[ABE-L] Uma provocação acadêmica

asimonis em ime.usp.br asimonis em ime.usp.br
Qui Out 23 00:48:23 -03 2014


Obrigado Filipe, de 68 páginas passou para 36 páginas.
Um demorado chimarrão ...

Abs a todos


Citando Filipe Zabala <filipezabala em gmail.com>:

> https://faculty.fuqua.duke.edu/~rnau/definettiwasright.pdf
>
> Em 22 de outubro de 2014 23:53, <asimonis em ime.usp.br> escreveu:
>
>>
>> Caros, supondo que o pessoal da geral (eu e + alguns) e os da arquibancada
>> também possam dar pitacos, gostaria de destacar o ponto colocado sobre "
>> probabilidade não existe" que é bem sabido até pela torcida do Flamengo
>> (não falemos mais de futebol hoje pois o Glorioso hoje perdeu para aqueles).
>>
>> O cálculo de probabilidades existe e é muito bem-vindo por todos. A
>> réplica de experimentos foi o que deflagrou a Revolução Científica.
>>
>> A estimativa por cotas se bem-feita é um belo estimador. Se é bom nunca
>> saberei por não permite o cálculo a que me referi.
>>
>> Mesmo com verossimilhancas "flats" devemos, por vocação, não cair em
>> falácias, tais como: o meu cão recebe comida se sentar, mas não quer dizer
>> que basta isto para ser alimentado. Em outras palavras, reproduzir as
>> proporcionalidades populacionais na amostra não a torna uma amostra
>> aleatória.
>>
>> Abs
>>
>>
>> Citando Pedro Luis do Nascimento Silva <pedronsilva em gmail.com>:
>>
>>  Colegas,
>>>
>>> Quando o técnico entra em campo, é bom os jogadores ouvirem o que ele tem
>>> a
>>> dizer... Mesmo os supostos craques (falo por mim)...
>>>
>>> Carlinhos, a dificuldade com a amostragem por cotas, para mim, não vem de
>>> um argumento teórico, embora eu respeite todo os já apresentados.
>>>
>>> Eu conheço, por exemplo, os trabalhos do Migon e do Gutemberg em pesquisas
>>> eleitorais feitas nos anos 90 em que usaram modelos de escolha intencional
>>> para a amostra de sessões eleitorais cujos resultados, em eleições
>>> passadas, se pareciam mais com os resultados globais. Este tipo de
>>> abordagem tem uma propriedade fundamental: é replicável.
>>>
>>> Você também apresentou alternativas que levam a procedimentos replicáveis.
>>>
>>> Os modelos de amostragem por cotas em uso aqui e em outras partes tem um
>>> componente que os torna 'irreplicáveis': dão ao entrevistador que está na
>>> rua uma liberdade muito grande de fazer o que quiser, dentro de parâmetros
>>> muito frouxos de quem podem e quem não podem selecionar. Este tipo
>>> abordagem admite modelagem, claro, mas como se sairá o modelo com pequenas
>>> variações na composição da equipe que faz a coleta ou no posicionamento da
>>> equipe de coleta no campo?
>>>
>>> Na semana passada eu encontrei um pesquisador de um dos grandes institutos
>>> que fazem pesquisas eleitorais, posicionado na esquina da Av. Nossa
>>> Senhora
>>> de Fátima com Rua do Riachuelo, e selecionando pessoas para entrevistar
>>> com
>>> a seguinte estratégia: mostrava aos passantes o crachá bem grande que
>>> tinha
>>> com o nome do instituto, e convidava para participar da pesquisa. Quem
>>> conhece o local saberá que não dá para chamar os passantes de eleitores
>>> permutáveis...
>>>
>>> Creio que estamos num bom caminho ao explicitar o debate, trazer à tona os
>>> vários argumentos e alternativas, explorar suas vantagens e limitações, e
>>> assim, crescer no conhecimento das possibilidades.
>>>
>>> Lamentavelmente, nossa discussão aqui tem pouca chance de influenciar o
>>> mercado de pesquisas eleitorais (ao menos no curto prazo).
>>>
>>> Mas isto não é argumento para não continuar com a discussão.
>>>
>>> Saudações botafoguenses... Pedro
>>>
>>>
>>>
>>> Em 21 de outubro de 2014 23:07, Carlos Alberto de Bragança Pereira <
>>> cpereira em ime.usp.br> escreveu:
>>>
>>>
>>>> Caros redistas:
>>>>
>>>> É com muita satisfação ver uma discussão em nossa rede de craques: Pelé,
>>>> Maradona, Neymar e Messi - Zé, Pedro, Rafael e Neale. Como um
>>>> coadjuvante,
>>>> vou tentar bater uma bola com esse pessoal da pesada.
>>>>
>>>> Nas minhas últimas intervenções tentei colocar alguns pontos esquecidos e
>>>> agora vejo pelos artigos apresentados que a análise sim é fundamental.
>>>> Por
>>>> sinal devo dizer que tive ótimas discussões com alguns redistas fora do
>>>> nosso fórum.   Mas o que mais me chamou atenção foi a palavra
>>>> probabilística acompanhando a amostragem como sendo um qualificativo.  E
>>>> claro o outro qualificativo cotas tende a ser pejorativo para parte do
>>>> nosso fórum.  O Carvalho sim explicou como as pessoas fazem a amostragem
>>>> por cotas e creio que ele está correto na forma equivocada como são
>>>> realizadas.  Contudo, creio que se feita com propriedade pode ser útil e
>>>> auxiliar na coleta de uma amostra “boa”.  Vou simplificar bastante minha
>>>> discussão para que possamos discutir com talvez mais clareza, pelo menos
>>>> para mim.
>>>>
>>>> Representemos nosso problema pela nossa conhecida urna com bolinhas
>>>> coloridas: vermelho para o PT, verde para os tucanos e brancas para o
>>>> resto
>>>> (brancos; nulos; e não votantes).  Consideramos uma amostra informativa
>>>> (paramétrica) se a verossimilhança depender das frequências de cada uma
>>>> das
>>>> categorias e ai ter-se-ia um modelo hipergeométrico multivariado, com
>>>> parâmetros P, T e B, população N (Número de bolas da urna) e amostra n
>>>> (número de bolas na amostra).  Este modelo é muito bom para partes da
>>>> população onde os eleitores, em nossa opinião seriam permutáveis.  Assim
>>>> lembrando o famoso artigo de Lindley e Novick do Annals of Statistics, a
>>>> permutabilidade é equivalente às estratificações e aglomerações da
>>>> amostragem.  Em cada núcleo pequeno teríamos assim uma urna de 3 cores.
>>>> Daí teríamos para cada núcleo uma hipergeométrica específica dando a
>>>> verossimilhança necessária para compor a verossimilhança do aglomerado
>>>> que
>>>> em uma composição posterior formar a verossimilhança do estrato e por
>>>> fim a
>>>> verossimilhança global que nos daria o conjunto de credibilidade para
>>>> formar a verossimilhança global.  Esse foi um dos dois modelos usado por
>>>> nós na eleição da Nicarágua.
>>>>
>>>> Agora pensemos na urna com as bolinhas marcadas com os nomes dos
>>>> eleitores
>>>> e ai diferenciados uma a um.  O modelo agora é selecionar uma amostra de
>>>> tamanho n da população de tamanho N. Neste caso cada uma das amostras
>>>> teria
>>>> probabilidade igual ao inverso de C(N;n) que é a combinação de N, n a n.
>>>> Todas as amostras de tamanho n tendo a mesma probabilidade de ser
>>>> extraída
>>>> ao chacoalharmos a urna do escritório do estatístico.  Neste caso,
>>>> muda-se
>>>> o valor dos parâmetros P, T e B e a verossimilhança continua sendo a
>>>> mesma,
>>>> o que chamei de flat.  Lembrem-se os colegas que por esta razão chamei de
>>>> flat a verossimilhança.  Assim, não há como usar o estimador de Máxima
>>>> verossimilhança e sim estimadores não viciados com a verossimilhança
>>>> Flat,
>>>> sendo a variável aleatória o indicador de um eleitor pertencer ou não a
>>>> amostra sem referência ao fato de ele ser de alguma cor.  Com o fato de
>>>> usarmos estratificação e conglomeração usamos esses métodos para
>>>> melhorar o
>>>> indicador de o eleitor i pertencer ou não a amostra.  Esse foi o segundo
>>>> modelo usado por nós na eleição da Nicarágua como o Carvalho mencionou.
>>>> Nosso artigo está nos anais do SINAPE de 1990.  Devido ao tamanho do
>>>> documento que preparei tentarei enviar uma cópia em um próximo e-mail,
>>>> pois
>>>> no e-mail do IME normalmente não conseguimos enviar pastas com mais de 1
>>>> megabyte.  Como o Carvalho mencionou, foi um trabalho hercúleo do grupo
>>>> do
>>>> grande mestre OSCAR mostrar as convergências dos estimadores não viciados
>>>> (estimador razão) deste tipo de modelo.  Como irão ver em nosso artigo os
>>>> resultados foram equivalentes.
>>>>
>>>> Finalmente gostaria de mencionar a amostragem intencional que é obtida
>>>> por
>>>> otimização global.  Nossa receita é copiar na amostra as proporções
>>>> populacionais para aquelas variáveis consideradas relacionadas com a
>>>> variável que temos interesse, a frequência de eleitores em cada núcleo
>>>> (estratificação e aglomeração).  O problema é que somos obrigados a usar
>>>> um
>>>> otimizador: isto é, quais as mostras de tamanho n da população de
>>>> tamanho N
>>>> que melhor copia a população daquele pequeno núcleo. Note que como a
>>>> amostragem não paramétrica é flat e esta amostra otimizada é uma possível
>>>> seleção daqueles modelos não paramétrico! Então, qual o problema de
>>>> usarmos
>>>> a mesma inferência daquele modelo?  Esta é a diferença que eu e o Zé
>>>> teríamos.  Lembrem-se que o modelo de cotas usadas pelos institutos não
>>>> fazem a otimização global e sim marginal, isso se usarem o descrito pelo
>>>> Carvalho.
>>>>
>>>> Finalizo esta minha singela intervenção dizendo que a composição das
>>>> verossimilhanças pode ser pensada como uma meta análise de
>>>> verossimilhanças
>>>> que descrevi no artigo convidado da revista Ciência e Natura do nosso
>>>> colega Fábio.
>>>> Como provocação, coloco aqui o paradigma: Por que uma amostra por cotas
>>>> (da forma otimizada que coloquei) passaria de ruim a boa apenas porque
>>>> foi
>>>> selecionada por um mecanismo não informativo? Uma urna que não tem nada
>>>> haver com a população pode transformar uma amostra ruim em boa só porque
>>>> é
>>>> um ponto amostral possível daquele mecanismo?
>>>>
>>>> Saudações acadêmicas de um perna de pau.
>>>>
>>>> Carlinhos
>>>> Vou tentar enviar o paper aqui na rede
>>>> Se não chegar os interessados que usam outros emails mais flexíveis  por
>>>> favor me escrevam que eu mando para vocês.
>>>>
>>>> --
>>>> Carlos Alberto de Bragança Pereira
>>>> http://www.ime.usp.br/~cpereira
>>>> http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
>>>> Stat Department - Professor & Head
>>>> University of São Paulo
>>>>
>>>>
>>>> _______________________________________________
>>>> abe mailing list
>>>> abe em lists.ime.usp.br
>>>> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
>>>>
>>>>
>>>
>>>
>>> --
>>> Pedro Luis do Nascimento Silva
>>> *ISI President-Elect 2013-2015*
>>> IBGE - Escola Nacional de Ciências Estatísticas
>>> Phone: +55 21 21424957
>>>
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