[ABE-L] A Participação de Mulheres em Eventos de Estatística

Bruna Wundervald brunadaviesw em gmail.com
Seg Fev 18 16:17:23 -03 2019


Car em s,

No último fim de semana eu e o Julio Trecenti escrevemos este post no blog
da Curso-R: https://www.curso-r.com/blog/2019-02-16-eventos-mf/ A ideia era
avaliar a proporção de mulheres e homens na grade de programação das
principais conferências de Estatística do Brasil (consideramos a última
RBras e Sinape e a próxima EMR). Os dados foram extraídos da página com a
programação de cada conferência, e o código está todo disponível aqui:
https://github.com/brunaw/eventos_stats_brasil Os gráficos principais do
artigo são:

[image: emr_2019_1.png]
[image: rbras_2018_1.png]
[image: sinape_2018_1.png]

Para resumir, a conclusão é a seguinte: nenhum dos três eventos atingiu uma
proporção razoável de mulheres, todos ficaram abaixo de 35%. Além disso,
das 3 “classes” de participantes (conferencista, palestrante e
coordenador(a)), a classe na qual as mulheres tem um pouco mais de
participação é a de coordenador(a) (gráficos no post linkado acima),
indicando que elas trabalham na organização do evento, mas não são de fato
palestrantes. Nós também percebemos que nunca ouvimos falar de iniciativas
para promover a diversidade de gênero nestas conferências. Isso difere de
áreas como a ciência de dados e computação, que se mostram muito mais
ativas neste quesito (exemplo recente:
https://itmidia.com/diversidade-em-tech-homens-precisam-ser-engajados-na-mudanca-de-mentalidade/).


Este email é para trazer a atenção de vocês a este fato. A justificativa
mais comum que organizadores de congressos, em geral, dão para a falta de
representatividade é de que não existiam mulheres pra convidar, o que não é
verdade. Talvez o que falte seja o reconhecimento da necessidade de
consertar essa falha, e aplicar algumas simples medidas, como:

   1. Buscar atingir um mínimo realista de mulheres convidadas a palestrar
   nos eventos.
   2. Considerar outras minorias de gênero para as posições.
   3. Abrir espaço nos eventos para tratar do tema, e evidenciar o quanto é
   importante combater o sexismo na academia. Exemplos de eventos de
   estatística no Brasil com iniciativas parecidas são o SeR 2018
   <https://ser2018.weebly.com/> e o RDay 2018 <http://rday.leg.ufpr.br/>.
   Ambos tiveram palestras da Gabriela de Queiroz, fundadora do R-Ladies
   <http://rladies.org/>, sobre o assunto em questão.

Também é muito importante ter um código de conduta do evento, que defina
claramente o que deve ser feito em situações de assédio, por exemplo:
https://github.com/rladies/starter-kit/wiki/Code-of-Conduct#portuguese
Continuar ignorando o problema falta de diversidade na comunidade
estatística só tem consequências ruins: perderemos relevância e ficaremos
para trás.  Ainda temos muito a evoluir para que a comunidade científica
deixe de priorizar o sexo masculino em situações assim.
Abraços,

Bruna

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Bruna Wundervald

Ph.D. Candidate in Statistics, Hamilton Institute, Maynooth
University, Ireland
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