[ABE-L] Uma provocação acadêmica

Filipe Zabala filipezabala em gmail.com
Qua Out 22 23:59:27 -03 2014


https://faculty.fuqua.duke.edu/~rnau/definettiwasright.pdf

Em 22 de outubro de 2014 23:53, <asimonis em ime.usp.br> escreveu:

>
> Caros, supondo que o pessoal da geral (eu e + alguns) e os da arquibancada
> também possam dar pitacos, gostaria de destacar o ponto colocado sobre "
> probabilidade não existe" que é bem sabido até pela torcida do Flamengo
> (não falemos mais de futebol hoje pois o Glorioso hoje perdeu para aqueles).
>
> O cálculo de probabilidades existe e é muito bem-vindo por todos. A
> réplica de experimentos foi o que deflagrou a Revolução Científica.
>
> A estimativa por cotas se bem-feita é um belo estimador. Se é bom nunca
> saberei por não permite o cálculo a que me referi.
>
> Mesmo com verossimilhancas "flats" devemos, por vocação, não cair em
> falácias, tais como: o meu cão recebe comida se sentar, mas não quer dizer
> que basta isto para ser alimentado. Em outras palavras, reproduzir as
> proporcionalidades populacionais na amostra não a torna uma amostra
> aleatória.
>
> Abs
>
>
> Citando Pedro Luis do Nascimento Silva <pedronsilva em gmail.com>:
>
>  Colegas,
>>
>> Quando o técnico entra em campo, é bom os jogadores ouvirem o que ele tem
>> a
>> dizer... Mesmo os supostos craques (falo por mim)...
>>
>> Carlinhos, a dificuldade com a amostragem por cotas, para mim, não vem de
>> um argumento teórico, embora eu respeite todo os já apresentados.
>>
>> Eu conheço, por exemplo, os trabalhos do Migon e do Gutemberg em pesquisas
>> eleitorais feitas nos anos 90 em que usaram modelos de escolha intencional
>> para a amostra de sessões eleitorais cujos resultados, em eleições
>> passadas, se pareciam mais com os resultados globais. Este tipo de
>> abordagem tem uma propriedade fundamental: é replicável.
>>
>> Você também apresentou alternativas que levam a procedimentos replicáveis.
>>
>> Os modelos de amostragem por cotas em uso aqui e em outras partes tem um
>> componente que os torna 'irreplicáveis': dão ao entrevistador que está na
>> rua uma liberdade muito grande de fazer o que quiser, dentro de parâmetros
>> muito frouxos de quem podem e quem não podem selecionar. Este tipo
>> abordagem admite modelagem, claro, mas como se sairá o modelo com pequenas
>> variações na composição da equipe que faz a coleta ou no posicionamento da
>> equipe de coleta no campo?
>>
>> Na semana passada eu encontrei um pesquisador de um dos grandes institutos
>> que fazem pesquisas eleitorais, posicionado na esquina da Av. Nossa
>> Senhora
>> de Fátima com Rua do Riachuelo, e selecionando pessoas para entrevistar
>> com
>> a seguinte estratégia: mostrava aos passantes o crachá bem grande que
>> tinha
>> com o nome do instituto, e convidava para participar da pesquisa. Quem
>> conhece o local saberá que não dá para chamar os passantes de eleitores
>> permutáveis...
>>
>> Creio que estamos num bom caminho ao explicitar o debate, trazer à tona os
>> vários argumentos e alternativas, explorar suas vantagens e limitações, e
>> assim, crescer no conhecimento das possibilidades.
>>
>> Lamentavelmente, nossa discussão aqui tem pouca chance de influenciar o
>> mercado de pesquisas eleitorais (ao menos no curto prazo).
>>
>> Mas isto não é argumento para não continuar com a discussão.
>>
>> Saudações botafoguenses... Pedro
>>
>>
>>
>> Em 21 de outubro de 2014 23:07, Carlos Alberto de Bragança Pereira <
>> cpereira em ime.usp.br> escreveu:
>>
>>
>>> Caros redistas:
>>>
>>> É com muita satisfação ver uma discussão em nossa rede de craques: Pelé,
>>> Maradona, Neymar e Messi - Zé, Pedro, Rafael e Neale. Como um
>>> coadjuvante,
>>> vou tentar bater uma bola com esse pessoal da pesada.
>>>
>>> Nas minhas últimas intervenções tentei colocar alguns pontos esquecidos e
>>> agora vejo pelos artigos apresentados que a análise sim é fundamental.
>>> Por
>>> sinal devo dizer que tive ótimas discussões com alguns redistas fora do
>>> nosso fórum.   Mas o que mais me chamou atenção foi a palavra
>>> probabilística acompanhando a amostragem como sendo um qualificativo.  E
>>> claro o outro qualificativo cotas tende a ser pejorativo para parte do
>>> nosso fórum.  O Carvalho sim explicou como as pessoas fazem a amostragem
>>> por cotas e creio que ele está correto na forma equivocada como são
>>> realizadas.  Contudo, creio que se feita com propriedade pode ser útil e
>>> auxiliar na coleta de uma amostra “boa”.  Vou simplificar bastante minha
>>> discussão para que possamos discutir com talvez mais clareza, pelo menos
>>> para mim.
>>>
>>> Representemos nosso problema pela nossa conhecida urna com bolinhas
>>> coloridas: vermelho para o PT, verde para os tucanos e brancas para o
>>> resto
>>> (brancos; nulos; e não votantes).  Consideramos uma amostra informativa
>>> (paramétrica) se a verossimilhança depender das frequências de cada uma
>>> das
>>> categorias e ai ter-se-ia um modelo hipergeométrico multivariado, com
>>> parâmetros P, T e B, população N (Número de bolas da urna) e amostra n
>>> (número de bolas na amostra).  Este modelo é muito bom para partes da
>>> população onde os eleitores, em nossa opinião seriam permutáveis.  Assim
>>> lembrando o famoso artigo de Lindley e Novick do Annals of Statistics, a
>>> permutabilidade é equivalente às estratificações e aglomerações da
>>> amostragem.  Em cada núcleo pequeno teríamos assim uma urna de 3 cores.
>>> Daí teríamos para cada núcleo uma hipergeométrica específica dando a
>>> verossimilhança necessária para compor a verossimilhança do aglomerado
>>> que
>>> em uma composição posterior formar a verossimilhança do estrato e por
>>> fim a
>>> verossimilhança global que nos daria o conjunto de credibilidade para
>>> formar a verossimilhança global.  Esse foi um dos dois modelos usado por
>>> nós na eleição da Nicarágua.
>>>
>>> Agora pensemos na urna com as bolinhas marcadas com os nomes dos
>>> eleitores
>>> e ai diferenciados uma a um.  O modelo agora é selecionar uma amostra de
>>> tamanho n da população de tamanho N. Neste caso cada uma das amostras
>>> teria
>>> probabilidade igual ao inverso de C(N;n) que é a combinação de N, n a n.
>>> Todas as amostras de tamanho n tendo a mesma probabilidade de ser
>>> extraída
>>> ao chacoalharmos a urna do escritório do estatístico.  Neste caso,
>>> muda-se
>>> o valor dos parâmetros P, T e B e a verossimilhança continua sendo a
>>> mesma,
>>> o que chamei de flat.  Lembrem-se os colegas que por esta razão chamei de
>>> flat a verossimilhança.  Assim, não há como usar o estimador de Máxima
>>> verossimilhança e sim estimadores não viciados com a verossimilhança
>>> Flat,
>>> sendo a variável aleatória o indicador de um eleitor pertencer ou não a
>>> amostra sem referência ao fato de ele ser de alguma cor.  Com o fato de
>>> usarmos estratificação e conglomeração usamos esses métodos para
>>> melhorar o
>>> indicador de o eleitor i pertencer ou não a amostra.  Esse foi o segundo
>>> modelo usado por nós na eleição da Nicarágua como o Carvalho mencionou.
>>> Nosso artigo está nos anais do SINAPE de 1990.  Devido ao tamanho do
>>> documento que preparei tentarei enviar uma cópia em um próximo e-mail,
>>> pois
>>> no e-mail do IME normalmente não conseguimos enviar pastas com mais de 1
>>> megabyte.  Como o Carvalho mencionou, foi um trabalho hercúleo do grupo
>>> do
>>> grande mestre OSCAR mostrar as convergências dos estimadores não viciados
>>> (estimador razão) deste tipo de modelo.  Como irão ver em nosso artigo os
>>> resultados foram equivalentes.
>>>
>>> Finalmente gostaria de mencionar a amostragem intencional que é obtida
>>> por
>>> otimização global.  Nossa receita é copiar na amostra as proporções
>>> populacionais para aquelas variáveis consideradas relacionadas com a
>>> variável que temos interesse, a frequência de eleitores em cada núcleo
>>> (estratificação e aglomeração).  O problema é que somos obrigados a usar
>>> um
>>> otimizador: isto é, quais as mostras de tamanho n da população de
>>> tamanho N
>>> que melhor copia a população daquele pequeno núcleo. Note que como a
>>> amostragem não paramétrica é flat e esta amostra otimizada é uma possível
>>> seleção daqueles modelos não paramétrico! Então, qual o problema de
>>> usarmos
>>> a mesma inferência daquele modelo?  Esta é a diferença que eu e o Zé
>>> teríamos.  Lembrem-se que o modelo de cotas usadas pelos institutos não
>>> fazem a otimização global e sim marginal, isso se usarem o descrito pelo
>>> Carvalho.
>>>
>>> Finalizo esta minha singela intervenção dizendo que a composição das
>>> verossimilhanças pode ser pensada como uma meta análise de
>>> verossimilhanças
>>> que descrevi no artigo convidado da revista Ciência e Natura do nosso
>>> colega Fábio.
>>> Como provocação, coloco aqui o paradigma: Por que uma amostra por cotas
>>> (da forma otimizada que coloquei) passaria de ruim a boa apenas porque
>>> foi
>>> selecionada por um mecanismo não informativo? Uma urna que não tem nada
>>> haver com a população pode transformar uma amostra ruim em boa só porque
>>> é
>>> um ponto amostral possível daquele mecanismo?
>>>
>>> Saudações acadêmicas de um perna de pau.
>>>
>>> Carlinhos
>>> Vou tentar enviar o paper aqui na rede
>>> Se não chegar os interessados que usam outros emails mais flexíveis  por
>>> favor me escrevam que eu mando para vocês.
>>>
>>> --
>>> Carlos Alberto de Bragança Pereira
>>> http://www.ime.usp.br/~cpereira
>>> http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
>>> Stat Department - Professor & Head
>>> University of São Paulo
>>>
>>>
>>> _______________________________________________
>>> abe mailing list
>>> abe em lists.ime.usp.br
>>> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>>>
>>>
>>
>>
>> --
>> Pedro Luis do Nascimento Silva
>> *ISI President-Elect 2013-2015*
>> IBGE - Escola Nacional de Ciências Estatísticas
>> Phone: +55 21 21424957
>>
>
>
>
> _______________________________________________
> abe mailing list
> abe em lists.ime.usp.br
> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <https://lists.ime.usp.br/archives/abe/attachments/20141022/4b929c98/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão abe