[ABE-L] RES: RES: Urnas eletrônicas são confiáveis?

Neale El-Dash neale.eldash em gmail.com
Qui Out 8 13:56:35 -03 2015


Acho que avaliar a existência de fraude nos resultados das eleições
presidenciais apenas com dados secundários é bastante difícil. Teríamos que
fazer diversas suposições, essencialmente inferindo que diferenças
observadas maiores do que as diferenças esperadas são por causa de fraude –
e esse é um terreno bem perigoso!



Mas se, apesar dessa ressalva, o meu objetivo fosse avaliar a existência ou
não de fraude, eu usaria algum modelo baseado nas pesquisas eleitorais,
como o do PollingData <http://www.pollingdata.com.br/>, porém também utilizaria
outras fontes de informação existentes, como:



1- Votações históricas no nível da zona/seção eleitoral. Essas informações
podem ser usadas tanto pra modelar/prever o resultado da eleição em cada
unidade geográfica, permitindo avaliar se a votação observada em cada seção
está coerente com o esperado. Combinando essas informações com os dados da
malha de setores censitários, por exemplo, podemos ter uma modelo bastante
interessante para prever o voto que leva em consideração também a renda dos
eleitores.



2- Algum model estrutural, como o modelo de aprovação do PollingData
<http://www.pollingdata.com.br/>. Com esse modelo (que foi estimado
utilizando mais de 150 eleições de mais de 20 países), é possível estimar a
probabilidade de vitória de um candidato dado a aprovação do atual
governante e o tipo do  candidato do governo para a próxima eleição
(re-eleição ou sucessão).



3- Também podemos usar a informação de votação em outros cargos políticos
por zona/seção eleitoral.  Nesse nível geográfico, deve haver uma
correlação alta entre votos pra presidente e outros cargos, que também pode
ser bastante informativa para avaliar a existência de fraude na eleição
presidencial. Talvez essa seja a informação mais importante se a fraude
ocorrer apenas para o cargo para presidente, que parece ser o cenário mais
plausível.



4- Além dos modelos espaço e/ou temporais mencionados acima, podemos usar
algum modelo do tipo usado pelo Mignon em nesse artigo:
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/111/rbe_1987_v48_n189_190.pdf
As suposições são mais fortes, mas pode ser útil. Talvez esse modelo possa
ser generalizado, escolhendo mais de uma zona eleitoral, de forma a
representar todos os estados e/ou municípios.



Se todas essas fontes de informação apontarem na mesma direção, seria um
forte indício de algo fraudulento. Porém se apenas algumas delas acusarem
algo errado, seria difícil fazer um caso a favor de fraude, mesmo que ela
existisse.



Abraco Neale




Em 30 de setembro de 2015 19:34, Marcelo L. Arruda <mlarruda em terra.com.br>
escreveu:

> Respeito todas as opiniões manifestadas sobre o tema mas ainda há alguns
> pontos que me parecem duvidosos e podem merecer um pouco mais de análise:
>
> 1 – Se realmente há um esquema responsável por fraudar as urnas, o que
> impede que os boletins checados pelo “você fiscal” e/ou as auditorias
> contratadas para acompanhar o processo (só para cutucar: como e por quem o
> auditor é contratado? e quem audita o auditor?) também estejam falseados e
> só mostrem aquilo que os mandantes do esquema querem que seja mostrado?
>
> 2 – Um software totalmente transparente não ficaria vulnerável a hackers,
> vírus e tantas outras formas similares de adulteração de dados?
>
> 3 – Saindo da mecânica eleitoral e voltando para a estatística: qual seria
> uma boa medida da qualidade das pesquisas como convalidadoras do resultado
> das urnas? Talvez o excelente trabalho do Neale tenha alguma resposta a
> isso.
>
> Debatamos (ou não),
> Marcelo
>
> *From:* Leonardo R. Alves <leonardo01e em yahoo.com.br>
> *Sent:* Wednesday, September 30, 2015 3:51 PM
> *To:* abe-l em ime.usp.br
> *Subject:* Re: [ABE-L] RES: RES: Urnas eletrônicas são confiáveis?
>
> Prezados,
> Já havia visto este vídeo didático do Prof. Diego Aranha (atualmente prof.
> do IC da Unicamp) sobre a total vulnerabilidade do sistema atual de urnas
> eletrônicas. O fato da presidente da república ter vetado o projeto
> aprovado pela câmara do Voto Impresso (a urna eletrônica geraria um
> registro físico do mesmo) é um ataque direto a democracia. Não há como
> garantir transparência em um processo que pode ser facilmente fraudado
> (vide as explicações do vídeo) e não permite recontagem. Mais uma vez as
> eleições ficarão num limbo cujo protagonista continuará sendo o eterno
> advogado do partido da situação. Só resta torcer para que este veto seja
> derrubado no congresso, pois senão não fará mais sentido ir votar.
> Att,
> Leonardo
>
>
>
> Em Quarta-feira, 30 de Setembro de 2015 14:55, Denis Altieri <
> d_altieri em yahoo.com.br> escreveu:
>
>
> Pra quem ainda não viu esse vídeo sobre a análise das urnas feita pela UnB.
> Att.
>
> Especialista e professor da UNB, Diego Aranha diz que urna eletrônica é
> insegura <https://youtu.be/NHh_MZnBfCE>
> [image: image] <https://youtu.be/NHh_MZnBfCE>
> Especialista e professor da UNB, Diego Aranha diz que ur...
> <https://youtu.be/NHh_MZnBfCE>
> Visualizar em youtu.be <https://youtu.be/NHh_MZnBfCE>
> Visualizado por Yahoo
>
>
>
>
> Em Quarta-feira, 30 de Setembro de 2015 14:06, Aishameriane Schmidt <
> aishameriane em gmail.com> escreveu:
>
>
> Um professor da Unicamp é responsável pelo "você fiscal", uma iniciativa
> para comparar boletins de urna com votos apurados.
> É bem legal e vale a pena ler o site e saber mais do projeto:
> http://www.vocefiscal.org
> On Sep 30, 2015 1:58 PM, "Luiz Sergio Vaz" <luizvaz em sarah.br> wrote:
>
> Marcelo, não me lembro como a estória prosseguiu, exceto que os mesários
> foram informados. No entanto, se a urna foi retida ou trocada, disso não
> sei.
>
> Mas, vamos supor que a urna tenha sido retida. Os votos que lá estavam
> seriam cancelados ? Não. Como restaurar o voto daquele eleitor ?
> Impossível. O meu amigo eleitor estava delirando ? Improvável.
>
> Não conheço um sistema que seja infalível !
> A eleição brasileira com certeza tem falhas. O que aconteceria se vc fosse
> votar e se deparasse com uma assinatura no lugar da sua ? Duas coisas: 1-vc
> não poderia mais votar. 2-Não há como invalidar o voto da outra pessoa. E
> isso aconteceu em muito municípios, segundo relatado pela imprensa.
>
> Já que o sistema eleitoral brasileiro não é isento de falhas, por que o
> Estado Brasileiro não permite auditorias e recontagens ? O TSE não fez a
> auditoria solicitada pelo PSDB, mas o TRE-RJ fez a recontagem para eleição
> de deputados estaduais... Por que não ser 100% transparente ? Dizem que
> recontar é antidemocrático (ainda não entendi essa ???)
>
> Diante de tantas denúncias à época e de falhas possíveis no sistema, por
> que não ? Que mal haveria ? Principalmente numa eleição com diferença tão
> apertada de votos: 3,6 milhões... ou melhor: 1,8 milhões de votos + 1.
> Daria mais credibilidade à eleição, ao sistema!
>
> Mas, a quem interessa ?
>
> Só obteremos as respostas, se fizermos as perguntas certas.
>
> Abraço
> Luiz
>
>
>
> *De:* abe [mailto:abe-bounces em lists.ime.usp.br] *Em nome de *Marcelo L.
> Arruda
> *Enviada em:* quarta-feira, 30 de setembro de 2015 12:39
> *Para:* abe-l em ime.usp.br
> *Assunto:* Re: [ABE-L] RES: Urnas eletrônicas são confiáveis?
>
> Complementando, Luiz: considerando que o resultado das urnas acabou sendo
> razoavelmente próximo do previsto nas pesquisas de intenção de voto/boca de
> urna, esse seu depoimento estaria corroborando a hipótese do
> “supermegaesquema” que citei no meu primeiro e-mail?
>
> Marcelo
>
> *From:* Marcelo L. Arruda <mlarruda em terra.com.br>
> *Sent:* Wednesday, September 30, 2015 12:34 PM
> *To:* abe-l em ime.usp.br
> *Subject:* Re: [ABE-L]RES: Urnas eletrônicas são confiáveis?
>
> Luiz,
>
>     E o que essas pessoas fizeram? Reclamaram aos mesários, aos fiscais ou
> a alguém daquela seção eleitoral? A urna foi retida, desligada ou algo do
> gênero ou continuou operando normalmente? Como essa história prosseguiu?
>
> Marcelo
>
> *From:* Luiz Sergio Vaz <luizvaz em sarah.br>
> *Sent:* Wednesday, September 30, 2015 11:53 AM
> *To:* 'Jose Carvalho' <carvalho em statistika.com.br> ; abe-l em ime.usp.br
> *Subject:* [ABE-L] RES: Urnas eletrônicas são confiáveis?
>
> Carvalho,
> Para colocar pimenta nesse molho, na última eleição, pessoas próximas
> relataram que digitaram 45 e aparecia 13 na tela.
> Essas pessoas são confiáveis, vividas e não teriam porque contar lorotas.
>
> *De:* abe [mailto:abe-bounces em lists.ime.usp.br] *Em nome de *Jose Carvalho
> *Enviada em:* quarta-feira, 30 de setembro de 2015 10:03
> *Para:* abe-l em ime.usp.br
> *Assunto:* [ABE-L] Urnas eletrônicas são confiáveis?
>
> Caros colegas:
>
> Sei que muito já se disse sobre a não confiabilidade das urnas
> eletrônicas. Em uma época em que não se pode confiar no governo, nem  em
> insituição alguma, a desconfiança sobre as urnas eletrônicas e o processo
> eleitoral aumenta.
>
> De leitura casual, encontrei um artigo disponível na Internet. A
> referência veio da revista Significance, editada conjuntamente pela
> American Statistical Association e pela Royal Statistical Society. Vale a
> pena ler. E eu fico pensando - se nos EUA, onde - supostamente - há mais
> transparência, ocorrem fraudes, o qeu pode ocorrer aqui?
>
> O artigo é
> How trustworthy are electronic voting systems in the US?
> Written by Beth Clarkson
> <http://www.statslife.org.uk/component/contact/contact/230> on 05 June
> 2015. Posted in Politics <http://www.statslife.org.uk/politics>
>
> O site é bit.ly/1NBXkiU
>
> Abraços
>
>
> Zé Carvalho
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