[ABE-L] A escolha de cada um

Carlos Alberto de Bragança Pereira cpereira em ime.usp.br
Seg Set 3 19:27:14 -03 2018


Caros redistas colegas e amigos
Quando cheguei em são paulo, muitos e muitos anos ago, o professor  
Severo me adotou como jovem amigo.  Nossa convivência foi incrível.   
Acho que iriam gostar de saber de um cara especial, José Severo de  
Camargo Pereira.  Foi ele quem me convenceu, embora foss de equerda, a  
ler o Estadão e não a Folha.  Na verdade só me convenci depois que a  
folha publicou a lista dos improdutivos da usp.  Como vi as injustiças  
da lista escrevi para a folha pedidndo que se retratassem com o  
Professor IMRE e outros dois colegas.  A folha se rejeitou a corrigir,  
pois na opinião deles, como alista tinha sido entregue por nossa  
reitoria a responsabilidade não era deles.  Me dizia Severo que o  
Estadão, ao contrário da folha, não escrevia entre linhas como se  
fosse subliminar propagandas.
Espero assim ter me desculpado de ser um assíduo leitor do estadão.

Isso tudo foi para eu colocar aqui na nossa rede um artigo de  
Rosenfield sobre o atual estado de nossa esquerda.  Fiquei sem saber  
se ele seria um direitista ou se um esquerdista como o Fausto da  
Piaui, apontando o que ele pensa ser erros da esquerda.

Aqui vai o artigo do Professor

A esquerda em riste:
Essa histérica cruzada contra a direita não passa de uma simples  
manobra diversionista

A histeria anti-Bolsonaro, conduzida pela esquerda e por setores da  
classe média politicamente correta, está chegando ao paroxismo.  
Aumenta na proporção em que o candidato avança nas pesquisas, sendo um  
sério pretendente a ocupar a cadeira de presidente da República. Quem  
apostava que a bolha iria estourar está alarmado com seu tamanho e  
resistência. Os nostálgicos da polarização PT x PSDB literalmente não  
sabem o que fazer. É toda uma maneira de pensar e agir que está sendo  
questionada.

A qualificação de extrema direita está sendo de grande comodidade para  
todos os que continuam presos a seus velhos esquemas de pensamento. É  
como se Jair Bolsonaro fosse uma espécie de personificação do mal, que  
deveria ser extinta graças às boas intenções dos que se apresentam  
como “democratas”, seja lá o que esse termo signifique para boa parte  
deles. Alguns, açodados, já pensam numa aliança entre PSDB e PT para  
conjurar esse perigo. Ou seja, entre os social-democratas e os que  
levaram o Brasil ao fundo do poço, num assalto aos cofres públicos. As  
pautas social-democrata e social estão sendo usurpadas por aqueles que  
se caracterizaram por atividades criminosas, com a anuência de tucanos  
de boa consciência.

Há uma manobra diversionista em curso. O problema do Brasil seria  
Bolsonaro, e não o PT, com seu legado de PIB negativo, inflação em  
alta, juros estratosféricos, desemprego exorbitante, apropriação  
“privada-partidária” de empresas estatais e corrupção generalizada.  
Seriam esses, então, os “democratas” que procuram evitar a volta da  
“extrema direita”! “Democratas”, aliás, que não cessam de defender o  
“socialismo do século 21” de Chávez e Maduro, que conduziu a Venezuela  
a uma crise sem precedentes, caracterizada por sua essência criminosa  
e liberticida. São eles que se colocam na posição de dar lições aos  
demais. Santa paciência com tanta impostura!

Acrescente-se que são eles mesmos que sempre atacaram e atacam o  
processo reformista conduzido pelo presidente Michel Temer, como se  
estivessem lutando contra a “herança maldita” do atual governo, quando  
este nada mais fez do que resgatar o País da verdadeira herança  
maldita petista. De um lado, seria o governo Temer e, de outro, a  
candidatura Bolsonaro, como se eles fossem no presente e numa espécie  
de futuro antecipado os culpados pela crise atual. Trata-se de  
evidente transferência de responsabilidades, com o intento de encobrir  
o que foram os governos petistas.
Bolsonaro tem sido criticado por desconhecer economia. Seja dito a seu  
favor que ele reconhece esse fato e antecipou sua escolha do futuro  
ministro da Fazenda, o respeitado economista liberal Paulo Guedes, em  
eventual governo dele. É honesto em reconhecer a sua limitação.  
Desonestos são os que dizem conhecer economia. Haddad/Lula e Ciro  
Gomes não cessam de defender as patranhas econômicas que levaram o  
País ao desastre. Pretendem simplesmente repetir uma experiência  
fracassada. Aliás, Dilma é economista!

O mais bem-sucedido programa econômico da História recente do País é o  
Plano Real. Foi concebido e implementado pelo ex-presidente Itamar  
Franco, que desconhecia economia. Escolheu um ministro da Fazenda,  
Fernando Henrique, que tampouco conhecia economia. Teve, porém, o bom  
senso de escolher uma equipe econômica competente. Quando se tornou  
presidente, teve de abandonar suas convicções de esquerda ao escolher  
um ministro da Fazenda liberal, Pedro Malan, e depois de várias  
hesitações na política monetária terminou por optar por um economista  
liberal da mais alta reputação, Armínio Fraga, para o Banco Central. O  
desconhecimento de economia produziu belos resultados econômicos!

A questão dos valores também tem entrado em pauta na disputa  
eleitoral. Novamente a qualificação de extrema direita imputada a  
Bolsonaro procura tomar o lugar de uma discussão séria. Assinale-se,  
preliminarmente, que o candidato é produto do politicamente correto,  
contra o qual ele e boa parte da sociedade brasileira se insurgem. Não  
teria ele se tornado o fenômeno que é, não tivesse a esquerda  
procurado impor goela baixo suas concepções.

Tome-se o caso do direito à legítima defesa. Os pregadores - sim, no  
sentido religioso - do Estatuto do Desarmamento é que são os  
autoritários. Em consulta popular a sociedade brasileira tomou posição  
a favor do direito de autodefesa via posse de armas. E o que foi feito  
depois? Implementou-se por medidas administrativas uma política que  
contrariou frontalmente a vontade popular. Quem é, então, autoritário?

A população brasileira está indefesa. Os defensores do desarmamento  
continuam triturando as estatísticas, pois seu fracasso é evidente.  
Pedem mais do mesmo, quando não há nenhum resultado. A situação só  
piora no que respeita à segurança dos cidadãos. E o Estado não é capaz  
de defender seus membros, sendo direito deles defender a própria vida,  
os seus e seu patrimônio. Bandidos não precisam de armas compradas em  
loja e não seguem o tal do “estatuto”! Aliás, são seus aliados!

O politicamente correto desconhece limites. Nega ao cidadão um direito  
básico. Imaginem um produtor rural ou uma pessoa qualquer na zona  
rural. O que faz ao ser assaltado? Telefona para a Polícia Militar?  
Qual seria a provável resposta? “O senhor, ou a senhora, mora muito  
longe, é perigoso nos irmos aí pela noite, além de levar muito tempo!  
Amanhã tomaremos providências, assim que tivermos uma equipe para  
deslocamento”. A pessoa e a sua família estariam completamente  
abandonadas. Claro que muitos que defendem o dito desarmamento vivem  
em condomínios urbanos, com câmeras de segurança, guardas e até  
utilizam carros blindados.

Há questões de valores e princípios que estão sendo desconsiderados  
nesta histérica cruzada contra a extrema direita. Trata-se,  
simplesmente, de uma manobra diversionista!

* PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD em TERRA.COM.BR




-- 
Carlos Alberto de Bragança Pereira
http://www.ime.usp.br/~cpereira
http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
Stat Department - Professor & Head
University of São Paulo





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