[ABE-L] Por que poucos alunos de escolas públicas de São Carlos estão na USP?

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Ter Jul 18 14:29:14 -03 2017


Predzados colegas

No meu entender essa situação faz parte de todo um processo mais  
complexo e que:
1 - começou nos anos 60 em que existia uma escola pública de  
qualidade, que era para poucos, mas que conseguiam preencher a maior  
parte das vagas pelos vestibulares das universidades pública.
2 - Com o início do regime militar passou a ocorrer aumento no número  
de vagas possibilitando ao seu acesso uma maior quantidade de alunos,  
por outro lado, foi diminuindo a sua qualidade fazendo com que escolas  
particulares que eram chamadas de PP(pagou passou), uma parte delas se  
fortaleceram gerando as escolas particulares de elite de hoje e o  
ensino publico diminuindo drasticamente sua qualidade e aumentou  
fortemente de tamanho, chegando a tal ponto de que 10% das vagas  
disponíveis pelas universidades pública pelo vestibular tivessem como  
aprovados alunos de escolas públicas, e assim mesmo, devido a escolas  
técnicas federais e militares.

3 - Mediante esse cenário nos anos 2000 começaram a mobilização de que  
as universidades deveriam adotar sistemas de cotas racias e para  
alunos de escolas públicas, situação essa existente na maioria das  
universidades de hoje após vários projetos sancionados pelos  
diferentes governos e que na realidade, essas autoridades deveriam  
fazer, isso sim, seria restabelecer a qualidade de ensino das escolas  
públicas, mas por questões políticas e econômicas essas autoridades  
não pensar em melhorar o que deveria ser melhorado e com isso esse  
cenário em defendem cotas, mais cotas, mais cotas...

4 - eu mesmo penso o seguinte, se é para existir cotas, diria que mais  
do que a questão ods negros, pardos e indígenas; diria que pessoas com  
deficiência também deve ter o seu direito, pois além da questão  
histórica, tem também a questão de barreiras a serem vencidas como  
infraestruturais, tecnologias assistivas de modo que possam oferecer  
condições mais inclusivas para esses alunos entre outras coisas.


5 - Melhor solução no meu modo de ver é um ensino público de melhor  
qualidade e que ofereçam oportunidades para todos adquirirem a mesma  
formação e oferecendo condições para que possam melhor estudar e o  
mais importante aprender e no ritmo que as coisas estão não enxergo  
uma luz no fim desse túnel.

Saudações,

                 Paulo Tadeu de Oliveira



Citando Heliton Tavares <helitontavares em gmail.com>:

> Pois é, a propaganda é a alma do negócio, e não pode parar nunca.
>
> Há uns 12 anos, na época da implantação das cotas nas Universidades, uma
> aluna comparou os desempenhos em vários cursos, por todo o percurso
> acadêmico (8 ou 10 semestres, pelo menos), de grupos (Cota Pública/Raça,
> Sem Cota) e concluímos que eles entravam com desempenhos diferentes, mas
> saiam com desempenhos muito próximos (Medicina, Elétrica..., maior
> demanda), ou estatisticamente equivalentes (média ou baixa demanda),
> havendo até curso com inversão de desempenho ao final (baixa demanda).
> Seria interessante repetir esse estudo em outras IES.
>
> Abraços Acadêmicos!
>
> 2017-07-18 11:12 GMT-03:00 Alexandre Galvão Patriota <
> patriota.alexandre em gmail.com>:
>
>> Perfeito, Lane.
>>
>> Eu estudei em escolas públicas de Curitiba e no segundo e terceiro anos do
>> segundo grau os professores perguntavam reiteradamente quem estava
>> interessado em fazer um curso superior em uma universidade.  Lembro-me como
>> se fosse hoje. Todos os alunos ficavam quietos com ar zombeteiro, certos de
>> que não iriam gastar mais 5 anos estudando quando podiam trabalhar e
>> "ganhar dinheiro" imediatamente. Era comum ver amigos e colegas zombarem
>> com quem queria fazer vestibular. Eu fui fazer vestibular 5 anos após ter
>> me formado no segundo grau (aos 21 anos), mas já trabalhava desde os 13
>> como office-boy/carregador de caixa/auxiliar de pedreiro/montador de
>> andaime/etc. Eu mudei meu ponto de vista depois de perder alguns amigos e
>> perceber que trabalhar sem estudar não iria me levar a lugar algum.
>>
>> Eu concordo com você. Não creio que o problema seja em acreditar se podem
>> ou não. Nós [eu e meus amigos e colegas da época] não tínhamos interesse em
>> estudar além do segundo grau.  Acredito que as ações deveriam seguir outra
>> direção das que estão sendo implementadas no Brasil. Mas enfim, quem deve
>> entender desse assunto são os "intelectuais" da classe média que sabem bem
>> o que os marginalizados querem...
>>
>>
>> 2017-07-18 10:58 GMT-03:00 Lane Alencar <lane.alencar em gmail.com>:
>>
>>> Muito boa a pesquisa. Obrigada Alexandre.
>>>
>>> Eu estudei sempre em escola pública e nem acho que a questão é de que os
>>> alunos não acreditam que podem estudar na universidade pública. No ensino
>>> fundamental, estudei perto de casa em escola estadual e a questão não era
>>> essa.
>>>
>>> A maioria nem pensava em fazer vestibular pois não *queriam ter que
>>> estudar* para se formar. Logo, já pensavam em pagar alguma faculdade que
>>> não exigisse muito (ex. Unip). A maioria poderia se manter estudando, mas
>>> estudar é coisa de CDF, como eu.
>>>
>>> Nunca se pergunta qual a razão para não ir estudar na USP. Ai também
>>> jogam a culpa nos outros, no sistema...
>>>
>>> Tenho alunos no IME que não querem aprender mesmo, só passar. Mais da
>>> metade dos alunos de amostragem (disciplina considerada fácil do 3o
>>> semestre) estão de recuperação.
>>>
>>> Att
>>> Lane
>>>
>>>
>>>
>>>
>>>
>>> Em 18 de julho de 2017 10:15, Alexandre Galvão Patriota <
>>> patriota.alexandre em gmail.com> escreveu:
>>>
>>>> Prezados,
>>>>
>>>> Segue matéria interessante:
>>>>
>>>> http://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-exatas-e-da-terra/por
>>>> -que-poucos-alunos-de-escolas-publicas-de-sao-carlos-estao-na-usp/
>>>>
>>>> Parabéns aos colegas do ICMC da USP de São Carlos.
>>>>
>>>> Att
>>>> Alexandre.
>>>>
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>> Prof. Dr. Alexandre G. Patriota,
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