[ABE-L] RES: Uma reflexão

Vermelho vermelho2 em gmail.com
Ter Jun 21 13:21:35 -03 2016


Gauss,

Infelizmente não dá nem para ter ânimo para discutir isso.
Pobre UERJ!

Vermelho
F.: (21) 2501 2332 - casa
           2142 0473 - IBGE

Em 21 de junho de 2016 07:27, Gauss Cordeiro <gauss em de.ufpe.br> escreveu:

> Apenas um de vários corolários de uma gestão inapta e desastrosa do Sr.
> Cabral em
>
>
>
> http://oglobo.globo.com/rio/uerj-trancada-em-protesto-contra-penuria-19548677
>
>
> Quando fazia mestrado na UFRJ, em 1975, tinha alguns colegas de turma
>
> que eram professores dessa importante instituição. Como se fosse hoje,
>
> me recordo, como eles falavam com orgulho das excelentes condições
>
> de trabalho. Bons tempos que parecem que não voltam mais.
>
> Em 20 de junho de 2016 10:31, Andre Maia <andresantiagomaia em gmail.com>
> escreveu:
>
>> O problema é que, em alguns casos, fazer ciência não está atrelado a "*escolher
>> as melhores tecnologias adaptadas às condições locais*". Como que num
>> país em desenvolvimento como o Brasil, país com altas taxas de desemprego,
>> se pesquisa metodologias que visam minimizar a mão de obra humana? Parece
>> haver um contrassenso!
>>
>> O que dizer de Recife e o sucesso do Porto Digital instalado lá a partir
>> de pesquisas desenvolvidas, sobretudo, na UFPE e no exitoso CESAR? Não
>> precisamos ir tão longe para citar exemplo de sucesso de adaptação às
>> condições locais.
>>
>> Em 20 de junho de 2016 09:54, Luiz Sergio Vaz <400373 em sarah.br> escreveu:
>>
>>> É isso aí. Será que o mesmo não aconteceu com o Ministério da Cultura?
>>>
>>>
>>>
>>> *De:* abe [mailto:abe-bounces em lists.ime.usp.br] *Em nome de *Francisco
>>> Cribari
>>> *Enviada em:* segunda-feira, 20 de junho de 2016 06:56
>>> *Para:* ABE Lista
>>> *Assunto:* [ABE-L] Uma reflexão
>>>
>>>
>>>
>>> O Estado de São Paulo, 20 de junho de 2016
>>>
>>> Pesquisa científica: luxo ou necessidade?
>>>
>>> Jose Goldemberg
>>>
>>> As discussões sobre a prioridade de investimentos em ciência e
>>> tecnologia estão na ordem do dia não só no Brasil, como em outros países do
>>> mundo. Por essa razão, a fusão do Ministério das Comunicações com o de
>>> Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), sob o comando de Gilberto Kassab,
>>> ex-prefeito de São Paulo, provocou reações de cientistas e instituições que
>>> os representam, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a
>>> Academia Brasileira de Ciências.
>>> Parte dessas reações tem um caráter corporativo, e elas devem ser
>>> tratadas como tal. Há corporações em todos os setores da sociedade
>>> brasileira e todas elas disputam a atenção do governo federal, acesso a
>>> verbas e até privilégios. Por conseguinte, o que é preciso esclarecer, em
>>> primeiro lugar, é se investimentos em ciência e tecnologia em países em
>>> desenvolvimento como o Brasil são um luxo ou uma necessidade.
>>> Nos países coloniais dos séculos 19 e 20, não fazia sentido investir em
>>> ciência a não ser por razões culturais, como se fez com salas de concertos
>>> e óperas. As necessidades locais eram atendidas importando produtos
>>> industrializados dos países da Europa, dos Estados Unidos e do Japão. As
>>> grandes empresas multinacionais foram os veículos que desempenharam esse
>>> papel.
>>> À medida, porém, que as colônias começaram a crescer economicamente,
>>> depender apenas de importações deixou de ser viável por razões políticas,
>>> econômicas e técnicas.
>>> Os movimentos de descolonização e libertação nacional se tornaram
>>> irreversíveis após a 2.ª Guerra Mundial (1939-1945), criando a necessidade
>>> de industrialização não só para gerar empregos.
>>> Do ponto de vista técnico, havia a necessidade de adaptar as tecnologias
>>> às condições locais, o que envolvia muito mais que sua “tropicalização”.
>>> Para isso, foi indispensável criar uma elite local que entendesse a ciência
>>> e a tecnologia modernas - desenvolvidas nos países industrializados - e que
>>> pudesse escolher as melhores tecnologias adaptadas às condições locais.
>>> Daí a necessidade de investimentos em educação, ciência e tecnologia,
>>> como fez a Coreia do Sul, que, partindo de uma base puramente agrícola e
>>> atrasada em 1950, se tornou um grande exportador de produtos
>>> industrializados.
>>> O Brasil também fez progressos, apesar de não ter conseguido repetir o
>>> sucesso da Coreia do Sul. A industrialização do Brasil que ocorreu após a
>>> 2.ª Guerra Mundial trouxe para o País um parque industrial abrangente e
>>> moderno, que permitiu torná-lo competitivo em várias áreas, como, por
>>> exemplo, a de papel e celulose. Pesquisa científica e tecnologia locais
>>> permitiram também o desenvolvimento do etanol da cana-de-açúcar, cuja
>>> produtividade é excepcional por causa do clima local. Na área da saúde,
>>> grandes progressos foram feitos.
>>> O que conta mesmo são os recursos destinados ao desenvolvimento
>>> científico e tecnológico, que envolvem grandes somas. É necessário investir
>>> uma fração significativa do Produto Interno Bruto (PIB). Nos países da
>>> União Europeia, aplica-se atualmente em média 1,84% do PIB, e a meta a
>>> atingir é de 3% do PIB.
>>> Já a Coreia do Sul investe hoje mais de 4% do PIB (cerca de US$ 50
>>> bilhões por ano). Logo abaixo vêm Israel e Japão. Os Estados Unidos
>>> investem menos (em torno de 2,5%), mas seu PIB é tão alto que essa fração
>>> corresponde a quase US$ 500 bilhões, o que explica sua liderança
>>> incontestável na área.
>>> É por essa razão que o governo da França - que havia decidido reduzir
>>> seus investimentos em ciência e tecnologia, em razão da difícil situação
>>> econômica do país - desistiu desses cortes, reconhecendo que essa área é
>>> prioritária em comparação com outras, que podem ter seus investimentos
>>> adiados.
>>> Sucede que o Brasil investe apenas em torno de 1,2% do seu PIB em
>>> desenvolvimento científico e tecnológico, US$ 19 bilhões por ano. É
>>> aproximadamente o mesmo que outros países emergentes, em alguns casos até
>>> mais, como Índia (0,8%), Indonésia (0,2%), México (0,4%) e Argentina
>>> (0,6%). Mas é muito pouco, se comparado ao que é investido nos países
>>> líderes no mundo, como Estados Unidos e os da Europa, e menos do que alguns
>>> nossos colegas do Brics, como China (1,9%) e Rússia (1,5%).
>>> O apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico não é feito
>>> necessariamente por ministérios. Nos Estados Unidos, cujo estabelecimento
>>> científico-tecnológico é o mais robusto do mundo, não existe Ministério da
>>> Ciência, Tecnologia e Inovação. O apoio às atividades nesta área é feito
>>> pela Fundação Nacional de Ciências, pelo Departamento de Energia e outros
>>> (departamento é o nome dado aos ministérios naquele país), além de inúmeras
>>> fundações privadas. No Japão, é o Ministério da Indústria o principal
>>> financiador de atividades de ciência e tecnologia.
>>> Não é, pois, a existência de um órgão burocrático exclusivo para a
>>> ciência e tecnologia, como o MCTI do governo federal, que garante apoio às
>>> atividades desta área. Mesmo no Brasil, essas atividades já foram exercidas
>>> adequadamente por uma Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia, no
>>> governo do presidente Collor, em 1990, a qual foi particularmente eficaz na
>>> abertura ao acesso de computadores e à área de informática em geral.
>>> Aumentar os dispêndios no Brasil não é fácil, a não ser que o PIB
>>> cresça. O que não pode acontecer é interromper ou reduzir os recursos que
>>> se destinam à ciência e tecnologia, porque são investimentos que só dão
>>> resultados no longo prazo, como os investimentos em educação.
>>> É por essa razão que eles precisam ser preservados mesmo em tempos de
>>> crise. Discutir se eles serão canalizados via um Ministério da Ciência,
>>> Tecnologia e Inovação ou outro formato burocrático não é o problema central.
>>> * É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E PRESIDENTE DA FAPESP
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