[ABE-L] Cotas, quotas,...

Jose Carvalho carvalho em statistika.com.br
Sáb Out 25 16:08:12 -03 2014


Alertado pelo Carlinhos, soube da entrevista de Márcia Cavallari
(IBOPE) no Globo News, no programa de Myrian Leitão, em que foi
declarado que não há como se calcular margens de erros em amostragens
por quotas. Passei a buscar e achei. A jornalista Myrian Leitão postou
um sumário no site da Globo. Eis um excerto:

"Na Globo News
Ibope admite que margem de erro pode ser maior

No meu programa na Globo News, Márcia Cavallari, diretora do Ibope
Inteligência, contou que a margem de erro de uma pesquisa eleitoral
pode ser maior do que a divulgada. Isso porque ela não existe no tipo
de levantamento realizado durante a campanha.

– A gente não pode falar de margem de erro. As pesquisas que fazemos
não são probabilísticas e margem de erro só se calcula com pesquisas
probabilísticas. Todos os institutos no Brasil trabalham com
amostragem por cotas. Por cotas não há literatura que se permita
calcular margem de erro. Temos que falar de margem de erro porque tem
uma legislação eleitoral (que) escreve que para regular as pesquisas
tem que falar qual a margem de erro. A gente registra a margem de erro
antes de realizar a pesquisa. Isso não existe. Margem de erro só se
calcula depois da pesquisa realizada."

Venho dizendo isso há mais de 10 anos. Até mesmo estive em um debate
com Márcia, no CONRE 3, sobre esse mesmo assunto.

A declaração de Márcia é clara e definitiva. Para mim, o assunto está
encerrado, do ponto de vista técnico, uma vez que o praticante da
amostragem por quota finalmente admite que não há como se calcular a
margem de erro.

Mas essa declaração em faz voltar muitos anos. No calor da discussão,
nesta lista, eu disse que o tribunal eleitoral estava sendo enganado.
Disse que, meramente registrando as pesquisas sem verificar a
fidedignidade das informações, o sistema estava coonestando com
pesquisas mal feitas. Por essa (e algumas outras) fui até processado
pelo CONFE. Felizmente, processei de volta e ganhei a causa, se não
teria sido mais um caso de ofensa às liberdades individuais).

Agora, que foi dito que a margem declarada é falsa e assim tem sido,
como fica esse sistema todo? Que ação vai tomar a Justiça Eleitoral?
Como ficam os apresentadores de TV, que declaram, naquela maravilhosa
voz, que a "pesquisa foi registrada sob número XPTO e tem margem de
erro de 2% para mais ou para menos, com confiança de 95%"????

Abraços a todos. Este é um bom sábado. Com um pouco de sorte, amanhã
será ainda melhor!!!

Agora, sim, como se diz em tribunais americanos (que vejo em filmes,
claro): I rest my case! Não tenho mais o que dizer.


-- 
Jose Carvalho, PhD
Statistika
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