[ABE-L] Jornais e institutos criticam restrição a pesquisas eleitorais

Pedro Luis do Nascimento Silva pedronsilva em gmail.com
Sáb Set 12 11:39:16 -03 2015


Caros redistas,

A proposta do Louzada é interessante. Caso a ABE decida por atuar nessa
direção, eu recomendaria juntar forças e tentar o endosso da SBPC e outras
instâncias que possam dar peso à iniciativa.

Uma questão que teria que ser enfrentada para viabilizar esta iniciativa
seria a necessária definição de um padrão de qualidade mínima a ser
satisfeito. E como diz o ditado: o problema está nos detalhes. Teríamos aí
um desafio importante pela frente.

Saudações, Pedro.

Em 11 de setembro de 2015 17:03, Neale El-Dash <neale.eldash em gmail.com>
escreveu:

> Concordo com o Pedro em ambos os pontos - liberdade para
> condução/divulgação + qualidade das pesquisas. Os intitutos precisam dos
> dois, são seus “direitos e deveres”.
>
>
> Acho que essa "potencial" lei não ajuda a resolver o problema. Pelo que vi
> nas eleições de 2014, poucos institutos registram quem "de fato" financiou
> a pesquisa. Além disso, uma pesquisa não precisa ser contratada por órgãos
> de imprensa para poder ser divulgada na mídia. Ou seja, essa lei não
> ajudará a melhorar a qualidade das pesquisas, e punirá institutos que
> tentam respeitar a lei.
>
>
> Sobre a questão da qualidade das pesquisas, é difícil dizer como deve ser
> feito aqui no Brasil. Nos EUA não existe necessidade de registrar a
> pesquisa com algum orgão oficial. O mercado parece se auto-regular. Existem
> sites agregadores de pesquisa, como o 538, que têm rankings das empresas, e
> aquelas que têm um histórico muito ruim são banidas do site (veja aqui
> <http://fivethirtyeight.com/interactives/pollster-ratings/>).
>
>
> Existem programas como o “Transparency Initiative”, e empresas que se
> filiam ao programa comprometem-se a (em inglês):
>
>
>  *“Organizations pledge to abide by AAPOR’s disclosure standards, train
> their employees by viewing our short, simple educational modules, and
> document the required understanding for proper disclosure of the surveys
> they conduct.”*
>
>
> Essas empresas têm o nome divulgado na rede da AAPOR, e é de interesse dos
> próprios funcionários pressionarem para que sua empresa faça parte da
> iniciativa (veja aqui
> <https://www.aapor.org/AAPORKentico/Transparency-Initiative.aspx>).
>
>
> Por outro lado, nesse ano serão as eleições presidenciais argentinas, as
> quais o PollingData <http://www.pollingdata.com.br/> está acompanhando.
> Tenho tido muita dificuldade pra conseguir informações básicas sobre as
> pesquisas divulgadas na mídia. Muitas vezes não consigo descobrir nem data
> de realização da pesquisa nem o tamanho da amostra, pior ainda se estou
> procurando detalhes metodológicos. Desse ponto de vista, acredito que o
> registro obrigatório das pesquisas e a regulamentação sobre como devem ser
> divulgadas ajudam, mas não acredito que sejam suficientes para estimular a
> melhoria contínua da qualidade das pesquisas.
>
>
>
> Em 10 de setembro de 2015 15:45, Pedro Luis do Nascimento Silva <
> pedronsilva em gmail.com> escreveu:
>
>> Caros redistas,
>>
>> ao mesmo tempo em que apoio integralmente a manutenção da regra de ampla
>> liberdade para condução de pesquisas eleitorais e sua divulgação, alerto
>> que é fundamental aprimorar os mecanismos de verificação de qualidade.
>>
>> Infelizmente, pesquisas de má qualidade são fáceis e baratas de produzir,
>> e uma grande parcela dos eleitores brasileiros não tem os meios de
>> verificar diretamente a qualidade das informações que recebem.
>>
>> Uma visita ao site do TSE, onde precisam ser registradas todas as
>> pesquisas eleitorais feitas para divulgação pública, permite verificar que
>> temos abundância de pesquisas, mas com muito pouca informação sobre a
>> qualidade delas. O arcabouço legal aqui só exige que sejam assinadas por um
>> Estatístico profissional registrado, e que algumas poucas informações
>> genéricas sobre a metodologia sejam publicadas. Infelizmente, mesmo as
>> informações publicadas são imperfeitas e não descrevem como realmente foram
>> feitas muitas das pesquisas, como já declarou por exemplo a diretora do
>> Ibope citada na reportagem postada pelo Neale, por ocasião das eleições do
>> ano passado.
>>
>> Há um vazio no que diz respeito à verificação de qualidade, que ainda não
>> foi preenchido nem pelo Estado nem pelo setor privado.
>>
>> Para citar um exemplo, no segmento de laboratórios de análises clínicas,
>> há empresas privadas que oferecem certificação de qualidade aos
>> laboratórios que participam de programas de monitoramento de qualidade
>> externos.
>>
>> Um bom tema para discussão da comunidade, caso julguem digno de atenção.
>>
>> Saudações, Pedro.
>>
>> Em 9 de setembro de 2015 14:10, Neale El-Dash <neale.eldash em gmail.com>
>> escreveu:
>>
>>> Jornais e institutos criticam restrição a pesquisas eleitorais
>>>
>>> *MARIANA HAUBERT*
>>> DE BRASÍLIA
>>> 09/09/2015  02h00
>>>
>>> PUBLICIDADE
>>>
>>> Aprovada na quarta (2) no Senado, a proposta que restringe a contratação
>>> de institutos de pesquisa por órgãos de imprensa retira o direito do
>>> eleitor de ter informação sobre a disputa eleitoral.
>>>
>>> A opinião é da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e de institutos de
>>> pesquisa.
>>>
>>> A medida faz parte da proposta de reforma política do Senado. A redação
>>> final do projeto foi aprovada
>>> <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1679167-senado-mantem-fim-de-doacao-de-empresas-para-candidatos-e-partidos.shtml> nesta
>>> terça-feira (8) e seguirá para análise da Câmara, onde poderá ser alterada.
>>>
>>> Pela proposta, a imprensa fica proibida de contratar institutos de
>>> pesquisa que tenham trabalhado para partidos políticos, candidatos ou
>>> órgãos públicos no período de um ano antes das eleições.
>>>
>>> O texto veta a "contratação do instituto que tenha prestado serviço na
>>> esfera administrativa a que se referir a abrangência da pesquisa eleitoral".
>>>
>>> Ou seja, se uma empresa foi contratada pelo governo de um determinado
>>> Estado, ela não poderá realizar pesquisas neste mesmo Estado para um
>>> veículo de comunicação por um período de um ano antes do pleito eleitoral.
>>>
>>> "É mais uma tentativa de dificultar a divulgação de pesquisas. O
>>> Congresso ensaia diversos atos desse tipo. É um desejo que os políticos têm
>>> de dificultar o acesso a informação. Para eles, o ideal é que apenas eles
>>> mesmos tenham acesso aos resultados das pesquisas", disse o diretor-geral
>>> do Datafolha, Mauro Paulino.
>>>
>>> "Em uma democracia é importante que a opinião pública seja explicitada.
>>> Qualquer tipo de dificuldade neste sentido atenta contra a democracia",
>>> completou Paulino.
>>>
>>> Para o diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira, a restrição limita a
>>> liberdade de expressão. "Se limita de forma indireta a liberdade de
>>> expressão na medida em que se limita a possibilidade de as pessoas serem
>>> informadas."
>>>
>>> "É importante que os veículos de comunicação tenham a liberdade de
>>> contratar as pesquisas que quiserem", afirmou ainda.
>>>
>>> Para a diretora do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, a regra fere a
>>> Constituição "na questão do direito de acesso a informação". "O eleitor tem
>>> direito a ter a informação e é sua a decisão de usá-la ou não. Quem tem que
>>> decidir isso é o eleitor e não o Senado."
>>>
>>> Para o autor da proposta, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a intenção da
>>> nova regra é evitar que o instituto preste serviço a "dois senhores"
>>> diferentes e visa coibir práticas "escusas" principalmente no interior do
>>> país, em que muitos institutos pequenos são ligados a políticos da região e
>>> acabam por produzir pesquisas enviesadas.
>>>
>>> Para que as novas regras entrem em vigor a tempo de valer para as
>>> eleições de 2016, a proposta deve ser sancionada pela presidente Dilma
>>> Rousseff até 2 de outubro.
>>>
>>> http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1679200-jornais-e-institutos-criticam-restricao-a-pesquisas-eleitorais.shtml
>>>
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