[ABE-L] Editorial do Esta dão

Dani Gamerman dani em im.ufrj.br
Dom Set 27 09:49:25 -03 2015


Caros

Acho que a maior crítica ao CsF foi a dimensão do projeto.
Isso acabou incentivando inúmeros usos indiscriminados.
Mais um dos vários exemplos de má administração de verbas,
levando a dúvidas sobre a concessão de autonomia completa 
para as universidades públicas. 

Bom domingo
Dani

> Caros colegas, 
> Não podemos generalizar. O Programa Ciência Sem Fronteiras,
>  realmente beneficiou pessoas que não mereciam (infelizmente, tudo 
> depende da honestidade das pessoas) mas, por outro lado, beneficiou 
> também aqueles que mereciam. Temos casos de diplomas duplos 
> resultantes desse programa e que trouxeram melhorias  aos PPGs .
> 
> O problema que vejo no momento é o nivelamento por baixo, 
> penalizando aqueles que fizeram as coisas corretamente e tirando 
> oportunidades de quem realmente merece.
> 
> Saudações, Clarice
> 
> ----- Mensagem original -----
> 
> > De: "Doris Fontes" <dsfontes em gmail.com>
> > Para: "Julio Stern" <jmstern em hotmail.com>
> > Cc: "Alfredo Mayall Simas" <simas.ufpe.br em gmail.com>, "manoel lemos"
> > <mjmslemos em gmail.com>, "MARIA DA CONCEICAO SAMPAIO DE SOUSA"
> > <csampaiodesousa em gmail.com>, "ABE Lista" <abe-l em ime.usp.br>
> > Enviadas: Domingo, 27 de Setembro de 2015 8:54:45
> > Assunto: Re: [ABE-L] Editorial do Estadão
> 
> > Pergunto: só o governo federal tem culpa no fracasso do CsF, ou as
> > próprias IES têm também (grande) parcela da culpa? Se houve
> > estudante ruim ganhando bolsa, alguém aprovou este estudante. Não é
> > possível pedir para o governo criar um fiscal para cada coordenador
> > local do CsF...  No meu ver, o programa era, sim, MERITOCRÁTICO.
> 
> > Concordo que havia muitas falhas, mas os usuários ruins e
> > coordenadores das IES ajudaram, com sua falta de comprometimento,
> > eliminar um programa que poderia ser bom.
> 
> > Bom domingo a todos,
> > Doris
> 
> > Homologação de Inscrições
> 
> > Procedimentos
> 
> > O processo de homologação realizado pelos Coordenadores
> > Institucionais do Programa Ciência sem Fronteiras visa,
> > principalmente, selecionar os melhores estudantes inscritos nas
> > Chamadas Públicas para concessão de bolsas de Graduação Sanduíche no
> > Exterior. Os candidatos deverão estar regularmente matriculados em
> > cursos de graduação ligados às Áreas Prioritárias, cumprir com os
> > requisitos das Chamadas, ter excelente desempenho acadêmico e
> > proficiência no idioma do país de destino, quando exigido. 
> > Atenção:  Cada Instituição de Ensino Superior deverá indicar o seu
> > representante do Ciência sem Fronteiras institucional. As
> > mantenedoras dessas instituições deverão orientar para que que os
> > respectivos Reitores, ou possuidores de cargo equivalente, indiquem
> > o seu representante para cada IES.
> > (...)
> 
> > Instruções importantes:
> 
> > Faz-se necessário mencionar os requisitos que os candidatos,
> > obrigatoriamente, deverão preencher para assim terem suas
> > candidaturas devidamente homologadas. 
> 
> > * Estar regularmente matriculado em curso de nível superior nas áreas
> > e nos temas indicados na chamada pública;
> > * Percentual do curso concluído, tendo integralizado no mínimo 20% e,
> > no máximo, 90% do currículo previsto para seu curso, no momento do
> > início previsto da viagem de estudos;
> > * Para os alunos de cursos de saúde, verificar a restrição total ou
> > parcial (ciclo clínico) para cada uma das chamadas;
> > * Apresentar perfil de aluno de excelência, baseado no bom desempenho
> > acadêmico segundo critérios da própria IES; -- Isso não é
> > meritocracia?
> > * Se aplicável, confirmação de prêmio acadêmico e de mérito;
> > * Se aplicável, confirmação de participação em programa de iniciação
> > científica ou docência.
> 
> > A elegibilidade do curso de graduação, o nível de proficiência
> > EXIGIDO e a nota do ENEM são verificados pela Equipe do Programa
> > Ciência sem Fronteiras quando da pré-seleção dos candidatos, não
> > devendo assim ser motivo de NÃO HOMOLOGAÇÃO de candidatos.
> 
> > Em 27 de setembro de 2015 08:02, Julio Stern < jmstern em hotmail.com >
> > escreveu:
> 
> > > O Ciencia Sem Fronteiras implementou uma politica explicitamente 
> > > Anti-Meritocratica. 
> > 
> > > O programa consumiu RS 6.5 Bilhoes, esvasiou programas bem
> > > estabelecidos, 
> > 
> > > gerou frustracoes enviando alunos mal preparados mundo afora, 
> > 
> > > denegriu a boa reputacao dos estudantes de pos-graduacao
> > > Brasileiros
> > > no exterior, 
> > 
> > > e deixou um rombo orcamentario que teremos que agora pagar em meio
> > > a
> > > uma crise 
> > 
> > > economica que eh resultado de politicas economicas concebidas com
> > > igual zelo 
> > 
> > > anti-meritocratico e anti-produtivista, embaladas com a pior
> > > demagogia populista. 
> > 
> > > Como nacao, reelegemos a Dilma:  
> > 
> > > Nao temos como reclamar.  
> > 
> > > Ta ruim. 
> > 
> > > ---Julio Stern 
> >
> 
> > >      
> >
> 
> > > Date: Fri, 25 Sep 2015 09:42:37 -0300
> > 
> > > From: cribari em de.ufpe.br
> > 
> > > To: abe-l em ime.usp.br ; mjmslemos em gmail.com ;
> > > csampaiodesousa em gmail.com ; simas.ufpe.br em gmail.com
> > 
> > > Subject: [ABE-L] Editorial do Estadão
> >
> 
> > > O Estado de São Paulo, 25 de setembro de 2015 - EDITORIAL
> >
> 
> > > O fim do Ciência sem Fronteiras
> >
> 
> > > Lançado há quatro anos como uma das principais iniciativas do
> > > primeiro governo da presidente Dilma Rousseff no campo da educação
> > > e
> > > usado como bandeira eleitoral na campanha pela reeleição, o
> > > programa
> > > Ciência sem Fronteiras está chegando a um final melancólico.
> > 
> > > Embora afirmem que ele não será encerrado, as autoridades
> > > educacionais admitiram publicamente que a oferta de novas vagas
> > > está
> > > suspensa por falta de verbas. As bolsas dos alunos que estão no
> > > exterior continuarão sendo pagas, mas as dos estudantes que haviam
> > > sido selecionados serão canceladas. A suspensão foi anunciada por
> > > um
> > > assessor do Ministério da Educação durante sabatina no Comitê para
> > > os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas.
> > 
> > > Concebido mais como instrumento de marketing do que como uma
> > > política
> > > destinada a acelerar a internacionalização do ensino superior, o
> > > Ciência sem Fronteiras apresentou problemas desde que foi lançado.
> > > Em vez de selecionar alunos de áreas técnicas em que o Brasil
> > > carece
> > > de especialistas, especialmente no campo das ciências exatas e
> > > biomédicas, o programa financiou indiscriminadamente estudantes de
> > > quase todas as áreas do conhecimento [UTF-8?]– inclusive publicidade e
> > > comunicações.
> > 
> > > Por falta de critérios, de objetivos e de metas, o programa também
> > > concedeu indiscriminadamente bolsas de graduação, de mestrado, de
> > > doutorado, de especialização e de pós-doutorado, sem prever
> > > mecanismos de avaliação de desempenho dos bolsistas. Houve até quem
> > > ganhou bolsa para passar um ano nos Estados Unidos, Inglaterra e
> > > Canadá sem ter sido submetido a um teste de fluência em língua
> > > inglesa. Por não conhecer o idioma, vários bolsistas não
> > > conseguiram
> > > acompanhar as aulas e retornaram ao Brasil sem aperfeiçoar sua
> > > formação intelectual.
> > 
> > > Ao ser lançado, em 2011, o Ciência sem Fronteiras previa a
> > > concessão
> > > de 101 mil bolsas de estudo no exterior, das quais 75 mil seriam
> > > financiadas pela União e 26 mil custeadas pela iniciativa privada.
> > > Quando tomaram consciência de que o programa não tinha prioridades
> > > bem definidas, bancos e empresas tentaram estabelecer critérios
> > > objetivos para a seleção dos estudantes cujos estudos financiariam.
> > > Mas, alegando que elas estavam usando o programa para financiar mão
> > > de obra de que necessitam, as autoridades educacionais rejeitaram
> > > esses critérios e impuseram outros. As empresas cancelaram o
> > > patrocínio.
> > 
> > > A inépcia administrativa também se converteu numa das marcas do
> > > Ciência sem Fronteiras. Muitos bolsistas viajaram para o exterior
> > > só
> > > com a passagem de ida e tiveram dificuldades para se instalar nas
> > > cidades que escolheram. Por causa dos atrasos no depósito das
> > > bolsas, estudantes ficaram sem recursos para pagar aluguel,
> > > alimentação, transporte e plano de saúde. Universidades
> > > estrangeiras
> > > reclamaram dos atrasos do repasse das verbas para gastos com
> > > matrículas, mensalidades e atividades acadêmicas [UTF-8?]– a ponto de
> > > faculdades canadenses de engenharia se recusarem a acolher
> > > bolsistas
> > > brasileiros. Por excesso de burocracia e de um extenso rol de
> > > requisitos estapafúrdios [UTF-8?]– como a exigência de que as escolas
> > > estrangeiras tivessem a mesma carga horária, o mesmo programa das
> > > mesmas disciplinas e dos mesmos currículos das escolas brasileiras,
> > > além de traduções juramentadas de documentos expedidos por
> > > consulados [UTF-8?]–, os estudantes brasileiros enfrentaram 
dificuldades
> > > para revalidar diplomas emitidos no exterior.
> > 
> > > A criação de um programa destinado a reduzir a distância entre as
> > > universidades brasileiras e as mais prestigiosas universidades
> > > estrangeiras foi recebida como uma boa ideia pela comunidade
> > > acadêmica. Mas, da forma desastrosa com que foi implementado e com
> > > resultados pífios que produziu, ele representou um desperdício
> > > bilionário de recursos escassos. Só em seus primeiros quatro anos,
> > > ele consumiu R$ 6,4 bilhões [UTF-8?]– cerca de 20% do que o governo 
quer
> > > arrecadar anualmente com o restabelecimento da CPMF. O anúncio da
> > > suspensão das bolsas do Ciência sem Fronteiras é, na verdade, um
> > > epitáfio.
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Dani Gamerman
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