[ABE-L] RES: RES: Eleições

Luiz Sergio Vaz luizvaz em sarah.br
Seg Out 6 18:14:37 -03 2014


Professor,
Acrescento, ao RS, os casos do RJ e BA. 
Seus argumentos são contundentes e deveriam ser utilizados pela sociedade estatística para pedir, pelo menos, que as autoridades eleitorais exijam uma prova (será que há ?) de como os institutos conseguiram calcular as estimativas das margens de erro, em uma amostragem por cotas.

Fui aluno do Prof. Jorge, na UnB, em Amostragem. À época, ele pediu aos alunos que analisassem os resultados das eleições para governador, em 1986, demonstrando já a preocupação com o tema.

Luiz

-----Mensagem original-----
De: abe [mailto:abe-bounces em lists.ime.usp.br] Em nome de Jose Carvalho
Enviada em: segunda-feira, 6 de outubro de 2014 17:06
Para: abe em lists.ime.usp.br
Assunto: Re: [ABE-L] RES: Eleições

Colegas:

Se eu tivesse de dizer alguma coisa, seria: "eu não disse?"

Há dois assuntos em vista aqui -

o primeiro é que as margens de erro são calculadas com expressões deduzidas para amostragem aleatória. E a amostragem por quotas não é aleatória. A não ser que se diga que uma divindade aleatorizou alguma coisa, embaralhando as pessoas, nas ruas, nos domicílios, nas lojas...
Não sendo assim, as declarações de margens de erro são, em sua base, FALSAS.

Escreveu-se aqui da perplexidade quanto ao erro de fato ocorrido na eleição presidencial. E quanto ao caso do RS, em que o terceiro colocado nas "pesquisas" saiu-se em primeiro na votação? E tantas outras? Quem vai se dar ao trabalho de verificar, eleição por eleição, se cerca de 95% dos resultados estão dentro das declaradas "margens de erro". Faça isso alguém. Já divulguei a Seca e Meca o que o professor Jorge de Sousa fez no passado, com resultados bem ruins para os pleitos que ele analisou. Já fizemos alguns levantamentos, o professor Cristiano Ferraz e eu, com resultados ruins; nada que nos surpreendesse. Não há razão para perplexidade. E colocarão a culpa na estatística? Eu colocaria a culpa em sociólogos e cientistas políticos, desses "institutos", que veem amostragem como uma "miniatura" da população, miniatura segundo seus entendimentos de classificações ligadas à votação. E apenas isso!
Eu não estou perplexo, sequer surpreso.

Cristiano mandou uma mensagem para mim, dizendo que estava se matando de rir, ao ver, domingo à noite,  as "explicações" das muitas e graves diferenças. Há gente que explica todo dia o por que a Bolsa subiu ou desceu um ou alguns pontinhos... para não estatísticos (e alguns
estatísticos) tudo tem explicação. Até o ruído, a variação aleatória!

Fui entrevistado depois das eleições, por repórteres de rádios. Sempre vem uma pergunta, que parece capciosa, mas deve ser fruto apenas de real e legítima preocupação. São os resultados manipulados? A essa pergunta eu respondo, com sinceridade, que não sei. Tudo o que sei (ou acho, melhor dizendo) é que as "pesquisas" podem influenciar o eleitorado.
Isso é grave. Se pelo menos as pesquisas fossem tecnicamente bem conduzidas... Como veem todos, não precisamos de experimentar para ver.
como as "pesquisas" não tem respaldo objetivo, científico, acho que não deveriam ser divulgadas.

Enfim, não se culpe a estatística. O método estatístico não é empregado.
Já bastam tomarem emprestado fórmulas que são estatísticas, mas aplicadas sem base.

Se a presidente pode dizer Pô!, uma bela interjeição usada em entrevista, eu posso baixar o nível um pouquinho e usar um argumento bobo, mas contundente. Amostragem por quota é usada por que é barata e rápida. Maravilha! Então por que o IBGE, lotado de bons estatísticos não emprega tal método? Afinal o IBGE poderia fazer mais, e com economia.
Ora, convenhamos!!!!



Abs a todos.



On 10/06/2014 11:58 AM, Luiz Sergio Vaz wrote:
> João, na minha visão o valor de 33% não está no caminho dessa tendência. É um ponto fora do modelo. Algo não captado pela amostragem.
> 
> O percentual do dia 04/10 foi de 22% (Datafolha) e 24% (ibope). Em relação ao Datafolha, a diferença foi de aproximadamente 12%. Isso representa aproximadamente 12.000.000 de votos! Será que 12.000.000 de pessoas mudaram o voto no último dia ? Não acredito que tenha sido isso.
> 
> Acho que vale discutir o tema, pela importância de seus efeitos.
> 
> Luiz
> 
> De: João Daniel Duarte [mailto:jdanielnd em gmail.com] Enviada em: 
> segunda-feira, 6 de outubro de 2014 10:38
> Para: Luiz Sergio Vaz
> Cc: abe-l em ime.usp.br
> Assunto: Re: [ABE-L] Eleições
> 
> Acho que muito vem da má interpretação dos resultados. As pesquisas mostram a intenção de voto naquele momento, mas não incorporam tendência. O Aécio apresentou uma clara tendência de crescimento nas últimas semanas, mas ela não é incorporada aos resultados.
> 
> Em 6 de outubro de 2014 10:15, Luiz Sergio Vaz <luizvaz em sarah.br<mailto:luizvaz em sarah.br>> escreveu:
> Bom dia,
> 
> Fui dormir perplexo com o resultado oficial das eleições para presidente. Talvez a metodologia empregada não estaria adequada para uma eleição majoritária para Presidente. O Brasil é um pais imenso e multi - tudo: multicultural, multirracial e multivariado. Talvez essa característica esteja prejudicando os institutos.
> 
> As pessoas sempre nos perguntam porque os Institutos de pesquisa erram tanto. E os que me perguntam sempre jogam a conta para a ciência Estatística. Hoje alguém, com certeza, vai me contar pela n-ésima vez que aquela estorinha: há três mentiras universais e uma delas é a Estatística. Na boca de urna, o IBOPE só passou perto dos 22% da Marina*.
> 
> Acho que a comunidade estatística, através de suas Associações e Conselhos profissionais, deveriam tomar partido por uma estatística melhor nessa área. Quem sabe fazer uma avaliação oficial dos resultados (pesquisa x urna) . A sociedade brasileira e os estatísticos agradeceriam.
> 
> Abraço,
> Luiz
> 
> 
> *Segundo a pesquisa de boca de urna do Ibope, com 5.000 entrevistados, a presidente teria confirmado seu favoritismo e recebido 44% dos votos válidos, contra 30% para Aécio. Marina Silva (PSB), que até pouco tempo aparecia à frente de Aécio nas pesquisas de intenção de voto, viria em terceiro, com 22% dos votos válidos.
> 
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