[ABE-L] Mais sobre predatórias: Leiam pois está bom!

Vermelho vermelho2 em gmail.com
Ter Ago 25 09:15:28 -03 2015


Carvalho,

Como sempre você escreve exatamente como você fala quando estamos
conversando ao vivo e em cores!
E como não concordar com algumas suas ideias e e discordar de outras?
Que bom será o mundo onde todos possam vir a discordar ou concordar sem
 que necessariamente sejam rotulados como do "outro lado"!
Que bom poder ter a nossa disposição e ao mesmo tempo o Wase, o Google
Maps, o GPS e poder usá-los todos ao nosso bel prazer.
Que bom poder ler (e publicar) todas as revistas, livros e assemelhados que
nos der na telha e poder filtrar o que é bom ou ruim segundo nossos
próprios critérios!
Abraços,

Vermelho
F.: (21) 2501 2332 - casa
           2142 0473 - IBGE

Em 24 de agosto de 2015 22:03, Carlos Alberto de Bragança Pereira <
cpereira em ime.usp.br> escreveu:

>
> Caros Redistas:
> Tive a honra de receber a visita de fraterno amigo de longos anos.  Claro
> que ele pertence ao nosso meio e é dos bons: Zé Carvalho é como muito de
> nós o conhece.  De nosso encontro acertamos de enviar um texto mais
> tranquilo e sobre aquilo que discutimos.  Ele ficou então de fazer o texto
> o qual não tive coragem de mudar uma vírgula.  Está muito bom, creiam.
>
> Vejam lá
>
>
> _________________________________________________________________________________
>
> Predatórias? As publicações predam o que? Quem é o parasitado, ou
> expoliado? O establishment editorial, que existe há muito tempo e que
> emprega recursos pré-Internet? Deve ser. A substituição do velho pelo novo
> é um dos princípios da dialética de Engels e Marx. Cito, meio de
> brincadeira, pois eles, Engels e Marx, também estão já fora de moda, já
> parece propaganda dos atuais governantes deste país, que xingam
> espertamente os adversários políticos, fazendo muita propaganda com pouco
> argumento.  Quem não conhece a "zelite branca"?
>
> O nome "predatório" é malicioso e escolhido de propósito para dar mau tom
> às publicações abertas.
>
> Pois bem. Existem publicações abertas, como a Wikipedia, que deram certo e
> servem a muita gente hoje. Minha Enciclopédia Britannica sequer serve de
> enfeite hoje. Tenho alguns periódicos top (top?), desde 1975. Eles incluem
> o JASA, Technometrics e Biometrics, Annals. Muito me serviram. Hoje são um
> volume morto. Tenho preguiça de andar tres metros e buscar um exemplar.
> Pego de minha mesa, na Internet. Sei que isso não os faz OPEN. Mas o custo
> de publicar na Internet é incomensuravelmente mais baixo e abre caminho
> para quem quiser publicar.
>
> A qualidade? Ora, a sociedade, o mundo, acaba por filtrar o útil do
> inútil. Nós gostamos do R? É exatamente a mesma coisa. Quem quiser, pode
> escrever rotinas para o R. Nem todas são boas, mas muitas são. O software é
> extremamente útil. E, como a Wikipedia, vai se corrigindo, pela colaboração
> de milhares de pessoas. Nem preciso falar do Linux, e dos softwares abertos
> disponíveis para todos nós. Erros existem. Descobertos, são muito
> rapidamente corrigidos. Enquanto isso, os da Micro$oft, Apple e coleguinhas
> supostamente passsam por um processo jurássico de qualidade garantida, ISO
> e sei lá o que mais, e dá no que vocês sabem. Ou deviam saber.
>
> Sem dúvida alguma, o modelo aberto só funciona com liberdade e facilidade
> total de comunicação. Este é um fato ainda novo, que veio com a Internet.
> Mas que já funciona, e funciona bem.
>
> Os paradigmas vão mudar. Haverá resistência. Alguma resistência de
> conservadorismo próprio de quem está acomodado no sistema; outra, forte e
> organizada, das organizações que correm o risco, o grande risco, de
> morrerem, logo depois de viverem o pináculo da glória. Mas é inevitável.
> Aposto que daqui a poucos anos, taxis, como os conhecemos, serão lembrados
> em museus. O Uber vai ficar. Conheço gente que não usa o Waze, pois tem
> medo de ser levado a passar em locais perigosos. Mas o Waze veio para
> ficar. Ou ele ou sucedâneos. Eu comprei GPS, logo que surgiram. Gosto de
> andar nas montanhas e no mato. Gastei dinheiro com mapas, supostamente de
> qualidade (ah, Garmin!). Logo apareceram mapas colaborativos, gratuitos,
> muito mais detalhados e atualizados.
>
> Posso me alongar nos exemplos, mas creio que chega.
>
> Voltando às revistas, não acredito em tutela. Nem os mais reconhecidos
> próceres de estatística, ou de que área for, vão me tutelar, e dizer o que
> devo ler. Aliás, há gente no Brasil, querendo tutelar a imprensa. É quase a
> mesma coisa. No mundo editorial "científico", isso cria um grupo de
> companheiros, de padrinhos e afilhados, que pesam mais do que a qualidade
> que deveria melhorar, com o filtro da censura. Os nihil obstat necessários
> para publicação muitas vezes decorrem apenas de autores estarem "in".
> Quanto à qualidade dessas publicações, eu posso arrolar muita coisa fraca.
> A maioria dos artigos que leio (e eu leio um pouquinho) nada trazem de
> novo; muitas vezes são comunicações de cálculos que se poderiam fazer,
> quando - e se - necessários. Ideia nova... ah! isso é raro. Há artigos até
> errados, que passaram por juizes - os que a turma "in" chama de "referees".
> Há um exemplo, do Sokal: https://en.wikipedia.org/wiki/Sokal_affair. Ele
> publicou um artigo, em revista "séria", repleto de absurdos. Sokal quis
> provar - provou - que seria possível publicar um artigo que, embora puro
> besteirol, contivesse as palavrinhas chave e sabujice aos grandões da área.
> Em tempo: Sokal é físico; a revista é da área de Ciências Sociais. Leiam
> (leiam mesmo) o link que lhes mando acima. Se tiverem tempo, leiam o livro
> em que Sokal narra o episódio. E podem escolher rir muito ou chorar.
>
> Enfim... deve haver muita picaretagem nas publicações abertas. Como há nas
> da (oops, escrevi nomes de editoras, mas tirei. Elas, que pagam gente do
> establishment para inventar e divulgar nomes como "predatórias", estão
> processando todo mundo. Mas vocês, nós todos, as conhecemos.) Viva e deixe
> viver, é o que é melhor de se fazer. E os pontinhos de Capes e CNPq, ora
> bolas... às favas (a menos que conte o valor das publicações, por seu
> conteúdo).
>
>
> _____________________________________________________________________________
>
> Obrigado meu caro amigo Zé.
> Acabamos de saber que uma das companhias de tefonia quer proibir a parte
> do áudio do whatsapp
> Dizem que é pirataria!
> Saudações
> Carlinhos
>
> --
> Carlos Alberto de Bragança Pereira
> http://www.ime.usp.br/~cpereira
> http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
> Stat Department - Professor & Head
> University of São Paulo
>
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