[ABE-L] Jornais e institutos criticam restrição a pesquisas eleitorais

Neale El-Dash neale.eldash em gmail.com
Sex Set 11 17:03:11 -03 2015


Concordo com o Pedro em ambos os pontos - liberdade para
condução/divulgação + qualidade das pesquisas. Os intitutos precisam dos
dois, são seus “direitos e deveres”.


Acho que essa "potencial" lei não ajuda a resolver o problema. Pelo que vi
nas eleições de 2014, poucos institutos registram quem "de fato" financiou
a pesquisa. Além disso, uma pesquisa não precisa ser contratada por órgãos
de imprensa para poder ser divulgada na mídia. Ou seja, essa lei não
ajudará a melhorar a qualidade das pesquisas, e punirá institutos que
tentam respeitar a lei.


Sobre a questão da qualidade das pesquisas, é difícil dizer como deve ser
feito aqui no Brasil. Nos EUA não existe necessidade de registrar a
pesquisa com algum orgão oficial. O mercado parece se auto-regular. Existem
sites agregadores de pesquisa, como o 538, que têm rankings das empresas, e
aquelas que têm um histórico muito ruim são banidas do site (veja aqui
<http://fivethirtyeight.com/interactives/pollster-ratings/>).


Existem programas como o “Transparency Initiative”, e empresas que se
filiam ao programa comprometem-se a (em inglês):


 *“Organizations pledge to abide by AAPOR’s disclosure standards, train
their employees by viewing our short, simple educational modules, and
document the required understanding for proper disclosure of the surveys
they conduct.”*


Essas empresas têm o nome divulgado na rede da AAPOR, e é de interesse dos
próprios funcionários pressionarem para que sua empresa faça parte da
iniciativa (veja aqui
<https://www.aapor.org/AAPORKentico/Transparency-Initiative.aspx>).


Por outro lado, nesse ano serão as eleições presidenciais argentinas, as
quais o PollingData <http://www.pollingdata.com.br/> está acompanhando.
Tenho tido muita dificuldade pra conseguir informações básicas sobre as
pesquisas divulgadas na mídia. Muitas vezes não consigo descobrir nem data
de realização da pesquisa nem o tamanho da amostra, pior ainda se estou
procurando detalhes metodológicos. Desse ponto de vista, acredito que o
registro obrigatório das pesquisas e a regulamentação sobre como devem ser
divulgadas ajudam, mas não acredito que sejam suficientes para estimular a
melhoria contínua da qualidade das pesquisas.



Em 10 de setembro de 2015 15:45, Pedro Luis do Nascimento Silva <
pedronsilva em gmail.com> escreveu:

> Caros redistas,
>
> ao mesmo tempo em que apoio integralmente a manutenção da regra de ampla
> liberdade para condução de pesquisas eleitorais e sua divulgação, alerto
> que é fundamental aprimorar os mecanismos de verificação de qualidade.
>
> Infelizmente, pesquisas de má qualidade são fáceis e baratas de produzir,
> e uma grande parcela dos eleitores brasileiros não tem os meios de
> verificar diretamente a qualidade das informações que recebem.
>
> Uma visita ao site do TSE, onde precisam ser registradas todas as
> pesquisas eleitorais feitas para divulgação pública, permite verificar que
> temos abundância de pesquisas, mas com muito pouca informação sobre a
> qualidade delas. O arcabouço legal aqui só exige que sejam assinadas por um
> Estatístico profissional registrado, e que algumas poucas informações
> genéricas sobre a metodologia sejam publicadas. Infelizmente, mesmo as
> informações publicadas são imperfeitas e não descrevem como realmente foram
> feitas muitas das pesquisas, como já declarou por exemplo a diretora do
> Ibope citada na reportagem postada pelo Neale, por ocasião das eleições do
> ano passado.
>
> Há um vazio no que diz respeito à verificação de qualidade, que ainda não
> foi preenchido nem pelo Estado nem pelo setor privado.
>
> Para citar um exemplo, no segmento de laboratórios de análises clínicas,
> há empresas privadas que oferecem certificação de qualidade aos
> laboratórios que participam de programas de monitoramento de qualidade
> externos.
>
> Um bom tema para discussão da comunidade, caso julguem digno de atenção.
>
> Saudações, Pedro.
>
> Em 9 de setembro de 2015 14:10, Neale El-Dash <neale.eldash em gmail.com>
> escreveu:
>
>> Jornais e institutos criticam restrição a pesquisas eleitorais
>>
>> *MARIANA HAUBERT*
>> DE BRASÍLIA
>> 09/09/2015  02h00
>>
>> PUBLICIDADE
>>
>> Aprovada na quarta (2) no Senado, a proposta que restringe a contratação
>> de institutos de pesquisa por órgãos de imprensa retira o direito do
>> eleitor de ter informação sobre a disputa eleitoral.
>>
>> A opinião é da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e de institutos de
>> pesquisa.
>>
>> A medida faz parte da proposta de reforma política do Senado. A redação
>> final do projeto foi aprovada
>> <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1679167-senado-mantem-fim-de-doacao-de-empresas-para-candidatos-e-partidos.shtml> nesta
>> terça-feira (8) e seguirá para análise da Câmara, onde poderá ser alterada.
>>
>> Pela proposta, a imprensa fica proibida de contratar institutos de
>> pesquisa que tenham trabalhado para partidos políticos, candidatos ou
>> órgãos públicos no período de um ano antes das eleições.
>>
>> O texto veta a "contratação do instituto que tenha prestado serviço na
>> esfera administrativa a que se referir a abrangência da pesquisa eleitoral".
>>
>> Ou seja, se uma empresa foi contratada pelo governo de um determinado
>> Estado, ela não poderá realizar pesquisas neste mesmo Estado para um
>> veículo de comunicação por um período de um ano antes do pleito eleitoral.
>>
>> "É mais uma tentativa de dificultar a divulgação de pesquisas. O
>> Congresso ensaia diversos atos desse tipo. É um desejo que os políticos têm
>> de dificultar o acesso a informação. Para eles, o ideal é que apenas eles
>> mesmos tenham acesso aos resultados das pesquisas", disse o diretor-geral
>> do Datafolha, Mauro Paulino.
>>
>> "Em uma democracia é importante que a opinião pública seja explicitada.
>> Qualquer tipo de dificuldade neste sentido atenta contra a democracia",
>> completou Paulino.
>>
>> Para o diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira, a restrição limita a
>> liberdade de expressão. "Se limita de forma indireta a liberdade de
>> expressão na medida em que se limita a possibilidade de as pessoas serem
>> informadas."
>>
>> "É importante que os veículos de comunicação tenham a liberdade de
>> contratar as pesquisas que quiserem", afirmou ainda.
>>
>> Para a diretora do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, a regra fere a
>> Constituição "na questão do direito de acesso a informação". "O eleitor tem
>> direito a ter a informação e é sua a decisão de usá-la ou não. Quem tem que
>> decidir isso é o eleitor e não o Senado."
>>
>> Para o autor da proposta, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a intenção da
>> nova regra é evitar que o instituto preste serviço a "dois senhores"
>> diferentes e visa coibir práticas "escusas" principalmente no interior do
>> país, em que muitos institutos pequenos são ligados a políticos da região e
>> acabam por produzir pesquisas enviesadas.
>>
>> Para que as novas regras entrem em vigor a tempo de valer para as
>> eleições de 2016, a proposta deve ser sancionada pela presidente Dilma
>> Rousseff até 2 de outubro.
>>
>> http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1679200-jornais-e-institutos-criticam-restricao-a-pesquisas-eleitorais.shtml
>>
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