[ABE-L] Nem todos periódicos abertos são duvidosos

Luis Paulo Braga lpbraga em geologia.ufrj.br
Qua Jan 28 11:19:25 -03 2015


27/Jan/2015 - Professora dos 'Simpsons' já assinou artigo científico

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/205382-professora-dos-simpsons-ja-assinou-artigo-cientifico.shtml


Nem todas as revistas científicas que cobram pela publicação são
predatórias. Ainda que o autor precise pagar, em veículos sérios o artigo é
analisado por especialistas no tema tratado em um processo conhecido como
"revisão por pares" e, se julgado falho, pode ser rejeitado.


João Roberto do Nascimento, professor da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP, publicou em 2012 um artigo em parceria com
pesquisadores ingleses no "BMC Plant Biology", classificado como A1 pela
Capes em ciência de alimentos, área de atuação de Nascimento.


O professor afirma que a revista cobrou £1.325 (R$ 5.490) para a divulgação
do trabalho. A conta final que coube aos brasileiros, de £563 (R$ 2.330),
foi paga pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo), apoiadora do projeto.


"O interessante em publicar nesses periódicos que cobram é que o artigo é
de livre acesso na internet, o que pode aumentar sua circulação e seu
impacto", afirma Nascimento.


Já José Carlos Tavares Carvalho, que é professor do departamento de
ciências farmacêuticas da Universidade Federal do Amapá, diz que pagou
taxas em 9 dos 11 artigos seus aceitos para publicação em 2014.

Apenas três das revistas em que Carvalho publicou não estão no ranking da
Capes.


Ele estima o gasto em R$ 30 mil, financiado com recursos da universidade.
"Eu poderia ter usado essa verba para comprar equipamentos de pesquisa",
comenta.


O nome desse professor consta como sendo um dos editores do "Aperito
Journal of Nanoscience Technology", assim como o de Humberto Brandão, que é
pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A
revista ficou famosa ao aceitar trabalho "assinado" por Margaret Simpson e
Edna Krabappel, personagens da animação "Os Simpsons", e Kim Jong Fun
-referência ao ditador norte-coreano Kim Jongun.


Os dois afirmam desconhecer o caso e dizem que aceitaram a função a convite
do periódico, mas nunca receberam artigos para avaliação.

Brandão pediu desligamento do corpo editorial.


Os periódicos predatórios ainda não são problema no Brasil, que mantém uma
política de fortalecimento do acesso aberto entre publicações nacionais por
meio da plataforma SCIELO.


Iniciativa da Fapesp em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe
de Informação em Ciências da Saúde, o SCIELO é uma biblioteca eletrônica de
veículos científicos brasileiros.


"Dificilmente essa prática chegará aqui, por que temos um número grande de
periódicos que não cobram, e os que cobram são criteriosos", afirma Abel
Packer, coordenador da plataforma.


Segundo Packer, há 280 revistas especializadas brasileiras indexadas na
plataforma. Dessas, 15 cobram alguma taxa dos autores dos trabalhos para a
publicação, variando de R$ 400 a R$ 2.000.


"A própria falta de projeção internacional das revistas brasileiras impede
que elas consigam cobrar pela publicação de trabalhos", afirma Yi Shin
Tang, professor adjunto na Universidade de Copenhagen.


Para prevenir pesquisadores, Jeffrey Beall, da Universidade do Colorado,
criou uma lista de periódicos questionáveis (scholarlyoa.com).
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