísticos pelo seu conselho
>>>>> profissional -- às vezes até boicote de formandos e professores), mas,
>>>>> dentro do possível, temos tentado implementar muitos programas de
>>>>> valorização, divulgação e fortalecimento da nossa profissão: eventos
>>>>> ligados ao mercado de trabalho, TENDA ESTATÍSTICA (através de esforço
>>>>> conjunto com a ABE e SBPC) para estudantes de todas as idades, palestras em
>>>>> escolas ou envio de material de divulgação da estatística aos alunos de EM;
>>>>> ajuda aos deptos de estatística com palestras e materiais de apoio; ajuda a
>>>>> eventos variados (como o SINAPE, RBras/SEAGRO, Semests, feira de
>>>>> profissões, etc). Somos auditados anualmente pelo TCU e não temos muita
>>>>> flexibilidade para o uso de nossa verba, então, trabalhamos dentro das
>>>>> nossas possibilidades.
>>>>>
>>>>> O problema de evasão é grave, triste e precisa ser estudado e
>>>>> combatido. Alegar simplesmente que os alunos que entram são fracos não é
>>>>> razoável. A falta de prestígio da nossa área pode atrair um monte de alunos
>>>>> interessados apenas na baixa concorrência nos vestibulares. Isso não é bom.
>>>>>
>>>>> Na última reunião que o Julio Trecenti (presidente do CONRE-3) e eu
>>>>> (como vice-presidente) tivemos no conselho federal, no RJ, discutimos a
>>>>> "morte" da nossa carreira no mercado de trabalho para o cientista de dados.
>>>>> Já há deptos de computação interessados em oferecer Bacharelado em Ciência
>>>>> de Dados, assim como há engenharias interessados em "Engenharia
>>>>> Estatística".
>>>>>
>>>>> Enfim, pensei em compartilhar um pouco das minhas preocupações.
>>>>>
>>>>> Bom final de semana e abraços a todos,
>>>>> Doris
>>>>>
>>>>>
>>>>>
>>>>>
>>>>>
>>>>> _______________________________________________
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>>>>
>>
>>
>> --
>> *Basilio de Bragança Pereira,M.Sc. and D.L. (COPPE) D.I.C. and Ph.D.
>> (Imperial College).
>> *Professor Emérito da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
>> *Coordenador Substituto do Programa de Pós Graduação de Cardiologia,
>> ICES-Instituto do Coração Edson Saad e FM-Faculdade de Medicina, UFRJ.
>> *Pesquisador Colaborador do LNCC - Laboratório Nacional de Computação
>> Ciêntifica .
>>
>> Tel: 55 21 3938-6225 (ICES) ,55 24 2233-6106 (LNCC)  55 21 3938-7045
>> (COPPE).
>> <http://www.poscardio.ufrj.br/index.php/pt-BR/>
>> http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783624H9
>> http://www.poscardio.ufrj.br/index.php/pt-BR/
>>
>> *Mail Address:
>> Programa de Engenharia de Produção - COPPE/UFRJ
>> Caixa Postal 68507
>> CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ  ,Brazil
>>
>> The best thing about being a statistician is that you get to play in
>> everyone´s backyard (John Tukey)
>> O artista vê a verdade no belo, o cientista vê o belo na verdade.
>>
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