[ABE-L] lockdown

'Gauss Cordeiro' via abe-l@ime.usp.br abe-l em ime.usp.br
Seg Mar 29 13:35:47 -03 2021


Caro Alexandre,

Muito grato pelos seus comentários sempre inteligentes. O lockdown não
pode ser linear, teria que ser
realizado por atividade econômica. A construção civil e a indústria
podem funcionar sem lockdown.
No Brasil por conta da entropia os lockdowns são de mentirinha.

Um texto que deve lhe interessar em

https://www.nature.com/articles/s41586-020-2923-3?fbclid=IwAR30j6Tq-DXiL_Acd0eAY1xSwnaNL55S2BqJDofA3SYpyYHog46nmaG-3os

Em uma cidade menor como Araraquara o lockdown funcionou muito bem.
Mas me informaram
que muitas pessoas de lá - por conta do comércio fechado - foram fazer
compras em São Carlos
e mais  são-carlenses foram infectados. Não sei as proporções.

Tudo está complicado por conta das novas variantes. Saudade da época
que P1 e P2 eram usados
para indicar as proposições.

Grande abraço,

Gauss




Em seg., 29 de mar. de 2021 às 13:21, Alexandre Galvão Patriota
<patriota.alexandre em gmail.com> escreveu:
>
> Prezado Gauss,
>
> Parabéns pelos comentários. Realmente o lockdown perfeito teria que funcionar por consequência de como o vírus se propaga.
>
> Eu fiz algumas simulações para mostrar o que já era esperado (veja aqui https://www.ime.usp.br/~patriota/Covid19.html). Elas me ajudaram a entender melhor como os modelos epidemiológicos (SIR SEIR etc) funcionam e suas limitações. Vou fazer um vídeo explicando essas simulações quando sobrar um tempo.
>
> O problema que vejo é como aplicar um lockdown na prática e no contexto da pobreza brasileira generalizada. Deve ser extremamente desconfortável morar em uma casa pequena com mais de 5 pessoas. As pessoas mais pobres provavelmente não vão conseguir ficar dentro de suas casas por muito tempo, como preconiza a política do lockdown.
>
> Sobre o artigo, eu o li na diagonal. Notei que os autores tentam correlacionar o "índice de distanciamento social" e o número de mortos 39 dias "no futuro" por meio de um modelo SIR (que muito provavelmente não é adequado para os dados observados pois os coeficientes devem variar no tempo por mudanças de políticas públicas). Uma outra questão é que usaram os dados do Brasil todo e isso pode confundir os resultados. Por exemplo, se um estado faz lockdown o outro não, então enquanto o número de óbitos pode crescer de um lado e diminuir após 20-40 dias no outro. Poderiam ter estudado nos níveis municipais ou estaduais. Outro ponto importante é que eles desconsideraram apenas os últimos 5 dias por possíveis problemas de subnotificação, mas a subnotificação ocorre no último mês inteiro.
>
> Eu tenho receio de analisar esses dados, pois há muitas variáveis que interferem no número de óbitos que não são mensuradas e/ou não estão facilmente disponíveis e/ou tem erro de medida. Os modelos SIR e SEIR (e outros que inserem covariáveis como o binomial negativo para modelar o número de mortos) provavelmente não conseguem explicar a variabilidade dos dados observados.
>
> Aproveitando para divulgar a atualização do número de óbitos (comparando Brasil com outros 12 países):
> https://www.youtube.com/watch?v=z9Y-rNSYXws
>
>
>
> Em qua., 24 de mar. de 2021 às 20:18, 'Gauss Cordeiro' via abe-l em ime.usp.br <abe-l em ime.usp.br> escreveu:
>>
>> https://marcozero.org/cientistas-apontam-erros-em-estudo-contra-lockdown-de-professor-da-ufpe-publicado-em-sites-bolsonaristas/
>> _______________________________________________
>> abe mailing list
>> abe em lists.ime.usp.br
>> https://lists.ime.usp.br/listinfo/abe
>
>
>
> --
> Prof. Dr. Alexandre G. Patriota,
> Department of Statistics,
> Institute of Mathematics and Statistics,
> University of São Paulo, Brazil.


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