[ABE-L] modelos de produção científica X meios de divulgação científica

Luis Paulo Braga lpbraga em geologia.ufrj.br
Dom Ago 23 19:52:05 -03 2015


Alguém fez uma  caracterização de dois modelos esquemáticos de produção
científica - heterônomo e autônomo, como ponte para clarear a discussão
sobre periódicos predadores e não predadores. O termo predador foi cunhado
por Jeffrey Beall, coordenador de um site "Scholarly Open Access"que
monitora a qualidade de editoras, periódicos e eventos científicos.
Recentemente, um texto publicado por ele causou furor na comunidade
científica  O SCIELO é uma favela de publicações?
<http://scholarlyoa.com/2015/07/30/is-scielo-a-publication-favela/> . Boa
parte das editoras e periódicos denunciados por Beall pertence ao rol das
publicações abertas, de acesso supostamente gratuito. E dentre elas, muitas
de origem chinesa. Ao contrário do que se pensa, a CAPES, até o fim da
gestão de Jorge Guimarães, incorporou ao Qualis, títulos de periódicos que
não constavam de bases tradicionais de periódicos indexados. E mesmo após
decisão de seu Conselho Superior, não eliminou todos os periódicos
predadores do Qualis. Ou seja, muitos pesquisadores julgarão esses veículos
válidos para divulgar seus trabalhos.

Ao contrário do que se pensa, as publicações de acesso aberto não são
gratuitas, o autor paga, ou melhor dizendo, a instituição do autor paga.
Assim as editoras e periódicos abertos multiplicam seus títulos e edições
para gerar um enorme volume de publicações. No Brasil, os gastos com
pagamentos a editoras abertas chegam a muitos milhões de reais. Dentre
elas, o SCIELO, que é sustentado por órgãos públicos, cobra deles por
artigo publicado. Talvez, muitos não saibam, mas o SCIELO atende hoje 15
países, no idioma respectivo. A maior parte das despesas é paga pelo
contribuinte brasileiro.

Nem sempre as afirmações de Beall são precisas, já houve pareceres que
foram revisados, mas ele tem o mérito de desvendar um sistema global de
divulgação de ciência "fake" , Reflexões sobre a carreira docente
<http://www.polbr.med.br/ano15/cpc0115.php#1> . Dessa discussão não se deve
concluir que as editoras, eventos e revistas de acesso aberto são todas
predadoras. As editoras tradicionais também estão introduzindo essa
modalidade, assim como as editoras abertas estão se preocupando mais com o
conteúdo, alguns editores chineses foram denunciados em seu país.
http://www.elsevier.com/connect/is-peer-review-just-a-crapshoot

O tema provoca reações dramáticas, como o tom da resposta ao infeliz título
do artigo de Beall,
http://blog.scielo.org/blog/2015/08/02/mocao-de-repudio-ao-ataque-classista-do-sr-jeffrey-beall-ao-scielo/
e bom comentário A reação contra Jeffrey Beal e os editores predatórios
<http://blogdopedlowski.com/2015/08/12/e-a-grita-contra-jeffrey-beall-continua-os-editores-predatorios-agradecem/>
Ou
das respostas desaforadas de Guimarães aos jornalistas Allegretti(VEJA) e
Tuffany(FSP).

Quando um tema deixa de ser tabu e começa a ser amplamente discutido à luz
de fatos e dados, sempre há uma esperança de dias melhores.


Chegou a hora da verdade para a pesquisa brasileira?
<http://blogdasciam.com.br/2015/08/13/atitude-realista-da-capes-sobre-qualidade-da-pesquisa-brasileira/>
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