[ABE-L] RES: The Academic Inbreeding Controversy: Analysis and Evidence from Bra

Widemberg da Silva Nobre widemberg em dme.ufrj.br
Qua Abr 6 15:09:16 -03 2022


Caros,

Sobre essa discussão, gostaria de adicionar alguns pontos relacionados a
metodologia adotada e a análise. Meu foco se restringe à abordagem causal
tratada no artigo.

Os autores tratam o problema de comparar dois grupos através de propensity
score matching. Considero essa escolha natural, uma vez que os dados são
observacionais e existe claro potencial para questões de confundimento. Um
problema é que eles não discutem diagnóstico de balanceamento induzido pelo
propensity score (que é o principal objetivo quando adotamos metodologias
baseadas no propensity score). Além disso, não vejo discussões na linha de
confundimento devido a fatores não-mensurados e questões envolvendo overlap
da distribuição do propensity score entre tratados e não-tratados. Sem essa
discussão, não sei muito sobre a qualidade dos resultados.

Poderia ainda elencar outras questões envolvendo os dados e a análise.
Existe relação entre características individuais e sub-área, que devem ser
contabilizadas? a relação entre tempo e o número de programas de
pós-graduação pode ser desprezada? Com base nos objetivos elencados pelos
autores, possivelmente não. Sendo esse o caso, desconsiderar essas questões
reforça a ideia que a qualidade dos resultados não é tão boa.

Em tempo, gostaria de mencionar o Journal club em causalidade que organizei
juntamente com o Prof Hedibert no Insper ano passado (link: "
https://hedibert.org/compilations/" Depois clicar em: "Journal club de
Causalidade (2021)"). No terceiro e quarto encontros nós tratamos alguns
pontos referentes à identificação de efeitos causais e ao uso do propensity
score. No link vocês poderão encontrar alguns estudos simulados que foram
utilizados e que ilustram potenciais riscos de desprezar alguma dessas
questões que citei acima (além de outras questões).

Abraços!

Widemberg Nobre

Em qua., 6 de abr. de 2022 às 09:25, Roberto Imbuzeiro Oliveira <
rimfo em impa.br> escreveu:

> Cara professora Doris,
>
> Obrigado pelo envio do artigo. A discussão que ele levanta me interessou
> muito em tempos recentes.
>
> Infelizmente, sou bastante cético quanto às conclusões do artigo em tela.
> As observações do professor Julio são pertinentes, mas acrescento alguns
> pontos que me parecem importantes sobre o estudo em si. De fato, há nele um
> par de frases que muito me chamaram a atenção.
>
> *“Since very few institutions are able to grant graduate degrees, the
> majority of them employ PhD academics from a select and smaller set of
> research oriented universities. However, this figure can change when we
> consider only the research-oriented institutions, where several of their
> own former PhD students are employed due to the previously pointed issues,
> presenting more than 20% of their faculty as inbreeds.”*
>
> Este trecho sugere que *é plausível que os “non-inbreds” estejam em
> grande parte em instituições que não têm bom ambiente de pesquisa. *
> *A maior produtividade dos “inbreds” pode se explicar, ao menos em parte,
> por estarem em melhores ambientes. *
> O PSM poderia corrigir isso, mas as covariadas escolhidas refletem apenas
> a instituição onde o indivíduo obteve seu doutorado, não aquela em que
> trabalha. Pensando em um exemplo hipotético, dois doutores em Agronomia da
> USP -- um deles na própria USP e outro, numa instituição sem muita pesquisa
> -- poderiam ser pareados e comparados no PSM. Dada a suspeita que relatei
> acima, isso me parece má ideia.
>
> Por outro lado, possivelmente há uma correlação positiva entre a
> universidade escolher um doutor seu para contratar e o potencial deste
> doutor para a carreira. Isto seria o “inbreeding bom”, em que um certo
> número de formandos da Agronomia da USP acaba na própria USP porque são, de
> fato, os melhores pesquisadores entre os que o departamento formou
> recentemente. Seria muito interessante investigar este “inbreeding bom” e
> até que ponto ele é bom, mas isso está muito além do escopo do artigo em
> tela.
>
> Um último ponto: os próprios autores observam que “mobile inbreds” (que
> passaram um tempo fora em sanduíche ou pós-doc) são os mais produtivos de
> todos, com certa margem para os demais. Supondo que este seja um efeito
> verdadeiro, parece-me estranho que fazer o doutorado inteiro fora tenha um
> efeito menor.
>
> Atenciosamente,
> Roberto
>
> ----
> Roberto Imbuzeiro Oliveira
> Professor, IMPA
> rimfo em impa.br
> https://sites.google.com/view/roboliv
>
>
>
>
>
> *De: *Julio Stern <jmstern em hotmail.com>
> *Enviado:*quarta-feira, 6 de abril de 2022 03:10
> *Para: *Doris Fontes <dsfontes em gmail.com>; abe-Lista <abe-l em ime.usp.br>
> *Assunto: *Re: [ABE-L] The Academic Inbreeding Controversy: Analysis and
> Evidence from Bra
>
>
>
> Cara Doris e demais redistas:
>
>
>
> Acho que este paper e suas conclusoes bastante equivocado.
>
> O objetivo de evitar inbeeding Nao eh o aumento imediato de
> produtividade, mas sim de "aumentar variabilidade genetica".
>
> Isto so se traduz em produtividade a longo prazo.
>
> Isto tambem se traduz em pesquisa original e inovadora, em contraste com
> "producao em massa" explorando caminhos ja conhecidos.
>
>
>
> > Medir Quantitativamente produtividade absoluta eh muito facil ---
> Bibliometria de coeficientes de impacto resolve.
>
> > Medir Qualitativamente originalidade e inovacao, eh algo muito mais
> dificil.
>
>
>
> Acho este assunto muito interessante para discussao na lista.
>
> Por favor, permitam-me compartilhar duas duvidas:
>
>
>
> Duvida (1):  Objetivos da pesquisa cientifica:
>
>
>
> Qual o objetivo de fazer pesquisa cientifica no Brazil?
>
>
>
> > Se o objetivo for produtividade absoluta, talvez inbreedim em
> laboratorios ou "fabricas" de pesquisa ja altamente produtivas seja a
> melhor politica.
>
> > Se o objetivo for o de encontrar solucoes originais e Inovadoras para
> problemas relevantes no contexto Brasileiro e mundial, desconfio que ter
> mais variabilidade seja essencial.
>
>
>
>
>
> Duvida (2):  Levando adiante a Metafora do Imbreading:
>
>
>
> Em uma monocultura moderna, ex soja, cana de acucar, as sementes ou mudas
> sao produzidas por clonagem ou por processos semelhantes, onde a
> variabilidade genetica eh minima.
>
> Mas a selecao da semente a ser clonada eh feita em um processo totalmente
> separado, a partir de um banco de germoplasmas de grande variabilidade.
>
>
>
> > Como seria possivel transportar um processo artificialmente
> particionadao -- entre "melhoramento genetico" e "reproducao controlada"
> --  dos campos da agricultura para o campos da producao cientifica?
>
> > Isto seria desejavel?
>
>
>
> Grato, Doris, por nos trazer este interessante problema para reflexao.
>
> Tudo de bom,  ---Julio Stern
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> *From:* abe <abe-bounces em lists.ime.usp.br> on behalf of Doris Fontes <
> dsfontes em gmail.com>
> *Sent:* Tuesday, April 5, 2022 11:35 PM
> *To:* abe-Lista <abe-l em ime.usp.br>
> *Subject:* [ABE-L] The Academic Inbreeding Controversy: Analysis and
> Evidence from Bra
>
>
>
> The Academic Inbreeding Controversy: Analysis and Evidence from Brazil
> Denis Borenstein, MarceloS. Perlin, Takeyoshi Imasato
>
>
>
>
>
>
>
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Widemberg Nobre
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