[ABE-L] e começa 2015...

Fabio Machado faprama em gmail.com
Seg Jan 12 12:39:18 -03 2015


Um ponto adicional é o acesso prematuro de jovens professores
às demandas burocráticas, administrativas e políticas de seus
departamentos e institutos. Isto somado a também prematura estabilidade
é uma combinação explosiva.

Ouço histórias de jovens colegas que perdem preciosas horas em comissões
e cargos sendo isto entendido como um acesso ao círculo de decisões quando
na verdade são armadilhas que atrasam e na maioria das vezes inviabilizam
o desenvolvimento de suas carreiras acadêmicas.

Saudações






2015-01-12 11:46 GMT-02:00 Gauss Cordeiro <gauss em de.ufpe.br>:
> Caríssimos.
>
>
>
> Meus últimos comentários sobre o tema discutido que constam
>
> de um texto que publiquei (em co-autoria com o Prof. Renato Cintra, UFPE)
>
> no Jornal do Commercio de Recife há  uns 2 anos.
>
>
>
> Infelizmente, ao longo dos últimos anos, uma série
>
> de eventos se combinam para desmantelar qualquer
>
> ambiente acadêmico que pretenda esboçar excelência.
>
>
>
> Nominalmente, temos abaixo 10 pontos de uma lista
>
> que poderia conter pelo menos 50 itens.
>
>
>
> 1. excesso de burocracia que engessa as universidades;
>
>
>
> 2. introdução de legislações, pareceres e recomendações jurídicas
>
> que corroem o mérito e as tradições universitárias (por exemplo, na
>
> UFPE, não se pode solicitar uma simples carta de recomendação
>
> no processo de seleção de alunos da pós-graduação);
>
>
>
> 3. indefesa dos valores acadêmicos baseado em mérito e
>
> desmotivação dos professores mais destacados;
>
>
>
> 4. dificuldades do nosso sistema na contratação de professores estrangeiros;
>
>
>
> 5. infra-estrutura extremamente precária;
>
>
>
> 6. nivelamento por baixo e imposição de sistema de quotas para alunos
> iméritos;
>
>
>
> 7. vestibular com fraquíssimo crivo de seleção. Um exemplo: a trigonometria
>
> do ENEM se resume ao triângulo retângulo.
>
>
>
> 8. excessiva preocupações com evasão ou reprovação,
>
> mas pouca preocupação em melhorar o ensino;
>
>
>
> 9. priorização em criar novos cursos e diplomar alunos
>
> em grande quantidade sem necessariamente zelo pela qualidade;
>
>
>
> 10. baixa qualidade do ensino médio que reflete
>
> em uma baixa qualidade do ensino superior.
>
>
>
> Efetivamente, vem-se introduzindo dispositivos anti-meritocráticos e
>
> assistencialistas que exaltam a mediocridade.
>
>
>
> O estímulo ao esforço e/ou a busca pela excelência está sendo relativizado.
>
>
>
> Sds,
>
>
> Gauss Cordeiro
>
>
> Em 11 de janeiro de 2015 09:15, Gauss Cordeiro <gauss em de.ufpe.br> escreveu:
>
>> Caro Jaime,
>>
>> Bom dia!
>>
>> Permita-me uma pequena sugestão em alterar o seu último parágrafo:
>>
>> "está destruindo"  deve ser substituído por "destruiu" a carreira docente
>> das IFES.
>>
>> Esse fato já ocorreu (portanto é passado) para encerrar a última greve.
>>
>> Nos últimos 3 meses fui convocado para 8 bancas de progressão
>> de professor associado 4 para titular nas duas federais do meu
>> Estado e, em 5 delas, não aceitei  pois os candidatos dos
>> departamentos não tinham (para mim) perfil de professor titular.
>> Todos são agora titulares!
>>
>> Estou numa idade que não almejo mais alterar o rumo da
>> irresponsabilidade acadêmica.
>>
>> Sds,
>>
>> Gauss
>>
>>
>> Em 10 de janeiro de 2015 23:41, Jaime Rivera <rivera em im.ufrj.br> escreveu:
>>
>>> Caros Colegas,
>>>
>>> A análise feita pelo Prof. Rogerio Leite não é completa pois existem
>>> algumas
>>> particularidades com Chile que devem ser consideradas antes de fazer a
>>> análise
>>> dos gastos.
>>>
>>> 1) As universidades chilenas não são gratuitas. Existem as estatais e
>>> privadas
>>> mais a diferença dos preços cobrados não varia muito.
>>>
>>> 2) Não existe estabilidade laboral. O professor que é mal avaliado o não
>>> atinge os objetivos mínimos pode ser demitido.
>>>
>>> 3) Professores chilenos que saem para fazer um doutorado no exterior com
>>> Bolsa
>>> chilena, se não conseguem o doutorado, tem que devolver ao estado todo o
>>> dinheiro que recebeu como bolsa.
>>>
>>> Isso aqui no Brasil sería impensável. Mais aí temos uma grande diferença
>>> que
>>> de por si implica numa economia gigantesca de recursos públicos.
>>>
>>> No Brasil o quadro docente é muito inestável. O perfil de professor
>>> titular
>>> muda de universidade em universidade, existem ainda professores titulares
>>> com
>>> apenas com mestrado ou graduação.
>>>
>>> Outra ponto importante é que não existe cobrança nas bolsas de Doutorado
>>> nem
>>> Pós Doutorado. Isto é candidato a doutor pode ser reprovado e mesmo assim
>>> não
>>> tem que devolver nada ao estado. No caso de Pós Doutorado é pior ainda.
>>> Isto a
>>> maneira de anedota, porem real: Uma vez eu perguntei a um beneficiário de
>>> Bolsa de Pos Doc do CNPq  que passou um ano em USA, se ele tinha
>>> publicado
>>> bem. Ele respondeu: "Jaime lá em USA é outro ritmo, meu orientador me
>>> mandou
>>> fazer cursos de graduação e quase reprovei"
>>>
>>> Mais ainda,  o Programa ciências sem fronteira  leva alunos de graduação
>>> para
>>> centros de excelência. Muitos deles despois  de alguns anos recebendo
>>> bolsa
>>> voltaram porque não sabiam o idioma local.  Todo esse dinheiro ficou em
>>> nada.
>>> Some  esses valores todos e veja quanto dá!
>>> Não é pouco não!
>>>
>>> Para ser breve, este governo, esta destruindo a carreira docente. Na nova
>>> lei
>>> do magistério assinada pelo Dr. Aloizio Mercadante (Tese de Economia: As
>>> bases
>>> do Novo Desenvolvimentismo no Brasil: análise do governo Lula
>>> (2003-2010),
>>> 17/12/2010) assinou a lei 12.863 onde todo professor deve iniciar a
>>> carreira
>>> universitária como auxiliar, não importando sua qualificação. Poder ser
>>> doutor, pós doutor, ter ganhado o Premio Novel o a medalha Field. Começa
>>> o
>>> magistério como auxiliar. Isso é mandar a meritocracia para aquele lugar.
>>> Fora os pontos acima estou de acordo com a opinião do Prof. Leite.
>>>
>>> Um abraço
>>> Jaime.
>>>
>>>
>>>
>>> --
>>> Jaime E. Munoz Rivera
>>>
>>>
>>> ---------- Original Message -----------
>>> From: "Hedibert Freitas Lopes" <hedibert em im.ufrj.br>
>>> To: Gauss Cordeiro <gauss em de.ufpe.br>,Dani Gamerman <dani em im.ufrj.br>
>>> Cc: im em im.ufrj.br,Lista da ABE <abe-l em ime.usp.br>
>>> Sent: Fri, 9 Jan 2015 18:22:02 -0300
>>> Subject: Re: [ABE-L] e começa 2015...
>>>
>>> > Aproveitando a deixa do Gauss, vou repetir aqui tambem minha
>>> > colocacao do facebook sobre esse artigo:
>>> >
>>> > Brasil: 670 artigos & 30 bilhões
>>> > Chile: 717 artigos & 2 bilhões
>>> > Brasil nos top jornals: 1%
>>> > Brasil nas revistas indexadas: 2.5%
>>> >
>>> > Distributivismo demagogo, regime de trabalho obsoleto e burocracia:
>>> > lixo acadêmico em abundância.  Retornei ao Brasil a pouco mais de um
>>> > ano e navegando nos currículos Lattes de vários estatísticos,
>>> >  economistas e biólogos (áreas que me interessam) o que me assusta é
>>> > que não somente professores/pesquisadores mais velhos/estabelecidos,
>>> > mas também os mais jovem produzem essa montanha crescente de
>>> > excremento acadêmico. A mediocridade paira no ar."
>>> >
>>> > Complemento aqui mais especificamente para a estatistica brasileira:
>>> >
>>> > Alguns dos professores/pesquisadores de 65 anos ou mais (e alguns
>>> > mais novos) que fazem parte do pequeno grupo de admiro no Brasil ja'
>>> > fizeram muito para nossa estatistica cientifica e estruturalmente e
>>> > seria, na minha opiniao, injusto julga-los sem fazer um desconto
>>> > temporal.  Agora, convenhamos, vejo varios professores associados na
>>> > nossa area
>>> > (a um passo do "paraiso") com curriculos mediocres e que produzem
>>> > esse lixo academico a que a Nature se refere.  No's
>>> > professores/pesquisadores entre 40 e 60 anos (\pm 5 anos) devemos
>>> > dar o exemplo para o pessoal que esta' ai comecando e isso nao esta'
>>> > acontecendo.  Temos que fazer logo, o mais rapido possivel, a
>>> > mudanca de uma quantidade alta de artigos irrelevantes para um
>>> > numero baixo de trabalhos relevantes.  This is my 2 cents.
>>> >
>>> > Abs,
>>> > Hedibert
>>> ------- End of Original Message -------
>>>
>>
>
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> abe em lists.ime.usp.br
> https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
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-- 
Fábio Prates Machado - Professor
Instituto de Matemática e Estatística
Universidade de São Paulo, Brasil.




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