[ABE-L] Desvalorização da Educação no Brasil
Elias T. Krainski
eliaskrainski em yahoo.com.br
Sex Set 12 04:33:33 -03 2014
Minhas opiniões
Guinadas bruscas não são adequadas a um grande navio. Exemplo na
academia: Num ano manda-se XXmil alunos estudar fora, um grande
percentual destes vão para Portugal. No próximo, quando muitos
departamentos em Portugal contando com a vinda mais alunos recebem a
notícia que nenhum virá. Saúde: importa-se Xmil médicos + abre-se XX
escolas de medicina, tudo de uma vez só. Indústria: cria-se taxa de
importação de ferro elétrico vindo da China ($X,80 por unidade, a pedido
da indústria Y), semanas depois Y têm dificuldades com sua linha de
produção nacional: derruba-se a taxa.
Salários: diminua-se a variância e aumente-se a média, resultado: acaba
o stress de "qual profissão escolho?", escolho a que gostar. Academia:
numa sociedade consumista ("ter mais" é mais valorizado que "saber
mais") é difícil convencer alguém a estudar mais em vez de ganhar mais.
Isso pode mudar automaticamente (na sociedade consumista) quando o
termo "estudar mais em vez de ganhar mais" deixar de ser verdade.
Academia: Para avaliar o pesquisador Pi: parar com as "balelas"; pesar,
em vez de contar papers de Pi (por quem sabe pesar). Contar papers para
que a universidade U (e/ou departamento D) receba mais verba funciona
melhor do que contar papers de cada pesquisador Pi.
Solução: nenhuma em vista, simplesmente porque quem poderia resolver nem
sequer reconhece o problema.
[]
Elias
On 12/09/14 06:54, Basilio de Bragança Pereira wrote:
>
> Caros colegas
>
> Completei 44 anos de UFRJ e mais 7 anos anteriores para o governo
> (estadual e federal).
>
> Ja tive as mesmas aspirações do Alexandre e da Denise. Mas ultimamente
> ando meio desconfiado que fui enganado.
>
> Quando fui para a carreira acadêmica em 1969 o governo queria
> desenvolver a pós graduação que não existia e apesar do salário menor
> que nas empresas era jovem e utópico também.
>
> Será que valeu a pena? Se nao vejamos:
>
> 1) No inicio dos anos 1980 uma greve de docentes fez que o Ministro da
> Educação , Coronel Ludowick aprovasse uma regra permitindo que o
> acesso ao cargo de Adjunto prescindisse do Titulo de Doutor e fosse
> feito por um exame interno ( uma balela , todo mundo era aprovado)
>
> 2)Recentemente criou-se uma nova classe acima de Adjunto IV, a classe
> de Associado , também por exame interno (outra balela , todo mundo
> aprovado)
>
> 3) Agora foi aprovado o acesso direto ao cargo de Professor Titular
> após Associado IV com exame interno ( será outra balela????)
>
> 4) Bem recentemente sobre a justificativa de se ter uma maio
> distribuição de médicos no pais abriu-se quase 40 escolas de medicina
> particulares . Só que a maioria se situam na regiao sudeste , em
> particular 17 em São Paulo e algumas bem próximo da capital
>
> 5) Será que temos mesmo liberdade de trabalho? será que estamos
> produzindo coisas úteis para a sociedade? Esta semana vi um CV Lattes
> de um ex docente da UFRJ atuando em outras universidades do governo ,
> na área de Engenharia que tinha ate agosto de 2014 , 57 artigos
> publicado em 2014!!!!!! Mais de 7 artigos por mês. .
>
> 6) Recentemente em um concurso na universidade , um candidato com
> doutorado perdeu a vaga para um outro candidato com mestrado por ter
> sido reprovado em prova que consistia da analise de 4 artigos dele
> próprio
>
> Como vemos , não é privilégio de nenhum governo (direita ou esquerda )
> tratar mal a educação .Na verdade é tudo igual tanto um como outro.
> Vale o dito do Stanislau Ponte Preta :" Ou restaure-se a moralidade
> ou locupletemo-nos todos"
>
> Para quem participou na UFRJ como candidato em 3 concuros para
> Professor Titular ( 2 com tese e 1 com conferencia) e 1 concurso de
> Adjunto, ver essa bagunça , é no mínimo triste.
>
> Será que valeu a pena?
>
> Boa noite
>
> Basilio
>
>
> Em 11 de setembro de 2014 21:12, Alexandre Galvão Patriota
> <patriota.alexandre em gmail.com <mailto:patriota.alexandre em gmail.com>>
> escreveu:
>
> Rodrigo,
>
> Há outras variáveis que deveriam ser levadas em conta quando se
> busca um trabalho:
>
> 1. você terá autonomia sobre seus projetos?
> 2. você acreditará verdadeiramente nos impactos positivos do seu
> trabalho?
> 3. você terá tempo para pensar, ler, criticar, construir, reconstruir?
> 4. você terá a chance de não se tornar mais um escravo do sistema?
> etc...
>
> Independente da oferta monetária, eu não trocaria o meu trabalho
> por nenhum outro que impusesse uma resposta negativa a pelo menos
> um dos itens acima.
>
> Infelizmente hoje a medida para todas as coisas é o dinheiro.
> Ops... na verdade é o poder de consumo que o dinheiro pode
> proporcionar.
>
> Abs,
> Alexandre.
>
>
> 2014-09-11 20:07 GMT-03:00 Denise Britz do Nascimento Silva
> <denisebritz em gmail.com <mailto:denisebritz em gmail.com>>:
>
> Rodrigo
> concordo e compreendo sua frustração sobre a questão salarial
> que se coloca no que se refere à carreira acadêmica e em
> comparação com outras carreiras que exigem menor qualificação
> acadêmica ou titulação, mesmo reconhecendo que todas são
> essenciais para o funcionamento de uma sociedade.
> Você perguntou...
> Gostaria de saber como os senhores(as) conseguem motivar um
> aluno da graduação a fazer o mestrado, doutorado, fazer
> pesquisas, se em muito menos tempo ele pode passar em um
> concurso e ganhar muito mais?
> Não posso falar em nome de outras pessoas mas acredito que
> vários colegas desta lista vão concordar com minha opinião...
> A motivação vem pelo exemplo... quando mostramos a um aluno
> que somos felizes com a carreira que escolhemos :-)
> Tivemos um evento aqui na ENCE no qual a Prof. Beatriz Mendes
> (UFRJ) conversou sobre carreiras com nosso alunos da
> graduação... ela terminou a palestra dizendo .... para
> escolher, ao terminar a Graduação, se você vai "fazer
> concurso" (para administração pública ou carreiras de Estado),
> vai cursar pós-graduação para trabalhar na academia ou vai
> cursar pós-graduação para trabalhar no mercado privado, ou vai
> direto para o mercado, ou , ou , ou.... *PRECISA PENSAR NO QUE
> TE FAZ FELIZ *
> Eu completo... precisa lembrar que vai acordar todos os dias
> para fazer aquele trabalho e que se a dimensão salário for o
> componente mais importante da escolha...pode ser que com o
> tempo a vida fique financeiramente bem....mas muito
> desinteressante ( mesmo sem esquecer que bons salários são
> essenciais para o bem estar de uma pessoa e sua família).
> Peço que não leia minha mensagem como efeito "Pollyana"
> fazendo "jogo do contente"
> http://pt.wikipedia.org/wiki/Pollyanna
> Nosso país tem muito o que progredir na valorização da
> educação e da carreira de professor e pesquisador na nossa
> sociedade... mas se a gente desistir.. aí mesmo é que não vai
> dar certo.
> Abraços
> Denise
>
> Em 11 de setembro de 2014 14:19, Rodrigo Lopes Sant Anna
> <rodrigo.math em gmail.com <mailto:rodrigo.math em gmail.com>> escreveu:
>
> Prezados,
> gostaria de fazer um desabafo sobre a situação crítica de
> nosso país em relação à educação básica ou superior.
>
> Sinceramente, eu acho um absurdo abrir um concurso para
> doutor em uma Universidade Federal cujo salário inicial é
> menor que recebe um Policial federal, cuja titulação é
> apenas a graduação. Não é que o policial ganhe bem, mas
> sim que os professores não são valorizados.
>
> Pensando nisso, depois de eu terminar o mestrado
> (Engenharia de Produção na COPPE/UFRJ) e estar na metade
> da graduação em estatística na UFRJ (sou formado em
> matemática pela UFF), decidi desistir da minha 2ª
> graduação e adiar o doutorado até que em passe em um
> concurso que me valorize,
>
> Reforço minha ideia ao ver cargos de nível médio (por
> exemplo, ANTAQ) pagar o mesmo, ou até melhor, do que eu
> poderia receber caso eu me tornasse professor
> universitário com mestrado.
>
> Comecei meus estudos pensando trabalhar nos Fiscos
> estaduais cujos salários giram em torno dos 20 mil em
> média. Sei que é um concurso muito difícil, mas doutorado
> em matemática ou estatística é fácil?!? E depois não vou
> ter que tentar concurso com vários doutores bem formados
> pra disputar uma ou duas vagas!?
>
> Este ano fui aprovado em um cargo de nível superior na
> Receita Estadual - RS. Ainda não é o salário de Auditor
> Fiscal, mas vou ganhar mais que meus amigos com doutorado
> recebem em uma Universidade Federal. Isso é um absurdo!!!!
>
> Além disso, não precisava nem ter perdido tanto tempo com
> mestrado, outra graduação, congressos etc..... bastava
> apenas ter estudado pra concurso. Pode ter certeza que
> estudei muito mais no mestrado do que para concursos.
>
> Atualmente, trabalho como professor de matemática na
> educação básica. A única parte boa é pensar que trabalho
> nas escolas 2 dias na semana (nem preciso falar do
> salário), apesar de trabalhar manhã, tarde e noite. Com
> isso, tenho tempo de estudar pra concursos e sair dessa
> vida que não aguento mais (tenho apenas 3 anos de trabalho
> na educação básica).
>
> Gostaria de saber como os senhores(as) conseguem motivar
> um aluno da graduação a fazer o mestrado, doutorado, fazer
> pesquisas, se em muito menos tempo ele pode passar em um
> concurso e ganhar muito mais? A dúvida é: Estudar muito e
> um salário razoável ou estudar razoável e ganhar muito?
>
> Desculpem-me pelo desabafo, mas desde o mestrado estou
> muito desmotivado com a valorização da educação superior
> (nem preciso comentar sobre a educação básica).
>
> Apesar disso tudo, desejo fazer meu doutorado (depois que
> conseguir um outro cargo bem melhor daquele que fui
> aprovado) e, depois, voltar para Universidade Federal como
> professor, mas por amor e não pela valorização (acumulando
> cargos ou aposentado,obviamente).
>
> O governo não valoriza a educação!!!
>
> Sem mais,
>
>
> --
> /Rodrigo Lopes/
>
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> Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> *Titular Professor of Bioestatistics and of Applied Statistics
> *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
>
> *Tel: 55 21 3938-7045/7047/2618
> www.po.ufrj.br/basilio/ <http://www.po.ufrj.br/basilio/>
>
> *MailAddress:
> COPPE/UFRJ
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