[ABE-L] Editorial do Esta dão

Gustavo Ferreira gustavof22 em gmail.com
Dom Set 27 15:41:20 -03 2015


Colegas da rede

Concordo totalmente com o prof. Louzada.
Mas como sou docente e tb Coordenador Institucional do CsF da ENCE,
gostaria de contribuir com o debate com a minha visão sobre o CsF (mais
especificamente, da graduação sanduíche), pois tive mais contato:

1) pontos positivos:

- há alunos que estudam em boas universidades via CsF que aproveitam bem os
seus estudos (participando inclusive de projetos de pesquisa) e retornam
com um bom nível para terminar sua graduação no Brasil (temos exemplos na
ENCE);
- todos aperfeiçoam o idioma,  inglês e português (apesar de isto ser
esperado, obviamente);
- houve um aumento no interesse dos outros alunos em melhorar CR e
participar de programas PIBIC;
- há aumento da bagagem cultural e acadêmica dos alunos participantes.

2) pontos negativos
- não existe critério para definir o que é excelência (assim, você pode
barrar um aluno "bom" e a vaga acaba sendo ocupada por um aluno "mediano"
de outra universidade);
- ainda em relação à excelência, a maior parte das instituições levam em
conta o CR como nota de corte (sei de algumas que são 6.0 e de outras que
são 7.0). Mas dois alunos com CR=6 não são comparáveis se forem de cursos
distintos;
- ninguém no Brasil tem poder de influenciar na escolha da universidade
para onde o aluno irá (nem o governo!). Assim, depois de homologarmos a
candidatura de um aluno, ele pode ser alocado em uma universidade ruim e
ninguém poderá fazer nada (só se ele desistir);
- não existe um controle do que o aluno faz fora do Brasil.  Os sistemas do
programa que temos acesso não registram nada e nem fazem exigências das
universidades estrangeiras. Depende muito do aluno e dos nossos esforços
como coordenadores institucionais para obter informações.

Enfim, muito dinheiro foi usado neste programa para graduação sanduíche e
acho que estes recursos poderiam ter sido melhor empregados se fossem
destinados majoritariamente para alunos de pós (como o caso da Mel, que
escreveu dando o seu depoimento) ou professores que querem fazer posdoc.
E sobre efeitos eleitorais, no ano passado ouvi vários alunos dizendo que
votariam na Dilma pois tinham medo de que o CsF acabasse caso ela não
vencesse. Ou seja, querendo ou não, o CsF trouxe sim muitos votos.

Se eu fosse aluno de graduação, tentaria ao máximo aproveitar a
oportunidade. Mas se eu trabalhasse no Ministério, focaria a maior parte
dos recursos para alunos de pós.

Gustavo Ferreira
Em 27/09/2015 15:24, "Francisco Louzada" <louzada em icmc.usp.br> escreveu:

> Caro(a)s Redistas,
>
> Sim, talvez o problema seja a dimensão do programa e a percepção dos
> governistas de que ele deveria ser extendido a muitas áreas e níveis
> (graduação, mestrado, doutorado e pósdoc).
> Uma questão, quais são as áreas prioritárias mesmo? Não seria interessante
> termos este conhecimento e pensarmos em algum processo de indução? Todos os
> níveis devem ser contemplados? Por hora me parece que o subjetivismo e
> falta de planejamento impera.
> Além do que, parece que a decisào de quem se beneficia do CsF não tem sido
> uniforme, ou melhor, deve ter levado em consideração critérios muito
> diferentes de IES para IES, e com foco prioritário na graduação. Não
> deveria ser no doutorado?
>
> Pelo que entendo, localmente, todos os alunos do nosso Programa de
> Doutorado que se beneficiaram ou estão se beneficiando do CsF são bons ou
> excelentes e os benefícios para o nosso programa de pós e para os alunos
> são perceptíveis. Tbem, amigos/colegas de outros programas de doutorado têm
> reportado casos de sucesso.
>
> Tenho entretanto dúvidas com relação aos alunos de
> graduação/especialização. Ter uma experiência no exterior quando ainda na
> graduação/especialização me parece interessante pessoalmente  (eu mesmo
> gostaria de ter tido essa oportunidade), mas deve agregar pouco em termos
> científicos (para o indivíduo e para o país) se não se tem uma política
> clara de cobrança. A pergunta que devemos responder é se o governo deve
> fazer esse tipo de investimento. Eu acredito que não.
>
> Ou seja, de fato, a implementação do CsF parece ter sido muito flexível,
>  principalmente relativa as graduações, o que pode ter levado a distorções.
> Não esta claro, pelo menos pra mim, quais os indicadores de qualidade que
> estão sendo utilizados, se é que o são. Além do que, precisaríamos de mais
> indicadores de resultados que ainda estão por aparecer.
>
> Por hora, no link
> http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/painel-de-controle tem um
> "painel de controle do Programa CsF”. Podemos verificar que, no geral,
> quase 80% (pouco mais de 69.000) das bolsas implementadas são de graduação
> sanduíche. Na área prioritária “Ciencias Exatas e da Terra”, 52% (aprox
> 3.700) das bolsas são para graduação... bem vale a pena visitar o site se
> espantar, digo, contemplar...
>
> Abs
>
> Louzada
>
>
>
>
>
>
> Prof. Francisco Louzada
> USP  São Carlos   Brazil
> Homepage <http://www.mwstat.com/franciscolouzada>
>
>
>
> Em 27/09/2015, à(s) 12:44, Mel Oliveira <oliveira.mel em gmail.com> escreveu:
>
> Boa tarde,
>
> Sou aluna do ciencias sem fronteiras no exterior. Faco doutorado pleno em
> Estatistica na Florida State University. Estou comecando meu segundo ano
> aqui.
> Fiz graduacao e mestrado em Estatistica no IME, com o Prof. Carlinhos.
> Acredito que o Ciencias sem fronteiras tem problemas, mas certamente mais
> beneficios. E justamente pelo motivo de abrir oportunidade de estudar fora
> a pessoas que talvez nao conseguiriam com o criterio anterior.
> Viver em outra cultura te ensina sobre ser cidadao, sobre o seu pais, a
> ter pensamento critico, alem de te mostrar uma nova maneira de fazer
> ciencia. Acredito que um programa desse tipo, mais amplo, poderia
> contribuir positivamente formando  cabecas pensantes muito mais criticas ao
> pais, em menos tempo e assim, contribuir para a evolucao da sociedade
> brasileira, no geral. Tanto publica como privada. Independente de onde
> essas pessoas forem trabalhar depois. Nao apenas exclusivo aqueles que
> ficarao na academia.
>
> Acredito que nao preciso falar sobre a importancia de estudar fora, mas
> aqui vai um resumo do que sinto ate entao: Alem de aprender estatistica,
> viver em outra cultura eh criticar a sua propria. O amadurecimento nao eh
> apenas academico, mas pessoal. Nunca pensei tanto sobre o Brasil - o vendo
> de fora - sobre nossas politicas publicas, sistema politico, nossa
> democracia, cidadania.... nunca li tantos livros, nunca produzi tanto....
> Morar fora, por tanto tempo, tambem nao eh nada facil, eh solitario, eh
> triste, eh dificil.... fica mesmo eh quem gosta do que faz. Assim como
> penso dos professores que mais escrevem aqui. Acredito que professores de
> universidades publicas, o sao porque gostam do que fazem.
> E dentre as muitas coisas que me intrigam, sobre a academia, parece que
> somos tao melhores em teoria, que nossos professores conhecem estatistica
> tao mais a fundo do que os professores daqui, mas ainda assim os daqui
> publicam nas revistas mais relevantes... sera que eh porque fazem pesquisas
> mais relevantes? Afinal, como se define o que eh relevante? Ou melhor, quem
> define?
> Sera falta de estatistica, ou falta de maturidade, falta de acreditar no
> proprio trabalho, falta de engajamento, falta de jogo de cintura, falta de
> objetividade, falta de humildade para se juntar a outras areas e trocar
> conhecimento, falta de esforco para expandir o pensamento formado na
> academia, para distribuir conhecimento e mostrar a importancia da ciencia
> produzida na academia no dia-a-dia de uma empresa (pois o impacto eh obvio)
> e da sociedade, para fazer a ponte entre a academia e a vida fora dos
> portoes da universidade.
> Temos sim complexo de vira-lata, mas nao eh so isso...
>
> Alem disso, nao sei se estaria aqui se nao fosse o ciencias sem fronteiras.
> Fiz a graduacao no IME (2002-2008), mas levei 7 anos para termina-la e com
> media ponderada de 6.1. Fui uma aluna mediocre. Mas sempre amei a
> estatistica. Apos alguns anos trabalhando (2004-2013), decidi fazer
> mestrado, porque achei que conhecendo mais sobre a estatistica, teria mais
> criatividade para resolver os problemas dos clientes. O problema agora
> seria encontrar um professor que topasse me orientar e acredito que nao
> preciso explicar o porque. Foi entao que fiz uma materia com o Prof.
> Carlinhos, como aluna especial, e ele me disse: "Pare de bobagem, eu te
> oriento e sera otimo. Passe na prova e venha falar comigo."
> Passei na prova do mestrado do IME (2012) entre os primeiros colocados.
> Fui uma otima aluna de mestrado. Em 2013, larguei o trabalho de R$7.000,00
> e passei a receber a bolsa de R$1.200,00 pois percebi que trabalhar no meu
> proprio desafio era mais legal do que resolver os desafios dos outros. No
> final do mestrado, decidi continuar e aqui estou no doutorado (2014-2019)
> GPA > 3.8. Eu nem tinha pra quem pedir minhas cartas de recomendacao.
> Apenas minha chefe e o Prof. Carlinhos realmente me conheciam. Sera que eu
> conseguiria bolsa pra vir fazer o doutorado fora, se nao fosse o ciencias
> sem fronteiras? Tenho eu o merito ai dito? Qual a definicao, afinal?
>
> Bom domingo!
>
>
>
> Em 27 de setembro de 2015 09:54, Heliton Tavares <heliton em globo.com>
> escreveu:
>
>> Prezados,
>>
>> É do nosso umbigo tentar achar um culpado que não nós, mas quem deu vazão
>> ao CsF fomos nós próprios, mesmo que o projeto tenha sido
>> super-dimensionado. Se o projeto fosse tímido demais, nós reclamaríamos
>> também.  E não creio que os tais Coordenadores (nós) tenham sido
>> "selecionados", à toda, sem mérito, assim como a concepção do CsF.
>>
>> Um excelente domingo a todos.
>>
>> Héliton
>>
>>
>> Em 27/09/2015 10:06, Vermelho escreveu:
>>
>> A Doris coloca bem a discussão. É muito fácil eleger só  culpado. Claro
>> que o programa tem falhas, aliás, como tudo que fazemos na vida, sem
>> excluir ninguém. Aqueles que acham que não erram já erraram por achar que
>> não.
>> O programa tem falhas no presente do indicativo, pois, afinal, o Estadão
>> não tem a prerrogativa de extingui-lo.
>> Em 27/09/2015 09:50, "Dani Gamerman" <dani em im.ufrj.br> escreveu:
>>
>>> Caros
>>>
>>> Acho que a maior crítica ao CsF foi a dimensão do projeto.
>>> Isso acabou incentivando inúmeros usos indiscriminados.
>>> Mais um dos vários exemplos de má administração de verbas,
>>> levando a dúvidas sobre a concessão de autonomia completa
>>> para as universidades públicas.
>>>
>>> Bom domingo
>>> Dani
>>>
>>> > Caros colegas,
>>> > Não podemos generalizar. O Programa Ciência Sem Fronteiras,
>>> >  realmente beneficiou pessoas que não mereciam (infelizmente, tudo
>>> > depende da honestidade das pessoas) mas, por outro lado, beneficiou
>>> > também aqueles que mereciam. Temos casos de diplomas duplos
>>> > resultantes desse programa e que trouxeram melhorias  aos PPGs .
>>> >
>>> > O problema que vejo no momento é o nivelamento por baixo,
>>> > penalizando aqueles que fizeram as coisas corretamente e tirando
>>> > oportunidades de quem realmente merece.
>>> >
>>> > Saudações, Clarice
>>> >
>>> > ----- Mensagem original -----
>>> >
>>> > > De: "Doris Fontes" <dsfontes em gmail.com>
>>> > > Para: "Julio Stern" <jmstern em hotmail.com>
>>> > > Cc: "Alfredo Mayall Simas" <simas.ufpe.br em gmail.com>, "manoel lemos"
>>> > > <mjmslemos em gmail.com>, "MARIA DA CONCEICAO SAMPAIO DE SOUSA"
>>> > > <csampaiodesousa em gmail.com>, "ABE Lista" <abe-l em ime.usp.br>
>>> > > Enviadas: Domingo, 27 de Setembro de 2015 8:54:45
>>> > > Assunto: Re: [ABE-L] Editorial do Estadão
>>> >
>>> > > Pergunto: só o governo federal tem culpa no fracasso do CsF, ou as
>>> > > próprias IES têm também (grande) parcela da culpa? Se houve
>>> > > estudante ruim ganhando bolsa, alguém aprovou este estudante. Não é
>>> > > possível pedir para o governo criar um fiscal para cada coordenador
>>> > > local do CsF...  No meu ver, o programa era, sim, MERITOCRÁTICO.
>>> >
>>> > > Concordo que havia muitas falhas, mas os usuários ruins e
>>> > > coordenadores das IES ajudaram, com sua falta de comprometimento,
>>> > > eliminar um programa que poderia ser bom.
>>> >
>>> > > Bom domingo a todos,
>>> > > Doris
>>> >
>>> > > Homologação de Inscrições
>>> >
>>> > > Procedimentos
>>> >
>>> > > O processo de homologação realizado pelos Coordenadores
>>> > > Institucionais do Programa Ciência sem Fronteiras visa,
>>> > > principalmente, selecionar os melhores estudantes inscritos nas
>>> > > Chamadas Públicas para concessão de bolsas de Graduação Sanduíche no
>>> > > Exterior. Os candidatos deverão estar regularmente matriculados em
>>> > > cursos de graduação ligados às Áreas Prioritárias, cumprir com os
>>> > > requisitos das Chamadas, ter excelente desempenho acadêmico e
>>> > > proficiência no idioma do país de destino, quando exigido.
>>> > > Atenção:  Cada Instituição de Ensino Superior deverá indicar o seu
>>> > > representante do Ciência sem Fronteiras institucional. As
>>> > > mantenedoras dessas instituições deverão orientar para que que os
>>> > > respectivos Reitores, ou possuidores de cargo equivalente, indiquem
>>> > > o seu representante para cada IES.
>>> > > (...)
>>> >
>>> > > Instruções importantes:
>>> >
>>> > > Faz-se necessário mencionar os requisitos que os candidatos,
>>> > > obrigatoriamente, deverão preencher para assim terem suas
>>> > > candidaturas devidamente homologadas.
>>> >
>>> > > * Estar regularmente matriculado em curso de nível superior nas áreas
>>> > > e nos temas indicados na chamada pública;
>>> > > * Percentual do curso concluído, tendo integralizado no mínimo 20% e,
>>> > > no máximo, 90% do currículo previsto para seu curso, no momento do
>>> > > início previsto da viagem de estudos;
>>> > > * Para os alunos de cursos de saúde, verificar a restrição total ou
>>> > > parcial (ciclo clínico) para cada uma das chamadas;
>>> > > * Apresentar perfil de aluno de excelência, baseado no bom desempenho
>>> > > acadêmico segundo critérios da própria IES; -- Isso não é
>>> > > meritocracia?
>>> > > * Se aplicável, confirmação de prêmio acadêmico e de mérito;
>>> > > * Se aplicável, confirmação de participação em programa de iniciação
>>> > > científica ou docência.
>>> >
>>> > > A elegibilidade do curso de graduação, o nível de proficiência
>>> > > EXIGIDO e a nota do ENEM são verificados pela Equipe do Programa
>>> > > Ciência sem Fronteiras quando da pré-seleção dos candidatos, não
>>> > > devendo assim ser motivo de NÃO HOMOLOGAÇÃO de candidatos.
>>> >
>>> > > Em 27 de setembro de 2015 08:02, Julio Stern < jmstern em hotmail.com >
>>> > > escreveu:
>>> >
>>> > > > O Ciencia Sem Fronteiras implementou uma politica explicitamente
>>> > > > Anti-Meritocratica.
>>> > >
>>> > > > O programa consumiu RS 6.5 Bilhoes, esvasiou programas bem
>>> > > > estabelecidos,
>>> > >
>>> > > > gerou frustracoes enviando alunos mal preparados mundo afora,
>>> > >
>>> > > > denegriu a boa reputacao dos estudantes de pos-graduacao
>>> > > > Brasileiros
>>> > > > no exterior,
>>> > >
>>> > > > e deixou um rombo orcamentario que teremos que agora pagar em meio
>>> > > > a
>>> > > > uma crise
>>> > >
>>> > > > economica que eh resultado de politicas economicas concebidas com
>>> > > > igual zelo
>>> > >
>>> > > > anti-meritocratico e anti-produtivista, embaladas com a pior
>>> > > > demagogia populista.
>>> > >
>>> > > > Como nacao, reelegemos a Dilma:
>>> > >
>>> > > > Nao temos como reclamar.
>>> > >
>>> > > > Ta ruim.
>>> > >
>>> > > > ---Julio Stern
>>> > >
>>> >
>>> > > >
>>> > >
>>> >
>>> > > > Date: Fri, 25 Sep 2015 09:42:37 -0300
>>> > >
>>> > > > From: cribari em de.ufpe.br
>>> > >
>>> > > > To: abe-l em ime.usp.br ; mjmslemos em gmail.com ;
>>> > > > csampaiodesousa em gmail.com ; simas.ufpe.br em gmail.com
>>> > >
>>> > > > Subject: [ABE-L] Editorial do Estadão
>>> > >
>>> >
>>> > > > O Estado de São Paulo, 25 de setembro de 2015 - EDITORIAL
>>> > >
>>> >
>>> > > > O fim do Ciência sem Fronteiras
>>> > >
>>> >
>>> > > > Lançado há quatro anos como uma das principais iniciativas do
>>> > > > primeiro governo da presidente Dilma Rousseff no campo da educação
>>> > > > e
>>> > > > usado como bandeira eleitoral na campanha pela reeleição, o
>>> > > > programa
>>> > > > Ciência sem Fronteiras está chegando a um final melancólico.
>>> > >
>>> > > > Embora afirmem que ele não será encerrado, as autoridades
>>> > > > educacionais admitiram publicamente que a oferta de novas vagas
>>> > > > está
>>> > > > suspensa por falta de verbas. As bolsas dos alunos que estão no
>>> > > > exterior continuarão sendo pagas, mas as dos estudantes que haviam
>>> > > > sido selecionados serão canceladas. A suspensão foi anunciada por
>>> > > > um
>>> > > > assessor do Ministério da Educação durante sabatina no Comitê para
>>> > > > os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas.
>>> > >
>>> > > > Concebido mais como instrumento de marketing do que como uma
>>> > > > política
>>> > > > destinada a acelerar a internacionalização do ensino superior, o
>>> > > > Ciência sem Fronteiras apresentou problemas desde que foi lançado.
>>> > > > Em vez de selecionar alunos de áreas técnicas em que o Brasil
>>> > > > carece
>>> > > > de especialistas, especialmente no campo das ciências exatas e
>>> > > > biomédicas, o programa financiou indiscriminadamente estudantes de
>>> > > > quase todas as áreas do conhecimento [UTF-8?]â€" inclusive
>>> publicidade e
>>> > > > comunicações.
>>> > >
>>> > > > Por falta de critérios, de objetivos e de metas, o programa também
>>> > > > concedeu indiscriminadamente bolsas de graduação, de mestrado, de
>>> > > > doutorado, de especialização e de pós-doutorado, sem prever
>>> > > > mecanismos de avaliação de desempenho dos bolsistas. Houve até quem
>>> > > > ganhou bolsa para passar um ano nos Estados Unidos, Inglaterra e
>>> > > > Canadá sem ter sido submetido a um teste de fluência em língua
>>> > > > inglesa. Por não conhecer o idioma, vários bolsistas não
>>> > > > conseguiram
>>> > > > acompanhar as aulas e retornaram ao Brasil sem aperfeiçoar sua
>>> > > > formação intelectual.
>>> > >
>>> > > > Ao ser lançado, em 2011, o Ciência sem Fronteiras previa a
>>> > > > concessão
>>> > > > de 101 mil bolsas de estudo no exterior, das quais 75 mil seriam
>>> > > > financiadas pela União e 26 mil custeadas pela iniciativa privada.
>>> > > > Quando tomaram consciência de que o programa não tinha prioridades
>>> > > > bem definidas, bancos e empresas tentaram estabelecer critérios
>>> > > > objetivos para a seleção dos estudantes cujos estudos financiariam.
>>> > > > Mas, alegando que elas estavam usando o programa para financiar mão
>>> > > > de obra de que necessitam, as autoridades educacionais rejeitaram
>>> > > > esses critérios e impuseram outros. As empresas cancelaram o
>>> > > > patrocínio.
>>> > >
>>> > > > A inépcia administrativa também se converteu numa das marcas do
>>> > > > Ciência sem Fronteiras. Muitos bolsistas viajaram para o exterior
>>> > > > só
>>> > > > com a passagem de ida e tiveram dificuldades para se instalar nas
>>> > > > cidades que escolheram. Por causa dos atrasos no depósito das
>>> > > > bolsas, estudantes ficaram sem recursos para pagar aluguel,
>>> > > > alimentação, transporte e plano de saúde. Universidades
>>> > > > estrangeiras
>>> > > > reclamaram dos atrasos do repasse das verbas para gastos com
>>> > > > matrículas, mensalidades e atividades acadêmicas [UTF-8?]â€" a
>>> ponto de
>>> > > > faculdades canadenses de engenharia se recusarem a acolher
>>> > > > bolsistas
>>> > > > brasileiros. Por excesso de burocracia e de um extenso rol de
>>> > > > requisitos estapafúrdios [UTF-8?]â€" como a exigência de que as
>>> escolas
>>> > > > estrangeiras tivessem a mesma carga horária, o mesmo programa das
>>> > > > mesmas disciplinas e dos mesmos currículos das escolas brasileiras,
>>> > > > além de traduções juramentadas de documentos expedidos por
>>> > > > consulados [UTF-8?]â€", os estudantes brasileiros enfrentaram
>>> dificuldades
>>> > > > para revalidar diplomas emitidos no exterior.
>>> > >
>>> > > > A criação de um programa destinado a reduzir a distância entre as
>>> > > > universidades brasileiras e as mais prestigiosas universidades
>>> > > > estrangeiras foi recebida como uma boa ideia pela comunidade
>>> > > > acadêmica. Mas, da forma desastrosa com que foi implementado e com
>>> > > > resultados pífios que produziu, ele representou um desperdício
>>> > > > bilionário de recursos escassos. Só em seus primeiros quatro anos,
>>> > > > ele consumiu R$ 6,4 bilhões [UTF-8?]â€" cerca de 20% do que o
>>> governo
>>> quer
>>> > > > arrecadar anualmente com o restabelecimento da CPMF. O anúncio da
>>> > > > suspensão das bolsas do Ciência sem Fronteiras é, na verdade, um
>>> > > > epitáfio.
>>> > >
>>> >
>>> > > > _______________________________________________ abe mailing list
>>> > > > abe em lists.ime.usp.br https://lists.ime.usp.br/mailman/listinfo/abe
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>>> Dani Gamerman
>>> Depto. de Métodos Estatísticos (DME)
>>> Lab. de Sistemas Estocásticos (LSE)
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>>> fbook: StatPop, twitter: @blogStatPop
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